Entrelinhas escrita por Meizo


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Essa tá postada separada pq não faz parte da coletânea. É uma história bem aleatória que surgiu do nada. -qq



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Em um universo alternativo – chamado por alguns de alternância alternada, alternativo-reverso, duplalternativo ou ainda “mais um dos tantos universos alternativos que existem por aí” – onde coisas como super-heróis e vilões não existiam, o dia estava ameno na populosa cidade de Nova Iorque. O que contribuía e muito para o bom humor da maioria dos alunos da renomada escola chamada Shield, embora sempre houvesse algum caso que fugia a regra. E a exceção do momento era um rapaz alto e loiro que cruzava o corredor bufando feito um animal raivoso.

O motivo disso? Havia caído em mais uma pegadinha desagradável do seu, assim alcunhado pelos outros estudantes, arqui-inimigo. Talvez isso fosse exagero, afinal eles eram apenas jovens de dezessete anos que mal tinham começado o último ano do colegial. Mas o rapaz loiro, às vezes denominado como Wade Wilson, marchava como se de fato fosse encontrar um arqui-inimigo.

— Wade, Espera! Você não pode brigar outra vez, lembra? – a garota que se esforçava a acompanhar o passo rápido do outro, tentava botar um pouco de bom senso na cabeça do amigo. – O diretor já te ameaçou de suspensão! – tentou agarrar o braço do loiro, mas este a afastou com um gesto nada delicado.

Estava irritado demais para conseguir aceitar qualquer conselho que fosse.

— Cala a boca, Neena! – retrucou rude, enquanto continuava a avançar no corredor apinhado de gente.

Óbvio que os alunos, assim que percebiam o passo furioso do brutamonte, esmagavam-se contra as paredes e armários a fim de não entrar no campo de visão de Wade. Pode-se dizer que o instinto os fazia recuar e prezar pelo bem estar de seus corpos.

Neena comprimiu os lábios numa linha de insatisfação, parando de segui-lo.

— Pois espero que se matem! – bradou alto o suficiente para que ele ouvisse, chamando a atenção de diversos rostos curiosos que se viraram para ela. Em seguida girou o corpo e partiu na direção contrária, os cabelos curtos balançando a medida que se afastava. Agora estava igualmente furiosa.

Continuando seu trajeto, Wade acabou chegando ao refeitório onde havia uma concentração ainda maior de gente por ser horário de almoço. Estreitou os olhos azuis em uma falha tentativa de identificar o seu alvo dentre a multidão de rostos embaçados quando uma voz conhecida o chamou.

Wade se virou, avistando um trio de adolescentes numa mesa próxima a si. A garota ruiva, a única sentada corretamente no banco, mexia no celular despreocupadamente no celular, enquanto que um garoto com aqueles típicos penteados de mauricinho tentava se esticar para ver o que ela tanto digitava. Ambos completamente alheios a cena que estava prestes a começar. Isso já vinha se repetindo a tantas vezes que nenhum mais se alarmava. Contudo, Wade não manteve o olhar neles por muito tempo, pois o garoto que o encarava com um sorrisinho petulante havia conseguido chamar toda sua atenção.

E ali estava a pessoa que o irritava além do normal e que desde a primeira vez que se encontraram construíram uma forte antipatia um para o outro. A pessoa que o provocava sempre que podia e que já brigara tantas vezes que não poderia contabilizar nos dedos. A única pessoa que mesmo tendo apenas 1,67, conseguia derruba-lo sem o menor esforço.

Seu nome? Peter Parker.

Filho de Steve e Anthony, Peter teve tudo em sua vida menos preocupações quanto a dinheiro. Não havia uma única pessoa na escola que não soubesse quem ele era, nem quem seria louco o suficiente para procurar briga com o herdeiro das posses Stark.

Bem, niguém a não ser Wade, é claro.

— Olha só quem nos presenteou com sua ilustre presença! Wilson! – sentado sobre a mesa, balançava os pés de maneira infantil com o sorriso ainda nos lábios. – Estava com saudade dos meus belos olhos? Ou talvez... Você tenha vindo atrás disso aqui. –exibiu um simples óculos de grau entre os dedos.

Wade cerrou os punhos. Havia uma regra não verbalizada entre as pessoas que usavam óculos que dizia o quão desrespeitoso era pegar os óculos de alguém, ainda mais sem permissão. Era como se o objeto fosse uma extensão sua, complementava a visão, e ninguém iria gostar de alguém pegando em uma parte sua sem autorização.

Além de Wade precisar dele para enxergar a lousa, não queria nem imaginar a cara de sua mãe caso algo acontecesse aquele óculos.

— Parker. – a sonoridade de seu tom deixando implícito o alerta. – Devolva.

Peter sorriu, se levantando em um pulo.

— Sabe, Wilson, você não devia ter estragado minhas fotos. Nem minha câmera. – falou enquanto balançava o objeto, o segurando por uma das pernas de modo despreocupado.

Os ombros do loiro retesaram um pouco ao se lembrar do ocorrido. Já fazia o quê? Umas duas semanas? Por quanto tempo ele guardaria rancor? Ele era rico, podia comprar quantas câmeras quisesse, e quanto às fotos... Era só tirar outras, que mal havia nisso?

— Eu já disse que aquilo foi um acidente.

O menor o encarou com clara descrença.

— E eu sou o Pernalonga. Você devia tentar mentir melhor.

Wade respirou fundo, não queria brigar. Podia não ser o que sua aparência indicava – afinal sua altura e porte físico combinado a sua expressão de poucos amigos o deixava com cara daqueles que brigavam por qualquer picuinha –, mas na verdade ele nem gostava disso. Neena era uma das poucas que podia confirmar sobre sua personalidade "na dele". Ele era do tipo certinho, por assim dizer. Entretanto, Peter conseguia irrita-lo com uma facilidade assustadora e com isso fazia com que o maior quisesse brigar como nunca.

— O que foi, perdeu a língua? Ou finalmente desistiu de tentar mentir? Sabe, podíamos ficar nisso o dia todo, mas... – em um gesto rápido o óculos foi jogado além das cabeças que se amontoavam formando uma espécie de ringue para eles. Não deu nem para ouvir que som fizera ao se chocar com algo, pois um burburinho frenético se espalhou pelos curiosos que pareciam iniciar apostas. – Ops!

Antes que percebesse o que estava fazendo, Wade já havia rangido os dentes e erguia o braço enquanto partia em direção ao garoto que sorria maldosamente. O menor desviou fácil da ação previsível. Podia não parecer, mas Peter sabia lutar um par de artes marciais e por isso conseguia, na maioria das vezes, deixar o outro em estado pior apesar de ser consideravelmente menor e mais fraco. Saltando para o lado com agilidade, esquivou do soco que poderia causar um certo estrago caso o tivesse acertado.

Tarde demais para refrear o ataque, Wade acabou acertando um garoto que, não possuindo um reflexo tão bom quanto o Parker, recebeu o golpe com tudo.

— É impressão minha ou você tem ficado mais lerdo nos últimos tempos? – provocou, erguendo as próprias mãos ao assumir uma pose de luta. O estilo do dia seria o wing chun.

Wade desviou o olhar do jovem caído para Peter que o mirava com prepotência. Oh, e como aquele olhar o irritou! Wade encrespou-se como um animal selvagem e avançou sobre o menor. Peter poderia ter desviado outra vez com muita facilidade – ele era bom nisso –, mas ao pisar numa caneta e perder o equilíbrio por meros dois segundos, o loiro o acertou em cheio no rosto.

Peter caiu sentindo o rosto queimar em dor, o gosto férrico sendo rapidamente percebido pela sua língua. Não teve tempo de queixar-se sobre aquilo, no entanto, já que o Wilson continuava indo em sua direção pouco se importando se tinha quebrado seu rosto ou não. Girou pro lado, fazendo o máximo que podia para esquecer a dor, e após levantar-se num salto, retomou para uma posição de defesa.

Posição essa que não se prolongou muito, pois logo ele avançou em movimentos rápidos e curtos, focando atingi-lo em áreas sensíveis. A sorte de Wade era que havia aprendido, mesmo que inconscientemente, a evitar deixar muitas aberturas. Só assim para evitar golpes piores.

Tiveram a ligeira impressão de alguém chamando pelos seus nomes, mas estavam ocupados demais em tentar causar o máximo de dano um no outro para se preocuparem com terceiros. Somente pararam a briga quando se separaram arfantes, machucados e surgiram pessoas para segura-los firmemente.

*

A enfermeira realizava os curativos com uma clara expressão de desagrado no rosto jovem. Os fios ruivos bem presos em um coque deixando-a com um leve ar severo. Peter soltou um gemido de dor quando os dedos ágeis apertaram um band-aid sobre um corte em sua sobrancelha.

— Eu disse que não seria mais gentil caso resolvessem me importunar mais uma vez esse mês. – censurou-os, alternando o olhar entre os dois adolescentes baderneiros. Depois virou-se para o terceiro garoto presente ali com óbvia pena. – Pelos deuses! Pare de tremer, garoto!

A enfermeira vasculhou os armários, encheu um copo com água e o entregou junto com um comprimido. Provavelmente um calmamente, pois o terceiro adolescente naquela sala – o mesmo que havia sido acertado acidentalmente durante o conflito –, estava visivelmente nervoso por estar no mesmo ambiente que Wade. Era só o loiro se mexer um pouquinho e o garoto já arregalava os olhos como se esperasse por um novo ataque súbito em seu rosto.

Natasha, esse era o nome da enfermeira, meneou a cabeça de leve.

— Venha, vou te levar para tomar um ar. – o puxou em direção a porta, contudo antes de sair virou o rosto para os outros dois, mantendo os olhos perigosamente estreitos enquanto falava. – Não saiam daqui. E é bom essa sala estar do jeito que eu deixei quando voltar. Senão...

Não era nem preciso terminar a frase, ambos os garotos engoliram em seco. Era incrível como a enfermeira conseguia ser mais assustadora do que o próprio diretor.

— Entendido, senhorita Romanoff. – Peter respondeu rapidamente.

Em seguida a mulher saiu, levando consigo o garoto recém-traumatizado. E então tudo ficou quieto demais na sala. Wade sentado numa maca e Peter em outra, o silêncio pesando entre eles tanto quanto um bloco de concreto puro. Permaneceram alguns minutos naquele acordo mudo para evitar brigas quando Peter pigarreou de repente, chamando a atenção do loiro taciturno.

— Nossa, meu nariz está realmente doendo dessa vez. Sério que você ficou tão irritado por causa de um óculos?

Wade grunhiu se recusando a responder. Peter deu de ombros, balançando os pés que não alcançavam o chão.

— Um óculos nem é tão caro assim. E também não deve ter o mesmo valor sentimental que a minha câmera tinha. – resmungou como se isso fosse justificativa suficiente para o que tinha feito. – Você por acaso é pobre?

— Foi. Um. Acidente. – desviou da pergunta, repetindo o que mencionara anteriormente. E não havia sido intencional realmente. Só tivera o azar de, ao dar um passe errado, acertar a bola de basquete na câmera repousada num banco. E que por azar ainda maior pertencia ao Parker.

— Não me respondeu! É realmente pobre, Wilson? Cara, quer um empréstimo?

Em um rompante Wade se levantou e com dois passos cruzou a pequena distância que os separavam. Agarrou-o pela gola, o puxando para perto do seu rosto.

— Não sabe ficar calado, Parker?

Um sorriso petulante retornou a moldar a boca do menor.

— Algo em você me perturba, minha língua praticamente cria vida quando olho pra você. – respondeu com uma sinceridade disfarçada num tom carregado de troça. Não estava nem um pouco intimidado pelo olhar tempestuoso que o outro exibia.

— A recíproca é verdadeira, mas ao contrário de você que só sabe falar eu fico na minha.

— Isso é uma ameaça? Por acaso está querendo me calar, Wilson?

Os azuis miraram os castanhos de modo ameaçador e quando parecia que tudo iria progredir para mais uma troca de socos, ambos se impeliram um contra o outro iniciando um beijo pra lá de violento. Nenhum deles poderia afirmar quem dera o primeiro movimento, tamanho o ímpeto que as bocas se tocaram. Eles também não se importaram com o leve sabor de sangue que compartilhavam no ósculo bruto, devido ao pequeno corte presente no lábio superior de Peter.

Na verdade nem sabiam por que estavam fazendo aquilo, apenas estavam seguindo seus... Instintos? É, provavelmente era isso.

Wade firmou os dedos na cintura alheia, puxando-o em busca de mais contato, quase como se quisesse se fundir ao menor. Ora, e Peter não tinha do que reclamar. Estava adorando o modo dominador que o outro continuava a tentar impor em sua língua, o jeito como parecia obcecado em retirar todo seu ar. Não querendo ficar para trás, inclusive, ele levou os dedos para a nuca de Wade, arranhando com vontade antes de mergulhar os dedos nos fios loiros.

Não saberiam dizer onde aquilo poderia ter acabado acaso tivessem continuado naquele ritmo, contudo o momento foi interrompido ao ter o som de vidro se estraçalhando espalhar-se pelo cômodo. Separaram-se surpresos ao perceber que a maca batera na mesa da enfermeira e derrubara um porta-retrato no chão.

Nesse momento a própria Natasha abriu a porta da enfermaria.

— O diretor está esperando por vocês... – e então ela olhou para os restos do objeto no chão. Um sorriso gentil surgiu no rosto aparentemente calmo, deixando a cena ainda mais assustadora. – Senhores, acho que se esqueceram do aviso que eu dei antes de sair.

Wade e Peter se entreolharam.

— Merda.

 

 


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Notas finais do capítulo

A vontade louca de fzr spideypool que não me abandona, çocorr


Ps: Pra quem ainda não entendeu, essa foi só uma fic pra descontrair. Uma brincadeira por assim dizer, ok? Não liguem pros ooc presentes nessa one