Não é apenas Uma Aposta é Amor escrita por Lany


Capítulo 21
As vezes o possível não é o bastante


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo e dessa vez sem atrasos!
Boa leitura!



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*Jasper*

  As densas massas cinzentas cobriam quase toda extensão de Forks, algumas alunas corriam em direção ao prédio da escola, não querendo borrar a maquiagem que enchiam seus rostos fúteis ou desarrumar seus cabelos com a finas gotas de chuva que começava a cair.

 

  Os aquecedores dos quartos estavam em manutenção e com um dia tão frio como esse o resultado era; vários adolescentes amontoados no grande pátio escolar. Encarei as pessoas ao meu lado observando seus rostos na maioria das vezes animados ou apenas demonstrando tédio.

 

 Bufei frustrado, subindo as escadas, por não encontrar quem queria. Avistei Jacob junto de Leah Clearwater sentado na lateral das escadarias, ambos conversavam animadamente. Sim! Eles estavam juntos, o que foi meio surpreendente já que Jacob sempre preferiu garotas mais... fáceis e mimadas, sendo bem o oposto de Leah que tinha opinião forte e detestava demonstrar fraqueza em qualquer tipo de situação. Jacob parecia estar apaixonado, e de longe víamos que o sentimento era recíproco.

 

  Segui caminhando lentamente, procurando algo para fazer pra passar o tempo.

 

-Bella? –Chamei intrigado e preocupado assim que a vi com a testa apoiada na porta do quarto que dividia com Edward e Emmett. Bella assustou-se, deu um pequeno pulo para trás com a mão sobre o peito.

 

-O que você... ta fazendo aqui? –Perguntou meio ofegante, incomodada com minha presença.

 

-É o meu quarto! –Lhe disse o óbvio, apontando para a porta atrás dela.

 

-Eu sei... é só que... eu! Deixa pra lá! –Seus dedos apertaram uns aos outros tentando formular uma frase.

 

-Você está bem? –Era visível que não. Ela massageava as têmporas nervosamente.

 

-To! To sim! –Respondeu rapidamente, dando de ombros.

 

-Tem certeza? –Estreitei os olhos, desconfiado.

 

-Tenho! Agora... eu... eu tenho que ir! –Antes que pudesse proferir qual quer coisa, Bella deu as costas e saiu praticamente correndo.

 

 Adentrei o quarto tentando adivinhar o que tinha acontecido com ela.

 

-Bella não esta nada... –O murmúrio foi desaparecendo formando apenas um zumbido, de acordo que meus olhos observavam minuciosamente o envelope vermelho posto delicadamente sobre o meu travesseiro. Aproximei-me tomado por desconfiança e curiosidade.

  O peguei.

 

   P/ Jasper

 

 Essas eram as únicas palavras que continha no envelope, meus dedos seguiam a caligrafia familiar. Com as mãos tremulas e com pensamentos temerosos tirei o papel.

 

Sentei em minha cama inalando o maximo de ar possível antes de lê-lo.

 

  Sinceramente? Algo em mim diz que não deveria estar escrevendo isso, entretanto algo mais forte diz que eu lhe devo pelo menos um adeus.

 

Então... Adeus!

 

 Vou embora, porque não me sinto mais capaz de lutar, porque o sofrimento parece consumir-me por dentro causando cada vez mais estragos. Não sei se é um bom motivo, mas isso parece ser o mais certo a se fazer nesse momento!

 

 Confesso que não adiantou nada: todos os meus esforços foram inúteis, infelizmente você continua vivendo constantemente em meus pensamentos e em meu coração. A distancia pode me ajudar em relação a isso, bom... pelo menos é o que espero. Prometi para mim mesma que essa seria a ultima vez que faria algo pensando em nós dois!

 

 Não posso dizer que não sentirei sua falta, porque sentirei, muita. Assim como não posso dizer que você já não mais faz parte de mim, porque você faz. 

 

 Você faz parte das lembranças mais dolorosas que existe dentro de mim e também daquelas mais felizes e inacreditáveis, você me ajudou a ser quem sou hoje, então obrigado por todas as lagrimas de tristezas que me fizera derramar e principalmente obrigado pelos sorrisos e pelos sonhos que apenas com você pude realizar.

 

Eu te amo. Adeus.

 

   Alice B.

 

 Voltei a ler o maldito papel, tentando entender o que ele queria dizer.

 

-Então é isso? Ela... Ela foi embora? –Indaguei para mim mesmo esperando ouvir algum tipo de resposta.

 

  A agonia voltou a crescer e dominar meu corpo de uma forma indistinta, mil imagens enchiam meu cérebro, algumas péssimas, como a dor de quando ela se foi pela primeira vez ou a tristeza e a solidão insana que passou a me consumir, e outras causavam agonia ainda maior por serem tão boas, ao ponto de eu mesmo ter a certeza que elas nunca voltariam.

 

-Acabou? Não... Isso não esta certo! Ela... não poderia...–As lagrimas escorregavam rápidas e precisas por meu rosto demonstrando toda a destruição que sentia por dentro. –Droga Alice... Droga. –Inúteis lagrimas. Chorar não vai fazer a dor passar e nem vai traze-la de volta.

 

-Jasper? O que aconteceu? –Edward perguntou em um silvo.

 

-Ela... não podia ter feito isso... Isso não é justo... Não é! –Exasperei com as mãos no cabelo.

 

-O que? –Edward aproximou-se tentando entender o que havia se passado.

 

 Minhas pernas pareciam não se sustentarem sozinhas, um tremor involuntário percorria meu corpo. As paredes ao meu redor pareciam ficar cada vez mais perto. Minha visão, minha mente oscilavam com imagens indistintas. Droga! Por mais que tentasse as lagrimas não cessavam, não paravam, odiava me sentir tão fraco e vulnerável. Por que tudo tem que ser tão complicado? Por que eu não desistir dessa aposta? Por que eu me apaixonei por ela? Por que eu não consigo esquecê-la? .

 

-Acabou! ACABOU! –Lhe entreguei o papel, sendo incapaz de contar o que realmente havia acontecido!

 

 Os olhos de meu amigo percorriam a letras, as frases que ficaram marcadas em minha alma.

 

-Eu... eu sinto muito. Eu não sei o que dizer! –Nem eu mesmo sei o que dizer, eu nem menos sei o que pensar. A única coisa que sei é que ela foi embora. Que acabou.

 

-O que você vai fazer? –Edward encarou-me ainda com o papel entre as mãos.

 

-O que eu deveria ter feito há muito tempo... Vou esquece-la, apaga-la de uma vez por todas. –As palavras doeram ainda mais proferidas em voz alta. Na primeira vez havia esperança, ela voltaria, eu sabia disso. E agora? O que me resta? Ela entrou na minha vida e saiu levando consigo tudo o que eu era. Tudo que fazia parte de mim.

 

-Você vai desistir? Assim? Tão fácil? –Fitei meu amigo ao ouvir as palavras absurdas que dissera! Edward sempre foi centrado, e compreendia as pessoas de uma forma única, mas agora ele esta sendo completamente irracional.

 

-Fácil? Fácil? –Repeti as palavras indignado. –Eu tenho tentado convence-la de meu amor desde a noite que ela voltou, eu fiz o possível, me humilhei! E você vem dizendo... Que eu não tentei? Que eu vou desistir fácil? –Levantei-me revoltando, despejando a raiva que sentia.

 

-As vezes o possível não é o bastante! –Afirmou complacente, sua voz permanecendo estável. –Ela diz que continua o amando... talvez vocês tenham mais uma chance! Não a despedisse por orgulho Jasper!

 

–Edward suspirou amigavelmente colocando uma das mãos em meus ombros.

 

-Ela não esta mais aqui Edward! O que mais eu posso fazer? –Perguntei desesperando tentando achar uma solução para tudo isso. Edward abriu a boca diversas vezes, mais sempre se calava antes que algum som saísse. Ele assim como eu procurava uma solução.

 

-Você nem imagina para onde ela foi? –Neguei com cabeça, agradecendo mentalmente o apoio que meu amigo me dava. –Nessie, Ângela, Eric, Seth algum deles devem saber! –Os nomes deles pousaram em minha mente, Havia um que Edward não tinha dito que martelava com insistência. É claro.

 

-Bella! –Disse em um sussurro.

 

-Como? –A confusão no rosto de Edward era visível.

 

-Foi ela que deixou a carta! Eu tenho certeza! –Acusei, lembrando do comportamento estranho que Bella havia demonstrado pouco tempo atrás.

 

-Você acha que ela... sabe pra onde Alice foi?

 

-França! –Bella disse em um suspiro fraco enquanto abria a porta lentamente, ela estava visivelmente abalada e Edward a envolveu em um abraço afetuoso. -Eu sinto muito Jazz... Mas entenda, Allie pediu para não contar. Entretanto se a situação fosse contraria e essa confusão tivesse acontecido comigo... –Murmurou melancólica encarando o sorriso encorajador que o namorado lhe lançava. –Eu gostaria que Edward tentasse pela uma ultima vez, eu o esperaria até o ultimo segundo.

 

-E eu iria! –Murmurou de volta para a namorada, com um beijo sigiloso no topo de sua cabeça.

 

-O que esta esperando o vôo sai as 17:00! –Bella alertou. Ela não precisou dizer mais nada, peguei a carta das mãos de Edward e corri, por impulso constatei o relógio de parede 16:30. Tenho apenas meia hora. Meia hora. Foi com esse pensamento que cheguei ao estacionamento da escola.

 

 Entrei no carro feito louco, disposto a atropelar qualquer um que se pusesse em meu caminho! Meia hora.

 

 Observei a entrada de carros, o enorme portal estava trancado como em todos os normais dias de aula. Roy o porteiro um homem magro de aproximadamente quarenta e cinco anos, balançou a cabeça em sinal que não abriria o portão, continuei dirigindo com o pé no acelerador. A cabeça de Roy ia de um lado para o outro encarando o portão e em seguida o carro. Eu não estava disposto a parar. Com as mãos firmes no volante e o pé afundado do acelerador fechei os olhos não querendo ver o que aconteceria em seguida.

 

 Soltei o ar com dificuldade, os cantos de meus lábios se elevando, dando espaço para um grande sorriso ao ver o portão se fechar atrás de mim.

 

-Obrigado Roy! –Gritei na esperança de ele ter ouvido.

 

  Não sabia ao certo a velocidade na qual me encontrava, não perderia tempo observando detalhes que não me ajudariam. Apenas sei que as arvores e as poucas casas que estão ao meu redor não passam de borrões.

 

 Freei o carro bruscamente assim que vi as grandes letras Grand Forks International, era um aeroporto de média dimensão, entretanto é o único que temos por aqui.

 

  Segui correndo pelas portas de vidros que se abriram automaticamente, esbarrei em algumas pessoas, tentando avista-la no meio de tantas malas, reencontros e abraços de desconhecidos. Minha cabeça parecia um turbilhão ao ponto de explodir, a procurava por todos os lados. Meu desespero aumentava cada vez mais, não encontrei ninguém que nem ao menos se parecesse com ela. Olhei receoso para o relógio, 16:50. Suspirei sentindo uma esperança incoerente passear por meu corpo, dando-me forças. 

 

 Percorri com passos largos, quase voltando a correr ate o imenso balcão onde se encontravam umas quatro ou cinco atendentes, não prestei muita atenção. Havia uma fila na qual não fiz questão de contar o numero de pessoas que estariam em minha frente, caso eu esperasse minha vez.

 

-Desculpa, mas preciso de uma informação! –Peguei o lugar de um homem já de idade, seu rosto era enchido por algumas rugas junto com uma expressão amigável, a barba estava por fazer e os fios grisalhos começavam a aparecer entre o curto cabelo preto.

 

-Você precisa esperar na fila! –Lucy, era o nome que havia em seu crachá, repreendeu-me em um tom monótono.

 

-Eu... não tenho tempo! É importante... preciso...

 

-Você tem que esperar na fila! –Gesticulou encarando-me pela primeira vez desde que me pus a sua frente. -Senhor! –Chamou o homem que mesmo eu tendo tomado sua frente mantinha a expressão amigável.

 

-Senhor... por favor eu tenho presa, não posso esperar... Por favor. –Não sei se minha voz passava toda a agonia que cortava-me por dentro ou se aquele homem era apenas uma boa pessoa, Porem sentir minha pulsação aumentar consideravelmente ao ver os cantos de sua boca se elevarem, e ele concordar com um leve aceno de cabeça.

 

-Você pode me ajudar agora? –Lucy voltou a encarar o homem, o qual fez o mesmo movimento com a cabeça.

 

-No que posso ajudar? –Perguntou com desde, acabando com a pouca paciência que ainda me restava.

 

-Mary Alice Brando! Eu preciso saber se ela já chegou, se o vôo já saiu ou qualquer coisa do tipo. –Quase me jogava sobre o balcão esperando a reação de Lucy.

 

-Não posso dar tal informação! –Respondeu-me contendo um sorriso sem nem ter checado no computador que estava a sua frente.

 

-Por que não? –Eu estava desesperado, essa poderia ser minha ultima chance e eu a agarraria com todas as minhas forças, como se minha vida dependesse disso, e de alguma forma dependia. -O vôo para França você pode me indicar o portão de embarque. –Lucy avaliou-me de cima a baixo, agora com um sorriso malicioso brincando em seus lábios.

 

-Presumo que não vá viajar, sem malas, sem passaporte... –Aproximou o rosto, sua voz não era mais monótona, agora havia um certo interesse, o que me irritou ainda mais.

 

-Não! Não vou, mas preciso saber onde fica. –Calma Jasper. Murmurei para mim mesmo tentando manter uma calma que nem tinha mais.

 

-Sendo assim não posso dar tal informação! –Voltou a olhar-me com desdém.

 

-Olha aqui Lucy! –A mulher encarou-me seria ao ouvir a amargura na qual pronunciei seu nome. –Estou pouco me importando com essas frasezinhas ridículas que você teve que decorar para dizer a clientes “inoportunos”, entretanto, apesar de minha pouca idade já viajei bastante para saber como essas burocracias ridícula dos aeroportos funcionam. Não me subestime. Acredite sou suficientemente capaz de lhe fazer perder o emprego. –A mulher permaneceu imóvel com os olhos esbugalhados. –O que esta esperando? –Lucy voltou sua atenção para a tela do computador. Enfim fazendo o seu trabalho.

 

-França? Não é? –Perguntou temerosa com suas palavras. Assentir. Não posso esquecer de agradecer a meu pai por todas as viagens de negócios que ele fazia questão em me levar.  Todas as discussões que presenciei entre ele e o pessoal da companhia aérea valeram à pena.

 

-Jovem senhor, sinto em informa que todos os vôos já partiram! –Olhei em volta tentando me concentrar nas palavras da mulher.

 

-Não! Não... de mais uma olhada, faça alguma coisa... tem algum erro! –Afirmei não querendo e não podendo aceitar.

 

-Sinto muito! Mas não a erros o ultimo vôo para a França saiu as 15: 45! Desculpe.

 

 Continuei a negar com a cabeça, algumas pessoas incluindo Lucy observavam-me como se eu estivesse louco, e na verdade eu poderia estar. Alice era a parte boa que fazia parte de mim; Era a alegria, a fé, a esperança e a sanidade. Como recuperar o que ela levara para sempre?

 

 Apenas quando minhas costas se chocaram contra a parede percebi que caminhava, sem rumo, exatamente como seria daqui para frente.

 

 Encarei perplexo as fortes gotas que caiam do céu, não me importando com elas segui em frente, sai do aeroporto para a chuva, para a solidão, para uma vida sem a Alice. 

 

  Adentrei o carro querendo que esses últimos dias não passasse de um pesadelo. Infelizmente nem sonhar que tudo isso era um pesadelo eu podia, a dor que parece corroer cada microorganismo de meu ser é real demais. Meus olhos passearam pela carta em cima do banco de carona, “Adeus” Foi o que ela disse e era o que meu cérebro repetia loucamente. Soquei o volante do carro, precisamente a buzina, mantive a mão ali, querendo forçar meu cérebro a se concentrar no barulho ensurdecedor e não apenas na maldita carta.

 

 O celular vibrava exigente, olhei o aparelho oscilando em atender, até que parou. Mais uma vez recomeçou, o peguei, limpando os olhos embaçados pela quantidade de lagrimas que derramara.

 

              Seth

 

Era o nome que piscava na tela do celular.


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Notas finais do capítulo

Viram ursinhas carinhosas dessa vez veio sem atrasos!
E o que acharam desse cap?
Nem da pra acreditar que é o penúltimo!!!
Espero que estejam gostado!
Muito obrigado a todos os comentarios, eles são lidos e respondidos com muuuito carinho.

Bjinhos.