Vinicius

Eu arrumei todo o equipamento de camping e estava um pouco ansioso pelo tal eclipse, convidei o Kaique mesmo sabendo que ele não iria, provavelmente iria com o Thiago, vou até o armário e abro minha caixa de recordações para só então perceber que meu bilhete tinha sumido. Entro em pânico e reviro todo meu quarto em busca dele. Não posso perguntar para ninguém não quero levantar suspeita.

Lembro de tê-lo levado comigo quando sai com o Kaique a primeira vez a muitos dias atrás, e entro em pânico, a roupa daquele dia já foi lavada diversas vezes depois disso. Sento-me nos pés da cama e ficou ouvindo nossa música. A mesma que estava tocando na festa quando ele me beijou e depois disse que me amava, a mesma que tocava quando ele me deixou no quarto escuro com todas as dores e magoas, com meu coração partido.

Lembro de cada palavra que ele disse aquele dia e cada palavra escrita no papel amarelado que se fora. Mastigo os pensamentos amargos que cultivei com o tempo, toda a raiva que cresceu dentro de mim e me tornou o cara mal que todos temem. Tinha me decidido a deixar o Kaique em paz, no campus evitava cruzar com ele para que os meninos não o surpreendessem e evitava os meninos agora também.

Seco as lagrimas lavo o rosto e desço para o café. Kaique está suspenso é só descubro isso quando chego no campus depois de mandar uma msg de texto para ele. O dia no campus e uma droga completa, odeio cada minuto e não me permito falar com ninguém no último período decido sair no meio da aula e o professor não fala nada.

Quando chego no meu carro encontro Bruno um dos meninos que estava sempre comigo encostado no meu carro me esperando.

— Já está saindo? No meio da aula?

— Não enche! O Que você quer!?

— Precisamos conversar! _ ele usa um tom diferente e abaixa a cabeça.

— Sobre o que exatamente?

— Pode me dar uma carona? Explico no caminho. _ não vejo o porquê não dar a carona, entramos no carro e saímos do campus ele continua em silencio por um tempo.

— Sobre o que quer conversar? _ Olho de canto para ele, apesar de ser um Bad Boy não quero bater o carro!

— Os caras estão tramando um para o tal Kaique!

— Caras? Tramando o que? _ ele me conta em detalhes o plano dos meninos, ao que parece eles se uniram a outros dois grupos barra pesada do campus e agora um total de 20 alunos e alunas estão criando um movimento trote para pegar os garotos gays do campus. A intenção e assusta-los e fazer eles serem transferidos.

Isso é pura maldade e preconceito mais a nível de trote ainda é seguro eles não são burros a ponto de expor a verdadeira razão dos trotes, sabem que se pegarem pesado terão problemas.

— Porque decidiu me contar! Achei que você fosse amigo deles a mais tempo do que é meu colega _ Enfatizo a palavra colega para deixar claro que não sou amigo dele!

— Eu não ando mais com eles! Não sou a favor desse movimento.

— Porque não? Sempre que tínhamos alguma coisa planejado você estava junto contra o Kaique!

— Vinicius, decidi contar isso para você agora que não anda mais com eles e estou me arriscando muito aqui.

— Tem medo deles? _ ele está me escondendo alguma coisa!

— Sim, e não. Você e esse tal Kaique agora são próximos posso ver quando se cruzam pelos corredores a troca de olhares.

— O que está insinuando? _ estamos parado na frente da casa dele! Engrosso a voz para que ele saiba com que está mexendo.

— Você deveria tomar mais cuidado com o que faz no campus! _ Ele está vermelho e vira o rosto!

— Do que está falando? _ fico em alerta, sei que ninguém nos pegou no laboratório aquele dia, mais foi suspeito alguém mexeu na porta e o corredor aquele dia sei que fui imprudente mas não havia ninguém lá!

— Eu estava indo pelo corredor esses dias e vi você beijando ele! _ ele ainda está de cabeça baixa e muito vermelho. Ele e um cara bonito temos a mesma idade, ele tem um corpo bem definido e atlético e apesar de ser um cara como eu mal sempre que estava distraído dava umas olhadas nele.

— Isso não e verdade! _ preciso fazer ele acreditar que não era eu a todo custo.

— Pare com isso! Não minta para mim assim tão descaradamente já encontrei você na noite muitas vezes sem você ao menos perceber que era eu.

A informação me atinge como um soco, como ele poderia ter me encontrado na noite, eu quase não saia mais depois de o Thiago ser pego no flagra e ter sido expulso de casa, eu realmente bebia muito e não reparava muito nas pessoas mais o Bruno me falando aquilo o que mais ele sabia do que ele sabia exatamente, onde ele tinha me encontrado?

— Bruno presta atenção, você tem certeza que era eu.... _ ele está queimando de vermelho mais admito ele tem coragem, ele me puxou para perto em um beijo que foi ao mesmo tempo quente e bom e depois se afastou. _ Por que você fez isso?

— Sempre quis fazer isso mais nas baladas você escolhia a dedo e com o pessoa não pegaria bem. _ ele está menos corado e com um sorriso no rosto olhando para fora. _ Desculpe tenho que ir. _ ele sai do carro e corre até a entrada.

— Espera _ desço atrás dele e ativo o alarme do carro, alcanço ele na porta. _ você gosta de mim?

— Como assim?

— Tipo sente algo a mais que uma simples atração? _ minha cabeça está fervendo de informações e ideias e sentimentos estranhos.

— É claro que não. _ a resposta e dura e vem acompanhado por um sorriso maroto _ Entenda você e perfeito mais não faz meu tipo.

— O que foi aquilo no carro agora? _ ele muda de expressão seu sorriso e tentador.

— Como eu disse você e bonito, não pude perder a oportunidade e você tentaria me provar pôr A + B que eu estava louco.

— Verdade iria mesmo! _ Agora estou com um sorriso _ Vou nessa quem saiba repetimos a dose qualquer hora.

— Porque não agora mesmo? Estou sozinho! _ Ele sorri e destranca a porta.

Enquanto ele entra penso em várias coisas ao mesmo tempo, preciso mostrar para o Kaique o que ele está perdendo e preciso mostrar para o Thiago o que ele perdeu, essa pode ser a vingança perfeita, decido que o Bruno deve ir comigo no eclipse e o sigo porta a dentro.