Mad Teacher escrita por kunpimoose


Capítulo 5
5. I Don't Hate You


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal!
Sei que faz um tempo que não venho aqui e quero pedir desculpas, porque infelizmente, eu não tenho tido o tempo que queria e nem a colaboração das minhas ideias para botar tudo em prática. Sei que deveria ter dado ao menos um padecer, mas isso não iria amenizar a situação. Mas agora cumpro minha palavra de manter vocês cientes da minha existência.
E claro, queria só deixar claro que não pretendo abandonar a fic em momento nenhum, mas posso ter picos de demora por vários motivos que incluem muito da minha vida pessoal.
Enfim, espero que vocês gostem do capítulo fresquinho. Qualquer dúvida, me deixem ciente, certo?
Vejo vocês na nota final!



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Bambam já não sabia qual parte de seus pensamentos deveria seguir, desde que seus planos de meses haviam ido sem esforço nenhum para o espaço.

A verdade era que não sabia se estava chateado ou feliz por finalmente ter pessoas das quais pudesse se comunicar, considerando o fato de que Yugyeom agora era alguém ausente – pelo menos até aquele devido momento – em sua vida. Por mais que no fundo ainda se sentisse sozinho por vários motivos não aparentes, era bom ter pessoas reais e não imaginárias para se comunicar.

No fundo, sentia-se traindo o protocolo todo.

Yugyeom havia sido seu amigo para tudo desde que ele tinha ido parar muito novo na Tailândia. O coreano estranho. Eram praticamente vizinhos e a simpatia que adquiriram fora quase imediata, considerando que a idade de ambos era igualável.

Quando Kunpimook notou, já se falavam mesmo que de maneira enroscada ambos os idiomas, tornando tudo menos confuso. Pros outros ainda era complicado, mas dentro do mundo deles, não.

E então, de repente já notou que não era Kunpimook e sim Bambam, apelido que ele precisou de exatas duas semanas de insistência para saber o que significava o dito.

“Porque sempre que te vejo tudo pra mim faz “Bambam”.

Aquela frase ainda ficava gritando em sua mente, e talvez aquele houvesse sido um pouco do “gostar” de parte da sua adolescência, tendo em mente o sentimento recíproco, não deixando de rir desse tipo de assunto dias mais tarde.

Aquilo durou pouco tempo, desde que o irmão de Yugyeom voltou da Coreia para morar com seus familiares, começando assim a trocar vivências mais fortes.

Infelizmente, Bambam havia trocado o irmão mais novo pelo mais velho em questão de sentimentos, arrependendo-se um pouco mais tarde por motivos que agora estavam mais que óbvios em sua cabeça.

Poucos dias depois de sua confissão, recebera a infame notícia de que estaria indo embora para a Coreia para ficar na casa de seus tios, juntamente ao seu primo. Que, por sinal, havia ganho presença contínua sem sua vida: Jackson.

Não sabia ainda dizer se felizmente ou infelizmente.

Só não sabia como aquele podia ser seu primo. Sua família era completamente formada por Tailandeses, como alguém chinês havia aparecido ao meio de todos?

E foi assim que descobriu que teria de viver na escola, logo sabendo que o rapaz era filho do zelador.

“Eu não acredito que vou ter de dividir meu quarto com esse menino... Esquisito.”

Ainda se lembrava claramente do tom de voz de Jackson, sabendo como imitá-lo perfeitamente. Aquela lembrança ficava junta de outras, como as complicações iniciais que tivera na tarefa simples de dividir o quarto, desde que seus gênios e gostos eram totalmente distintos.

O Tailandês queria ser alguém reservado, enquanto o chinês tentava abordar o “estranho esquisito” que estava – segundo ele – invadindo sua parte favorita da beliche. Dias mais tarde descobriu que Jackson tinha medo de altura e detestava a parte de cima, só apenas não queria dar o braço a torcer.

Bambam não gostava de luz acesa para dormir, desde que se sentia mais confortável assim. Já Jackson não conseguia dormir sem a luz acesa – descobrindo mais tarde que era por seu medo de escuro – o que fez com que arrumassem um abajur para suprir ambas as necessidades.

Mas ao fim, acabou dando seu braço a torcer, justamente por não conseguir lidar com a insistência alheia, admitindo que o rapaz seria prontamente um bom amigo.

Até porque, eram melhores como amigos do que como inimigos.

E ele realmente foi no decorrer dos dias de sua estadia, amparando-o de acordo com os acontecimentos.

Jackson era seu segundo ombro amigo. Segundo porque ainda havia Yugyeom e não estava preparado para substituí-lo. Não estava preparado para deixar para trás coisas das quais sabia perfeitamente que não iria conseguir deixar, de fato.

Foi exatamente por isso que tudo do qual havia planejado foi por água abaixo. O Wang conseguiu amolecer parte de seu espírito durão pré-definido.

Em seguida, tinha Mark e YoungJae, que por infortúnio de tudo haviam se mostrado pessoas legais e confiantes logo na primeira conversa, desejando claramente o contrário sem obter total sucesso, obviamente.

Isso lhe fez praticamente começar a desistir de seguir à diante com seu plano de ser rude com quase todos os seres humanos que passassem por sua vida - plano este que consistia em talvez não ser tão grosso com os rapazes que havia conhecido até aquele momento, pelo menos.

Foi exatamente por isso que Bambam aceitou sair com ambos naquele final de semana, aproveitando para arrastar seu primo para o parque de diversões, local que decidiram logo de início.

— Onde podemos nos encontrar? – O ruivo pensou um pouco antes de Mark tomar a frente. – Se preferir, podemos te buscar em casa!

— Bem, vocês moram próximos da escola? – Youngjae franziu o cenho, encarando o outro amigo que retribuiu o olhar. – Eu moro com o zelador. Ele é meu tio.

Aquilo fazia todo o sentido agora na cabeça de ambos. Chegava rápido e no horário, sumia rápido e nunca saia com todos os alunos.

— Então você mora com os Wang? – Assentiu, descobrindo que realmente todo mundo conhecia Ricky. – Isso é estranho... – Youngjae riu. – Mas a gente pode vir até aqui pra buscar vocês. Moramos consideravelmente perto.

Assim ficou combinado, e o dia tomou seu próprio rumo, tirando Jackson de seu conforto quando ouviu o barulho estridente da campainha que dava para a porta dos fundos. Só não esperava a surpresa que teria ao abrir a porta e topar com o rosto bonito de Mark.

— Oi! Você é o Jackson, não é?

O loiro assentiu um pouco estático antes de fechar a porta na cara dos dois garotos que estavam ali parados, que rapidamente se entreolharam estranhando o comportamento bizarro. Jackson continuou olhando a porta antes de sair correndo para o quarto gritando o nome de Bambam em desespero claro e aparente.

— O que foi, criatura? – O susto foi a reação que conseguiu esboçar, parando parte da arrumação para tentar acudir o desespero alheio. Ou talvez o rapaz morreria logo em seguida.

—  Mark... Ele está na porta... Por que você não me disse que ele viria até aqui? – As mãos estavam mais do que inquietas, contornando os ombros do ruivo, quase chacoalhando-o.

— Mas eu te disse que sairíamos nesse final de semana e que eles viriam nos buscar! – Dessa vez quem se espantou foi o tailandês. – Eu não acredito que você se esqueceu... Jackson, você mandou entrarem? – A negação fez com que o rapaz suspirasse quase irritado.

— Eu não tenho culpa. O que eu faço? Eu tô horrível, eu tô--

— A-cal-me-se! – Procurou manter a situação sobre controle. – Você se arruma enquanto eu recebo ambos.

Foi a última coisa que disse antes de procurar correr até a porta e atender as atuais visitas, acomodando-as no sofá.

— Perdão, Jackson é um pouco estranho quando quer... – Uma careta fora gentilmente jogada para os rapazes, arrancando risos dos outros dois jovens. – Eu logo termino de me arrumar e já trago o esquisitão comigo.

— No problem. – O americano comunicou. – Faça suas coisas sem pressa, nós chegamos cedo mesmo.

Bambam só pôde assentir antes de se virar e tomar caminho para voltar ao que estava fazendo antes, aproveitando para ajudar o chinês e poderem sair logo.

Por sorte, pouco tempo foi levado ate que saíssem e tomassem caminho para o parque de diversões central, conversando animadamente, todos aproveitando para se conhecer melhor.

Mark, às vezes, observava com cuidado o rosto do chinês ali no meio, achando suas feições familiares demais, mas infelizmente não conseguia ligar sua expressão à alguém que já houvesse visto alguma vez, o que o deixava até um pouco interessado demais em sua pessoa; Não que aquilo importasse, de fato.

Resolveu que era melhor esquecer o assunto antes de se dar conta de que estavam no local.

— Youngjae, você vem comigo comprar os ingressos?

O garoto assentiu, procurando o resto dos rostos acompanhantes, que assentiram positivamente, entregando o dinheiro em mãos dos jovens, apenas observando ambos se afastarem em direção as cabines.

— Você acha que ele me odeia? – Jackson comentou, observando Bambam rolar os olhos.

— Ele nem deve lembrar de você! – Retrucou, recebendo um olhar sofrido do rapaz.

—  Você quer dizer que ele não lembra de mim?

— Não, senhor óbvio, desde aquele dia ele pensa no seu rosto todos os dias.  – Rolou os olhos.  – É claro que não lembra.

O ruivo deu de ombros correndo os olhos pela multidão, evitando a dó que teria observando o rosto amigo.

—  Eu não sei se isso é bom...

— Ele não te odiar ou você ter sido insignificante na vida dele?

Jackson abriu a boca algumas vezes, sem saber como responder a petulância do garoto mais novo.

—  Eu te odeio.

—  Você me ama. –  Bambam riu, antes de aguçar sua visão para um rosto familiar no meio da multidão: Junior. – Ah não!

—  Ah não mesmo, ainda bem que--

— Não Jackson!

— Não o quê?

—  Junior! Park Jinyoung! – O desespero era latente em sua voz.

— O seu professor? O que tem ele?

O chinês agora fitava o rosto do rapaz, tentando entender sua linha de raciocínio.

— Ele está aqui, ele vai vir pra cá... Eu não sei, finge que você tá conversando comigo, me esconde. Eu não sei! – O mais novo parecia tão aflito que agora só sabia gesticular com as mãos.

— Meu Deus, tudo bem! – Jackson reposicionou o outro garoto de frente para seu rosto. – Droga, ele continua vindo pra cá, o que eu faço?

— Não sei, ele me viu? Faz qualquer coisa, fala alguma coisa! – Suas mãos grudaram nos braços de alheios. – Pelo amor de Deus, qualquer coisa...

— Você parece uma batata misturada com boneco de posto de tão desesperado. – Por um momento o maior ficou encarando o rosto do outro rapaz até cair na gargalha, quase jogando-se no meio de seus braços, mal sabendo que agora ele definitivamente havia atraído a atenção de seu professor que franziu o cenho ao notar a silhueta e o tímbre de voz que lhe eram extremamente familiar. Quanto mais se aproximava, mais tinha certeza, confirmando até pela situação.

Bambam estava rindo. Rindo ao lado do filho do zelador. Rindo enquanto estava deixando que o outro o tocasse. Tocando-o.

Jinyoung não sabia o que era aquele sentimento, mas foi ele quem o fez decidir passar reto, fingindo não conhecer nenhum dos dois garotos.

— Ele já foi? – O tailandês perguntou fungando e limpando as lágrimas que haviam se formado no canto de seus olhos.

— Ao que parece sim, eu perdi ele no meio da multidão enquanto me distraí com você rindo. Deve ter ido embora. – O menor dos dois comentou, passando seu braço em volta do ombro alheio, a fim de amparar seu amigo.

— Valeu, você salvou minha pele. – O menino agora suspirava, aproveitando para se certificar de que Junior havia mesmo ido embora, apenas por precaução.

— Você odeia ele tanto assim? – Foi isso que o fez parar por alguns instantes, pensando seriamente na pergunta que lhe fora feita.

Bambam não o odiava e isso era uma das suas maiores certezas. Até porque já havia passado daquela fase meio infantil que quase todo adolescente tinha. E também estava dedicando-se a odiar outras pessoas para direcionar esse sentimento ao seu professor.

O que acontecia era que Junior despertava sua curiosidade em alguns aspectos, abrangente o fato de o rapaz mais velho ser muito interessado em sua vida pessoal e seguindo assim com o jeito irritante de tentar lhe oferecer ombro e sua amizade, quando não precisava – ao menos em sua plena manutenção cerebral – disso.

E ao julgar pelo exagero de sua insistência, sabia que Jinyoung não havia sequer levado um não de verdade em sua vida, o que explicava bastante as coisas.

Aquilo lhe irritava porque seu professor lhe colocava no padrão de todos os seus alunos. Igual. E era exatamente aquilo que não era e nem queria ser.

— Talvez... – Respirou antes de notificar o amigo que ambos os garotos estavam voltando com os ingressos, rumando em direção deles e seguindo caminho para dentro do parque.

Porém, agora, Jinyoung os seguia, mantendo seus olhos diretamente no menino ruivo, dando uma desculpa mental de que estava apenas querendo se divertir e não estava seguindo ninguém. Mesmo que ele mesmo soubesse que era mentira; Era como se estivesse tentando enganar a si sem saber exatamente porque estava tentando fazer aquilo consigo.

Por vezes via Jackson passando seus braços por volta dos ombros do tailandês, brincando com o garoto. Aquilo lhe fervia o sangue, ainda que não soubesse exatamente o porquê disso. Perguntava-se porque era  o Wang e não ele, a frequência daquele questionamento era o que mais irritava, em seu ponto de vista.

A multidão era seu claro esconderijo, fugindo várias vezes da visão dos garotos que andavam um pouco à frente. Não queria ser visto, ou as coisas iam parecer estranhas demais. Mesmo que estes estivessem animados demais para saber em qual brinquedo iriam visitar primeiro.

Mark sugeriu a montanha russa, recebendo um grande protesto de Jackson. Youngjae queria a roda gigante, mas decidiram que aquele seria o último brinquedo, pois assim poderiam admirar o pôr-do-sol que todos sempre diziam ser muito bonito.

— Podemos ir no carrinho de bate-bate e sei lá... Brincar na casa dos horrores? – Olhares genuínos foram jogados em direção a Bambam, recebendo um coro de aceitação em seguida.

Assim seguiram caminho, vencendo rapidamente a fila do brinquedo que, por sorte, estava curta. Jinyoung havia procurado uma grade não muito visível apenas para admirar a diversão de seus alunos, achando gracioso o sorriso de felicidade que o ruivo ali do meio tinha.

Por mais que houvesse visto poucas vezes, havia ficado encantado, desejando ter mais oportunidades daquele tipo. Aquela espécie de carinho por algum aluno era diferente, complicado demais para que pudesse debater em sua cabeça.

Bambam havia lhe dado vida dentro de seu cotidiano e só conseguiu tomar nota disso quando começou a pautar todos os dias, mesmo que eles fossem cheios de raiva ou compaixão com seus possíveis humores que iam de picos depressivos até os inexpressivos.

Ele agora era parte de seus pensamentos constantes, sem saber exatamente desde quando. O que sabia era que queria fazer parte da vida do garoto, custe o que custasse.

E talvez fosse por isso que odiava o filho único dos Wang que parecia ter tanta vivência com as privacidades que o ruivo costumava impôr para si.

xxx

O Tuan foi o primeiro a sair de seu carrinho, comemorando sua vitória por ter tirado Jackson de seu curso cinco vezes, não deixando de rir do rapaz que agora estava emburrado ao seu lado, resmungando que havia sido apenas sorte.

Youngjae infelizmente precisou voltar para casa após um telefonema dos pais, explicando que teriam visitas inesperadas e que era melhor que ele voltasse para casa e evitasse más impressões. O que, claro, acarretou na situação mais constrangedora na vida de Bambam que só agora havia notado o quanto os outros dois que haviam sobrado se deram bem. Tão bem ao ponto de o papo que estavam tendo fluir energéticamente e ninguém mais conseguir penetrar naquela bolha.

Não que aquilo fosse ruim, afinal, gostava de ver a felicidade nos olhos de cachorro de Jackson.

Mas foi nesse momento que começou a notar que havia algo errado. Algo muito errado, por sinal. Aguçou mais uma vez seus sentidos, levando em conta aquela sensação de que estava sendo seguido desde o inicio. E pela sua visão periférica, pôde observar o rosto de Junior que parecia bastante preocupado em se esconder ao lado do carrinho de pipoca.

Suspirou, voltando-se para o chinês que agora admirava o outro rapaz que se conduzia até o lado das maçãs do amor, admirando com carinho a barraca de ursos que ficava ao lado.

— Jackson, Junior está nos seguindo. – Comentou esperando alguma reação de ajuda.

— Isso é bom. – Agora suas mãos corriam freneticamente dentro de seus bolsos.

— Jackson isso não é bom, presta atenção! Meu professor está sendo estranho e nos seguindo pelo parque todo! – Praguejou quase imediatamente pelo fato de mais uma vez não encontrar uma resposta. – Me ajuda! – Sinalizou com a mão.

— Bambam, eu já te ajudo. Antes eu preciso dar aquele ursinho para o outro ursinho. – O ruivo suspirou incrédulo. – Toma, vai comprar um algodão doce pra você enquanto eu não volto.

E assim o mais baixo foi seguindo seu caminho, deixando o outro suspirando e pensando no que deveria fazer.

Ao longe, o professor Park observava toda a cena de cenho franzido, acompanhando com o olhar quando Bambam começou a se deslocar para a barraca dos algodões doces. Aquilo o fez esbarrar em alguém, desculpando-se, porém perdendo o garoto de vista.

Acabou por tomar o mesmo caminho, parando próximo dali, perguntando-se onde é que o garoto estaria.

— É divertido me seguir? – Seu estômago gelou, levando imediatamente a mão no peito tentando amenizar o susto.

— Céus... Como você sabia? Digo... Eu não estava te seguindo. – Perguntou preocupado enquanto o mais novo sorria debochado.

— Você realmente me subestima? Por favor. – Revirou os olhos. – Por que estava me seguindo?

— Eu não sei... Você parecia estar se divertindo e eu pensei que precisava me certificar de que nenhum de meus alunos se machucariam.

“Um belo mentiroso", pensou Bambam.

— Bem, pensei que nós não fossemos tão crianças, não é? Estamos inteiros, você já pode ir.

— Você quer que eu vá ou te salve de sobrar no meio de seus dois “amigos”? – Junior levantou seus dedos para concluir as aspas no ar.

— Antes boiar no meio deles do que com você. – Reclamou.

— Você me odeia tanto assim? – A pergunta era sincera, o que atraiu a atenção do mais jovem, tendo respondido essa mesma pergunta mentalmente mais cedo.

Ambos pararam ali no caminho, um encarando o outro em silêncio, que só se dissipou quando o tailandês procurou ir atrás de seu algodão doce, fazendo com que o mais velho o seguisse.

Talvez fosse mútuo aquele sentimento, e o ruivo não reclamou ou resmungou quando voltou a ser seguido. Não poderia ser tão ruim.

Ou poderia?

Em poucos minutos, ambos os garotos voltaram e Mark sorria graciosamente grudado a um urso de pelúcia, que certamente fora dado por Jackson que parecia orgulhoso de si. O ruivo observava a cena com seu algodão doce em mãos, frustrado pela falta de atenção do amigo que só naquele momento pareceu notar a presença de uma pessoa à mais junto a eles.

O olhar que fora direcionado era de pura preocupação enquanto o mais jovem dos outros três apenas deu de ombros. Agora não havia mais o que ser feito.

— Professor vai nos acompanhar? – Mark observava a feição animada do moreno que acompanhava, vez ou outra roubando uma lasca do doce do tailandês que parecia visivelmente incomodado.

— Acabei o encontrando na barraca e ele acabou me convidando para acompanhar vocês.

O ruivo devolveu um olhar incrédulo para o dedo que agora era apontado para seu rosto, quase descontrolando suas mãos ao ponto de querer atacá-lo até que este não houvesse mais como respirar. O americano deixava seus olhos caírem do rosto do tailandês para o professor.

— Entendi. – Por dentro ria do quanto a mentira estava estampada em seu rosto. – Estávamos indo para a casa dos horrores. O professor tem algum problema com isso? – Jinyoung negou de imediato.

— Eu só preciso ir ao banheiro, certo? – Jackson fora rápido o suficiente em passar o braço em volta dos ombros do ruivo que estava em sua frente. – Bambam vem comigo, logo voltamos. – Nem sequer deram tempo de alguém falar algo.

— O que diabos ele quer? – O mais novo questionava, irritado.

— Desde quando você encontrou com ele?

“Como ele poderia estar sem saber?” o tailandês questionava-se, tendo certeza de que Jackson estava  em um mundo da Lua, diferente do seu ou de qualquer outra pessoa.

— Ele tá seguindo a gente desde o começo! – Por sorte haviam chego, poderia retrucar para sua próxima imagem e jogar uma água no rosto. – Mas você estava tão concentrado em pegar um urso para o hyung que eu praticamente falei com o vento. – O loiro voltou com aquela mesma cara de cachorro que foi jogado no lixo.

— Você sabe que eu não tenho culpa.

— É culpa do seu déficit ou sua burrice mesmo. – Cruzou os braços na altura de seu peito, repensando quando mais uma vez Jackson fez aquela cara. – Tá, que seja, você não tem culpa. Mas você não me ajudou do mesmo jeito.

Enquanto isso, Mark continuava a observar atentamente o rosto desconfortável de Junior que parecia curioso sobre algo, mas não conseguia coragem o suficiente para iniciar diálogo.

— Por que o professor mentiu? – O americano negou com a cabeça, rindo da feição surpresa do outro rapaz. – Você realmente pensa que nós somos bobos?

— Bem... Não... Eu só pensei que não fosse tão óbvio assim.

— Você é um péssimo mentiroso.

— Eu sei... – Acabou por coçar a cabeça, sem graça. – Eu não queria me sentir tão intruso no passeio de vocês, afinal, ainda sou o cara que dá aula.

— Pelo Bambam, você continua sendo um intruso. – Junior parecia desapontado de alguma forma. – Você queria me perguntar algo relacionado a ele, não?

— Na verdade...

Junior pigarreou, pensando se deveria mesmo pedir o que tinha em mente, concordando internamente que deveria sim confiar em seu aluno.

— Estava ensaiando para pedir sua ajuda.

Por essa ele não esperava. Park Jinyoung, o conhecido ditador que se gabava de sua inteligência e aprendizado, pedindo ajuda pra um aluno do segundo ano?

— Vá em frente.

— Sei que você não é amigo há muito tempo do ruivinho de língua estranha, mas de alguma forma ou algum motivo, ele aceitou sua aproximação. – Pontuou, fingindo não saber o real motivo. – Não faço ideia, mas algo me diz sempre que eu devo tentar me aproximar mais dele e eu não sei. Parece que ele...-

— Te odeia? – O professor assentiu. Aquela palavra parecia proibida. – Entendo...

— Mas ele me afasta. E eu nunca consigo ter uma conversa saudável e eu nunca sei muito bem o que fazer e nem o que acontece para que as coisas sejam assim.

Mark ficou pensativo por alguns instantes, escolhendo com cuidado se deveria ou não ajudá-lo.

Era complicado pelo fato de não saber muito bem como agir naquela situação. Mal havia conhecido Bambam e se envolver naquilo tinha seus riscos. Ao mesmo tempo, havia sido tocado pela sinceridade nas palavras e na voz do mais velho, que lhe fez inconscientemente aceitar.

— Posso te dizer que ele não te odeia, pelo pouco que andei observando. Eu também não sei o que eu posso fazer por você, na verdade... Mas sei que ele não pode saber disso em hipótese alguma! – Advertiu, atraindo o consentimento imediato do mais velho.

Mark tinha parado para pensar naquele momento que o tailandês não era aquilo que mostrava. Na verdade, desde sempre havia notado isso. Até porque adotou aquela medida de segurança em sua vida por motivos pessoais e parecia até a melhor coisa a se fazer.

E, talvez, por ser alguém que já tinha vivenciado aquele tipo de atitude na própria pele, conseguisse se aproximar ainda melhor dele para descobrir mais coisas e ter mais informações.

Foi exatamente isso que debateu com seu professor antes dos dois outros voltarem do banheiro. Cessaram o assunto, focando em seguirem para a casa dos horrores, que por avaliação geral, havia sido uma péssima ideia.

Haviam se separado por puro descuido numa bifurcação onde havia pouca luz. Assim, estavam exatamente em casais.

— Eu não sei o que eu fiz de tão ruim no meu passado para ser obrigado a te suportar em quase todos os lugares. – Bambam resmungou, tentando manter a calma. Odiava levar sustos.

— A culpa não foi minha. Você quem se assustou e pegou o caminho errado. – Jinyoung aguçava a visão, tentando conseguir visualizar um pouco do caminho.

— Mas você veio atrás de mim, coisa que não precisava!

— Prefere que eu te deixe sozinho? Posso refazer o caminho de volta!

— Prefiro. – Jinyoung bufou em resposta a isso.

—  Ótimo, fique aí! Mas se algo puxar seu pé, não venha me gritar.

E teria mesmo refeito o caminho de volta, se o ruivo não houvesse tropeçado em algo, gritado e agarrado seu braço com uma força que não conhecia. O garoto com medo era o fim de tudo e até mesmo de sua raiva.

— E-Eu não disse sério... Pode ser perigoso voltar sozinho... – Pediu manso, botando Junior quase derretido, desistindo de vez da ideia de voltar.

— Você devia ter medo mais vezes.

— Se disser mais alguma coisa, eu vou mudar de ideia.

— Você sabe que não faria isso. – E sabia mesmo.

Bambam considerava a situação um tanto quanto estranha, visto que aquilo não era o que tinha imaginado quando deu a ideia, logo no inicio do passeio. Odiava o fato daquelas figuras altamente desfiguradas aparecerem em sua frente e lhe tirar todo o foco e precaução com sua segurança, o que fez com que logo tropeçasse e por sorte, Junior tinha ótimos reflexos.

— Você está bem? – O garoto que logo se encolheu e levantou a cabeça, conferindo o motivo de não ter caído. Próximo demais. Aquilo estava próximo demais, ao ponto de sequer conseguir se mexer, apenas assentindo.

Era estranha a situação, desde que Junior ainda o segurava com a mesma força que antes. Como se não quisesse soltá-lo.

Já Jinyoung não sabia porque, mas achava o garoto frágil e muito mais enquanto o segurava, como um brinquedo prestes a quebrar e se deslocar até o chão, como se fosse nada.

Ali, naquele momento, não entendia o sentimento de proteção que parecia querer lhe engolir, vagamente lembrando que nunca havia se sentindo assim antes. Aquele sentimento de proteção exagerado, mas que nunca havia encaixado em algum lugar da sua vida.

— Eu acho que você já pode me soltar... – O garoto sussurrou , talvez acordando o mais velho do transe. Assim voltou-o no lugar, enquanto o tailandês pigarreava.

— Você precisa prestar atenção quando anda... Podia ter se machucado. – Foi sua vez de coçar a cabeça, talvez embaraçado.

Nenhum dos dois sabia o que dizer. Talvez a sensação de estranheza houvesse atingido o local, desaparecendo mais uma vez quando outro bicho com máscara passou correndo, cumprindo seu papel de susto, fazendo Bambam assustar-se e encolher-se em algum canto.

— Eu não ligo, só quero sair daqui logo. – Choramingou.

Jinyoung respirou, engolindo o próprio susto enquanto amparava o garoto que parecia uma espécie de gato assustado. Ele deveria ressaltar que costumava odiar contato humano, mas por alguma razão sentiu-se atraído pelas mãos de Bambam, segurando-se em uma delas, o que obviamente atraiu um olhar confuso em sua direção.

— Isso talvez te deixe com sensação de segurança, eu não sei... – As mão eram quentes e por algum motivo não queria rejeitá-las, então apenas aceitou.

Nada mais foi dito.

xxx

— Você precisava ver! Ele gritava pior que uma mocinha. – Mark contava a experiência cheia de gargalhadas, enquanto Jackson parecia uma criança emburrada em seu canto.

— Eu nunca soube lidar com escuro e nem com a Samara! – Dessa vez todos riram, com exceção de Jackson. – Isso é bullying.

— Manda chamar o Ibama.

— Isso me ofende! – Bambam voltou a dar de ombros.

Ele ficou feliz de ninguém ter percebido o quão estranho havia ficado o clima entre ele e seu professor.

Junior não quis soltar sua mão até a hora em que saíram de dentro daquele show dos horrores, o que, por ventura, ocasionou numa aura estranha envolvendo ambos. Talvez fosse porque estavam sem jeito, sem o que dizer. Mas era melhor que ficassem separados.

Mas, infelizmente, querer não era poder.

— Eu não posso ir com o Mark hyung? Por que você tem de ir com ele? Eu posso ir com você, se quiser! – O ruivo choramingou ao lado de Jackson que agora era quem ria da situação. – Jackson, eu não quero ir com ele. Você sabe!!

— Eu sei, mas isso é pra você aprender a não ficar me zoando todas as vezes em que saímos!

— Deus, era brincadeira! Por que você leva isso tão à sério?

— Fere a minha moral.

— Que moral?

— Viu? Viu?! Você vai com ele e parar de resmungar feito uma criança. – Bambam suspirou. Jackson pagaria. – Agora presta atenção na fila, a gente vai estar na cabine atrás de vocês.

O que poderia sair de tão errado? Os dois estariam na cabine de uma roda gigante, sozinhos, observando o pôr do sol como duas pessoas normais fariam. Silenciosamente.

Mark não parecia interessado em ir primeiro, então eles acabaram ocupando a primeira cabine que pausou. O tailandês só pode respirar quando o brinquedo começou a subir novamente, enquanto Junior apenas o encarava. Eles realmente estavam numa situação constrangedora.

— O Sol fica bonito quando se põe, não? – Ele sabia que seu professor faria aquilo. Ele sabia que seu professor iria tentar aborda-lo de alguma forma. Foi por isso não se deu ao trabalho de responder. Era por isso que as coisas estavam erradas.

O menor dos dois ainda mantinha o olhar beirando o horizonte, tentando lembrar quando fora a última vez que havia posto seus olhos em algo tão bonito quanto aquele fim de tarde. Ao menos o mais velho tinha razão: Era lindo.

Um filme um pouco curto passou por sua cabeça, lembrando-se de tudo que havia acontecido e o que ele tinha agora para contar história que não fossem meras lembranças. Coisas que ele poderia a qualquer minuto esquecer e dizer que nunca havia tido a oportunidade de viver. Afinal, ele já não podia mais vivê-las e nem sequer senti-las. Queria ficar triste por aquilo, mas não conseguia, por alguma razão.

Seu rosto voltou ao de Junior, que logo notou o olhar por sobre sua silhueta, finalmente conseguindo ler aquele olhar tão enigmático. Era culpa.

— Eu não te odeio.

— Como é? – A situação precisava ser analisada. Estava fazendo aquilo por impulso.

— Eu não te odeio. Digo... Sério. Eu não odeio você. – Tomou um pouco de tempo pra respirar. – Você me irrita quase sempre, mas eu acho que é porquê... Eu tenho medo de você.

— Medo de mim? – Aquela era nova.

— Sim. Você tem uma representatividade muito diferente na minha vida, mas a culpa não é sua, eu acho. Talvez a sua culpa seja só de tentar ser intrometido e mandão demais.

— Eu ainda não entendo muito bem tudo o que você está me dizendo...

— Eu sei que não, eu só... Queria que você soubesse que eu não tenho nenhum sentimento ruim por você. Só quero te matar as vezes, mas passa rápido.

— Bem... É recíproco.

Dessa vez Bambam riu, tampando o sorriso com a destra. Junior sentiu-se mais uma vez vitorioso. Ele estava sorrindo por ele e para ele. Finalmente.

— Você ainda vai continuar sendo um chato comigo?

— Maybe...

— Isso foi bem vago.

— Eu sou vago, não é de repente que vou te dar todas as informações da minha vida.

— Mas poderia.

— Mas... Olha, você não ajuda! – O professor riu.

— Desculpe. – De alguma forma aquilo estava sendo encantador. E gostava.

Nenhum deles precisava de mais palavras, pois seus pensamentos estavam cheios de desejos e dúvidas diferentes. Bambam implorava pra que aquele céu bonito fosse o inicio de uma era nova enquanto Junior... Junior só desejava que aquele fosse o início de um aluno com comportamento novo.


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Notas finais do capítulo

E aí? Bambam todo mal por ter começado a gostar do irmão do Yugyeom, pobrezinho...
Só pra esclarecer, o Bambam é o mais novo entre eles e o maior. Pra não ficar tudo muito confuso.
Que venha agora o Senhor JB, que talvez entre no próximo cap. hehe
Espero comentários e bye! ♥



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