Descendants - In Reverse escrita por Meewy Wu


Capítulo 19
XIX - Problema com Ratos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/679011/chapter/19

Mas e se eu não quiser, ser como a mamãe? Nem como você? E se eu só quiser ser... A Boa?

—Vossa Alteza Real Princesa Boa de Auradon

Cindy tinha conseguido sair dez minutos antes da aula de pintura. Se seus sapatos fossem confortáveis, cinco minutos seria o bastante para cruzar a escola até a sala de biologia, mas eles eram realmente muito altos. Ela devia fazer jus aos sapatinhos de cristal, afinal.

Ela esperou pacientemente o sinal bater e Andrew sair da sala.

—Eis aqui quem eu queria ver – ela sorriu, passando o braço pelo dele – Meu príncipe bonitão favorito!

—O que você quer? – ele perguntou, impaciente, se separando dela.

—Sabe de uma coisa, Andrew? Eu não estou gostando nada da forma como as coisas vêm andando entre nós ultimamente – ela suspirou, enrolando uma mecha do cabelo loiro no dedo – Achei que fossemos amigos!

—Quando você chegou a essa conclusão? – ele perguntou, rindo debochadamente.

—E espero que continuemos amigos, mas você não está ajudando – ela parou, se se encostando a uma parede e estendendo uma perna em frente a ele, o impedindo de passar – Eu não queria ter que apelar, mas espero que entenda que estou fazendo isso por nós. E por Boa. E por Auradon!

—Do que está falando? – ele perguntou, desconfiado, e ela sorriu.

—Estou dizendo que, sua avó é uma mulher muito poderosa. E que seria uma pena se eu sem querer me enganasse e contasse a ela sobre como certa menina da Ilha está seduzindo o pobre neto dela – ela deu um sorriso inocente, e ele deu um passo para trás.

—Não faria isso – ele exclamou assustado.

—Ah, não? – ela sorriu, brincando com pequeno sapato pendurado em seu pescoço – Se quiser impedir isso, vai fazer exatamente o que eu mandar...

...

Maison seguiu Boa para fora da sala de escrita encantada, ela se manteve calada a aula inteira, remoendo pedacinhos de papeis com as mãos, ate ser impossível rasga-los. Ele se perguntou se ela fizera aquilo todas as aulas. Ou o domingo inteiro, talvez. Ele se arrependeu de não ter ido vê-la no dia anterior.

—Estou morrendo de fome – ele exclamou, tentando puxar conversa – Hoje é dia de pizza, não?

—É, é sim... – ela assentiu – Aproveite por mim!

—Não vai almoçar na escola? – perguntou ele, surpreso. Ela negou com a cabeça, enquanto seguiam para os armários.

—Vou sair para almoçar com meu pai. Só nós dois – ela suspirou, parando em frente ao armário e guardando os livros calmamente, um por um – Ele disse que minha mãe está... Indisposta.

—Isso quer dizer que ela não quer te ver? – ele chutou, e ela assentiu – Minha mãe faz a mesma coisa quando está irritada comigo. Mas se seu pai quer ver você, então ele não está bravo...

—Ah, ele está – ela riu, fechando o armário com mais força que o necessário – Está mesmo. Mas... A gente se entende melhor desse jeito. O problema é que eu tenho algo para pedir... E não estou em um bom momento para pedir favores.

—E o que seria?- perguntou ele, sem conseguir conter a curiosidade.

—Não posso dizer ainda. Se tudo der errado, prefiro ser a única a saber que falhei – ela deu um sorriso amargo – Eu vou me trocar, nos vemos mais tarde.

...

Ethan e Jullie perderam Carly de vista assim que o sinal tocou. Eles trocaram um olhar confuso, enquanto guardavam suas coisas. A filha de Cruella não estava bem desde sábado à noite, mas aparentemente nada a faria falar o que acontecerá.

—Já chega, eu vou descobrir o que está acontecendo – falou Jullie, seguindo para fora da sala, mas Ethan agarrou o braço dela – Me larga!

—Você não gosta de fiquem fazendo perguntas quando está irritada – ele comentou, e isso a fez murchar – Se ela quiser nos contar, ela vai. Na verdade, nem sei por que se importa. Até algumas semanas nós nunca demos satisfações uns aos outros.

—É, você tem razão. Esse lugar está me pirando – ela balançou a cabeça – quatro dias!

—Quatro dias – ele repetiu – Melhor acharmos Maison antes que o horário do almoço acabe. Vamos?

—Vai indo, eu já encontro vocês – ela falou ao sair da sala e ver Andrew com dois meninos do time a alguns metros de distância, Ethan falava algo, mas ela deu dois tapinhas no ombro dele e começou a se afastar – Pega um pedaço de Pizza pra mim!

Assim que Andrew a viu, ele falou algo para os colegas, ela tinha certeza, por que os dois meninos começaram a se afastar.

—Oi – ela sorriu, se inclinando para beijar ele. Mas ele virou o rosto – O que deu em você?

—O que você quer? – ele perguntou, claramente irritado.

—Hein, calma. Que bicho te mordeu? – ela fez uma careta, dando um passo para trás como se tivesse levado um tapa.

—Olha, Jullie... Eu não sei o que você pensa que está acontecendo, mas eu tenho uma reputação – ele falou, franzindo a testa – Não pode aparecer do nada e tentar me beijar. O que as pessoas vão pensar?

—Que nós temos boca – ela contra atacou, insípida – Você dançou comigo na frente de todo mundo, por que eu não posso te beijar?

—Por que nós nãos estamos juntos – ele falou, calmamente – Eu não posso deixar que pensem que estou saindo com alguém como você. Eu sei que você gosta de mim, mas muitas garotas gostam... Espero que entenda que eu estou com a Cindy agora!

—Espera... Você o que? – ela ergueu uma sobrancelha, chocada. Ele deu os ombros.

—Eu sou um príncipe. Ela é uma princesa. Depois do escândalo de sábado, Boa provavelmente vai descer do trono tão rápido quando subir – ele desfez com a mão – Nós dois teremos a coroa! E você, vai voltar para a Ilha. As coisas vão voltar a ser como devem ser.

Jullie encarou, chocada, percebendo que não havia nenhum traço de brincadeira no rosto dele. Ela sentiu sua boca se contorcer, com um gosto ruim preenchendo-a – Você está sempre provando que estou errada, Andrew. Primeiro foi um ranzinza. Depois, um príncipe. Agora, acho que se daria muito bem na Ilha dos Perdidos. O que vai ser amanhã? Quem sabe! Mas de uma coisa eu sei. Você seria um péssimo rei!

A morena marchou para longe dos armários, em direção as mesas de piquenique procurando seus amigos. Não iria chorar. Não iria chorar. Não iria chorar. Depois que os vilões dominassem, ela faria Andrew Sleeping sofrer mais do que qualquer um em Auradon.

...

Ethan encontrou Maison e Carly sentados em uma mesa na sombra, calados. Ele sentou-se ao lado de Carly, olhando de um para o outro.

—Vai comer tudo isso? – perguntou Maison, apontando para os dois pratos.

—Um é da Jullie – ele deu os ombros – Então, do que está falando?

—Hã... Na verdade, nada – Maison deu os ombros. – Onde está Jullie?

—Foi falar com Andrew – Ethan deu os ombros, rindo em deboche – Ela está ficando louca, se quer mesmo saber.

—Eu diria a mesma coisa de você – Maison fez uma careta, mordendo a ponta da pizza enquanto Jullie sentada ao lado dele – Olhe ela ai! Onde está seu príncipe-cabelo-lambido?

—Eu por acaso fico me metendo na sua vida, Maison? – Jullie disparou, o encarando furiosa – É, achei que não. Qual é o meu prato?

—Esse – Ethan empurrou para ela. Os quatro ficaram em silêncio por um minuto antes do som irritante da voz de Cindy Charming preencher o ar – Por mim, mandaríamos cobrir toda essa grama. Não tem como andar de salto nessas condições!

Os quatro se viraram, vendo Andrew, John e outras três meninas do grupo de torcida seguindo Cindy até a mesa mais próxima.

—Oi pessoal! – ela sorriu, acenando para eles – Onde está a Boa? Nós tínhamos Histórias de Lenhadores e Piratas hoje, mas ela não foi... Sinto-me tão mal por ontem, queria pedir desculpas a ela.

—Ela não está na escola – falou Maison, a cortando.

—Ah, tudo bem. Eu também ia querer dar um tempo, se fosse ela. Quer dizer, ela deve estar muito mal. Depois de sábado, provavelmente ela vai perder a sucessão – suspirou Cindy, piscando – Ela se esforçou tanto. E você também.

—Eu também o que? – perguntou Maison.

—Você também deve estar frustrado, se esforçou tanto para conquistar a confiança dela – ela deu os ombros – e agora ela perdeu a coroa.

—O que está querendo insinuar? – grunhiu ele, furioso.

—Ora, o que todos nós já sabíamos. Deve ser triste saber que chegou tão perto de ser rei... De ter tudo que queria – Andrew falou, dando uma mordida na sua maçã.

— Ou acha que ninguém notou que só está “apaixonado” por Boa por causa da coroa – riu John.

—Olá – falou Dany, parando atrás de Ethan e lhe dando um beijo na bochecha – O que está acontecendo?

—Dany, justamente quem eu queria ver – Cindy exclamou – Eu estava falando com meus pais, e nós achamos que talvez tenhamos sido muito cruéis com seus pais. Por que não senta aqui e discutimos isso?

Dany ergueu uma sobrancelha para os alunos da Ilha, irritados demais para dar alguma explicação. Ela encarou Cindy – O que acha que está fazendo?

—Estou tentando ser legal! Eu fiz muitas coisas ruins, estou tentando me redimir!  - ela exclamou, docemente.

—Eu não faço parte dos seus joguinhos, Cindy – ela falou, pegando o copo de Ethan sobre a mesa, e dando um gole, andando até Cindy – está falando sério?

—É claro que eu estou – Cindy sorriu vitoriosa – Eu fui muito má com você, quero que me perdoe.

—Bem, então vamos nos sentar – falou Dany, sorrindo, enquanto Cindy sentava. Dany virou o copo de líquido avermelhado sobre ela.

—O que está fazendo? – perguntou Cindy, apavorada.

—Não sei o que está tentando fazer, Charming, mas deixe eu e meus pais fora disso!

Ela marchou até a mesa onde os outros estavam, sentando-se entre Ethan e Carly e entregando o copo vazio ao garoto de cabelos azuis boquiaberto.

—Acho que você precisa de outra bebida... – ela falou, enquanto ele pegava o copo – Desculpe!

—Cindy, você está bem? – perguntou John, entregando o casaco para ela – Por que fez isso, Danielle?

—Por que alguém precisava fazer – ela exclamou, exasperada – E se não estivesse tão cego de adoração por Cindy, você veria isso!

—Quem é você para falar em cegueira? É você que está defendendo esses... Parasitas! – ele riu debochado – É isso mesmo que são, parasitas... Se aproximando e roubando nosso espaço, nossos amigos e nossos valores, e os transformando em nada!

Maison se enfureceu, folheando o livro de feitiços – Você parece se achar muito engraçado, mas em uma hora será um rato!

As meninas gritaram, quando um rabo apareceu no traseiro de John. Seu cabelo também tinha voltado ao normal. Quando seu nariz se transformou em uma bolinha preta, todas as meninas começaram a gargalhar, enquanto o pobre John saia correndo.

—Por que estão rindo? – perguntou Maison – Querem ser os próximos?

—Quem você acha que é? – Perguntou Andrew, todo cheio de pose.

—Acha que estou brincando? – perguntou Maison, folheando os livros – Pelos de cabra, dente de jaguar, faça o nariz deles...

Todos saíram correndo antes dele acabar de falar. Maison se sentou de volta, sorrindo.

—Acho que voltamos ao controle – ele anunciou, sem muito animo.

—Acho que vocês deixaram Cindy bem assustada – falou Dany, dando um sorriso consolador – Ela não vai voltar a mexer com vocês tão cedo... Ainda mais depois da coroação!

Todos se viraram para ela, espantados.

—O que quer dizer? – perguntou Ethan, por fim.

—Bem, Boa será a rainha... É claro que ela vai colocar vocês embaixo da asa dela! – ela de os ombros, sorrindo, enquanto o sinal batia – Eu tenho que ir para a aula, vocês vão ficar ai?

—Acho que sim – falou Ethan, dando um beijo na bochecha dela – Não acho que a gente esteja no clima para estudar.

Ela assentiu, antes de se afastar correndo para dentro da escola. Ethan sorriu, mas esse sorriso desmanchou assim que voltou a ver o rosto de seus companheiros.

—E agora? – perguntou Jullie, sentando-se sobre a mesa.

—Agora, nos esperamos até sexta feira – falou Maison – Pegamos a varinha e acabamos com o circo inteiro!

—Tem certeza disso? – perguntou Ethan.

—Está amarelando? – Maison o encarou, sorrindo – Por Dany, certo? Vamos manter ela segura, Ethan. Eu prometo.

O garoto de cabelo azul assentiu, assim como as outras duas. Vamos manter ela segura. Ele esperava que aquela fosse uma promessa que pudesse cumprir.

...

Boa se sentou em frente ao pai na varanda de um pequeno restaurante no topo de umas das grandes colinas que cercavam Auradon. Eles costumavam a ir lá quando ela era criança e sua mãe tinha que fazer alguma viajem, fugindo da dieta restrita e bem planejada com todos os nutrientes que um corpo precisa estabelecida pela Rainha Bela.

—Oi papai – ela sorriu.

—Atrasada – falou ele, olhando para o relógio no pulso.

—Desculpe – ela piscou, pegando o cardápio e se escondendo atrás dele – Já pediu?

—Acha que eu estaria reclamando do seu atraso se tivesse pedido? – ele riu – Estou morrendo de fome!

Ela sorriu, aliviada, baixando o cardápio e entregando para ele.

—Como está a mamãe? – ela perguntou.

—Você sabe como ela está – ele falou, cético – Está furiosa com você. O que quer dizer que também está furiosa comigo. O que significa que eu estou furioso com você!

—Teria feito o mesmo no meu lugar! – ela acusou.

—Teria! – ele concordou, e depois percebeu o que tinha dito – Mas isso não justifica o que você fez!

—Por que sou uma garota? – ela interrogou.

—Por que é a futura rainha, Boa e eu – ela ergueu uma sobrancelha, e ele percebeu o que estava falando – e eu sou o rei... Somos uma bela dupla, não é?

—É – ela assentiu, rindo – Acha que vou ser uma boa rainha?

—É claro que vai, você é filha da sua mãe... E minha... Essa é a parte problemática. Foque na sua mãe – ele falou, apontando um dedo para ela – Nada que valha a pena é fácil, Boa.

—Eu sei – ela assentiu, contrariada – Mas e se eu não quiser, ser como a mamãe? Nem como você? E se eu só quiser ser... A Boa?

—Então, querida, vai precisar encontrar alguém que consiga despertar isso em você – ele sorriu – Alguém que uma a sua parte bela, com a sua parte fera!

—Como... – ela riu, lembrando-se do que Maison lhe falou – Uma Princesa Fera?

—Exato – ele assentiu, rindo, enquanto um rapaz se aproximava – Estamos prontos para pedir!

Boa não conseguiria se lembrar do que pediu o que comeu, apenas do silêncio constrangedor e de mastigar lentamente, olhando para o rosto de seu pai que parecia muito concentrado em seu próprio prato, não falando nada até este estar completamente vazio.

—Sua mãe disse, que o vestido da sua coroação será entregue amanhã, e pediu, encarecidamente, que não deixe nada acontecer com ele – ele falou, a olhando com atenção, enquanto ela revirava os olhos – O que foi agora?

—Odeio aquele vestido – ela murmurou – Odeio tudo nele, odeio a cor, odeio o modelo, odeio como vai estar calor e vou ter que andar com aquelas mangas, e odeio o fato de ser a minha coroação e eu não poder decidir nada!

—É muito ódio para alguém tão pequena – brincou ele – Tudo bem, façamos assim... Você tem um desejo!

—Um desejo? – ela perguntou, interessada, vendo o pai assentir – Para a minha coroação? Qualquer coisa?

—Sua condição não é das melhores. E sua mãe não vai gostar nada se tiver alguma surpresa inesperada – ele alertou, com um olhar cheio de significados – Mas fale o que quer, e o papai aqui vai resolver.

—Bem, na verdade pai, tem uma coisa que eu queria te pedir...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim, nós a odiamos! Sim, nós queremos mata-la! O nome dela é CIndy Charming!
E especialmente no dia dos pais - eu juro que é coincidência - tio Adam arrazando! (Z intencional!)

E os nossos casais vão de mal a pior! No próximo capítulo... Bem, esperem pra ver!
Comentem,bjs, Meewy Wu!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Descendants - In Reverse" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.