Eddie e Seus Peugeots: Roads of Paradise escrita por Eddie Peugeot


Capítulo 3
Desafiando as Leis




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678676/chapter/3

Posto de Gasolina, Estrada Miri-Moraes, Mário Fonseca – 16:39

POV:

Aonde eu vou começar? Com aquela roda de carros aí perto da conveniência?

“Então, quer dizer que se eu corresse e vencesse mais corridas, aumento a minha reputação e que chamará a atenção de alguns corredores e dos organizadores de corrida?”

“Isso mesmo.”

Será que eu consigo me transformar num bom corredor, para chamar a atenção do público, da mídia social, e dos organizadores? Eu já tive essa experiência antes quando corri junto com o Freddy.

“Ainda não, mas essa reputação ainda é muito fraca para vocês que estão aumentando. Para isso, precisam disputar e vencer algumas corridas, daí que a reputação aumenta e que chamará a atenção dos organizadores...”

— 25 reais – disse o frentista do posto, dizendo o custo de encher a gasolina completa no tanque do carro. Em seguida, pago a conta.

Depois, deixo o carro, tirando-o para frente da loja de conveniência – para dar espaço aos próximos fregueses – e entro na loja para comprar... algumas garrafinhas de água mineral. Mas ao entrar pela porta... eles começaram a me olhar por longe, ao observá-los.

Enquanto isso... alguém chegou até a mim pra perguntar logo em que estava pagando as garrafinhas no caixa.

— Ei, cara! – diz alguém, dando uns toques nas minhas costas – Belo carrão que você tem! – disse elogiando o carro do meu irmão, que estou emprestando.

— Obrigado – digo, enquanto pago com meu dinheiro no caixa.

— Esse carro não era do que apareceu lá no Facebook – pergunta, lembrando que corri com esse carro ontem de noite e gerou uma boa aparição, mas insuficiente, segundo Detetive Renan, para chamar a atenção dos organizadores.

— Sim.

— É potente? – pergunta novamente, sabendo quantos cavalos de potência (horse-power), que nem perguntei pro Freddy quantos cavalos o carro possui.

— Eu acho que... – fecho os olhos quando começo a me lembrar de que o Freddy falou.

“O meu Opala tem um belo motor de seis cilindros que Yuri e Chelinka modificaram, acima do original que era de 150 cavalos, agora 190 cavalos com turbo, e câmbio de cinco velocidades. Passeei na pista de aeroporto e o carro atinge até 210 quilômetros por hora.”

Quando eu corri ontem de noite, o carro do Freddy atingia até 209 quilômetros quando estava na Avenida Antártica, apesar da velocidade ficar caindo pouco a pouco por conta das ondulações da pista. Daí a ficha caiu: o carro era bem veloz do que os outros oponentes naquela ocasião. Agora, pra falar ao cara que está me convidando para correr, prefiro não contar nada sobre o carro.

— Você acha? Que tal a gente fazer uma breve corrida? – pede para correr – não só comigo – disse ao vê-lo – mas com os meus comparsas! – mostra os outros dois corredores.

O cara que estava conversando comigo tem um cabelo preto, com leves grisalhos, e com a camisa da Alemanha usada no fatídico jogo do “Sete a Um” na Copa do Mundo de 2014, listrada em preto e vermelho na horizontal, semelhante à camisa do Flamengo (sou corintiano, desculpa). Tinha nas costas o nome de Kroos e a numeração que nem me lembro.

Todos eles estão com Chevrolet Opala Diplomata 1991, de cores amarelo, vermelho e azul, respectivamente, de personalização diferente por para-choques e saias e rodas TSW, BBS e Enkiel respectivamente. Todos usam um adesivo vinil de chamas de formas diferentes para cada carro.

Assim que eu olho para o meu carro...

“Mano, parece que esse trabalho vai ser difícil, porque esse carrão que eu tenho vai ser a sua principal e única arma...”

— Eu vou! – respondo – Eu aceito a sua aposta! – tiro do meu bolso a chave do carro, e mostro para ele.

— Então vamos! – disse o corredor – a chegada é lá na descida da praia!

“Agora não tem mais como voltar. É hora do desafio!”, penso, e logo pego a sacola de garrafinhas e entro no carro. É hora de ganhar a reputação, e mãos ao volante!

X///////X

Rua dos Cuiabanos, Ramalho Júnior/Mário Fonseca

Perfilados num grid de largada exatamente na esquina próxima à caixa d´água, quatro Opalas estão a postos para o início de uma corrida longa. Três Opalas Diplomatas e um Opala SS, no qual o último é o último colocado. No grid: Opala Diplomata amarelo em primeiro, Opala Diplomata vermelho em segundo, Opala Diplomata azul em terceiro, e o Opala SS amarelo é o quarto.

O trânsito começa a aparecer e os carros começam a fritar os pneus (fazer os burnouts), e em seguida, começam a largar para iniciar a corrida. O Diplomata amarelo larga muito bem, assim como Opala SS. Já os outros Diplomatas tiveram dificuldade na largada e perderam muito feio as posições para o Opala SS amarelo.

(Wham! Bam!)
(Mon chat 'Splash')
Gît sur mon lit
A bouffé sa langue

En buvant
(Tronc)
Mon whisky
Quand moi

Peu dormi, vidé, et brimé
J'ai du dormir dans la gouttière
Où j'ai eu un flash

Hou! Hou! Hou! Hou!

En quatre couleurs.

Com o aumento do trânsito nesse horário, pode complicar um pouco a corrida. Mesmo assim, isso não impede que eles continuem correndo, já que eles cruzam o cruzamento Rua dos Cuiabanos com Estrada Miri-Moraes e Rua Braz Faraco, no caso da corrida, cruzam para a Rua Braz Faraco. E Eddie está tranquilo na segunda colocação, mas precisa focar tanto na corrida quanto no seu oponente que está liderando.

Todos os carros, inclusive o Eddie, não possuem uma garrafa de óxido nitroso (N2O) de cada, que é muito usado pelos carros “tunados” profissionalmente e experts, que dá mais velocidade extra como se fosse um “boost”.

Novamente os carros cruzam o cruzamento Rua Miranda Leão e Rua Braz Faraco/Rua Presidente Costa e Silva, passando da Rua Braz Faraco para Rua Presidente Costa e Silva, conhecida como Rua do Estádio, por onde passa o Estádio Municipal.

Allez hop!
Un matin
Une
(Louloute)
Est venue chez-moi

 

Poupée de Cellophane
Cheveux chinois
Un sparadrap
Une gueule de bois

A bu ma bière
Dans un grand verre
En caoutchouc
Hou! Hou! Hou! Hou!
Comme un indien dans son igloo.

E enquanto isso, Eddie já se aproxima do líder (Opala Diplomata amarelo), e pretende fazer uma manobra ao ultrapassá-lo, porém, essas manobras quase são impossíveis devido à falta de espaço nas ruas e grandes riscos de acidente. Por conta disso, Eddie prefere segurar a segunda colocação e pretende ultrapassá-lo quando tiver um excelente momento e espaço.

Os dois passam por um “S” apertado, da Rua da Saudade para Largo Marechal Deodoro, no Centro, passam por vários cruzamentos entre Ruas Getúlio Vargas e João Verçosa, e logo, na Rua Adolfo Cavalcante, passando pela Praça Coronel João Verçosa, ou Praça da Matriz. No final, os dois viram para esquerda para entrar na Avenida Dr. Pereira Barreto, o ponto final do traçado.

Ca plane pour moi
Ca plane pour moi
Ca plane pour moi, moi, moi, moi, moi
Ca plane pour moi
Hou! Hou! Hou! Hou!
Ca plane pour moi.

Para o Eddie ultrapassar o Diplomata amarelo, precisa de espaço e atenção na reação do oponente ainda na avenida até chegar ao ponto onde precisa virar para a descida. Durante a passagem, Eddie pega o vácuo por trás, segura o controle, e ao ver um espaço livre no meio da avenida, vira para direita, e fica lado a lado com o Diplomata amarelo. Porém, na freada da virada para a descida...

— Chupa! – grita Eddie ao motorista do Opala Diplomata amarelo, mostrando um dedo no meio.

...e Eddie finalmente o ultrapassa e finaliza a corrida completando o percurso, como o vencedor.

Porém, o segundo colocado para bem na frente do Eddie logo em que o motorista do Opala SS amarelo estava subindo, e logo ao sair do carro, ele vai em direção ao motorista do Opala SS. Pela janela da porta do motorista, ele bate para chamar a atenção. Eddie então abaixa o vidro, rolando a alavanca, já que o carro é antigo e atualmente os carros possuem botões elétricos para levantar ou abaixar o vidro da porta.

— E aí? Gostou da minha performance desse carrão? – diz o “homem de preto”, com sarcasmo.

— Performance é o caralho – responde o oponente, indignado com a provocação – quero revanche, isso foi trapaça do jeito que você fez!

— Revanche? – questiona Eddie – então eu aceito... só por uma condição.

— Qual é a condição?

— Se você vencer, vamos desempatar com uma corrida tira-teima. Caso eu vença, você vai pagar o reabastecimento do meu carro.

O oponente tira um radiocomunicador do bolso.

— Alô, rapaziada – diz o oponente – tem mais uma corrida para a gente fazer! O vencedor exige que caso eu vença, teremos mais uma corrida para desempatar. Caso ele vença, eu pagarei o reabastecimento do carro dele. A largada será na Avenida Dr. Pereira Barreto, e a chegada é lá na Estrada dos Moraes próximo ao Campus! Câmbio! – guarda o radiocomunicador.

— Te espero lá em cima! – diz o oponente, voltando para o seu Opala Diplomata amarelo.

“Porra, Freddy. O seu carro é bem potente para essas corridas que estou tendo!”— pensa Eddie, gostando da potência do carro do irmão que está dirigindo.

X///////X

Novamente os mesmos quatro carros estão perfilados lado a lado no sentido oposto da Avenida Dr. Pereira Barreto. Os mesmos três Opalas Diplomatas de cores diferentes e um Opala SS amarelo.

Em seguida, os carros começam a esquentar os pneus (conhecido como burnout) e aguardam o momento da largada, sinalizado por uma pessoa.

— Três! Dois! Um... – agacha – VAI!

Todos os carros largam e ficam equilibrados e colados lado a lado, frente a frente. Diplomata amarelo lidera seguido pelo Opala SS amarelo, também seguido pelo Diplomata vermelho e também pelo Diplomata azul.

Porém, o trânsito atrapalha os dois últimos colocados, deixando os dois primeiros isolados na disputa. Eddie consegue bem desviar do trânsito para perseguir o Diplomata amarelo, que também desvia com perfeição para manter na primeira colocação.

Os dois carros viram próximo a uma panificadora pela Rua Quintino Bocaiuva no sentido subida da prefeitura, e pisam muito fundo, algo arriscado já que há um buraco bem no canto do meio-fio da rua. Porém, o trânsito ainda consegue apertar no cruzamento entre Avenida Getúlio Vargas e Estrada dos Moraes, mas isso não é problema para os dois, que cruzam arriscadamente para correr pela Estrada dos Moraes.

Enquanto isso, um pouco perto dali, três viaturas policiais deixam a delegacia com sirenes, já que acabaram de receber uma denúncia de violação de leis de trânsito.

“Atenção unidades! Recebemos uma queixa de violação de leis de trânsito! Dois carros estão fazendo racha ilegalmente na Estrada dos Moraes! Repito, dois carros estão fazendo racha ilegalmente na Estrada dos Moraes!”

“Aqui é a Unidade 7, e estamos a caminho daí, Central!”

“Unidade 6 também está a caminho, Central!”

“Unidade 1 está a caminho também!”

Os carros cruzam a ladeira na Estrada, porém, no meio do caminho, viaturas da polícia bloqueiam a passagem e acabam de capturar os dois últimos Opalas Diplomatas (vermelho e azul). Isso chama a atenção dos dois primeiros que estão bem distante do local.

— Puta merda, é a polícia!

De repente, seu celular – colocado pelo suporte de ventosas no para-brisa – recebe a ligação do líder, e o próprio atende.

— (Cara, a polícia pegou os meus dois comparsas!)

— Eu sei, mas vamos focar logo nessa corrida antes que eles aparecem por trás ou por todos os cantos!

— (Lembre-se que estou bem na sua frente!)

— Talvez que não – diz, ironizando a liderança do seu oponente.

Os Opalas continuam acelerando, logo que entram na principal parte da Estrada dos Moraes, e ainda aumentam a velocidade para o mais extremo, aproximadamente, 200 quilômetros por hora (Opala SS está com um motor bem modificado de seis cilindros, enquanto o Opala Diplomata possui as mesmas características).

Porém, ao passar pela rádio, Eddie acaba de ter uma reflexão imediata, relembrando o caso do acidente que teve meses atrás no qual se chocou com uma árvore da área da rádio, durante uma racha que teve com um oponente desconhecido. Por conta disso, Eddie sem querer solta o acelerador, e vê a distância aumentar com o líder.

Mesmo assim, Eddie continua colando no líder, mas no final, já é tarde demais. Chegaram ao ponto de chegada, no Campus, e o Opala Diplomata amarelo vence a corrida. Porém, ele freia, dá cavalo-de-pau, e encara Eddie bem na frente dele. E o celular toca.

— (E aí, sr. Eddie Peugeot?)

— Como você reconheceu o meu nome?

— (Eu já te conheço há um bom tempo, e o seu irmão é o meu amigo. Você está dirigindo o carro dele no lugar dele.)

— Lógico, imbecil, que estou dirigindo o carro dele! Por que eu quero apostar? Andar de pé?

O oponente ri.

— (Agora que eu venci, vamos para um tira-teima. É só você e eu.)

— Lógico.

— (A largada é aqui, mas a chegada é lá na estrada do aeroporto. E o perdedor, como você quis, vai pagar o reabastecimento do vencedor.)

— Então vamos!

X///////X

Agora é a decisão, um tira-teima! Um Opala Diplomata amarelo, e um Opala SS amarelo com faixas pretas. Todos perfilados lado a lado na direção oposta da Estrada dos Moraes, porém, sem uma pessoa para sinalizar a largada.

— Quando eu acelerar ou você acelerar, uma espécie de “queimar a largada”, a corrida já está valendo! – disse o motorista do Opala Diplomata amarelo – Só que ao invés de ir direto para lá, vamos pegar umas ruas do centro e no final, você já sabe, ir para o aeroporto que é a nossa chegada, certo?

— Certo – responde Eddie.

Os dois começam a esquentar os pneus (burnout), e em seguida, Eddie aproveita a distração do oponente para largar. Isso irrita o oponente.

— Ei, ainda não comecei! – grita, largando depois, com uma desvantagem.

Eddie larga “muito bem”, e mantém acelerando direto na estrada. Logo em que vê o seu oponente pelo retrovisor, Eddie desvia, entrando pela outra rua pelo cruzamento.

— Para, Eddie! Que merda...

O oponente também vira, já que o regulamento da corrida exige que o oponente siga o líder para ultrapassar e escolher qual rua pretende correr até se decidir para correr até o ponto de chegada. Uma espécie de... corrida ordenada de ponto a ponto.

Allez hop! La nana
Quel panard!
Quelle vibration!
De s'envoyer

Sur le paillasson
Limé, ruiné, vidé, comblé
"You are the king of the divan!"
Qu'elle me dit en passant
Hou! Hou! Hou! Hou!
I am the king of the divan.

Na Avenida Antártica, a situação aperta quando o oponente já aparece no retrovisor. A Avenida Antártica é uma avenida extensa da cidade, apesar de ser estreita (já foi pouco extensa no passado, mas a construção do calçadão no final da década de 1990 reduziu a largura) e perigosa. Falando em estreita e perigosa, isso complica a corrida de Eddie, já que o trânsito aperta e o oponente já está colando no seu Opala SS.

Na subida próxima a uma igreja na avenida, o oponente do Opala SS já começa a atacar com uma tentativa de ultrapassagem... mas uma moto vinda na direção contrária atrapalha a chance, e o próprio motorista da moto se dá mal: cai bem no abismo para a praia.

Depois, os dois se viram para a Avenida Dr. Pereira Barreto.

Ca plane pour moi
Ca plane pour moi
Ca plane pour moi, moi, moi, moi, moi
Ca plane pour moi
Hou! Hou! Hou! Hou!
Ca plane pour moi.

Novamente a Avenida Dr. Pereira Barreto marca um encontro com os dois oponentes que agora estão lado a lado. Por conta disso, o trânsito das motos tenta desviar dessa aproximação dos dois carros para evitar algum acidente pior. Porém...

“Atenção, todas as unidades! Recebemos uma queixa de violação de leis de trânsito ocorrendo na Avenida Dr. Pereira Barreto na área do bairro Maresia!”

“E qual é o testemunho da queixa, central?”

“São dois carros andando por contra mão na pista.”

“E que marca e cor são esses carros, central?”

“São dois Chevrolet Opalas modelos SS e Diplomata respectivamente, de cor amarelo.”

“Unidade 7 já está ao caminho, central.”

“Unidade 6 também, central!”

“Todas as unidades, detenham esses infratores urgente!”

As viaturas policiais já deixam a delegacia rumo à avenida, mas irão preparar uma cilada para poderem conter os corredores, principalmente bloqueando a saída da avenida próxima à praça.

Lá longe, os dois carros ainda estão correndo lado a lado, brigando pela liderança... mas ao observar o que está acontecendo lá na saída...

Os dois carros se desviam para direita, próxima à panificadora da esquina, e sobem para uma travessia... e viram para a rua Floriano Peixoto, ligando para a rua Adolfo Cavalcante. Por lá, os policiais souberam do desvio dos carros, e logo ao observarem a passagem pela praça, eles voltam para as viaturas e, em seguida, começam a ir atrás dos veículos através da última visão.

Allez hop!
T'occupe, t'inquite
Touche pas ma plante
It's not today

Quel le ciel me tombera sur la tte
Et que l'alcool me manquera
Hou! Hou! Hou! Hou!
Ca plane pour moi.

A rua Adolfo Cavalcante é o berço do comércio da cidade, assim como a descida da rua Rui Barbosa e Rua Coronel Tito Leão, e alguns carros e motos são muito estacionados bem no canto direito, e isso pode atrapalhar o caminho dos dois carros, que são obrigados a ficarem de fila. De repente, viaturas policiais já aparecem bem longes pelo retrovisor, e mesmo numa rua complicada por conta do movimento comercial de feiras e varejos... e mais motos estacionados no canto das ruas e trânsito pesado. Isso complica muito para os dois, já que a polícia está ao caminho.

Porém, Eddie buzinava tanto que as motos desviaram da sua frente e, em seguida, prosseguiu com o seu caminho, virando para a direita, entrando na Rua Raimundo Albuquerque. Enquanto isso, o oponente ficava no meio do caminho e a polícia já estava bem perto dele. Logo ao virar para a Rua Raimundo Albuquerque, a polícia acerta o canto traseiro do carro e, infelizmente, é cercado.

“Central, capturamos um infrator! E ele está dirigindo um Chevrolet Opala Diplomata modelo 1992 amarelo.”

Allez hop! Ma nana
S'est tirée
S'est barrée
Enfin c'est
(Marre)
tout casser

L'vier, le bar me laissant seul
Comme un grand connard
Hou! Hou! Hou! Hou!
Le pied dans le plat

E lá longe, pela Rua São João, Eddie nem sabe que o seu oponente foi capturado pela polícia, mas prosseguiu correndo passando pela descida e subida da ladeira, passou pela penitenciária, e tranquilidade na estrada do aeroporto. Eddie concluiu como foi o determinado pelo traçado e pelo seu oponente: largada na área do Campus, chegada no aeroporto. Depois de fazer um belo contorno ao redor de um monumento, Eddie tirou o celular e tenta ligar para o seu oponente.

— Por que ele não atende? – diz, enquanto o celular tenta ligar para o número do oponente deixado na seção “ligações recebidas”.

“Sua chamada está sendo cobrada para caixa-postal. Estabelece...”

— Foda-se – diz, depois de desligar a ligação, já que a chamada não foi atendida.

De repente, o celular toca e o Eddie atende. Era o irmão Freddy.

— Fala, Freddy.

— (Saia já daí, mano, a polícia está procurando os dois carros!)

— O que houve com o meu oponente?

— (A polícia pegou ele durante a corrida, e eles estão procurando o outro carro, que é que tu tá dirigindo!)

— Já estou voltando para casa, não se preocupe! Vou tentar achar um caminho mais fácil de chegar aí.

— (Afinal, mano, os detetives estão aqui te esperando. Eles têm uma mensagem pra tu, mano.)

— Detetive Renan e Detetive Kerol estão aí? – diz, já que ele está pensando que é a repercussão das redes sociais que eles irão informar – já estou a caminho.

— (Cuidado, mano. Cuide bem do meu carrinho.) – finaliza Freddy, encerrando a ligação. Eddie guarda o celular e começa a voltar para casa, procurando um caminho mais acessível e evitando qualquer rota que pode encontrar de cara a polícia, que está em busca do seu carro.

Ca plane pour moi
Ca plane pour moi
Ca plane pour moi, moi, moi, moi, moi
Ca plane pour moi
Hou! Hou! Hou! Hou!
Ca plane pour moi

X///////X

Mansão do Eddie Peugeot, Santa Luzia, 18:16

Eddie finalmente retorna sem nenhum problema de polícia (pegou ruas menos frequentadas pelas viaturas), e logo deixa o veículo dentro da garagem. Sai em seguida, levando o seu celular (que guarda dentro do seu bolso na calça), e entra pela entrada principal da sua mansão. Depois de se esticar se despreguiçando, Eddie, antes de caminhar na escadaria central para ir ao seu escritório, observa a sua direita a presença de três pessoas na sala – o seu irmão Freddy, e o casal de detetives Renan e Kerol.

“São eles mesmos” – pensa, percebendo a presença do casal de detetives.

Em seguida, o “homem de preto” entra na sala de estar, encontrando com o irmão e o casal de detetives. Freddy é o primeiro a recepcioná-lo.

— Mano, cê tá bem! – diz, abraçando o irmão – por pouco a polícia não te pegou.

— Só pegaram o meu oponente, Freddy, por pouco escapei dessa vez. E o seu Opala está muito bem cuidado, apenas o motor e pneus estão cansados. Aqui, irmão – mostra uma nota de cinquenta reais para o irmão, no qual pega como recompensa – é para o conserto com Yuri e Chelinka.

— Ah, obrigado – diz, agradecendo a “recompensa” que o irmão o deu.

— Freddy, pode ir porque quero conversar com eles pessoalmente – diz Eddie.

— Ok, mano – diz Freddy, que deixa a sala.

— Como foi a corrida, Eddie? – diz Renan – Foi caótica?

— Foi equilibrada, mas se tornou caótica quando a polícia apareceu. Infelizmente, o cara foi preso enquanto eu estava longe e liderando a terceira corrida, já que eu venci a primeira e ele venceu a segunda. Era um grupo de Opalas Diplomatas.

— O nome desse grupo era “The Diplomatas”, liderado por Caleb Kroos, que foi preso – diz Kerol – e costumavam correr nas tardes e entardecer. Outros integrantes se chamavam, Lenny Khedira, e Patrick Schürrle, todos presos.

— Presos por uma barricada montada pela polícia na Estrada dos Moraes próxima a praça – diz Renan, completando a informação da amada.

— Ah, tá – diz Eddie.

— Ah, e aqui está a sua pequena recompensa – diz Renan, entregando um pacote de cem reais – são mil e quinhentos reais que ele iria te pagar caso vencesse.

— Na verdade, a recompensa era que ele mesmo reabastecesse o carro do Freddy, mas como ele foi preso... – diz Eddie.

— Caleb Kroos era procurado pela Polícia Militar aqui da cidade por rachas e causar acidentes de trânsito mesmo ele não sofresse – explica Renan – a recompensa era de mil e quinhentos reais caso alguém capturasse junto com os dois colegas de grupo.

— Eu não quis fazer isso para levá-los para a prisão, eu só queria correr para ganhar reputação como você me aconselhou – diz Eddie – mas a corrida chamou a atenção dos oficiais! Eu só evitei a polícia e só venci a última corrida.

— Ah, e sobre a reputação... olha aqui, Eddie – diz Kerol, mostrando o tablet com o feed de notícias no seu perfil no Facebook, observando a repercussão da corrida.

A repercussão foi grande. Diversos perfis e fanpages estavam comentando a corrida que houve em Maués no qual Eddie disputou, porém, sem saber que ele era o motorista. Muita gente gostou da corrida e da habilidade do carro que ele guiou.

— Uau – diz Eddie, surpreso – e quanto elogio!

— Acho que essa repercussão foi grande e parece que deve ter uma organização que está a fim de te chamar – diz Kerol, quando...

— MANO, TEM ALGUÉM QUE TÁ ME LIGANDO!

— Freddy? – diz Eddie, ao ver o irmão chegando com pressa com o celular na mão.

— Alguém está ligando para o meu número. Deve ser um organizador – diz Freddy, entregando o celular para Eddie, que ativa o modo viva-voz.

— Alô?

— (Freddy Peugeot?) – diz uma voz feminina.

— Aqui é o irmão dele, ele – Freddy gesticula para Eddie para dizer “que esqueceu o celular” – esqueceu o celular e estou atendendo no lugar dele, desculpe aí.

— (Ah, tá. Mas é ele que dirige o tal conhecido Opala SS que arrebentou nas ruas?)

— É... – Freddy gesticula que ele é o dono do carro – sim. Afinal, quem está falando?

— (É a Lisa Berger, organizadora do Maués Rumble Rally) – Eddie e Freddy ficam boquiabertos – (Estou convidando o sr. Freddy Peugeot para participar do Maués Rumble Rally para corridas preliminares em que os dois melhores carros garantem a vaga para o campeonato de pontos corridos) – novamente Freddy fica boquiaberto, menos o irmão, que sinaliza um positivo.

— É um grande prazer, sra. Lisa – diz Eddie, que gostou desse “convite ao irmão” – o meu irmão ficaria muito feliz com esse convite. Ele deve... – Freddy sinaliza um positivo em duas mãos – aceitar esse convite. Quando começa essa fase preliminar?

— (É neste domingo, de noite, na estrada do aeroporto.)

— Ok, obrigado. Vou avisar para ele, obrigado... “sua linda” – diz Eddie, sussurrando no final. A ligação é encerrada.

— Hoje é 16 de setembro, acertei? – pergunta Freddy.

— Sim... – responde o irmão – numa sexta-feira. Então temos dois dias para preparar o carro para a noite de domingo.

— Isso, e é pra vencer essas corridas preliminares que garante a vaga ao campeonato de corridas do Maués Rumble Rally – diz Freddy, com otimismo – vamos levar o carro para Yuri e Chelinka para dar uma avaliada e uma mexidinha nele – os irmãos deixam a sala.

— Lembre-se que quero ganhar essa competição para ganhar aquele Camaro, irmão.

— E você querendo pegar aquela gata filé só para ganhar aquele campeona... ai – leva um tapa do irmão.

— Kerol.

— Diga, Renan.

— Já está monitorando essa tal de Lisa Berger?

— Sim.

— Temos muito trabalho pela frente enquanto eles estão ocupados.

— Isso mesmo – Kerol dá um beijo no seu amado, enquanto o casal observa o perfil da referida pessoa que eles citaram pelo tablet.

Ca plane pour moi

(CONTINUA)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mais um capítulo dessa história que estava esquecida, também afetada pela falha do HD externo naquele dia. Agora com detalhe em três corridas.

Ah, e a letra da música que coloquei neste capítulo era “Ca Plane Pour Moi”, de Plastic Betrand, um hit dos anos 70, que recentemente está no comercial na TV.

Não se preocupem o que o Freddy fala, é comum aqui do Norte que falamos assim, às vezes, porque estou tentando reproduzir esse jeito de falar, apesar de que também sou aqui do Norte.

Até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eddie e Seus Peugeots: Roads of Paradise" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.