Atendimento #128: Anuidade

Você sabe o que significa anuidade? Anuidade é uma cobrança que deve ser feita uma vez ao ano para algum bem ou serviço,sabe aquela prestação de um site duvidoso que seu marido recebe e sempre tenta esconder de você? Pois é… sites adultos também cobram assinatura por anuidade, principalmente aqueles com conteúdo vergonhoso e por isso que seu marido esconde a fatura de você.

Mas o clientes da empresa onde nossos heróis trabalham não passam por isso. O sistema de pagamentos deles é feito de maneira comum e simples, com grandes e gordas cobranças mensais.

— Senhor entenda não é assim que a banda toca, ou no seu caso, não é assim que a sua internet funciona. — Ezequiel mascava chiclete, uma atividade bem rara para ele tendo em vista que tinha aflição da goma. Inflou uma bolha.

O cliente Eimael reclamava do preço que pagava pelos seus pacotes de canais, em sua cabeça o valor era completamente injusto tendo em vista que era cobrado mensalmente. O atendente sabia que estava certo, mas os cliente sempre acham que estão certos e por isso a maioria das empresas aconselham a não bater de frente.

— Isso é inadmissível! Eu nem se quer faço uso do serviço completo, o valor a ser cobrado tem de ser equivalente ao uso.

Mas isso é realmente era burrice vai…

— Senhor...— Nosso herói mastigava o chilete furiosamente, o atrito era tanto que se colocassem dois fios na goma era capaz que ele gerasse energia elétrica. — me diz da onde você inventou que pacotes de canais são cobrados por uso?

— Não interessa de onde eu tirei a ideia, esse é o certo e acabou! — Eimael falava como se fosse aquelas crianças birrentas que ficam batendo o pé quando a mãe fala, sabe aqueles pivetes malcriados que da vontade de pendurar pela roupa e deixar lá atrepado na parede por um gancho?

— Senhor Eimael a empresa sabe que você só têm dois olhos e dois ouvidos, porém não é por que você não está vendo que os outros canais não estão lá. Se esse fosse o caso você teria apenas um canal para escolher.

— Não é justo filho eu quero pagar por anuidade e por consumo.

— Senhor…

— E cala a boca que o cliente têm sempre razão. —  Falou o cliente a plenos pulmões.

De todas as dicas possiveis e imaginais que esse tomo apresentou até agora, se é que eu apresentei alguma mesmo, essa certamente é uma das mais importantes se não for á mais fundamental. Nunca,nunca, nunca, nunquinha mesmo, ouse mandar um atendente calar a boca. Quando se faz isso é o mesmo que você desligar a chave do bom senso que o ser humano do outro lado da linha possui, todos riscos, todas as consequências desaparecem. A encrenca que o cliente acabara de se meter era quase incomensurável.

Tal qual uma bomba nuclear explodindo ao fundo primeiro veio a luz, após algum tempo uma lufada de ar escapou pelas narinas do operador indicando que a explosão já fora concluída e não havia mais volta.

— O que você disse?—  Os olhos de Ezequiel tremiam, sua ira começava a vir dos dedos e a subir pelo braço.

— Eu disse para você calar a boca, o que foi? Está surdo por acaso?

Uma musica começou a ganhar volume na mente de Ezequiel, o instinto impiedoso de um lutador de vale tudo surgiu dentro dele. A canção que ele mantinha em sua cabeça era “My time is now”

Levantou-se, tirou o telefone do viva voz.

— Você tá loco tiozão? Você me mandou calar a boca? Agora você vai ficar sabendo que não se manda nenhum atendente calar a boca, ta ligado?  — Ezequiel se imaginou em um ringue com o homem, sem camisas e só de calção leve eles travavam uma batalha.— Você chega aqui se achando o máximo por que é um cliente, como se você fosse meu chefe. Fica sabendo que se for por ser cliente é só eu comprar um pacote que vou ficar no mesmo nível ridículo que você. — Mas nosso herói lutava melhor, tinha mais técnicas e por isso conseguia desferir golpes certeiros na cara do cliente, ou era assim que ele pensava. — Você não têm envergadura moral alguma para  mandar ninguém calar a boca, por que eu nunca pedi isso para sua mãe aquela soltadora de pipa.

Pasmo, o cliente ouvia tudo sem pode mover-se.

— Aqui não é selfservice não senhor, aqui não é o bandejão que você come todo dia e paga fiado não! Nós aqui apelidamos a fatura mensal de sogra, porque ela é chata, cara e não dá para se livrar.

Os olhares curiosos dos atendentes se dirigiram a um homem que se aproximava de Ezequiel. Nosso assaltante de corações telefônicos não percebera, seu foco e ira era tamanho que nem sua própria voz era audível, somente  a música que o inspirava chegava aos ouvidos.

— Então não me manda calar a boca seu fritador de pastel do cacete se eu...— A ligação de nosso heroi foi encerrado com o pressionar do botão Drop. Surpreso com a atitude nenhum pouco sutil Ezequiel se levantou virando-se. — Mas por que você. — Ao ver o rosto do responsável parou. — Onde você tava esses dias?

— Estava resolvendo algumas paradas aí. — Falou Igor dando um pescotapa no operador. — Mantém o controle, só por que ele mandou calar a boca você não pode rodar a bahiana não...