Isso é Tão Sherlock! - 1o Desafio Sherlolly 2016 escrita por Nana Castro


Capítulo 1
Isso é Tão Sherlock!


Notas iniciais do capítulo

Fanfic para o 1o desafio Sherlolly de 2016. Tema: Carnaval/Baile de Máscaras

Enjoy!



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— Ele vai propor amiga, certeza!!!

Molly ouviu essas palavras com certa incredulidade. Mary as disse enquanto balançava seu bebê num braço e segurava uma mamadeira com a outra mão, enquanto seus olhos arregalados demonstravam a surpresa causada pelo que Molly acabara de lhe contar:

— Molly, repete, eu ainda não estou acreditando. Certeza que ele vai propor.

— Como você pode saber? É Sherlock.

— Mas me diz de novo, com todas as palavras. Como foi.

Mary sentou-se ao lado de Molly. Um fiozinho de leite escorrendo no canto da boca do bebê. Ela parecia muito mais animada do que a própria Molly:

— Bem, ele chegou no meu apartamento. Muito cedo. Quando ele bateu na porta, minha ideia era xingar de tudo quanto é nome, porque ele sabe que eu gosto de dormir e faz uma dessas. Mas quando eu abri a porta, ele tinha duas passagens pra Veneza, na altura dos meus olhos.

Mary se remexeu na cadeira, ansiosa:

— E aí, e aí?

— Disse que minhas férias estavam chegando e que ele mesmo precisava de férias, que deveríamos aproveitar e fazer uma viagem. Falou também que John comentou que Veneza era um lugar muito romântico e eu com certeza iria gostar.

— Que lindo!

— Mary, tem algo muito estranho aí. Sherlock e férias? Sherlock e lugar romântico? Está tudo errado. Eu amo aquela peste, mas ele não é assim.

— Molly, é por isso que eu acho que ele vai propor! Ele está fazendo essas coisas fora do padrão. Você precisava ver o John quando ele decidiu. Eu sabia que ele estava aprontando pelo jeito de andar. Parecia que a caixinha da aliança pesava 5 quilos no bolso dele!

— Ah! Eu tenho minhas dúvidas. Ele está aprontando, isso é certo. Mas não acredito que ele esteja pensando em casamento. Não mesmo.

Molly conferiu as horas no celular. Seu turno começava em uma hora. Era sua vez no período da noite. Não estava muito inclinada a trabalhar duro naquela noite então rezou fervorosamente para que todos os anjos da guarda cuidassem bem dos seus protegidos. Suas férias começavam na manhã seguinte e a tarde já estaria em Veneza. Tentou não pensar no que Mary havia dito, mas uma ponta de esperança brotava em sua mente. E se?  Mas era Sherlock. Abriu um sorriso quando se deu conta disso. ERA Sherlock.

***

— Muito bem, aqui estamos!

Sherlock empurrou as duas portas grandes como as pessoas fazem quando entram em quartos do tipo daquele, nos filmes de Hollywood. Era imenso e até meio brega, com muitas estampas. Molly se perguntou se era assim o ano todo ou só porque era carnaval. A decoração não a impediu de admirar a enorme cama e também não a impediu de imaginar o que poderia acontecer ali assim que ele propusesse casamento. Sim, nesse momento a ideia que Mary implantara em sua cabeça já tinha dominado seus pensamentos completamente. Cada passo diferente que Sherlock dava, fazia com que um frio percorresse a espinha de Molly e a fizesse pensar “É agora! ”.

— Miss Hooper para terra. - Um beliscão de leve no braço e um sorriso de Sherlock -  O que achou?

— Impressionante! De verdade! Nunca imaginei que estaríamos aqui um dia. Mas sabe, existe algum motivo especial pelo o qual você me trouxe aqui?

O rosto de Sherlock ficou sério por uma fração de segundo. Será que ela já teria descoberto? Será que as habilidades de dedução de Molly estavam boas assim? Poderia jurar que não havia entregado nada. Respirou brevemente e lançou:

— Não, nenhum. Só queria passar mais tempo com você, te trazer pra um lugar diferente, te dar um presente. Quem sabe aprender coisas novas… eu andei lendo uns livros, trouxe uns “apetrechos” nessa mala aqui ó…

Foi em direção a mala e de lá tirou um chicotinho.

— Sherlock! - Molly falou, estridente, mas ao mesmo tempo curiosa - Esse não é aquele…

— É sim. Não se preocupe… está perfeitamente utilizável. Eu cuidei de tudo! - E bateu com o chicote na própria mão.

Molly sorriu envergonhada, mas também tentada. E fechou a porta atrás deles, como as pessoas fazem quando vão aprontar em quartos daquele tipo, em filmes de Hollywood.

***

As aventuras com o chicotinho renderam e os dois passaram o resto da tarde dormindo. Por volta das seis da tarde, Sherlock acordou de um salto. A cama toda se mexeu, mas Molly ficou parada, preguiçosa, tentando absorver tudo que havia acontecido e mais um pouco da maciez excepcional daquela cama. No entanto, a cama a absorveu e não reparou quando Sherlock se vestiu com seu melhor terno, pegou uma máscara num bolso que ela não tinha visto e saiu. Ele teve a decência de deixar um bilhete, pelo menos, que ela leu mais de uma hora depois que ele havia saído:

“Bom dia, flor do dia!

Dormiu tanto que até babou no travesseiro. Saí antes de você para garantir nossas reservas no Baile de Máscaras do hotel. Você não acha que eu traria você a Veneza e não a levaria num baile, não é? Deixei seu vestido e sua máscara preparados. Te amo! ”

Molly gritou um poderoso “É agora!!” E girou pelo quarto, se esquecendo de ler a parte de trás do bilhete, que dizia que ela teria de encontrá-lo, já que ela não conhecia sua máscara.

***

— Molly, Molly Hooper. - Informou ao porteiro na festa, que encontrou seu nome numa lista onde a maioria dos nomes já estavam riscados.

O salão estava cheio, bem decorado com papéis brilhantes. Jovens, presumiu, jogavam confete uns nos outros, com suas máscaras iguais. A sua própria máscara era muito bonita. Branca, ostentava lábios bem vermelhos e detalhes dourados. Apenas os olhos eram visíveis. Seu vestido era vermelho também, acompanhando o tom do batom.

E foi nesse momento, quando se viu rodeada de pessoas sem rosto, que então percebeu que teria de encontrar Sherlock. Pegou o celular na pequena bolsa que carregava e ligou. Do outro lado do salão, Sherlock pegou o celular, viu quem ligava e devolveu o aparelho ao bolso.

Sem a resposta de Sherlock, Molly saiu andando pelo salão, tocando no ombro de cada homem que tinha cabelo preto encaracolado e altura similar a de Sherlock. E que lugar melhor do que uma cidade italiana para encontrar rapazes com essas características? Cansada de procurar, procurou pelo bar e pediu a taça do champanhe mais caro que tinham. Estava de férias e iria aproveitar. E isso era também pra Sherlock aprender a não a deixar sozinha. Uma taça, duas taças, três taças. O mundo parecia girar. Ao mesmo tempo que cambaleou para se ajeitar no balcão, ouviu dois homens, com sotaque escocês, falando sobre uma pedra. Pedra preciosa? Deu dois passos para ficar mais perto dos homens:

— Como você me traz essa pedra pra festa? - Disse o homem loiro, com alguns fios brancos começando a aparecer.

— E correr o risco de alguém entrar no quarto e encontrar? Melhor que estivesse com a gente!  - Respondeu o homem ruivo. De um laranja difícil de esquecer.

— Existem cofres em quartos de hotel, seu trouxa! - Replicou o primeiro.

— Eu soube que o inglês está aqui.

— O Inglês? - O homem loiro soou preocupado. Sua máscara cobria apenas metade do rosto e Molly pode ver seus lábios se retraindo, preocupado.

— Você conhece o inglês! - Continuou o ruivo -  Cofre nenhum é páreo para ele e… precisamos encontrá-lo antes que ele nos encontre!

O Inglês. Cofres. O Inglês. Cofres. Eles só poderiam estar falando de Sherlock. Não era possível! Quem mais naquele salão… não estavam conversando sobre James Bond. E que pedra era essa? E enquanto as palavras ainda ressoavam na sua cabeça ele veio. Estendeu a mão para ela. Molly hesitou:

— Sherlock, é você?

A figura continuou com a mão estendida, sem soltar nenhum som. Molly olhou para os homens no balcão que ainda discutiam se tinham feito uma boa escolha, olhou para o rapaz, que tinha o rosto e o cabelo todo coberto pela máscara. Dividida entre a vontade de ser a detetive da noite e a vontade de percorrer o salão em busca de Sherlock, acabou cedendo ao convite do rapaz. Ele pode ter tentado despistá-la, mas o toque era inconfundível. Ela conhecia aquelas mãos como ninguém. Horas antes elas haviam percorrido seu corpo todo. Seria difícil esquecê-las. Depois de segundos de devaneio, sendo levada pelo rapaz por todo o salão, disse, como se tivesse acordado de um transe:

— Sherlock! Sherlock! Você precisa parar com esse jogo agora! Eu.. eu.. Enquanto esperava por você dar o ar da sua graça, ouvi dois caras no balcão falando…

O rapaz parou de levar a dança, ergueu o dedo indicador e pousou sobre os lábios da máscara que Molly carregava. Ele se admirava de quão bem ela conseguia falar debaixo daquilo, quando ele mal podia respirar. Molly não parou de falar:

 Sherlock! Fala comigo. A gente precisa fazer alguma coisa. Vamos!

Deram mais uma pirueta pelo salão e quando Molly deu por sí, ela já estava nas mãos de outro rapaz. Sherlock havia sumido na multidão de máscaras novamente. Educadamente, se livrou do novo rapaz e andou desesperada pelo salão, em busca de Sherlock. Decidiu voltar ao balcão onde ouviu a conversa, mas nenhum dos homens estava lá. Andou e procurou, até que o viu. A máscara que cobria o rosto e os cabelos, também em tons vermelhos e dourados. Só não correu mais rápido ao seu encontro, porque não tinha como. Quando se aproximou o suficiente, esticou as mãos, agarrando a máscara e puxando com força, revelando um jovem que deveria ter uns 20 anos:

— Merda!!! - Gritou, fazendo com que todos em volta a olhasse. - Merda, como se pede desculpas em italiano mesmo? Ah… spiacente! Spiacente!

E correu para fora do salão, tirando a máscara e jogando na primeira lata de lixo que viu:

— Que inferno de viagem! Que inferno! Ele me trouxe aqui como desculpa pra trabalhar de novo. Não acredito que me deixei levar pelas ideias da Mary. Propor? Sei. Férias românticas? Aham… claro! Idiota! Ele mesmo falou que era pra respirar novos ares. Só se for cheiro de bandido velho misturado com whisky. Como posso ser tão burra! Que ódio! Isso é tão Sherlock!

E no seu acesso de raiva, não reparou que nos corredores havia sinal de luta, com alguns vasos quebrados, que o espelho do elevador que tomara estava rachado e que passara do seu quarto, entrando num outro similar, que estava com a porta aberta:

— Molly!

A voz rouca de Sherlock entrou pelos ouvidos de Molly com sensações misturadas. Ela queria dar na cara dele e dar pra ele ao mesmo tempo. Ele estava ofegante. Quando ela finalmente o olhou, ele estava com a camisa toda puxada pra fora da calça e todo descabelado. Segurava uma grande pedra na mão, que tinha a aparência de algo achado no lixo. O olhar dela, duro, se demorou naquela pedra. Então Sherlock falou:

 Artefato arqueológico. Muito importante. Depois explico.

Molly não disse nada. Sherlock ficou esperando. O olhar de Molly percorreu o quarto e encontrou os dois homens num dos cantos, amarrados pelas mãos, com a gravata de Sherlock:

— Eu estava mesmo imaginando onde a gravata estava. - Disse, séria. - Você está podendo, né?

Sherlock fez uma cara de “sim, estou” e então Molly começou:

— Você, Sherlock Holmes, me trouxe aqui com falsos motivos. Disse que era pra eu curtir minhas férias, aproveitar a vida.  - Disse calma - mas você me trouxe aqui pra trabalhar! Porra, Sherlock!

No fim da frase ela já estava gritando.

— Molly, não é nada disso!

— É sim! Ficou jogando comigo, deve ter inventado ir nesse baile pra ninguém saber que era você. E eu achando que você estava fazendo algo legal. Ah, Sherlock! Ah, Sherlock!

O homem ruivo, que havia acordado, prestava atenção no assunto:

— Tá mal, hein amigo! - Disse pra Sherlock. Molly tirou o sapato e arremessou no cara, que se calou depois de um sonoro ai.

— Vim aqui pra me divertir - Continuou Molly - E no fim o que eu consegui? Uma pedra!

Depois de segundos de silencio, Sherlock começou, com cuidado:

— Bem, na verdade eu te trouxe aqui por uma pedra mesmo, mas…

— Como assim, Sherlock? Desembucha!

— Seria no meio do salão, depois daquela dança. Estava tudo planejado. Assim que a música parasse…, mas você chegou com as notícias antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. E, seguindo seu conselho, fui encontrá-los antes que me encontrassem.

— Pera aí! Quer dizer que o trabalho não era a parte planejada?

— Nope. Só uma feliz coincidência.

— Eu achei…

— Você sempre acha...

— Que?

Molly estava toda confusa. O misto de emoções ficando cada vez maior. Ela viu então Sherlock colocar a mão no bolso e tirar uma caixinha. A Bendita caixinha! E foi ficando num só joelho, daquele jeito que as pessoas fazem, quando pedem alguém em casamento num filme de Hollywood.

— Molly, quer se casar comigo?

Antes que ela pudesse responder, o homem ruivo falou, ironicamente:

— Eu bateria palmas, se estivesse com as mãos livres. Que cena linda!

Molly arrancou o outro sapato e o atirou, acertando em cheio o nariz do homem:

— Sim, Sherlock, Sim!!!

Molly o beijou. Ele se levantou e continuou beijando-a. Colocou o anel no dedo dela e foram caminhando em direção a porta. Sherlock tirou o celular do bolso, digitou, falou alguma coisa em italiano, que Molly não entendeu e finalmente fechou a porta. Ele ficou com todas as chaves disponíveis:

— Sherlock, você fica tão sexy falando italiano.

— Grazie, amore mio . Ti amo. Podemos voltar ao baile? Não aproveitamos nada.

— Vamos! Só um minuto. Me dá uma chave?

— Pra quê?

— Observe Sherlock…

— Ah.

— Ah, claro! Eu vou precisar de outra máscara!

Molly voltou pra dentro e pegou os sapatos que atirou no homem ruivo, não sem aproveitar pra dar mais uma sapatada... nos dois:

— Vocês quase atrapalharam meu noivado!

Saiu do quarto. Sherlock esperava encostado na parede:

— Pronto?

— Pronto! Vamos!

Andaram em silêncio pelo corredor por um momento. Então Molly perguntou:

— Sabe, depois do baile... podemos resumir o que a gente estava fazendo a tarde?

Sherlock riu.

— Certo! Ma possiamo lasciare la frusta da parte questa volta ? Sto bene dolorante .

Molly observou, enquanto entravam no elevador. Admirada e apaixonada:

— Oi? Spiacente. Só sei isso.

Sherlock riu novamente, acariciou o rosto de Molly e apertou o botão do elevador:

— Eu disse… Claro! Mas podemos deixar o chicotinho de lado dessa vez? Já estou bem dolorido.

 


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Notas finais do capítulo

Rola um comment? huhu

Olha, não sei se o italiano está certo. Usei o Google Translate! XD



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