Atendimento #055: Manual

Vou lhe dar uma dica de como identificar uma pessoa fadada a se lascar na vida. Pense em qualquer ser mundano que acabou de comprar um produto, isso muito bom, agora vamos estabelecer que ele não sabe nada dele. Esse cliente vai precisar montar esse produto, para isso ele precisa do quê? Isso mesmo o manual. Agora vem a questão se ele ler a vida dele vai ser um mar de rosas, agora se não…

— Eu estou precisando de ajuda com meu produto. — Tiago Bento falava em nove de uma empresa, passara CNPJ e todas as informações recorentes para o atendimento.

— É mesmo? Eu pensei que quisesse bateu um papo. — Ezequiel, aparentemente morto de sono,  lançara a resposta com sarcasmo. — Vamos lá senhor papa quero acabar logo com isso, qual produto é esse?

No sistema piscava o mouse a espera do comando a ser digitado.

— Então, é justamente pra isso que eu to ligando, eu não sei que produto é esse aqui que eu tenho.

De maneira mecânica e sem nem ao menos pensar o atendente começou a digitar no campo de busca de produtos “eu não sei que produto eu tenho”. Apertou enter.  Quando o resultado apareceu na tela ele se tocou do que estava fazendo.

— Espera, como assim você não sabe que produto é? — A duvida era completamente estúpida, logo o atendente acreditou que fosse alguma brincadeira.  — Amigo eu não estou querendo graça logo de manhã, se tiver doidão por favor desliga.

— Tá me chamando de drogado por acaso?

— Não… eu só falei que se você tiver bem loco, fumado, cheirado, ou se tiver cantado muito ilariê, para desligar, nada mais que isso…

— Eu não uso nada colega, o problema é que eu recebo muitos produtos aqui no meu estabelecimento e não tenho tempo de decorar o que eles fazem.

— Não, tudo bem senhor, mas sabe que sempre vão ter pessoas que podem te ajudar com esse problema né? — O atendente colocou uma pedra na questão das drogas dãndo a dica para o cliente buscar tratamento. — Já que o senhor não sabe o que tem ai verifica na parte de trás do produto o modelo ou o nome por favor.

— Não, espera...— O consumidor pareceu coçar a cuca. — você ainda tá achando que eu sou algum maluco por acaso?

O agente balançava a cabeça com o head de maneira frenética. queria com todas as forças dizer sim, mas o contrato de serviço que ele assinara não permitia.  

— Não senhor, eu apenas quis ser cordial, aliá eu conheço uma ótima clinica que pode ser util.

— Tá não sei quem você atendeu, mas eu to perfeitamente sóbrio. O que você tinha falado antes pra eu fazer?

— Eu mandei desligar.... — Falou ele acreditando que o cliente poderia acatar.  

Silêncio. O atendente não via, mas o cliente esticava o dedo médio em direção ao telefone.

— Olha eu vou adiantar o caso, não tô com o produto em mãos, só estou com o manual dele aqui.

Ezequiel quis que naquele momento uma manada de búfalos loucos atropelassem o cliente. O atendente tinha um ódio mortal de quem não lia nada dos produtos.  Só não insultou ou consumidor e sua progenitora por algum controle sobrenatural que o fez apertar o mute.

— Foda-se se fizeram um livrinho com instruções né? Pra que eu vou ler essa porcaria? Eles devem ter feito essa coisa com um monte de letras aleatórias só para eu perder meu tempo! Pff. Eu sou muito bom pra ficar lendo, aliás acho que todo escritor tinha mais é que largar a preguiça e arrumar um trabalho na obra do metrô— Ezequiel imitava um adolescente enquanto fingia jogar os cabelos longos, que ele não possuía, de um lado para o outro. Retirou do mudo.— Leia o nome do produto por gentileza.

O cliente esperou um momento e começou a ler o tomo.

— Impressora empresarial modelo…

Com a mão levantada o operador agradecia aos céus por ter resolvido. Em seus ouvidos um coral de anjos fictícios cantava louvores de alegria emendando com a musica highway to hell da banda AC-DC.

— Pronto o senhor já sabe o que é…viu como seu nível de masculinidade não diminuiu nem um pouco por ter lido essa parada? — O atendente deixou um muxoxo escapar. — Lê a capa da próxima vez meu..

— Beleza, beleza....Mas o que é uma impressora ?

Ezequiel bateu a cabeça no teclado com todas as forças rezando para cair morto em seguida. Infelizmente seus olhos se abriram e o um fio de sangue escorreu entre as teclas “t,g,j,n” que ficaram grudadas em sua testa.

— Anota o telefone da escola de retardados senhor eles vão te aceitar com prazer.