Por trás dos olhos azuis escrita por Abelhinha


Capítulo 4
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Irmã?

Como assim?

Olho para Felicity, que está com os olhos arregalados. Se Dark fosse irmão da minha mãe, eu e Fel éramos primos. Talvez eu devesse ficar feliz com a constatação, afinal, desde que a conheci, senti uma ligação com ela. Teria uma explicação. Mas não, em vez disso, sinto uma decepção estranha. Por quê?

Desde que meu pai resolveu passar para o lado de lá, minha vida tinha se tornado um inferno. Tivemos que mudar de casa, vida, rotina e escola. Minha mãe estrou em uma depressão profunda e vivia de modo robótico. Não ousava conversar sobre o ocorrido e tentava a todo custo viver. Mas não conseguia. A única vez que a vi sorrir depois de tudo, foi falando de um irmão que tinha quando criança, mas que foi separado dela quando conhecer Robert. Agora eu sei quem é o homem. Pai da Fel, que tinha se tornado minha pessoa favorita do mundo do nada.

Seria Destino?

Talvez fosse.

Eu lembro de quando a conheci. Suas respostas ácidas e sua indiferença me fizeram admirá-la. Todos daquela maldita escola eram tão pateticamente chatos e vazios. Só enxergavam um palmo à frente do nariz, sem olhar para os lados. E eram fielmente ligados ao governo. Todos, exceto ela. Ela odiava tão veemente o governo que eu sempre escondi o fato de meu querido pai ser o tão chamado "braço direito" do pai. Eu tinha medo de ela me afastar. Tinha medo de que resolvesse me deixar, porque isso acabaria comigo. Eu realmente precisava de Felicity Smoak na minha vida. Minha pequena rebelde.

— Dam... - Minha mãe solta-se dos braços de Donna e se atira no pai de Felicity. Aliás, eu nem sabia que ele iria estar lá.

— Daren, minha pequena. Eu senti tanto a sua falta - E então, minha mãe sorri. Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos, jamais acreditaria. Mamãe sorriu de verdade mesmo, um sorriso daqueles que eu não via há anos.

— Eu também, querido. Você não faz ideia - Lágrimas caem sem freios por seus olhos.

Olho para Fel, que me olha de volta, e ela acena a cabeça para dentro da casa. Eu a sigo, deixando os mais velhos e Thea a sós.

— Parece que somos primos, ein? - Ela quebra o silêncio.

— Eu acho que sim. Bem legal, não é?

— Muito legal - Eu afirmo e ela assente. Apesar das palavras, o clima entre nós parecia de decepção. Mas eu não entendia o motivo.

— Vem.

Ela diz, simplesmente e pega minha mão. É aí que entendo tudo. A sensação de plenitude das suas mãos na minha serviram como um um limpa vidro pro bloqueio em meu cérebro. Eu não queria ser primo de Felicity Smoak porque eu sabia que ela estava destinada a ser mais, pensei. Como? Eu não sei, mas ela seria mais. Eu não sabia nem o que ela seria, mas eu tinha certeza que não era uma simples prima para mim. Ela é mais para mim desde o dia que a conheci.

Ela é minha luz, em meio a tanta escuridão na minha vida.

— Chegamos - Ela diz, me tirando de meus pensamentos. Olhei ao redor e constatei que estava no quarta dela. Pensamentos não muito legais passaram em minha mente.

— Por que me trouxe aqui?

— Preciso te contar uma coisa - Ela morde aos lábios ao dizer isso. Uma sensação de medo toma posse de mim. Seja lá o que ela fosse dizer, não seria nada bom. - Você viu o ataque cibernético de hoje?

— Sim, claro - Não era de todo mal, afinal. - Pra falar a verdade, eu adorei. Seja lá quem for que tenha feito isso, sou fã do cara.

Felicity estreita os olhos para mim.

— Cara? Por que cara? Não pode ter sido uma mulher?

Reviro meus olhos para o senso feminista dela.

— Qual é, Fel? Claro que foi um cara - Digo, convicto.

— Pois saiba que foi eu.

O QUÊ? NÃO!

— NÃO!

— Sim.

— Fel, você não pode! É perigoso, eles vão te achar! - Não sei mais o que fazer e nem o que pensar. Todo o meu interior está corroído por medo de pegarem-na.

— Oliver, fala sério! Eu sou boa no que faço, meu amor.

Ok. Eu não estava preparado para aquilo. Não tinha sido intenção de Felicity, mas aquele "meu amor" saindo de seus lábios foi tão doce e inusitado que eu só podia pensar em fazer uma coisa: Beijá-la.

Mas eu não poderia fazer isso.

Não correria o risco dela nunca mais olhar na minha cara. Então, eu respiro fundo e falo meio rouco:

— Fel...é perigoso, mesmo para você.

Ela estreitou os olhos para mim e abriu a boca para falar algo, mas eu saberei o quê porque, nesse momento, Donna Smoak nos chamou para descer.

{...}

Bem, o que posso dizer de quando eu desci?

Se olhos pudessem matar, eu estaria morto. O pai da minha loira me olhou com os olhos pegando fogo e todo o meu corpo reberverou de medo. Esse homem sabe como amedrontar alguém, com certeza sabe.

Depois desse episódio, nós nos sentamos a mesa de jantar e ficamos conversando banalidades. Eu reparei na casa de Fel. A cor das paredes eram claras como se estivessem passando a imagem de felicidade, os móveis eram novos, e havia algumas coisas ainda espalhadas pelo lugar, resultado da mudança deles. Mas eu fiquei me perguntando porque não desembrulharam tais coisas, já que já havia se passado 3 meses desde que vieram pra cá.

Outra coisa que não me saia da mente era o sótão que eu vi quando passava para ir ao banheiro, durante o jantar. Eu podia jurar que havia visto algumas espadas. Será que o pai de Felicity era um...colecionador? Esse pensamento me arrepiou. O cara já tinha um olhar do mau e agora também espadas? Qual é!

Minha mente continua divagando até ouvir algo que me faz paralisar:

—Como está Robert, Moira? - Donna pergunta.

Tento sinalizar para minha mãe para que ela não fale nada. Mas é em vão.

— Ele virou a casaca, Donna. Não é assim que os jovens falam hoje em dia? - Minha mãe solta uma risadinha que me surpreende.

— Ele está trabalhando para o governo? - A Smoak mais velha troca olhares nervosos com o marido. Felicity olha para mim com os olhos estreitos.

— Mais que isso. Parece que agora aquele filha da puta é o braço direito do pai - Minha mãe solta. - Mas fiquem tranquilos, eles não podem achar você, Dam. Você ainda é o líder da COLMEIA, certo?

— O QUÊ? VOCÊ É FILHO DAQUELE FILHO DA PUTA?

—O QUÊ? SEU PAI É LÍDER DA COLMEIA?

— POR QUE VOCÊ NUNCA ME CONTOU? - Dissemos em uníssono.

— Crianças! Acalmem-se - Minha mãe tenta nos controlar, mas é tarde. Felicity já saiu para sei lá aonde e me ignorou total. Mas eu não ia deixá-la sair assim, sem mais nem menos, então fui atrás dela.

— FEL, ME ESCUTA - Grito.

— Não quero falar com você, Queen.

Seu tom magoado me pega de surpresa ao mesmo tempo que o som de sua voz me guia até ela.

— Sabe - Ela começa a falar. - você entrou na minha vida tão de repente. Quer dizer, meu Deus, eu confio minha a você, Oliver. E agora, só agora, você me diz que seu pai é o cara que provavelmente está tentando me matar no momento?

As palavras dela provocam batidas aceleradas no meu coração. Ela confiava sua vida a mim? 

— Fel, você sabe o que fez eu me aproximar de você? Foi sua obstinação e rebeldia. Quando eu falei com você pela primeira vez, eu vi o quanto você odiava o governo e foi naquele momento que quis me aproximar. E me aproximei, e quanto mais eu o fazia, mais tinha medo. Minha vida estava uma merda antes de te conhecer por causa do meu pai e depois que te encontrei, eu juro que quis conta. Mas tive medo da sua reação. Eu não posso viver sem você, Lis.

Ela me encara, provavelmente tentando ver o peso das minhas palavras e o quão sincero eu havia sido. 

— Desculpe - Ela enfim diz. Mas eu não entendo nada.

— ÂN?

— Eu não tinha o direito de te cobrar já que também não lhe contei do meu pai. Desculpe. Só é complicado...o Roy não sabia de nada também, então ele descobriu e sumiu logo em seguida. Não posso me dar ao luxo de perder você também.

Eu queria perguntar mais, saber mais. Mas eu não podia. Eu tinha que dar a ela um tempo para pensar, assim como sei que ela faria comigo. Quando estivéssemos prontos, desabafaríamos. 

— Tudo bem, Lis. Mas vamos nos prometer uma coisa?

— O quê?

— Sem mais mentiras. 

— Sem mais mentiras - Ela repete.

E então nos damos as mãos e um pacto é selado.

Um pacto que eu sei que jamais seria quebrado.

{...}

— Felicity!

Olho para trás e vejo o novato correndo em nossa direção com um caderno em mãos. Ele olha para Felicity e sorri. Por que eu me sinto...incomodado?

— Ah, oi, Raymund - Ela não sorri de volta para ele. Quer dizer, ela nunca sorria de volta para alguém que não fosse eu. Esse pensamento me deixa com um orgulho idiota de mim.

— Ray - Ele corrige.

— Tanto faz.

Parece que alguém acordou com a pá virada hoje...ihhhh.

— Uau. Que mau humor - Ele aponta para ela com a cabeça.

Ela revira os olhos e pega o caderno das mãos dele.

— Que bom que reparou, agora tchau - Ela olha para mim. - Você vem ou não vem Oliver?

Acha mesmo que sou louco de não ir? Respondo, mentalmente.

Quando sentamos em nosso querido banquinho, ela me fala:

—Consegui, Oliver. Ela vai ficar com você em nosso tal passeio de biologia pra aquela floresta. Satisfeito?

Uma parte de mim está satisfeita.

A outra fica com esperança de que o mau humor da minha loira seja ciúmes. Mas essa parte é tola demais então eu logo a deixo pra lá.

Além do mais, tenho que falar uma coisa com ela:

— Obrigada, Lis, vou ficar lhe devendo essa. 

— Ok.

Uau, ela está bem ruim mesmo.

— Ei, você lembra do meu primo? Ele vai vir para cá na semana que vem. Acho que vocês vão se dar bem.

— Por quê?

— Porque vocês são dois nerdzinhos, uai.

— Vá para o inferno, Queen.

Ela me manda o dedo do meio.

— Nada educada, Smoak - Eu digo - À propósito, o nome dele é Barry Allen.


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