Thinking Out Loud escrita por Grace


Capítulo 15
Cough Syrup


Notas iniciais do capítulo

Olá amores! Dessa vez eu não enrolei! Hahahaha espero que gostem desse capítulo, de coração! ♥
Beijão e até ao próximo!!!



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“Life's too short to even care at all oh

I'm losing my mind losing my mind losing control”

Eu estava jogada no fundo da sala na aula de Biologia Avançada II. Christina estava do meu lado e parecia estar se concentrando para não dormir. Eu me limitava a olhar em volta e tentar distrair a minha mente da voz do Sr. Poynter, que falava monotonamente e estava me causando sonolência.

Quatro estava sentado algumas cadeiras para frente da onde eu estava e cochichava alguma coisa com Zeke, que era quem estava ao seu lado. Eu fico me lembrando de ontem e de como eu tinha acabado dormindo abraçada com ele, até a minha mãe acabar com o sonho e me acordar, dizendo que nós estávamos indo embora. Reprimo um suspiro ao lembrar da sensação de ter os braços fortes dele ao meu redor. Eu me vejo pensando nas horas que tinha passado com ele ontem, em geral, o que me faz suspirar novamente, fazendo Christina erguer os olhos na minha direção.

Reparo que essa é a única aula que eu assisto com todo o pessoal. Justo essa. Zeke nunca perdia a chance de nos fazer passar vergonha em frente ao resto do pessoal.

— A vida selvagem é… — O Sr. Poynter diz, mas é interrompido por Zeke.

— Tem dois alunos nessa sala que podem explicar o que é selvagem — Ele diz, fazendo com que o resto do pessoal risse — Você podia fazer uma chamada oral com eles. Um deles é o Quatro, obviamente. A outra é…

— Cala a boca, Zeke — Quatro diz, rindo — Ou você já sabe o que eu vou contar pro resto do pessoal. Mas a escolha é plenamente sua.

— Chantagista — Zeke responde, mas fica quieto. Ele faz uma careta pra Quatro, que acerta um tapa na cabeça do amigo. Eu fico morrendo de curiosidade pra saber o que Quatro sabia sobre Zeke. Faço uma nota mental para perguntar pra ele depois.

O Sr. Poynter ia voltar a falar, me parecendo irritado pela interrupção desnecessária, quando uma batida na porta é ouvida. O coordenador da escola aber a porta e entra na sala, pedindo desculpas pela interrupção.

— Beatrice e Quatro — Ele chama, causando cochichos na sala e fazendo boa parte das pessoas me fitarem, curiosas. Eu suspiro audivelmente, balançando a cabeça e revirando os olhos — O diretor quer falar com vocês dois.

Christina me lança um olhar curioso e eu dou de ombros, me levantando da cadeira e puxando a minha mochila comigo. Quatro também pega seu material, se levanta da cadeira e se dirige para a porta. Eu já sabia porque nós estávamos sendo chamados. Não precisava nem ser um gênio para adivinhar.

— Nós até imaginamos por quê — Amah diz, gargalhando — Só fico imaginando onde que vocês fizeram — A maioria da classe começa a rir e eu faço uma careta pra ele, ao passar ao seu lado. Quatro suspira, balançando a cabeça e rindo, e sai da sala logo atrás de mim. O coordenador nos acompanha até a diretoria e nos manda esperar na salinha do lado de fora até que o diretor nos faça entrar. Nós nos sentamos no sofá do canto.

— O quão ferrados nós estamos? — Eu pergunto, encostando a cabeça no ombro de Quatro. Eu sabia que nós estávamos aqui por ter matado aula na sexta feira.

— Ele não vai punir tão severamente a pessoa mais inteligente da escola inteira e o capitão do time de basquete — Quatro diz, dando de ombros. Eu começo a rir.

— Você já notou que nós nunca conseguimos fazer nada errado sem sermos pegos? — Eu pergunto, achando graça — Primeiro aquela noite na sua casa, depois o beijo no meu quarto e agora a nossa fuga da escola — Eu faço uma pausa, rindo — Precisamos aprimorar nossos disfarces.

— Eu tava pensando nisso agora — Ele diz, achando graça — Espero que a gente só tome uma advertência. Qual história vamos contar?  — Ele pergunta, se referindo ao que iríamos dizer por termos saído da escola em horário de aula e sem autorização.

— Depende do que o diretor viu  — Eu respondo, dando de ombros  — Se ele viu nosso beijo no corredor, vai ser difícil inventar uma mentira que ele acredite. Aliás, com a nossa fama no colégio, vai ser difícil ele acreditar que nós saímos e fomos fazer uma tatuagem — Eu digo, rindo  — Se ele não viu o beijo, a gente pode dizer que eu passei mal e você me levou pra casa.

— Combinado  — Ele responde, ao mesmo tempo que o diretor abre a porta, olha alguns segundos pra nós e depois nos manda entrar na sala dele. Nós entramos e ele aponta as cadeiras para nós e se senta a nossa frente, nos encarando de uma maneira esquisita. Pelo jeito que ele estava agindo, ele com certeza tinha visto tudo, desde o começo.

— Vi uma imagem bem curiosa sexta feira  — Ele diz. Eu e Quatro nos mantemos em silêncio, esperando ele despejar tudo que tinha contra nós para avaliarmos como devíamos agir  — Duas das estrelas desse colégio matando aula e aos beijos em um dos corredores, em horário de aula. E depois simplesmente indo embora da escola.

— Nós sentimos muito. Isso não vai se repetir, diretor  — Eu digo simplesmente, sem tentar inventar desculpa nenhuma. Não adiantaria. Quatro concorda com a cabeça. Não ia adiantar nada inventar uma história mirabolante. Era melhor deixá-lo acreditar que nós estávamos arrependidos e que não faríamos novamente.

— Vocês sabem que namoricos são extremamente proibidos em horário de aula — Ele diz, parecendo não ter escutado as nossas promessas de não repetir os erros de sexta — Principalmente quando vocês vão embora da instituição, que é passível de uma punição acadêmica.

— Nós… Nós começamos a namorar não faz muito tempo — Quatro mente, tentando justificar e fazer o diretor se compadecer de nós, e não nos punir gravemente. Eu não precisava de uma mancha no meu histórico escolar — Só queríamos um momento sozinhos.

— Eu entendo — Ele suspira, mas abrindo um sorriso leve em seguida — Eu também já fui adolescente. Mas não posso deixar isso passar impune.

— Sr Brenson — Eu chamo, fazendo ele levantar a cabeça para me encarar — O senhor não está pensando em nenhuma punição muito forte não, né? — Eu pergunto. Não era nada muito grave assim, mas uma suspensão por inadimplência ou mau comportamento podia custar caro, tanto pra mim quanto para Quatro.

— Bem, longe de mim querer prejudicar vocês porque estão apaixonados — Ele diz, e eu vejo Quatro soltando o ar que ele tinha prendido. Percebo que eu faço o mesmo — Porém, chegaram alguns livros novos e a biblioteca está inutilizável por causa das caixas espalhadas. A punição de vocês vai ser, depois da aula, colocarem todos os livros em seus devidos lugares. Em ordem alfabética — Ele faz uma breve pausa — E vão reorganizar os livros que estão fora do lugar.

 Eu reprimo um suspiro. Isso ia durar uma eternidade. A biblioteca era enorme.

— Senhor — Quatro chama, parecendo desnorteado com a ideia de arrumar a biblioteca toda — Tem treino de basquete depois da aula da tarde e eu não acho que o treinador vai me dispensar.

— Vocês podem ficar depois do treino, então — Ele diz, dando um sorriso. Eu tinha certeza que esse filho da mãe estava contente em ter arranjado alguém pra arrumar a biblioteca sem ter que pagar. Eu e Quatro trocamos um olhar. Nenhum de nós ia teimar. Era melhor colocar a biblioteca em ordem, mesmo podendo demorar um pouquinho pra isso acontecer, do que ter alguma coisa ruim no histórico escolar.

— Sim senhor — Eu digo, concordando — Depois do treino de basquete, então — Eu reprimo mais um suspiro. Eu teria que ficar na escola, esperando o treino de Quatro terminar. Não compensava ir para casa pra voltar depois.

— Acho que vocês já perderam aula o suficiente — Ele diz, fazendo um gesto com a mão e nos dispensando. Nós nos levantamos e nos dirigimos para a porta — Podem começar a organização hoje — Ele acrescenta no momento que Quatro abre a porta.

Quatro me deixa passar e depois passa pela porta, fechando-a atrás de si. Nós trocamos um olhar e vamos andando rumo as salas.

— Podia ser pior — Ele diz, dando de ombros e depois dando uma gargalhada — Mas nós realmente precisamos dar um upgrade nas nossas escapadas. Vai demorar uma eternidade pra por essa biblioteca em ordem.

— Nem me fale — Eu resmungo — Aquela biblioteca é enorme.

— Vai ser pior pra você, que vai ter que esperar o treino de basquete terminar — Ele diz, arqueando a sobrancelha — Nós podemos fazer isso no horário de almoço, se você preferir.

— Não precisa — Eu digo, suavemente — Eu vou achar alguma coisa pra fazer nesse meio tempo — Acrescento, dando de ombros — O shopping daqui de perto vai ser meu ponto de escape — Falo e ele ri, ajeitando uma mecha do meu cabelo — Ou, sei lá, posso procurar algum jeito de incrementar meu currículo com trabalho comunitário na escola.

— Você nunca faz nada sem um propósito, né? — Ele pergunta, rindo.

— Não — Eu respondo — Eu sempre tenho um objetivo em mente.

— Gosto disso — Ele diz, rindo.

— Aliás — Eu digo, bem próxima ao ouvido dele — Meu próximo objetivo é descobrir onde não tem câmeras nessa escola. Eu, as vezes, preciso de um incentivo para não surtar e conseguir aguentar as aulas até o fim.

— Eu vou ficar mais do que feliz em ser seu incentivo — Ele diz, mordendo o canto do lábio — Se você for o meu, é claro — Eu concordo com a cabeça.

O sinal toca, anunciando o fim da primeira aula. Eu começo a me despedir de Quatro para seguir para a minha próxima sala, mas ele me dá um beijo delicado no rosto, bem perto da boca, antes de se despedir, fazendo algumas alunas mais novas, que estavam no corredor, me encararem duramente. Eu dou um sorriso grande e comemoro minha vitória. Todas queriam o Quatro, mas ele era meu.

Entro me arrastando na sala de Matemática Aplicada e me jogo em uma das cadeiras no fundo da sala, que ainda estava praticamente vazia. O grupinho de meninas que estava sentada do outro lado, na frente, me encara momentaneamente, mas eu finjo não notar. Elas provavelmente estavam zangadas porque eu estava pegando Quatro ou simplesmente estavam afim de me encarar porque eu estava sozinha na sala, quando geralmente, chegava cercada de pessoas.

Pego um dos livros obrigatórios de leitura, que estava jogado na minha mochila e me sento o mais confortavelmente que eu consigo. Eu odiava a aula de matemática e sempre achava outra coisa para fazer durante o tempo da aula. Ler era um dos meus passatempos favoritos, já que eu sempre podia escolher um livro que eu nunca havia lido e não precisava fazer anotações, já que eu conseguia me lembrar do livro todo sem esforço nenhum. A próxima aula era prova, o que me dava mais preguiça ainda.

Christina e Lynn entram na sala minutos depois, acompanhadas de mais algumas pessoas. Elas se sentam nas cadeiras a minha frente.

— O que foi que vocês aprontaram para terem sido chamados na direção? — Lynn pergunta, se virando e me encarando. Ela e Christina pareciam extremamente curiosas sobre o assunto. Fecho o meu livro.

— Matamos aula na sexta — Eu respondo apenas e aponto para onde os pássaros estavam tatuados na minha pele.

— O Branson deve ter ficado furioso — Christina comenta, segurando uma risada — A cobra fumou pro lado de vocês?

— Você acha mesmo que ele ia punir muito severamente o capitão e estrela do time de basquete? — Eu pergunto, dando uma risada — Ele só nos mandou colocar a biblioteca em ordem — Eu digo, dando de ombros — Trabalho chato e demorado, mas não prejudicial ao meu currículo escolar.

— Vocês se safam de cada coisa que é até difícil de acreditar — Lynn diz, rindo — Se fosse eu matando aula, pode ter certeza que meus pais seriam chamados, eu levaria uma advertência e ainda teria que cumprir detenção.

— Até porque arrumar a biblioteca toda em ordem alfabética vai ser muito interessante — Eu resmungo, abrindo meu livro novamente.

— Nós sabemos que você e Quatro vão dar um jeito de se divertirem lá — Christina comenta, rindo — Mas que horas que vocês vão fazer isso? Ele não tem treino praticamente todas as tardes?

— Depois do treino — Eu respondo — Ou seja, achei uma desculpa perfeita pra passar as tardes no shopping, fazendo compras — Eu digo, rindo.

— Fica na quadra de basquete assistindo o treino — Christina sugere — Ou se inscreve em algum esporte. Quem sabe você toma gosto?

— Você sabe que o treinador do basquete me detesta — Eu digo, suspirando — É bem capaz dele não querer me deixar entrar lá hoje pra assistir a peneira, quem dirá me deixar ficar lá todos os dias — Faço uma pequena pausa — E não, eu não vou me inscrever para esporte nenhum. Não tenho habilidades para tal.

— Quatro nunca ia deixar o treinador te tratar mal — Lynn argumenta — Não me lembro de muita coisa, mas sei que foi falado sexta que ele tá na sua. Que ele tá totalmente na sua. Aliás, é visível que ele está todo apaixonadinho.

— Ele não sabe que o treinador não me suporta — Eu digo, rindo — Provavelmente vai descobrir isso hoje.

Nesse momento o professor começa a aula e pede silêncio. Ele ia fazer uma revisão breve para a prova da próxima aula. Vejo Caleb na frente da sala, anotando tudo como se a vida dele dependesse disso. Volto a prestar atenção no meu livro e ignoro a aula de matemática.

O resto do dia passa rapidamente.

Entro na quadra de basquete com Cara e Zeke. Nós nos dirigimos para o primeiro banco da arquibancada, para poder ver mais de perto e apoiar Uriah durante toda a peneira. Zeke e Cara estavam criando um grito de guerra de incentivo, o que eu estava achando muito engraçado.

O treinador Hotch me encara duramente, mas ninguém mais ali parece perceber. Eu paro de andar, deixando Zeke e Cara irem na frente, e o treinador se junta a mim, me olhando com extremo cinismo.

— Veio escolher suas vítimas desse ano? — Ele pergunta, grosseiramente.

— Vim apoiar um amigo — Eu respondo, encarando o olhar dele e usando a minha melhor cara de descaso. Eu amava fazer esse tipo de cara, porque costumava irritar ainda mais pessoas que não gostavam de mim.

— Dizem que você está saindo com o meu capitão — Ele diz, já sabendo a resposta. A escola inteira sabia que eu e Quatro estávamos meio que saindo e ninguém mais parecia encarar isso como novidade. Eu diria que todos estavam esperando a gente assumir de uma vez ou cansar um do outro.

— Eu gosto do Quatro — Eu digo, olhando fixamente para ele, em tom de desafio. Eu odiava que as pessoas falassem dessa forma comigo. Eu odiava que me julgassem sem saber o que realmente estava se passando.

— Eu duvido disso — Ele responde, sério. Eu ia responder, mas nesse momento, Uriah aparece na quadra e anda em nossa direção. Ele me parece um pouco nervoso, mas confiante.

— Eu nem acredito que é agora — Ele diz, me dando um abraço. Ele não parecia muito nervoso, mas também não estava muito calmo.

— Uma das vagas é sua, com certeza — Eu digo, sorrindo e piscando pra ele.

— Você é bom, Pedrad — O treinador fala, me ignorando completamente — Só caprichar que você consegue entrar no time — Ele acrescenta.

Quatro entra na quadra sorrindo. Ele é o único que não usava o uniforme de treino e ainda estava de calça jeans e camiseta. Ele cumprimenta o treinador, dá uns tapas nas costas de Uriah e depois me abraça, beijando o topo da minha cabeça.

— Fico feliz que você tenha vindo — Ele diz, fazendo me cutucando levemente nas costelas. Eu dou um sorriso pra ele. Ele sorri de volta pra mim.

— Eu disse que eu acho o capitão do time gato — Eu digo, olhando nos olhos dele —  Me disseram que ele ia estar aqui. Vim só para vê-lo.

— E eu achando que você veio torcer por mim — Uriah diz, fingindo indignação.

— Prioridades — Eu respondo rindo. Uriah sabia que eu estava aqui pra torcer por ele. Eu sabia o quanto ele queria uma vaga no time e sabia o quanto ele amava esse esporte.

O técnico revira os olhos e nos dá as costas, utilizando o apito em seguida, e mandando que os jogadores se alinhassem. Ele explica que o primeiro exercício seria para acertar a cesta de diferentes posições da quadra e depois passes, e que o desempenho deles que decidiria quem iria para a próxima fase da peneira.

Quatro puxa a minha mão e se dirige até onde os outros estavam sentados. Nós nos sentamos lado a lado e ele me abraça. Eu apoio a cabeça em seu peito. Isso não era nada perto dos amassos que a galera tinha nos visto dando na sexta. Não que eu tivesse certeza que eles se lembravam.

— O treinador Hotch não parece gostar muito de você — Ele comenta, apertando a minha bochecha em seguida e rindo.

— Ele me culpa pelo vexame do ano passado — Eu digo, me separando dele e o encarando seriamente, dando de ombros. Talvez fosse melhor eu contar logo do que deixar o treinador dar a versão dele.

— Ele te culpa? — Ele pergunta, franzindo as sobrancelhas — Como assim?

— Ano passado, eu meio que namorei um carinha que jogava no time — Eu digo e ele ergue a sobrancelha — Coisa rápida, não durou praticamente nem duas semanas. O cara era babão demais e ciumento demais, de uma maneira totalmente não fofa. Ele estava apaixonado e eu querendo curtir a vida — Eu falo, lembrando que Quatro era ciumento na medida e fofo —  Terminei com ele antes que me desse diabetes — Eu digo, dando de ombros e fazendo ele rir — O cara surtou, não aceitou, largou o time no meio da temporada e o treinador disse, com todas as letras, que a culpa é minha, que sou uma patricinha mimada e egoísta, que não se importa com o sentimento alheio e que brinquei com o coração do menino.

— Como se você fosse obrigada a ficar com o cara — Ele diz, balançando a cabeça, parecendo indignado com o treinador.

— O cara era obsessivo pra caralho e eu nem gostava dele — Eu digo, dando de ombros —  Christina uma vez, numa das apresentações de começo de ano, disse que eu tinha a mania de brincar com as pessoas e depois descartá-las — Eu conto, dando de ombros — A fama se espalhou e acho que chegou nos ouvidos do Hotch. O cara me odeia. Ele tinha que jogar a culpa do vexame do ano passado em alguém. Eu fui a opção fácil.

— Ele não tem o direito de fazer isso — Quatro diz, me abraçando.

— Bom, agora o estrago já está feito — Eu digo, rindo — Vamos considerar uma vitória ele não ter me expulsado do ginásio aos berros. Ele não está muito feliz por você estar saindo comigo.

— Contando que ele não abra a boca pra falar de você, eu não ligo — Ele responde, fitando os meus lábios. Nós nos aproximamos alguns centímetros. Era totalmente impossível conter esse desejo, por mais que a minha mente gritasse que eu não devia estar fazendo isso.

— VAI URIAH — Zeke grita, praticamente na nossa orelha, me assustando, mas ajudando nós a retomarmos o controle sobre nossos atos. Nós nos separamos um pouco. Do jeito que as coisas andavam intensas, era bem capaz da gente começar a se agarrar de uma forma brutal, na frente de todo mundo.

Depois de uns minutos, Quatro se levanta e se aproxima da quadra, para acompanhar a peneira mais de perto, já que a segunda fase dos testes iam começar. Uriah estava na próxima fase e nós estávamos gritando o nome dele, pra dar força e incentivo.

— URIAH! URIAH! URIAH! — Zeke era o que mais gritava. Por mais que ele negasse, nós sabíamos que ter o irmão no time de basquete da escola o deixaria muito orgulhoso — MARLENE FALOU QUE VAI TE DAR UNS BEIJOS SE VOCÊ CONSEGUIR A VAGA — Ele acrescenta, me fazendo rir. Marlene olha pra ele duramente.

— ZEKE — Ela grita, chamando a atenção dele, que a ignora e continua incentivando o irmão e xingando o resto dos jogadores.

— Tris — Lynn chama — Vamos fazer uma comemoração se o Uriah conseguir a vaga. Você tá dentro? — Ela pergunta — Podemos ir tomar um café depois dos testes ou qualquer coisa assim.

— Eu tenho detenção pra cumprir — Eu falo, dando uma risada pra disfarçar a minha tristeza por ainda ter que passar algumas horas organizando livros na ordem alfabética — Mas mais tarde eu passo lá, se vocês ainda tiverem comemorando.

— É verdade — Ela diz — Eu tinha me esquecido da sua detenção. Nós podemos marcar lá em casa à noite então, assim você e Quatro podem ir.

— Decidam e me falem — Eu digo, dando um sorriso — Se eu sobreviver aos livros empoeirados e desordenados, eu vou, com certeza.


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Notas finais do capítulo

Esse foi grande! Hahahaha quero mais comentários! Beijos