A Última Gravação escrita por Lucas Temen


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Fiz essa one porque me animei com o tema proposto pelo grupo "Café com Letra". Fiz super hiper mega rápido? Talvez. Mas enfim, boa leitura ♥



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"Olá, meu nome é Fernando. Estou gravando isto, pois coisas estranhas começaram a acontecer, recentemente, aqui na casa de praia do meu tio Carlos. Estou na sala, mas nada..."

— Filho! — gritou Stella, minha mãe, interrompendo minha gravação. — Acordado a uma hora dessas?

Engoli em seco, desliguei o gravador e me levantei. Os olhos dela pareciam estar vermelhos de tanto ódio que me olhava, eu apenas sorri meio sem graça para a mulher de cabelos negros e pele tão pálida que parecia com a de uma albina, então cruzei meus dedos atrás de mim. Tomara que a sorte esteja em meu favor. Pensei.

— Desculpa, mamãe. Vou dormir — disse e saí, então subi rapidamente as escadas da casa e adentrei ao quarto que eu estava dormindo, enquanto passava os dias lá.

Liguei o gravador novamente comecei a falar.

"Estou no quarto. Por enquanto, tudo está bem. As paredes não ficaram gosmentas e pretas como no dia anterior e não vejo ninguém atrás de mim no espelhinho virado para a cama. Boa noite, telespectadores, espero que nada me perturbe esta noite."

Desde meu aniversário de oito anos que eu tinha o gravador em minhas mãos. Foi um presente inútil no começo, mas depois, comecei a gravar toda a minha vida naquele troço velho e sujo.

Meu pai me deu o gravador e morreu uma semana depois, quando comecei a gravar todos os momentos de tristeza ou pânico em minha vida.

Nunca gostei da casa de meu tio, irmão de minha mãe. Ela era assombrada, mas, sempre que eu dizia isto, nunca acreditavam em mim. Decidi gravar os momentos que eu estava passando naquela casa, talvez alguém pudesse ouvir algum dia e descobrir tudo o que aquela casa escondia.

Acordei no dia seguinte e fui direto para a mesa do café, lá estava minha mãe, meu tio e minha prima Andressa. Andressa era uma menina loira, patricinha e tinha quatorze ou quinze anos, eu realmente não me lembrava.

— Fernando, acorda pra vida e me passa a manteiga! — disse ela, me tirando dos devaneios normais que toda criança tinha.

Peguei a manteiga e entreguei a ela, que me fitava com desprezo.

— Menino imprestável — Ela sussurrou e eu ouvi.

— Cala a boca! — gritei. Minha mãe apenas me fitou irritada e pensei que seria melhor ficar quieto diante a situação.

— Stella, vou pro jardim cuidar de algumas plantas. Você vem? — Tio Carlos chamou e minha mãe assentiu com a cabeça.

Fui para a sala e Andressa me seguiu. O que essa menina quer? Eu pensei, então me sentei no sofá, peguei meu gravador e comecei a gravar.

"Não aconteceu nada hoje à noite, graças a Deus."

— Garoto, você tem doença? — perguntou Andressa no meio da gravação. — Essa casa não é mal assombrada, vê se cresce!

Pensei no que eu vi quando cheguei naquela casa: um livro com certas frases em latim. Uma delas me fazia ver o que eu não queria, os monstros; então fui em busca do livro pela sala.

— O que está procurando?

— Um livro, quero ler alguma coisa. — Eu disse. O gravador ainda estava ligado e, pelo visto, Andressa percebeu.

— Por que tá gravando nossa conversa?

Encontrei o livro em cima de uma pequena mesa de madeira. Ele possuía capa de couro marrom e um desenho de um pentagrama invertido na capa. Abri na página trezentos e sete, fui até o sofá, peguei o gravador e li a frase.

"Pro me non piget, ut video, non est verum." E repeti mais duas vezes. "Pro me non piget, ut video, non est verum. Pro me non piget, ut video, non est verum"

— Você tem problemas mentais, garoto. Quer parar de falar porcaria? — Andressa disse, então foi puxada pelos cabelos para o alto. Seus gritos de desespero eram como ouvir o som da paz em meus ouvidos.

Eu apenas ria. Ria da desgraçada e seu sofrimento, então repeti mais uma vez.

"Pro me non piget, ut video, non est verum."

Os cabelos de Andressa foram soltos, então uma criança de pele branca, asiática e olhos totalmente pretos apareceu atrás dela.

— Monstros não existem, Andressa? — perguntei, então a criança pegou no pescoço da garota, a sufocando em seguida. Eu apenas ria, desejando ainda mais a morte daquela menina tão desprezível.

Minutos depois, ela estava caída no sofá, morta. Então a ficha caiu... Eu comandei o monstro, eu quis que ele matasse Andressa. Então, — involuntariamente — eu era o monstro.

Corri. Queria estar no quarto, antes que desconfiassem de qualquer coisa.

"Acabei de presenciar a morte de minha prima, estou subindo as escadas, estou com medo e..."

Senti um empurrão em minha barriga e caí da escada, então gritei desesperadamente. Vi aquela criança no lugar de onde fui empurrado e foi a última coisa de que me lembrei, antes de bater com a cabeça no penúltimo degrau e morrer de imediato.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido a leitura.
Deixem seus comentários! Ajudariam muito, mesmo sendo críticas construtivas.
Agradeço pela leitura se você chegou até aqui. Beijinhos de luz (ou de trevas, quem sabe) ♥