Entre anjos e demonios escrita por Nk0202


Capítulo 2
Um


Notas iniciais do capítulo

Se estiver legal por favor comentem/favoritem



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O dia estava ensolarado. Ensolarado demais para mim. Onde eu vivo o sol é sempre muito quente e a noite muito fria. As poucas nuvens não servem para apaziguar o calor que sinto.
Em dias como esse as pessoas me olham como se eu fosse louca, são os dias em que eu mais chamo atenção. Enquanto todos andam de bermuda e camiseta, eu ando de jeans e camisa preta.
Preto é cor que eu mais uso, não por gostar, mas simplesmente por ser a única cor que cobre o brilho azul das minhas tatuagens.
Com a mochila nas costas, ando, vagarosamente para a escola, pensando em como vão perguntar sobre as marcas aroxeadas em volta dos meus finos e pálidos braços. Isso, penso, porque não viram minhas costas e pernas.
Quando descobriu sobre a pequena anja, Muryiel me bateu tanto que cheguei a ter febre durante a noite.
Paro em frente a escola. Fecho os olhos preguiçosamente. Em dias assim gosto de ficar em casa, descansando. Para falar a verdade, nem sei porque eu saí. Foi estranho. Como se algo me chama-se. Me tenta-se a vir hoje.
Entro e vou direto até meu armário. Pego os livros e viro direção a sala 2 - anatomia dos anfíbios.
Ando até lá e Gary, meu melhor amigo, vem até mim.
– Oi Ki - sua alegria é contagiante e logo me vejo de bom humor.
– Hey Gary, como foi o final de semana?
– Sinistro, mas ainda acho que você deveria ter ido aquele show.
– Fazer o que? Me esfregar em pessoas suadas? Ficar sozinha no meio de uma multidão energética?
– Eu não os classificaria como energéticos, mas... - ele dá de ombros - Efim, você podia ir comigo - ele aponta o polegar para seu próprio peito.
E ai está. Gary Tails, com seus cabelos castanhos e olhos verdes, com seu sorriso contagiante e sua gentileza, flertando comigo.
Sorriu e sinto um pequeno rubor nas bochechas.
Gosto dele, de verdade, não sei o que sinto, não exatamente, sei que é mais que amizade, mas, é só o que sei.
– É mesmo? - pergunto ironica - Pra ficarmos apertados um contra o outro no meio de uma multidão barulhenta?
Suas orelhas ficam levemante rosas.
– Até que não seria uma má ideia sabe...
Sorriu mais e o empurro levemente.
– Não é?
– Não.
– Quem sabe na próxima...
O sinal toca, nos interrompendo.
– Droga - ele murmura - Ficamos por aqui então...
– É - lhe dou um beijo na bochecha e corro para a sala. Olhando para trás, para suas bochechas coradas.
Ainda estou olhando quando acontece.
Trombo com alguém e por pouco não caiu no chão. Meus livros não deram a mesma sorte.
Abaixo-me para juntá-los e me deparo com duas mãos me ajudando.
– Desculpe - digo sem olhar seja lá quem for.
– Eu que deveria pedir descupas - uma voz melodiosa me responde.
Olho para o dono da voz.
Minha respiração fica presa.
Meu coração palpita.
Minha boca cai.
Na minha frente, a poucos centimetros, com cabelos pretos como carvão e olhos azul safira, de pele bronzeada e cheiro de hortelã, de ombros largos e corpo esguio, está o cara mais lindo que eu já vi.
Toda magia porém, é quebrada quando ele fala, com um sorriso convencido:
– Vai ficar ai me olhando ou vai pegar seus livros da minha mão?
Fecho a boca e faço uma carranca.
– Nunca pedi sua ajuda.
– Ok - ele solta meus livros no chão - Não preciso de nenhuma admiradora.
Risos ecoam pelos meus ouvidos e percebo, pela primeira vez, que ele não está sozinho.
Um grupo de três pessoas o segue. Todos igualmente belos. Embora de modos diferentes.
Um parece ser muito brigão, com cabelos bem curtos e varias cicatrizes.
Outro é mas fechado, anda com as mãos nos bolsos e olha para o lado.
O terceiro e fofo, cabelo bagunçado e olhos vivos e brilhantes.
Sinto meu rosto ficar vermelho, mas não de vergonha, de raiva. Dá enorme raiva que senti dele.
Sinto também o tão familiar calor em meus braços e costas, quando minhas tatuagens intensificam seu brilho.
Respiro fundo. Não preciso de tatuagens brilhantes para acrescentar a lista de esquisitices que as pessoas tem de mim.
– Quem disse que sou sua admiradora? - pergunto indiferente.
– Sua cara.
Mais risos.
– Jura? Pois a sua não estava muito melhor - rebato lembrando de seus olhos arregalados.
– Eu... Eu não... - ele faz cara de irritado, franzindo o cenho e crispando os lábios.
Levanto uma sombrancelha, desafiando-o a me contradizer.
Sorriu arrogantemente e vou embora.
Quem ele pensa que é para falar assim?
Sento na minha mesa de sempre, ao lado de Lizy Lufith, uma das poucas amigas que tenho.
– Hey Kizy, você demorou. Dormiu até tarde foi?
– Nada, trombei com um idiota ali na frente.
– Ah, meus pêsames.
Riu.
– Bom antes que você começe a falar mal do pobre coitado deixe-me dizer: Jane Debrawline está te copiando.
– Ãh?
Jane Debrawline, o pior pesadelo das garotas, a patricinha metida, o inferno na terra.
Com seus 1 metro e 75, suas pernas grandes, seus peitos siliconados e seu sorriso venenoso, ela é capaz de tudo para ter o que quer.
– Sério, acredita que ela colocou lentes de contato douradas feito as suas?
Eu não uso lentes de contato, mas é mais fácil dizer que sim a explicar que eles ficaram assim quando comecei a trabalhar para ele.
– Essa... Essa...
– Vadia? Sim, mas não se preocupe, ficaram horriveis e ela tirou.
O professor entra e aula começa.

Após as primeiras quatro aula o sinal toca de novo.
Vou para a cantina com o dinheiro em mãos.
Nada poderia ou deveria dar errado.
Mas deu.
Como sempre, vou até a cantina e compro um sanduiche.
– Comendo tão pouco não me admira que você seja ele palito - a voz melodiosa, a cadencia, tudo me atiça, provocando-me a revidar.
Eu ignoro, pelo menos até sentir algo pegajoso escorrendo por meu cabelo.
Toco.
Macarrão.
– Pronto, talvez agora você engorde um pouco e deixe de ser feia.
Ele me odeia. É única explicação para isso. Levanto e jogo maionese em seu cabelo, tão rapidamente que ele não tem tempo de reagir.
E então, sem falar nada, ignorando-o como se ele não fosse ninguém, vou até a saída.
Gary me segue e me segura pelo braço quando estamos lá fora.
– Kizy!
– O quê? - pergunto com os dentes cerrados.
– Não vá. Sei que não gosta dele e...
Riu, na verdade, caiu em uma gargalhada histérica.
– Não gostar - digo me controlando - Eu o ODEIO.
– Bem - ele diz sorrindo - Você não dará a ele o gostinho de te ver magoada né?
– Não estou magoada.
– Não?
– Não. Estou com raiva - olho em seus olhos - Muita, muita raiva.
– Ei - ele passa a mão por meu rosto suavemente - Não deixe-o perceber que te afeta tanto, se não ele vai simplesmente usar isso contra você.
Sorriu de leve.
– Te adoro sabia?
– Também te adoro.
O abraço, agradecendo a qualquer um, seja lá quem, que tenha colocado-o na minha vida.

*****

Não sei porque.
Não entendo o motivo.
Mas aquela garota mexeu comigo.
Seus cabelos brancos e longos, seus olhos em chamas e lábios vermelhos, corpo esbelto e cheiro de lavanda.
Isso não é certo.
Não posso deixá-la chegar perto.
Tenho que afastá-la.
Estou aqui por um motivo.
Um e apenas um.
Matar a pessoa que vem assassinando anjos


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