When Strangers Fall In Love escrita por Mothra


Capítulo 1
◆ But it feels so right —


Notas iniciais do capítulo

Dia dos namorados ao redor do mundo, e é claro que eu não deixaria essa data passar em branco. Apesar de ter dois projetos de AoMomo em aberto, quis postar essa oneshot separada por motivos de sim, e que o Nyah precisa ser inundado com fanfics do otp supremo, sempre.

Tive essa ideia ao olhar um prompt no tumblr (que é a minha nova casa) e imaginei trocentos desfechos para essa fic, mas preferi usar esse - embora pessoas queiram me matar por isso. [!] Acho que ficou um pouco ooc (principalmente o Daikilindo), mas resolvi postar mesmo assim porque eu amei escrever essa fic e trabalhei nela durante o final de semana inteiro, praticamente.

Para as lindas do Insanity, que surtam loucamente comigo com esse ship mais lindo do mundo. Boa leitura e espero que gostem! ♥



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Aomine Daiki não entendia aquele alvoroço por trás do dia de São Valentim. Sabia que era comemorado o dia dos namorados, mas era uma data tão superficial que causava náuseas. Era como se o dia fosse uma piada jocosa para ele; ele que havia saído de um relacionamento exatamente no dia 14 de fevereiro, anos atrás.

Traído, em pleno Valentine’s Day.

Preparava uma surpresa, mas fora presenteado.

Com um par de chifres.

Desde então, nunca mais confiou nas mulheres. Nas pessoas em geral. Mulheres eram problemáticas, e sua relação com elas tornou-se estritamente sexual. Quando sentia vontade de transar, simplesmente ia para algum dos bares em Tóquio e flertava até conseguir uma presa. A levava para um motel qualquer e a fodia até gozar.

Seu novo lema era pegar e não se apegar.

Mas nunca se sentia satisfeito. Era como se algo faltasse.

Nem mesmo sua carreira na polícia supria esse vazio. Nem mesmo seus amigos eram capazes de tal feito. Ouvira de Kise Ryota e de Kagami Taiga que deveria começar a sair com alguém, mas não estava interessado. Não havia ninguém que chamasse a atenção. Bem, até aquele dia.

Estava num bar temático, no centro. Aquele parecia ser um refúgio para aqueles que queriam fugir do clima romântico e apaixonante do dia dos namorados, onde as ruas e vitrines de loja eram decorados com corações vermelhos e outras besteiras do tipo. Daiki estava de folga e não se permitiu ficar em casa. Não era uma data fatídica que o impediria de se divertir, afinal, já havia superado.

No mesmo bar, no balcão, havia uma mulher de madeixas rosadas, com uma long-neck verde de cerveja pela metade. Sua atenção estava toda direcionada a uma televisão de 50 polegadas que pendia da parede alguns metros a diante. Os dedos finos apertavam a garrafa, aparentemente descontente com o resultado atual.

Momoi Satsuki assistia a uma partida de basquete da NBA, San Antonio Spurs contra Cleveland Cavaliers e estava exaltada. Era uma torcedora fervorosa dos Spurs e até terceiro período, os Cavaliers estavam levando a melhor. Virou o restante da cerveja e bateu com a garrafa na madeira do balcão e pediu por outra, sendo rapidamente atendida.

Tudo o que ela queria para aquele dia era encher a cara e ver seu time vencer. Talvez iria para uma casa noturna mais tarde. Talvez fosse para a cama com o primeiro que lhe cantasse. Simplesmente repudiava o dia dos namorados, já que fora recentemente deixada. Namorava Imayoshi Shoichi há três anos e quando questionou se finalmente morariam juntos e se casariam, ele caiu fora.

Já era de se esperar que não fosse uma mulher para casar.

Nem ao menos cozinhar ela sabia.

E a pressão que dia dos namorados impunha era algo realmente desagradável de suportar. Não é como se ela precisasse de um homem para ser feliz, e não precisava. Valentine’s Day era apenas uma data comercial, por que se deixar levar por algo tão superficial? Por isso ela estava ali, bebendo como se fosse uma noite normal – e de fato era. Homens eram imprestáveis e ela não precisava de nenhum deles. Bom, até alguns minutos depois.

Aomine, após circular pelo bar para conferir o movimento, se dirigiu ao balcão e também pediu por uma cerveja, uma long-neck marrom. Ergueu os olhos para a enorme TV, e viu que era uma partida de basquete. Lembrou-se que não havia acompanhado os playoffs, já que se ocupava com horas extras no distrito policial em que trabalhava. O jogo estava acirrado e aquilo despertou seu interesse; Spurs estava jogando muito bem, mas os Cavaliers não abriam espaço para que eles avançassem na defesa e marcasse alguns pontos.

A resposta era clara.

Eles têm que atacar de fora do garrafão. – as vozes soaram em uníssono.

Aomine e Momoi se viraram para o outro ao mesmo tempo. O moreno não escondeu a surpresa ao ver que se tratava de uma mulher. Satsuki simplesmente sorriu.

— Exatamente. – Satsuki sorveu um generoso gole de cerveja. – Só com arremessos à distância para recuperarem os pontos.

— Ou com uma infiltração. – a respondeu de imediato. – Mas a defesa dos Cavaliers não deixa brechas.

— Apesar do armador não ser tão bom. – completou, alternando seu olhar entre o moreno e a TV.

— É mesmo. – Aomine tomou outro gole. – Tá torcendo por quem?

— Spurs, claro! – proferiu, rindo. – E você?

— Spurs também. – bebeu outra vez. – Apesar de não ter acompanhado a temporada.

Suas bebidas acabaram e eles pediram mais enquanto conversavam sobre basquete e sobre outros times da liga. Aomine estava impressionado com os comentários fluídos que vinham dos lábios dela, ela realmente entendia do esporte. Fazia tempo que não tinha uma conversa de verdade com uma mulher, e isso era uma novidade.

Então um silêncio abrupto instalou-se entre os dois, apesar do som exorbitante das vozes de outras pessoas que estavam ali para beber, jogar sinuca ou em caça-níqueis. E de repente, ambos ficaram apreensivos, eram os minutos finais da partida e finalmente os Spurs estavam pressionando os Cavaliers e essa pressão fez o ritmo do jogo ser quebrado, assim como a defesa de Cleveland.

— Vai Spurs! – berrou o moreno, empolgado.

Satsuki se levantou do banco apenas para gritar.

— Enterra, Duncan!

Então o ala-pivô e também capitão do San Antonio Spurs recebeu o passe dado pelo armador que driblou a defesa e saltou em direção à cesta, enfiando a bola no aro numa enterrada linda que era digna de melhor cesta do ano. O bar foi à loucura, todos gritavam e comemoraram, agora que o jogo tinha chegado ao fim. E com a vitória do time favorito da NBA.

Tiveram que brindar.

— Aos Spurs! – Satsuki ergueu sua long-neck de Heineken em direção à de Budweiser dele.

Aomine encostou sua garrafa na dela, num inaudível tilintar de vidros.

— Aos Spurs. – acenou com a garrafa e tomou um longo gole.

Enquanto ela virava sua própria garrafa, Daiki teve a oportunidade de observá-la. E a primeira coisa que notou foram os seios grandes; o par vultoso de carne que parecia prestes a saltar para fora naquele decote ousado da regata branca, apesar de usar uma jaqueta que só não era mais rosa que seus cabelos. E olhos. Ele não se lembrava de ter visto olhos tão lindos, ou um rosto tão gracioso. Nem lábios tão convidativos quanto os dela, tão cheios que tinha de prova-los.

Satsuki também fazia sua própria análise sobre ele. O tom escuro da pele alheia a fascinava, bem como os fios azulados e os olhos da mesma cor. Mas tinha algo nos olhos dele que a hipnotizava, ela não sabia dizer o que era, apenas se sentia atraída sim porque ele era muito atraente. Era alto, de ombros largos e pescoço grosso. Ainda que não pudesse ver, sabia que era musculoso. Parecia ter uma boa pegada.

— A propósito, sou Aomine Daiki. – estendeu a mão para ela.

— Momoi Satsuki. – apertou a mão dele. – Mas pode me chamar de Satsuki.

— Só se você me chamar de Daiki.

— Que tal Dai-chan?  - o encarou com um sorriso zombeteiro.

Daiki a olhou confuso, tentando entender o apelido, mas algo o dizia que gostaria de ser chamado assim, apenas por ela.

— Dai-chan? – repetiu.

— Sim, tipo um apelido. – redarguiu. – Gosto de chamar as pessoas por apelidos.

— É, não é tão ruim. – disse, com um sorriso convencido.

Então recebeu o primeiro dos costumeiros socos que sempre levaria ao falar algo que a contrariava. O punho fechado dela o atingiu no braço, mas sem força alguma.

— Ei!

— Meus apelidos são todos bons. – bufou.

Ele achou aquilo uma graça.

Satsuki estava gostando de conversar com ele, o moreno não aparentava ser estúpido quanto os homens geralmente eram. Daiki, por sua vez, viu-se querendo conhecê-la melhor. Mas aquele não era um lugar para isso. Até porque estava tocando música e aquilo tornava a comunicação praticamente impossível. Sinalizou com o indicador para que ela se aproximasse e quando ela o fez, levou seus lábios até a orelha dela.

— Mal dá para conversar aqui. – por mais que falasse alto, sua voz soava como um sussurro. – Quer ir para outro lugar?

Enquanto esperava resposta, Daiki se permitiu sentir o aroma que exalava dos cabelos rosados que desciam como cascatas de tão comprido. Aquela fragrância ficaria em sua memória para sempre, mas queria senti-la mais e mais vezes. Satsuki ponderou por alguns segundos, tentando conter os arrepios só de ouvir aquela voz grave e rouca dele e sua respiração quente tão perto de seu ouvido. Fez menção de falar, e ele virou o rosto.

— Conheço um café aqui perto... – disse, bem próxima a orelha dele. – Podemos ir para lá, se quiser.

Daiki assentiu com a cabeça.

Satsuki tomou a iniciativa e foi pagar a própria conta, embora o moreno insistisse em pagar. Quase começaram a brigar no caixa enquanto o atendente os advertia que tinha mais pessoas querendo pagar suas contas também. No fim, cada um pagou sua comanda.

— Você é teimosa. – constatou, com uma expressão carrancuda.

— Ah, você não viu nada. – retrucou, afiada, olhando-o de baixo.

Naquele momento Aomine percebeu que ela era baixinha. A diferença de altura entre eles eram de uns trinta centímetros, e apesar disso, ela sabia se impor. Algo o dizia que ela era implacável e intimidadora numa briga, talvez tivesse a sorte de descobrir.

Andaram duas quadras adiante e conversavam sobre trivialidades, até Satsuki se dar conta que tinham chegado à cafeteria. Era um estabelecimento modesto, com a fachada charmosa e delicada. Era uma mistura de café shop e pâtisserie e um dos locais que ela mais gostava de ir. Adentraram o lugar e viram que estava completamente decorado para o dia dos namorados, e que os clientes eram, em sua maioria, casais.

Momoi sentiu as bochechas esquentarem por um motivo, até então, desconhecido. Daiki achou aquilo, no mínimo, adorável.

— Desculpe... – sussurrou. – Tinha esquecido que era Valentine’s Day. Podemos ir para outr—

— Não. – a interrompeu. – Você falou tanto do café daqui, agora vou experimentar.

A deixou falando sozinha enquanto andava dentro da cafeteria, até escolher uma mesa perto de uma parede de vidro que dava para a rua. Satsuki apertou a alça da bolsa e respirou fundo, ele era apenas uma pessoa que tinha acabado de conhecer, não tinha razões para ficar tão afobada.

Era apenas um café, sem compromisso. Nada sério.

Tinha que manter isso em mente.

— O-oe! – acelerou o passo até alcança-lo, fazendo beicinho. – Me espera!

Daiki deu de ombros, enquanto tirava a jaqueta preta e a colocava no encosto da cadeira. Satsuki teve um vislumbre dos bíceps de músculos altivos e mordiscou o lábio inferior por um segundo, desejando ver o que a camiseta preta ocultava. Balançou a cabeça para se livrar de tais pensamentos, deixando a bolsa sobre a mesa e também tirou a jaqueta rosa, revelando a regata branca de tecido fino que mostrava nuances dos contornos rendados do sutiã.

Apesar dela não perceber, Aomine admirou aquele breve espetáculo. Regata branca e decotada, cabelos soltos e levemente bagunçados pelo vento, jeans justinho nas pernas, que só salientava as coxas grossas e o bumbum empinado... A visão de Satsuki era um convite para um deleite.

— Você é modelo? – tão absorto em seus devaneios, deixou a pergunta escapar.

Momoi o olhou num misto de surpresa e confusão.

— O quê? Eu? – deixou uma risadinha escapar. – Não. Apesar de ter um amigo que insiste para que eu faça um portfolio.

Sentiu-se idiota por ter feito tal pergunta. Já ela, sentiu-se lisonjeada com o elogio indireto. Não tardou em deixar a jaqueta no encosto da cadeira e então se sentou de frente para o moreno. Ficaram calados por alguns instantes, até ela surgir com um assunto.

— Sou uma professora recém-formada. – declarou, com um sorriso. – Começo como professora assistente em abril, no colégio Touou.

Agora entendia a aura intimidadora e autoritária que ela passava. Então aquela era a sua profissão, e mesmo não conhecendo-a muito bem, parecia ser adequado para ela.

— Combina com você. – disse, sem reservas.

Satsuki desviou o olhar com as bochechas suavemente enrubescidas.

— Obrigada. – sussurrou, colocando uma das mechas rosadas atrás da orelha.

Daiki achou aquele pequeno gesto gracioso. Como ela conseguia ser tão sexy e ao mesmo tempo tão fofa? Teria que descobrir. Ao notar que estava sendo observada, ergueu os orbes em direção aos dele, e se entreolharam, como se quisessem dizer ou fazer alguma coisa, mas não sabiam se deviam. Trocaram olhares por segundos, que pareceram uma eternidade, até surgir uma atendente. O clima foi momentaneamente quebrado.

— Boa noite, bem vindos ao Tsuchida Coffee Shop! – entoou a moça de sorriso fácil e voz animada enquanto os dois curvaram suas cabeças. – O casal deseja experimentar o nosso especial do dia dos namorados?

Satsuki simplesmente perdeu o ar dos pulmões ou apenas esqueceu-se de como respirava. Suas orelhas, assim como todo seu rosto, estavam completamente rubras e ardiam como se tivesse febre. Daiki também ficou brevemente embaraçado, virando o rosto de lado apenas para disfarçar o quanto aquela pergunta também o afetara. A atendente ainda sorria enquanto aguardava o pedido deles.

— Nós... Não... Somos... – balbuciou, com a voz vacilante e com as mãos trêmulas sobre o colo.

O moreno alternou seu olhar entre Momoi e a atendente.

— O que vem nesse especial? – indagou displicentemente.

Satsuki arregalou os olhos, enquanto a atendente falava o cardápio e as coisas contidas no tal especial. Depois, suspirou aliviada. Aparentemente, ele não ligava com o fato deles serem confundidos com um casal de namorados. Aliás, era de se esperar que fossem confundidos, afinal, era Valentine’s Day. Respirou fundo e se acalmou.

Depois que a garçonete saiu com o pedido, Aomine se pegou fitando-a com um olhar inquisidor.

— Foi tão ruim ser confundida como minha namorada, Satsuki? – perguntou, sem tirar os olhos dela.

— Claro que não! – foi rápida na resposta, usando as mãos para gesticular. – Eu achei que você não fosse gostar...

O moreno riu. Quem é o louco que não gostaria de ser o namorado dela? Com certeza era alguém com problemas mentais. A entrada não demorou a vir, dois copos de água com gás lacradas e duas xícaras de café com cookies, devidamente servidas enquanto o restante do pedido era providenciado.

— Então, Daiki... – disse, retirando o lacre do copo. – Me fale mais sobre você.

Aomine ignorou a água com gás e foi direto para o café. Satsuki rolou os olhos ao ver a cena, definitivamente, teria que ensiná-lo a apreciar a bebida adequadamente. Queria ensiná-lo muitas coisas, na verdade.

— O que você quer saber? – apesar do tom evasivo, queria que ela perguntasse.

— Hm...

Ponderou por alguns instantes.

— O que você faz da vida? – disse, por fim.

Daiki a olhou e conseguiu ver que ela não perguntava por perguntar e sim porque realmente estava interessada em saber. Se fosse qualquer outra mulher, ele simplesmente mudaria o foco da conversa. Mas Satsuki não era qualquer mulher; algo o dizia que ela era a mulher.

— Sou oficial da Polícia Metropolitana de Tóquio. – respondeu de bom grado, até.

— Você é um policial?! – admirou-se. – Com farda e tudo?!

Daiki assentiu, e mais do que nunca precisou da água que estava sobre a mesa. Bebeu alguns goles enquanto tentava, desesperadamente, não imaginá-lo com o uniforme. Pegou um cubinho de açúcar e jogou na xícara, usando a colher de chá para misturar até derreter por completo.

— Quer dizer que se eu for uma menina má... Você vai me prender, oficial Aomine? – usou de um tom sedutor e lambeu a colher de um jeito sugestivo apenas para provoca-lo.

O moreno ficou atônito por segundos. Ouvir aquela frase com aquele timbre provocativo e o gesto quase o fez perder a cabeça e puxá-la por cima da mesa apenas para roubar um beijo daqueles lábios irresistíveis. Pensou realmente em fazer isso, mas seu pensamento foi interrompido pela risada dela.

— Aposto que recebe várias cantadas assim. Não é? – tomou gole generoso do café.

Aquilo foi como um balde de água fria para Daiki, mas as palavras dela ecoavam em sua cabeça. Ela tinha razão ao afirmar que ele ouvia aquele tipo de comentário sempre que falava de sua profissão, mas nenhuma vez viu-se tão provocado como havia sido agora. Tinha sorte por ter autocontrole.

— Tem razão. – confirmou. Levou uma das mãos até a dela que estava sobre a mesa e a tocou superficialmente. Olhou diretamente nos orbes róseos, e deixou seu timbre rouco e grave fazer o resto. – Mas aposto que há várias coisas que você pode me ensinar, sensei...

Satsuki sentiu a mão tocada por ele formigar; seu toque era extremamente quente e aconchegante, apesar do tom sensual em que lhe falava. Aquela entonação que causou um frio na barriga e que a deixou ainda mais apreensiva. Queria ouvir mais vezes, com certeza. Levaria aquele joguinho de sedução adiante, se ele não começasse a rir.

— Idiota. – fez beicinho, recuando a mão a contragosto.

— Qual é, você gostou que eu sei. – a afrontou com aquele sorriso convencido.

Cheio de si, arrogante até.

E principalmente, gostoso. Estava certo ao dizer que ela tinha gostado, mas não daria o braço a torcer admitindo isso. Assim como Daiki tinha dito mais cedo, ela era teimosa. E ele nem podia imaginar o quanto.

— Hmpf. – bufou, virando o rosto para o lado ao franzir o nariz.

Aomine a provocou mais algumas vezes e percebeu que ela se deixava levar facilmente. Era muito mais divertido assim. O restante do especial do dia dos namorados chegou eles degustaram juntos, mesmo o moreno não sendo tão aficionado por doces quanto Satsuki aparentava ser.

Passaram toda a madrugada juntos naquele café, estavam tão entretidos na companhia um do outro que sequer viram o passar das horas e que ambos tinham perdido os últimos trens da noite. Poderiam ter ido para qualquer lugar, mas preferiram ficar ali, naquele ambiente aconchegante, aproveitando as próximas horas que também passaram tão rapidamente que se recusavam a acreditar que já estava amanhecendo.

— Obrigado por terem escolhido o Tsuchida Coffee Shop para o encontro de Valentine’s Day de vocês! – três atendentes se curvaram e agradeciam, enquanto ambos saíam da cafeteria.

Satsuki corou novamente, mas riu do comentário idiota de Daiki. Ele dizia que essas pessoas não se importavam se as pessoas estavam se amando ou não, queriam apenas lucrar em cima do sentimentalismo alheio. Ela defendia a honra do romantismo e quase entabularam uma discussão quando chegaram à estação.

Era hora de se despedirem.

Embora quisessem passar mais horas conversando.

Alguém tinha que tomar a iniciativa.

— Bom... – começou, com um tom melancólico aqui. – Eu vou por aqui.

Olhou para ele. Ele também parecia não estar muito contente com o adeus.

— Foi um prazer te conhecer, Aomine Daiki. – sorriu, um sorriso iluminado e sincero.

Ao ver aquele sorriso, o moreno não sabia que, naquele momento, já estava apaixonado por ela. Ele, que jurara nunca mais se apaixonar. Nunca mais se entregar a alguém. Ele descobriria isso mais tarde, e talvez por esse motivo, não a deixou simplesmente ir.

— Espere. – disse, tateando os bolsos até retirar seu celular de um deles. – Me passa seu número.

O rosto de Momoi iluminou-se com a pergunta. Abriu a bolsa e a revirou em busca do próprio celular e quando o achou, o tomou em mãos e o trouxe para fora.

— Me passa o seu também! – pediu, com entusiasmo.

Trocaram contatos, com a promessa de que se veriam outra vez. Estavam se despedindo, mas algo estava faltando. Ficaram segundos se entreolhando em silêncio, como se não quisessem deixar o outro ir. Aomine tomou a dianteira novamente, dando um passo para frente.

Satsuki não recuou.

Embora pudesse presumir o que estava prestes a acontecer, mas não imaginava que fosse acontecer. O moreno não pediu permissão, pois sabia que ela estava tão desejosa por aquilo quanto ele estava. Não forçou, porque ela também se agarrou a ele quando a puxou pela cintura e tomou os lábios dela com os seus. Um beijo terno, a princípio. Que foi adquirindo intensidade conforme as línguas abriam espaço entre os lábios, e o abraço se tornava ainda mais apertado. Toques simples, que ateavam fogo à circulação. O contato cálido e quente que foi prolongado ao máximo que seus pulmões, e que foi cessado aos poucos.

— É assim que eu finalizo um encontro, Satsuki. – comentou, após seus lábios se apartarem dos dela.

Ela riu, lembrando-se de uma das conversas que tiveram durante a madrugada.

— Você é mesmo idiota, Daiki.

Idiota por você”, poderia dizer. Mas não disse. Tornaram a se beijar, agora mais brevemente. Teve que enxotá-lo, senão ele não teria tempo de descansar até o seu turno no distrito policial. Despediram-se, com aquela sensação gostosa no peito.

Sensação de estar apaixonado por alguém.

E por mais que ambos não quisessem um envolvimento com alguém, eles tinham conseguido mais do que isso. Um amor que duraria até o fim de seus dias. Estariam juntos no próximo dia dos namorados. E no próximo. E no outro.

“Essa é a noite, quando estranhos se apaixonam.

Não dá para explicar, mas parece tão certo...”


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Notas finais do capítulo

Que oneshot foi essa! Não esperava que fosse tão longa assim, mas gostei o resultado. Espero que vocês também tenham gostado e que deixem comentários, afinal, quero saber a opinião de vocês, sempre! Um beijo mais uma vez para as meninas do Insanity porque elas são lindas e poderosas, e mesmo sem perceber, me incentivaram a escrever isso aqui até o fim. Enfim, é isso. Aguardo vocês nos comentários e beijos apimentados! Até a próxima, meus amores. ♥