Do outro lado da linha escrita por LcsMestre


Capítulo 250
Atendimento #250: Um atendimento não convencional


Notas iniciais do capítulo

Vocês não sabem o quão feliz estou por completar uma tarefa de oitos meses!



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Atendimento #250: Um atendimento não convencional

O dia começa e o supervisor já está em sua mesa, seu sistema iniciou rapidamente, suas senhas foram reconhecidas e nenhum de seus operadores faltou ao trabalho. Devido a tudo estar perfeito o encarregado decidiu atender uma ligação apenas para não perder o costume. Sim os supervisores podem fazê-lo sempre que quiserem, mas a maioria deles quase nunca o fazem devido às experiências traumáticas que tiveram em linha. Assédio, ameaças, burrices extremas, enfim, tudo isso contribui.

— Ezequiel bom dia com quem eu falo? — Ao lado de sua esposa o rapaz atendeu a chamada com presteza e atenção.

— Olá Ezequiel você falar com Gilberto, tudo bem?

— Sim senhor Gilberto, tudo está maravilhoso. — E de fato estava, as crianças estavam com os avós durante aquele dia, a esposa acabara de voltar da licença maternidade, os direitos do livro haviam passado para ele e nenhuma acusação havia perdurado.— Senhor gilberto este é seu primeiro contato conosco?

— Sim Ezequiel, esta é a primeira vez que eu ligo, acho que precisa de um cadastro não é?

— Sim senhor, mas é uma coisinha rápida, só vou precisar do seu CPF, seu nome completo e dois telefones para contato, está bem?— Aqueles dados eram obrigatórios para qualquer ligação, entretanto, acredite se quiser, muitos clientes reclamavam de passar até isso.

— Claro, posso falar? — Mas Gilberto não reclamou.

Ezequiel anotou todos os dados e menos de dois minutos depois o cadastro estava feito. Algo que os cliente não sabem é que, se não eles não enrolarem, recusarem a passar os dados, ou mesmo serem leigos como lesmas no sal, a ligação não demora muito para se desenrolar e a ser concluída.

— Perfeito senhor, já tenho seu registro e como eu posso ajudar? — EZequiel fez exatamente como manda o figurino, primeiro o registro depois pergunta o que pode fazer, se fizer o contrário o cliente se recusa a fazer o registro, como já vimos anteriormente.

— Então Ezequiel é meu notebook, eu tenho percebido que ele está muito lento sabe, aí eu queria fazer algum procedimento para dar uma geral nele e voltar ele como se fosse novo, sabe?

— Ah! Eu sei sim senhor. O que o senhor deseja realizar é uma recuperação para o padrão de fábrica.

— Isso, aí apaga tudo e o computador volta como novo não é?

— Exato, mas eu tenho de alertá-lo, como ele apaga TUDO, se o senhor tiver alguma coisa; foto, músicas, vídeo, documento, essas coisa também vão se perder.

— Ah tudo bem, não tenho nada, podemos fazer aqui em linha mesmo?

— Sim senhor.

Os atendentes seguiam sua rotina normal, Ancelmo, Luly, Alana, Amanda, Catherine e todos os outros estavam com clientes em linha, entretanto ainda não se formara uma fila de espera de clientes, o que indicava que o dia seria movimentado, mas não completamente maçante.

— Seu notebook está desligado?

— Não, ele está ligado. Preciso desligar?

— Por gentileza. — Respondeu nosso herói rapidamente para que o cliente continuasse o procedimento.— Conseguiu? — Sim muitos cliente não conseguem desligar sozinhos seus próprios aparelhos.

— Sim, tá tudo apagado aqui. E agora? O que é preciso fazer?

— O senhor tá vendo no seu teclado uma tecla escrito "F4"? — O atendente e supervisor tomava cuidado para que o som de "Éffe" soasse perfeito, pois muitos de seus cliente confundiam a letra "F" com a letra "S", o que é natural em uma ligação com o sinal ruim, né?

— Sim, o que têm ela?

— O senhor vai fazer o seguinte: Primeiro aperta o botão de ligar, assim normal, como se o senhor tivesse ligando. Assim que aparecer QUALQUER COISA NA TELA, o senhor têm de ficar pressionando e soltando repetidamente a tecla "F4", está bem?

— Tá...— O cliente pressionou o botão de ligar. — Agora "F4" repetidamente. — O som da tecla sendo pressionada várias vezes foi ouvido por nosso herói.— Apareceu uma tela azul escrito recuperação.

— Perfeito. Está aparecendo uma barra de carregamento, — Sim ele sabia o que se passava na tela do cliente sem nem ao menos ver, o nome disso chama-se decoreba.— quando ela chegar ao cem por cento a tela vai mudar, quando isso acontecer me avise.

— Certo.

O atendente colocou no mute.

— Você sabe que poderia ficar em casa não é mesmo? As crianças precisam de você.

— A Larissa e o Mateus podem aguentar minha falta, afinal eles têm cinco meses já né?

— Mesmo assim, né?

— Mesmo assim o que? Seus filhos puxaram muito mais meu lado filhote, jaja eles vão estar mais espertos que você.

A voz do cliente fez Ezequiel voltar-se para o telefone.

— Aqui está aparecendo um termo de licença. Eu clico em aceitar? — Toda a vez que se usava aquele programa de recuperação pela primeira vez o cliente tinha de aceitar aqueles termos. Claro que ninguém lê aquilo, mas ele diz basicamente. "Se você fizer cagada com esse programa, ou seja, perder arquivos, ou mesmo fazer seu computador explodir, não nos responsabilizamos, beleza?"

— Sim, só clicar em lí e aceito. Pronto, agora deve estar aparecendo uma opção de recuperar ai na tela não é?

— Sim, um botão bem grande.

— Certo conecte o carregador no notebook e clique em recuperar.— Ouviu-se o som do carregador sem colocado. — Agora só clique em recuperar.

— Certo e agora?

— Bom agora é só esperar senhor, o procedimento deve demorar uns vinte a quarenta minutos, mas quando ele terminar seu notebook vai estar novo, zerado, do mesmo jeito que ele veio da fábrica.

— Então está certo Ezequiel, têm o número de protocolo desta ligação?

— Tem sim senhor. — Nosso herói clicou no sistema e gerou o número de controle, que aliás, é obrigatório de ser passado para o cliente.— O número é dois, um, quatro, zero, oitenta e três, doze.

— Anotado, valeu aí Ezequiel, Quarenta minutos né?

— Isso mesmo senhor Gilberto, só queria avisar que, provávelmente entre hoje e amanhã, o senhor deve receber uma ligação do setor de pesquisa... — Virou-se para o setor de Emily, a garota emputecida que namorava o anão do helpdesk.— para avaliar o meu atendimento está bem?— Voltou-se para a mesa.

— Claro meu amigo, pode ficar descansado que seu atendimento foi excelente eu vou falar muito bem de você.

— Obrigado senhor, agradecemos o seu contato e tenha um excelente dia.

A ligação se encerrou sem problemas, sem animosidades, sem gritos, sem nada... Ai você se pergunta: Mas cadê o não convencional nesta chamada?

Eis que Ezequiel se vira em sua cadeira rotatória e passa encarar VOCÊ.

— O que? Vai me dizer agora que atender alguém sem maiores problemas não é algo não convencional?

FIM.  

 


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Notas finais do capítulo

Ué dado a quantidade de problemas, não ter problemas é não convencional correto?



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