Querida Vivi,

Desculpe por tanto tempo sem escrevê-la, creio que esteve a ponto de surtar quando parei de responder suas cartas, afinal, quem some por dois anos? Agora que nossa volta foi anunciada em todos os jornais da Grand Line, imagino que agora seu coração possa enfim descansar. Mas creio que ainda deve estar brava comigo, então, antes de rasgar esta carta em pedacinhos, leia a minha explicação por não ter-lhe escrito.

Os últimos dois anos não foram fáceis, após um drástico incidente no arquipélago Saboady que separou nosso bando, fui mandada para uma ilha no céu. Dá pra acreditar? Creio que já devo ter lhe contado sobre Skypie nas outras cartas, mas nunca imaginei que pudesse haver outras ilhas no céu. Fui acolhida por um grupo de velhinhos que usavam de experimentos químicos para controlar o tempo, e graças a eles, pude aprimorar meu Clima Tact. Todos foram super gentis comigo, e isso me ajudou a me sentir em casa mesmo longe do pessoal.

Voltando ao presente. Estamos todos bem, partindo para uma nova ilha após uma confusão na ilha dos tritões, não que isso seja novidade. Estão todos muito diferentes, fisicamente e socialmente. Deixei meu cabelo crescer e provavelmente deve estar da mesma altura que o seu. Lembra quando você me deixava pentear seus cabelos? Nossa, que saudade dos seus cabelos. Eram tão macios, e o cheiro e a cor remetiam o mar. Você cortou seu cabelo? Por favor, me diga que não. Eu amo suas ondas.

Ah, cara amiga, ao escrever esta carta, me vem tantas lembranças. Sinto falta da sua companhia, das madrugadas de conversas sendo jogadas fora, dos segredos que apenas você sabe até hoje, das ansiedades compartilhadas, das gargalhadas, da maneira como nos beijávamos. Lembra quando Usopp quase descobriu sobre nós? Ainda sinto um frio na barriga quando lembro daquela porta abrindo rapidamente e você me jogando para o outro lado do quarto na velocidade da luz, também lembro da dor nas costas que senti ao cair no chão, mas foi pura adrenalina.

Foram muitas as vezes que senti adrenalina pulsando em minhas veias ao seu lado. Como aquela vez em que esperamos todos os rapazes dormirem e fomos nadar nuas no mar, nossa, foi tão divertido. Os beijos debaixo d’água me esquentaram mesmo naquela água congelante. Quase não conseguimos subir no Going Merry de novo, lembra? Confesse que, no fim, foi engraçado.

Oh, e lembra quando quase fizemos amor no banheiro do seu palácio, mas infelizmente não pudemos fazer nada porque os homens estavam nos espionando? Não me arrependo de ter usado o “hapiness punch”, afinal, cada um me pagou cem mil berries. Você se mordeu de ciúmes, mas sabe muito bem que só tenho olhos pra você, minha princesa. Você continua muito ciumenta? Porque você fica fofa com ciúmes.

Ah Vivi, são tantas lembranças maravilhosas que eu poderia listar nessa carta, mas caso o fizesse, passaria três dias escrevendo. Sinto sua falta, minha princesa. Quero tanto ver seu sorriso novamente, trocar risadas nas madrugadas, ou até mesmo nuas no mar. Quero voltar a sentir o seu perfume quando lhe abraço, e este parece fazer o mundo congelar, fazendo o momento se torna eternamente nosso. Quero beijá-la novamente, sentir sua pele contra a minha, sentir aquele prazer mais uma vez. Quero minha amada, minha melhor amiga.

Oh céus, não consigo escrever isto sem chorar.

Me diga como está, minha princesa. Me diga o que viveu nesses últimos dois anos. Me diga o que sentiu ao receber esta carta. Me diga se sente minha falta. Me diga se ainda me ama.

Você é meu tesouro, Vivi. E sempre será.

De sua melhor amiga,

Nami.

Robin não pode conter um sorriso ao terminar de ler a carta, Nami entrou no quarto naquele mesmo instante e sentiu o rosto ruborizar diante da cena.

— Robin! – se aproximou da companheira de quarto sentada em sua cama e puxou a folha de papel. – Isso é invasão de privacidade!

— Me desculpe, navegadora-san. – respondeu com um sorriso gentil no rosto mesmo ao levar uma bronca. – Não pude me conter... E além disso, você deixou sobre a minha cama.

— Deixei? – Nami pareceu surpresa, e um tanto envergonhada. – Argh! Que droga...

— É uma linda carta.

— Você acha? – Nami estava com os olhos brilhando.

— Sim. Com certeza.

A ruiva estava com medo de não ter acertado nas palavras, mas, com o elogio de Robin, sentiu-se mais confiante. A maior lançou lhe um olhar curioso, sem desmanchar o sorriso no rosto por um segundo sequer.

— Você gosta mesmo da princesa de Alabasta, não é?

Mesmo corada, Nami sorriu.

— Sim, mas... Dois anos se passaram e eu sequer dei notícias. Não sei se ela ainda sente o mesmo por mim.

— A navegadora-san disse que eram melhores amigas. Ela te ama com certeza.

A ruiva suspirou, mantinha o mesmo sorriso tímido no rosto, e um tanto esperançoso também.

— Espero que esteja certa...