1° Desafio Sherlolly2016 - Um Carnaval Incomum escrita por sayuri1468


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

=)



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A noite quente que o verão de agosto proporcionava estava mais do que propicio para a festa. Os foliões iriam ocupar-se de alegrar o ambiente e enfeitá-lo com cores e tecidos.  A música iria tocar, arrastando todos para um ritmo frenético, e entre danças e gargalhadas, por um dia, as pessoas esqueceriam quem elas realmente eram. Naquele único dia, elas podiam ser quem quisessem ser, fazer o que quisessem fazer, e ninguém iria condená-las por isso. Era carnaval, afinal, e era para isso que ele era feito.

Mas para ela, nada disso tinha significado. Tinha pavor de multidões, desde criança. Nunca se dera bem em lugares que exigissem uma alta habilidade de socialização, e sinceramente, sempre preferira o seguro e familiar conforto de sua casa.

Engana-se quem pensa que apesar de sua fobia de multidões e sua aversão para socialização fosse deixa-la infeliz e solitária durante aquela data festiva. Nada disso! Molly Hopper sabia bem como se divertir, da maneira dela, é claro.  Com um chá gelado em mãos, o ventilador de teto ligado, e trajando uma roupa fresca e confortável, Molly sentou-se na frente de seu computador e iniciou seu jogo favorito.

Era um de seus pequenos segredos. Conhecera o jogo por acaso, em um convite do Facebook, e quando viu, já estava viciada. O jogo era basicamente sobre construir uma cidade élfica e dominar o território humano, construindo mais coisas, até que todo o território pertencesse aos elfos. Um jogo divertido, pensou enquanto jogava pela primeira vez. Uma caixa de Pandora que ela abriu, sem querer. Muitas vezes teve que se conter, para não perder o horário do serviço ou negligenciar suas tarefas domésticas. Porém, agora, era feriado. O feriado dos Bancários, onde as pessoas comemoravam o Carnaval durante quatro dias. Ela tinha quatro dias para dedicar-se inteiramente ao seu jogo.

Enquanto a garota estava ocupada fazendo melhorias na prefeitura de sua cidade, uma mensagem pulou na tela, assustando-a. Um tal de “Loholeshermck”, da guilda “BloodMercenary” a chamava.

“Olá!”

Um cumprimento simples, mas muito intrigante. Molly nunca foi uma jogadora muito disposta a fazer amigos no jogo. Ela sabia que o jogo exigia esse tipo de interação, caso os jogadores quisessem conquistar outras terras e possuir castelos, mas ela simplesmente cumpria as pequenas missões que tinha que cumprir em sua própria cidade. Não almejava entrar em guerras entre guildas ou coisas assim.

“Olá! =)”

Era o que ela podia fazer. Afinal, não tinha a menor ideia de quem ele era, ou o que queria.

“Elfa ou humana?”

 

“Elfa! E você?”

 

“Elfo!”

Molly bebericou um pouco do seu chá.  Na tela do chat do jogo, a palavra “digitando...” lhe enchia de curiosidade.

“Não é um pouco triste uma pessoa estar jogando em pleno carnaval?”

A garota riu. Não era a pergunta que ela esperava, definitivamente, mas não pode deixar de se divertir com a petulância do outro.

“Está falando por mim ou por você?”

 

Agora ela queria ver que tipo de resposta ele daria. E a resposta veio mais rápida que a pergunta.

“Por mim, claro! Minha guilda toda está no carnaval, e eu quero conquistar uma cidade, será que você pode me ajudar?”

 

Molly hesitou. Isso era estranho, pensou. Um cara vem até ela e a chama, sem a menor cerimônia, para uma guerra.

“Mas você nem me conhece! E eu nunca conquistei um castelo antes, nem sei como se faz!”

 

Foi a resposta dela. Esperava que, com isso, a pessoa do outro lado se tocasse de que aquela proposta era meio estranha e inusitada para uma jogadora como ela. Molly gostava de se autoproclamar uma jogadora pacífica, sem grandes ambições. Na verdade, sua posição como jogadora refletia muito sobre quem ela era na vida real.

“Só preciso de gente comigo! E você é a única, fora eu, que está online!”

 

“Além do mais, se você nunca conquistou um castelo, pode ser uma experiência interessante!”

 

Ele emendou. Molly concluiu que ele havia dado a reflexão que ela mesma chegaria, em certo ponto.

“Está bem! O que tenho que fazer?”

 

“Aceite meu convite primeiro!”

 

Em questão de segundos uma pequena janela se abriu na frente do jogo. “Loholeshermck quer ser amigo de MollyNyan. Você aceita?”. A garota clicou imediatamente no “sim”, e no momento em que o fez,Loholeshermckfoi imediatamente adicionado ao seu grupo de amigos do jogo, onde seu nome pairava solitário.

“Muito bem! Vou me teletransportar pra minha cidade! Venha também! O nome do lugar aparece do lado do meu nome, na sua lista de amigos.”

 

Molly olhou o nome que ele disse, e de fato, em cores diferentes e ao lado do nome, lá estava escrito “Valhalla”. Molly clicou na opção de teletransporte e procurou por essa cidade. Quando encontrou, clicou, e de repente, estava em outro lugar. A garota se surpreendeu. Era uma cidade escura, encoberta por uma névoa azul. As casas eram enormes e pequenas velas flutuantes deixavam a cidade com um ar extremamente bruxuleante. Era uma cidade mil vezes mais avançada e bem mais estruturada que a dela.

“Uau! Você deve passar muito tempo jogando!”

Nem tanto! Me siga agora! Como o castelo ainda não foi conquistado por ninguém, temos que ir até lá a pé!”.

 

“É muito longe?”

 

“Não! Mas me siga!”

 

Molly colocou sua pequena e colorida elfa para seguir o elfo de roupas escuras. Enquanto eles andavam, Molly tentava puxar assunto.

“Então, de onde você é?”

 

“Valhalla! Acabamos de sair de lá!”

 

Molly riu.

“Não! Falo na vida real!”

 

“Londres”

 

“Sou daqui também!”

 

“Interessante! Mas era fácil saber disso, porque é só aqui que está acontecendo o carnaval! Na maioria das partes do mundo, ele acontece no início do ano!”

 

A garota se espantou. Realmente, ela não havia pensado nessa possibilidade. Mas essa resposta lhe soou tão familiar, que ela não pode deixar de comentar:

“Tenho um amigo que diria a mesma coisa que você!”

 

“?”

 

Pela resposta do outro, Molly sentiu que deveria explicar melhor. Afinal, como ele poderia saber a quem ela estava se referindo e porquê.

“Ele é detetive. Ele sempre vê coisas óbvias onde a maioria não percebe.”

 

“Entendi!... Bom, não é tão difícil assim ver as coisas óbvias!”

 

Molly sorriu, e um pensamento nostálgico passou pela cabeça dela: O que será que Sherlock Holmes estaria fazendo agora? Afinal, ela lembrou, ele gostava de carnaval tanto quanto ela.

“Vamos entrar na caverna!”

Avisou o outro quando chegaram ao final do caminho. Molly concordou. Os dois personagens foram colocados dentro da caverna que ligava o fim da estrada de Valhalla com o caminho que almejavam chegar. Molly nunca esteve lá antes, e tudo aquilo era uma novidade tremenda pra ela. Nunca havia saído de sua própria cidade e nem explorado outras possibilidades do jogo.

“Tem armadilhas criadas por humanos aqui, melhor ter cuidado!”

 

Molly olhava com cautela para os lugares. Verificou sua barra de HP (nota da autora: HP é “vida” em games, pra quem não conhece XD), seus itens de proteção e acessórios. Nunca havia entrado em um tipo de batalha como essa antes, e seu coração estava até palpitando levemente mais rápido, pela excitação.

“Vou na frente! Me segue pelo caminho que eu fizer!”

A garota obedeceu. Afinal, era óbvio que o talLoholeshermcksabia andar por ali!

“Caramba, isso é muito excitante!”

 

Loholeshermck mandou um emoticon rindo, em resposta, e Molly também riu.  Os dois foram passando pela caverna, extremamente cautelosos. Porém, no instante em queLoholeshermckpisa perto de uma pedra, um monstro aparece. Molly dá um pulo de susto.

“O que é isso?”

 

“Pesadelos! Inimigos naturais dos elfos”

 

Molly nunca havia ouvido nada a respeito.

“Temos que lutar! Que magias você tem?”

 

“Magias?”

 

A garota não tinha ideia do que ele estava falando.

“Seus ataques! Quando alguém ameaça entrar na sua cidade, que ataques você usa?”

 

Isso era um problema, pensou. Nunca, ninguém, havia tentado invadir a cidade de Molly. Desesperada, enquanto o personagem deLoholeshermckbatia no monstro, Molly procurou por alguma coisa, alguma janela que lhe mostrasse o que ela procurava.  Achou uma lista com quatro frases: “Poder da cura”, “controle do vento”, “armadilha para humanos” e “rajada de flechas”. “Deve ser isso”, pensou. Clicou em “rajada de flechas” e imediatamente, o cursor do mouse se transformou em um alvo. Ela direcionou o alvo para cima do monstro e clicou novamente. No mesmo instante, inúmeras flechas caíram do céu, como uma tempestade, acertando o monstro Pesadelo em cheio.

“Boa!”

 

Molly suspirou aliviada. O monstro havia sido derrotado.

“De onde ele surgiu?”

 

“Armadilhas de humanos! Cada uma faz uma coisa diferente, essa conjurou um monstro!”

 

Nossa, pensou. Ela jamais imaginara que no jogo haviam criaturas desse tipo. Durante o resto do percurso, Molly esperou realmente que não encontrassem mais essas tais armadilhas, e graças a Deus, ocorreu dessa forma. Depois do ataque, em menos de cinco minutos, eles já estavam do outro lado da caverna.  Agora estavam no início de uma estrada diferente da que tinham deixado para trás. A estrada negra com névoa azul escura agora dava lugar a uma estrada verde e bonita.Loholeshermckparou no meio da estrada e sentou-se.

“Temos que conversar!”

 

“Como você fez isso?”

 

“?”

 

“Sentou!!!!”

 

“O.o”

 

“Como você fez pra sentar????”

 

“Aperta ‘insert’”

 

Molly obedeceu, e imediatamente, seu personagem se sentou ao lado do de Loholeshermck.

“Meu Deeeus!! Que demais!!”

 

Molly apertava a tecla “insert” repetidamente. Na tela, sua personagem levantava, sentava, levantava, sentava, sem parar. A garota estava realmente feliz por essa descoberta.

“ _ _’ será que dá pra sentar de uma vez?”

 

“Uhuuul, pulando o carnaval!!”

 

A legista ria da situação. Estava se divertindo verdadeiramente naquele momento. Em partes por ter feito essa nova descoberta no jogo que tanto gostava e em partes porque sabia que sua atitude estava irritando Loholeshermck.

“SENTA DE UMA VEZ!”

Molly obedeceu, ainda gargalhando na vida real.

“Já que você nunca invadiu um castelo, deixa eu te explicar como funciona! Nós entramos, e enquanto eu lido com as armadilhas, você tenta achar o centro do castelo!”

 

“Por que?”

 

“Por que é no centro do castelo que tem o diamante! Quebrando ele, o castelo passa a ser nosso!”

“Entendi!”

 

“Bom, vamos indo então!”

 

Loholeshermck levantou-se e Molly o seguiu. Aquele dia estava ficando cada vez mais empolgante. Como será que seria o castelo que iriam conquistar?

“Molly, você tem que tomar cuidado!”

 

Molly hesitou.

“Como sabe meu nome?”

 

“?”

 

“Você me chamou de Molly! Como sabe meu nome?”

 

“Não sei! Bom, agora eu sei! Mas seu nick é MollyNyan....”

 

Molly riu dela mesma, depois dessa constatação. Realmente, ela se denunciara sem perceber.

“Nossa! Tinha me esquecido! Desculpe!”

“Bom, agora sei seu nome real!”

 

“Me conte o seu, dai ficamos empatados!”

 

“Nope! Estaríamos empatados se você tivesse me contado o seu! Eu acertei sem querer!”

 

“Nossa, como você é chato =P”

 

“=)”

 

Mas uma onda de curiosidade abateu sobre Molly. Quem seria Loholeshermck? Certamente, deveria ser um adolescente! Só adolescentes jogavam aquele jogo, até onde ela sabia! Os mais velhos tinham por volta de 17 anos.

“Se eu te falar meu nome inteiro, dai você me fala o seu?”

 

“hum, uma troca justa!”

 

“Me chamo Molly Hooper! E acredito que tenho idade pra ser sua tia ou irmã mais velha, rs!”

 

Um longo momento de silêncio se fez naquele jogo. Loholeshermck não estava sequer digitando uma mensagem. Molly perguntou-se se haveria de ter ocorrido algo do outro lado da tela.

“Oi? Está ai?”

 

“Sim!”

 

Foi a única e seca resposta que obteve.

“Agora é sua vez de me dizer seu nome!”

 

“Vou ter que deslogar! Já venho!”

 

E antes que Molly pudesse digitar uma resposta, o personagem de Loholeshermck havia desaparecido da tela. Ela olhou para o nome dele em sua lista de amigos, e ali do lado, ao invés do nome da cidade onde haviam acabado de chegar, estava escrito “off-line”. Que será que aconteceu?

Molly apertou o insert, e esperou sentada pelo retorno do parceiro. Mas a espera era enorme! Toby sentou-se no colo da garota, protestando por um pouco de atenção. A legista iniciou uma sessão de carinhos na orelha do gato, enquanto seus olhos ainda miravam o “off-line” ao lado do nome Loholeshermck.  

Impaciente, ela se levantou e foi até a cozinha, servi-se de mais chá gelado. Abriu a geladeira e procurou também algo para comer. Foi quando um barulho chamou sua atenção. Da janela da sua casa ela pode ver o bloco de Carnaval passando em frente a sua casa. Molly foi até a janela e a abriu. Contemplou todos aqueles foliões passando animados. Pessoas comuns, ordinárias em seu dia a dia, estavam fantasiadas, dançando, pulando. Não havia ninguém para julgá-las loucas, pois afinal, todos estavam loucos naquele dia. Molly debruçou-se na janela e acompanhou o desfilar do bloco. Assim, como uma mera distante espectadora, ela não se importava. Descobriu que gostava de ver a multidão. Talvez ela não fosse tão ligada ao carnaval, mas descobriu que, assim como eles tentavam disfarça-se e fingir que eram outras pessoas, ela também fez isso no jogo que estava jogando. Naquele jogo ela era uma elfa, dona de uma cidade e de vários tesouros, dotada de magia e poder. Aquele jogo, ela pensou rindo, era o carnaval dela. Enquanto o bloco se afastava, gradativamente, Molly notou uma figura peculiar se aproximando, vindo na direção oposta ao do bloco. Uma figura esguia, de cabelos pretos e pele pálida, com o casaco escuro revoando, como se fossem asas de um corvo. Molly endireitou-se na janela. A curiosidade para saber o motivo de Sherlock Holmes ir à casa dela em um dia como aquele, foi o motivo para deixar sua ansiedade tomar conta dela.

Molly correu e abriu a porta imediatamente.

— O que faz aqui? – perguntou.

— Vamos subir, e eu te conto!

Sem qualquer tipo de cerimônia, Sherlock passou por Molly e subiu imediatamente para o quarto da menina. Molly fechou a porta e correu em seu encalço. “Essa não, o jogo!”, pensou em desespero. Ninguém podia saber do seu segredo!

— Sherlock, espere! – falou enquanto entrava correndo no próprio quarto.

Sua ação se deteve ao ver o detetive sentado na cama dela, com um laptop nos joelhos.

— Ok! Vamos voltar então?!

A garota o olhou confusa.

— O que?

— Loholeshermck- falou o outro, como se isso fosse uma explicação por si só.

Molly foi direto ao seu computador.

— Ele voltou? – perguntou enquanto analisava a tela.

— Molly! Sou eu!

A legista se virou surpresa.

— Você?!! Você????

Sherlock bateu a mão na testa e passou deslizando pelos cabelos. O gesto seria provocativo se Molly não soubesse que ele fazia isso para demonstrar impaciência.

— Mais do que óbvio! – rebateu – Podemos voltar ao castelo agora?!

Molly sentou-se, com certa hesitação, em sua cadeira.

— Não acredito que você joga um jogo de adolescente!

— Estamos falando de você ou de mim! – respondeu.

Molly riu, e para sua surpresa, Sherlock também.

Aquele realmente seria um carnaval bem incomum.

 

 


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