James não sabia que durante a noite naquele deserto, ou em todos os desertos, fazia tanto frio. Havia feito, com alguns poucos galhos secos que havia encontrado ali por perto, uma fogueira pequena, mas que lhe aquecia.

Por conta de seus poderes, o corpo de James era quente e dava para lhe aquecer em alguns momentos de muito frio, porém, isso não significava que não sentisse frio, por isso tinha que se aquecer com aquela fogueirinha.

Não havia andado tanto quanto desejava para procurar por ajuda, mas havia andado bastante. Ele não queria ser pego novamente, então tinha que se distanciar de onde havia acordado o máximo possível, ele tinha certeza que não demorariam para irem atrás dele e que, com certeza, eles até já poderiam está fazendo aquilo naquele momento. Ele ainda estava debilitado, ele descansara pouco antes de ter caminhado aquilo tudo.

— Acho que eu preciso dormir, está de noite, eles não vão vir atrás de mim no escuro. – James falou consigo mesmo. Naquele momento ele sentiu falta dos montes de casaco que colocara para ir a Hogsmeade e que seus raptores haviam tirado dele e de seus irmãos.

James então deitou-se em baixo da árvore que estava encostado o mais confortavelmente que conseguiu. De onde estava deitado, dava para ver as estrelas pontilhando cada canto do céu, James admirou-as.

— Essa é a única coisa boa nisso tudo. – James disse com um pequeno sorriso. – Você tem que descansar, James. Amanhã, ao nascer do sol você tem que voltar a caminhada.

Ele então logo se rendeu ao cansaço e adormeceu.

—----------------------

Em algum hotel na Austrália…

Haviam acabado de chegar de viagem ao modo trouxa o que os havia cansado muito, Harry e Gina não haviam se falado a viagem toda. Hermione tentava entender o que de fato havia acontecido com eles e Rony tentava não interferir no relacionamento da irmã e do melhor amigo porque só acabava piorando as coisas, ele aprendeu isso na pratica.

A tensão entre eles aumentou quando foi percebido que eles teriam que dividir o quarto, já que a reserva era para dois quartos com cama de casal, feita em seus nomes falsos para que ninguém percebesse que estavam hospedados ali. Após fazerem o check-in, eles subiram para os quartos reservados. Harry e Gina entraram em silencio e mal se olhavam.

— Gin… eu não quero dormir conosco desse jeito um com o outro. – Harry falou ao fechar a porta e largar a mala no canto do quarto como Gina havia feito.

— Então não dorme, Harry, pois eu vou dormir. – Gina respondeu já começando a trocar de roupa e indo procurar algo confortável para dormir.

— Você vai mesmo fazer isso? – Harry questionou.

— O que eu vou fazer, Harry? – Gina falou furiosa, virando-se bruscamente para ele. – Pelo que eu sei, não é crime eu ficar magoada com meu marido porque ele falou coisas horríveis para mim, me acusando de coisas que eu não tenho culpa.

— Eu sei que está magoada, Gina, mas você não foi condescendente comigo também, eu não tenho culpa dessa fama. – Harry respondeu em sua defesa.

— Eu nunca falei que você tinha culpa na morte de seus pais. – Gina replicou.

— Mas foi o que insinuou, querida. – Harry respondeu com certo sarcasmo.

— Quer saber? Você pode ficar com este quarto, eu irei trocar de quarto com Mione. – Gina passou depressa por ele e pegou suas coisas e saiu dali batendo a porta com força, deixando Harry parado ali sozinho.

Ele respirou fundo várias vezes tentando se acalmar, Harry tinha certeza que aquela foi uma das piores brigas que tiveram durante todos esses anos de casados e namorados também. Sua concentração em se acalmar funcionou em tempo de Hermione entrar no quarto.

— Está bem, me expulsar do meu próprio quarto foi a gota d’água. O que aconteceu com vocês dois? – Hermione questionou se aproximando dele e se colocando em sua frente.

— Nós brigamos…

— Isso eu já percebi. – Hermione falou quando ele não fez menção de continuar a frase.

Harry suspirou profundamente e sentou-se na cama chamando Hermione para senta-se ao seu lado. Ao sentar ao lado dele, Harry começou a contar tudo o que acontecera entre ele e Gina.

— A situação é mesmo feia. – Hermione comentou após ele lhe contar tudo.

— Jura?! – Harry disse sarcástico. Ele passou as mãos nervosamente pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais. – O que eu faço agora, Hermione? Eu tentei conversar com ela novamente.

— Tentou na hora errada, Harry. Vocês ainda estavam de cabeça quente. – Hermione o respondeu.

— Eu não queria dormir brigado com ela. – Harry justificou.

— Isso foi fofo, Harry, mas nesse caso você tinha que esperar, não foi uma briga boba que vocês tiveram. – Hermione explicou.

— E o que eu faço agora? Nós devíamos ficar unidos, mais do que nunca, por conta de tudo que está acontecendo. – Harry indagou.

— Espera ela se acalmar, espera tudo isso passar. Foca nos seus filhos, quando tudo isso acabar vocês se resolvem. – Hermione sugeriu. – Com calma, sem a cabeça estar quente.

— Você acha mesmo, Hermione? – Harry perguntou inseguro.

— Tenho certeza, agora vamos dormir. E nem pense que irá dormir no chão ou coisa parecida só porque estou aqui, não vejo problema nenhum em você dividir a cama comigo, afinal, somos “irmãos”, não? – Hermione respondeu com convicção. Harry riu.

— Se você insiste tanto. – Harry disse ainda rindo. – Tudo bem, minha “irmã”.

Hermione sorriu e foi pegar sua mala que havia deixado perto da porta e que Harry não havia percebido antes quando ela havia entrado lá.

— Eu irei trocar de roupa. – Hermione falou se dirigindo ao banheiro do quarto.

— Tudo bem – Harry respondeu com um pequeno sorriso.

—------------------

No dia seguinte…

Harry e Hermione acordaram com batidas na porta do quarto que dividiam. Hermione murmurou para que entrasse, e Rony entrara no quarto.

— Bom dia, gente. – Rony falou enquanto se aproximava da esposa, lhe depositando um beijo.

— Bom dia, meu amor. – Hermione o respondeu dando um outro beijo.

— Bom dia, cara. – Harry se fez ouvir.

— Tenho uma notícia que pode não ser boa. – Rony falou assumindo um tom sério.

— O que é? É algo a ver com meus filhos? – Harry despertou ao ouvir aquilo.

— Sim. Teddy está na lareira de lá do quarto conversando com Gina, ele também quer falar com você. – Rony disse sentando-se ao lado de Hermione na cama. – Aliás, o que aconteceu ontem à noite? Eu pensei que teria uma noite maravilhosa com a minha esposa.

— Rony! – Hermione o repreendeu corando e Harry soltou uma pequena risada com a cara dela.

— Depois eu falo… espera, ela não te contou? – Harry indagou.

— Gina estava como um vulcão em erupção, eu não pude perguntar nada a ela e mal pude me despedir de Hermione. – Rony justificou.

— Isso é verdade. – Hermione disse num tom ressentido.

— Então depois eu te conto, fique aqui e curtam um ao outro um pouco, eu vou ver o que Teddy tem a dizer. – Harry disse e saiu do quarto os deixando sozinhos e indo para o quarto da porta da frente, quando entrou encontrou Gina ajoelhada em frente a lareira quando ela o viu se afastou dando-lhe espaço.

— O que houve, Teddy? – Harry questionou assim que alcançou a lareira.

— Recebi informações de que avistaram Goyle e Blasio no sul da Califórnia. – Teddy o respondeu.

— Mas a pulseira de James está direcionando para cá. – Harry disse sem entender.

— Eu sei, pode ser alarme falso. Não se preocupe, padrinho, eu irei verificar, continue o que está fazendo aí. – Teddy tentou amenizar a situação.

— Tem certeza, Teddy? – Harry indagou com um pé atrás.

— Sim, padrinho, não perca seu tempo, tenho certeza que é alarme falso. – Teddy tentou assegura-lo.

— Leve outros aurores de confiança com você, Teddy, pode ser algum tipo de armadilha. – Harry o alertou.

— Pode deixar. – Teddy respondeu.

— Teddy… tenha cuidado, por favor. – Harry o pediu. Teddy deu um sorriso de lado.

— Tomarei cuidado, Harry. Pode deixar, eu ficarei bem. – Teddy por fim declarou.

—---------------

Longe dali, mas ainda na Austrália…

Merliah tinha certeza que nunca foi tão machucada fisicamente como agora, assim como também sabia que nunca havia sentido tanta raiva como estava sentido agora. Ela não ligava que machucassem a ela, mas machucar seus irmãos? Ela não deixaria barato. Pelo menos eles não estavam tão mal quanto ela.

— Vocês estão bem, gente? – Merliah indagou muito debilitada, sua voz estava muito fraca.

— Estamos bem. – Lilian respondeu também muito fraca.

— Não foi nada comparado ao que fizeram com você, Liah. Você está bem? – Alvo perguntou preocupado.

— Ainda estou muito fraca, está difícil me concentrar o bastante para ativar meus poderes de alguma maneira, a dor… é muita. – Merliah disse tossindo um pouco ao terminar de falar.

— Aqueles desgraçados conseguiram te derrubar. – Alvo falou furiosamente. Merliah, porém, deu um sorriso maroto.

— Eu disse que estava sendo difícil me concentrar, meu irmão, eu não disse que era impossível. Da próxima vez que aquela sapa velha vier se meter conosco eu não vou medir esforços para nos tirar daqui, tenho que fazer alguma coisa. Não podemos ficar aqui… caso o James não consiga, afinal, não sabemos onde estamos, pode ser completamente no meio do nada, sem ninguém por perto.

— Você tem razão. – Alvo concordou.

— Acha que James está bem? – Lilian indagou preocupada. – Ele passou muito tempo naquela água, isso afetou os meus poderes, imaginem o dele que é o fogo? Deve estar fraco, muito debilitado isso… isso pode…

— Aumentar as chances de James ser pego novamente. – Alvo completou seriamente.

— Isso não vai acontecer, vocês não viram como James estava? Os poderes dele estavam a flor da pele, seus olhos estavam vermelhos… - Merliah disse tentando se manter positiva. – Vermelhos como…

— Como o fogo. – Lilian e Alvo disseram em uníssono.

— James não irá nos decepcionar e não será pego, mas também não podemos nos manter aqui sendo torturados. – Merliah constatou.

— O que você tem em mente, Liah? – Lilian perguntou.

Merliah então contou tudo que planejava para os seus irmãos, em tom baixo, para que os raptores não escutassem.

—------------------

Mais tarde…

— Olá, criancinhas que adoram mentir. – Dolores se fez ouvir. – Como perceberam, eu odeio mentiras e castigo as pessoas para se corrigirem, o pai de vocês sabe muito bem disso. Então, chega de mentiras. Agora, como conseguiram essas pulseiras?

— Já disse a Pansy que foram nossos pais que deram para nós. – Merliah a respondeu. – É um presente.

— Não acredito em vocês. – Dolores falou.

— Bem..., você deveria. – Merliah replicou. Ela olhou para a mulher nos olhos e ativou seus poderes com êxito. – Pois estamos dizendo a verdade.

Os olhos de Merliah estavam demostrando todo o seu poder em vigor. Estavam brancos. E a medida que ia se levantando, Merliah ia tirando o ar de Dolores, apenas o suficiente para ela desfalecer.

Merliah estava no controle agora, ainda no auge de seu poder, ela ajudou seus irmãos mostrando-lhes a direção da saída, indo na frente deles, aquele esconderijo não era muito diferente, pelo menos por dentro, de onde eles ficaram presos alguns anos atrás e aquilo ativou memorias.

No fim do corredor, encontraram com Goyle sozinho. Deram sorte, aquele dia estava apenas ele e Dolores no esconderijo. Merliah o derrubou da mesma forma que fez com Dolores, destrancou a porta e saiu dali junto aos irmãos rumo a liberdade.