Em Dias de Chuva escrita por Anny Taisho


Capítulo 1
Em dias de chuva




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Em dias de chuva

Maldita hora em que resolveu ir para casa a pé. Agora estava em casa doente, sozinha e com uma raiva descomunal do “querido” chefe. [Royai]

Capítulo Único

Mais uma vez no gabinete do coronel Roy Mustang uma cena se repetia. Roy debruçado sobre a papelada enquanto Riza, que já terminara o serviço, estava sentada com seu olhar inquisidor.

- Suspirar não vai fazer a papelada se assinar, Taisa.

- O serviço tem que estar pronto até às sete da manhã, - ele olha as horas – Ainda tenho doze horas para terminá-lo.

- Mas eu não tenho a noite inteira para ficar aqui.

- E alguém por acaso pediu a sua ajuda, ou melhor, supervisão? O expediente acabou, vá para casa.

- Assim que eu desse as costas o senhor iria fugir.

- Sou eu quem vai levar se os papéis não ficarem prontos.

Naquele instante, Riza se enfureceu. Ela perdia noites e noites de sono obrigando-o a fazer o trabalho para que o próprio não fosse prejudicado e ele ainda tinha a petulância de insinuar que não precisava dela??

Se queria assim, assim seria. Iria para casa dormir e se a papelada não ficasse pronta seria ele que levaria a bronca do Hakuro mesmo.

- Boa noite, taisa.

A loura bateu o pé no chão enquanto vestia o casaco negro.

- Onde você vai?

- Para casa, o senhor que faça o que bem entender.

Roy suspirou fundo. Gostava das horas extra porque ficavam sozinhos, mas odiava o mau humor que elas deixavam. Não queria ter falado todas aquelas coisas, algumas foram apenas para provocação até.

- Eu vou embora se você não ficar aqui.

- O meu serviço está feito e reportado ao meu superior direto. Já o do senhor não, então fique a vontade para ouvir o sermão do General Hakuro.

A loura deu as costas e saiu. Iria para casa a pé, queria relaxar um pouco. A caminhada de oito quadras não lhe faria mal. Assim que saiu do quartel, viu que algumas nuvens negras pairavam sobre  a cidade.

Logo um temporal cairia, visto que as nuvens estavam baixas. Rezava para que nenhuma missão de campo aparecesse, era irritante ter que cuidar de si própria e de Roy.

Aquele irresponsável.

Não sabia como tinha chegado a patente de Coronel sendo tão negligente. Apressou o passo ao olhar mais uma vez para cima, não queria pegar uma chuva ainda seis quadras longe de casa.

Mas a sorte não parecia estar com ela e o temporal começou a desabar com toda sua força e água.

Foram longas seis quadras tomando chuva forte, maldito Coronel, se tivesse saído na hora certa estaria quentinha em casa debaixo das cobertas.

A mulher abriu os olhos procurando a luminosidade que deveria invadir o quarto juntamente com o som do despertador que a acordara.

Mas ao olhar para o lado constatou que uma tempestade ainda caia. Na noite anterior não tinha fechado as cortinas, estava cansada demais e tudo o que fizera foi tomar um banho quente.

Tentou levantar o corpo sem muito sucesso. Tudo parecia estar doendo. As articulações pareciam empedradas e doendo com qualquer movimento feito. As costas pareciam que tinham sido pisoteadas por uma manada de elefantes. E a cabeça... Preferia não fazer comparações.

Sentou-se a beirada da cama e assim que encostou os pés sobre o chão sentiu calafrios que não ajudaram a ficar em pé. Não sentia as pernas firmes.

Caminhou com muita dificuldade até o banheiro, estava horrível. O nariz estava vermelho, e aquela expressão de doença estava estampada na testa.

Deu uma longa fungada e sentiu que respirar estava muito mais complicado do que deveria. Não acreditava no que estava acontecendo. Não podia estar doente. Odiava ficar doente. Odiava médicos e hospitais.

Só fazia o necessário nesse campo.

Lavou o rosto com água da torneira e sentiu calafrios devido a temperatura da água. Mas não podia ficar em casa, era dia de inspeção.

Suspirou, teria que trabalhar de qualquer jeito.

Com a garganta apertada, tudo o que tomou foi um chá. Esse que não tinha gosto nenhum.

Quando estava trancando a porta, encontrou o vizinho: Kevin.

Era um cara de pouco mais de trinta anos que estava terminando a especialização... Não lembrava a área da medicina, mas era algo incomum.

Tinha os olhos verdes, uma pele lisa e clara e os cabelos eram loiros. O perfume era inebriante e ela tinha quase certeza de que era o cheiro dele mesmo, algum tipo de ferômonio...

Tinha um porte levemente atlético de quem praticava esportes suficientes para se manter em muito boa forma.

Já tinham tomado um drink uma vez, mas com toda aquela coisa dela estar sempre trabalhando e ele também, não ajudou na existência de um segundo encontro.

- Riza!

- Olá, Kevin... – disse ela com aquela horrível voz anasalada –

- O que foi? Parece gripada.

- Acho que tomei um pouco de chuva ontem. – ela sorria sem graça –

- Hum... Um pouco? Se você tomou chuva ontem e já está assim, resumo que tenha tomado mais que um pouquinho de chuva. Deveria ficar em casa.

- Eu não posso. Tem inspeção hoje.

- Não quero saber, Riza, você vai ficar em casa. Eu vou te examinar, receitar alguma coisa, fazer um atestado e ponto.

Kevin a empurrava porta a dentro de casa.

- Kevin!!!

- Que tipo de médico vão achar que eu sou se descobrirem que deixei minha vizinha sem assistência?

- Eu não sou sua paciente.

- Ainda bem, porque se fosse assim você estaria em estado terminal. Mas isso não importa, eu posso muito bem impedir que essa sua gripe vire uma pneumonia.

Depois um exame rápido, Kevin fez Riza se trocar e ir para cama. Ela ligou para a farmácia e pediu os remédios receitados. Agora ele terminava de preencher o atestado médico.

- Três dias?? Eu não posso mesmo ficar três dias sem aparecer no quartel!

- Não seja teimosa, quer ter uma pneumonia? Creio que não. Então que tal relaxar e ver uns filmes, ler algum livro...

- Aquele gabinete vai virar um pandemônio.

- Eles vão sobreviver. Agora como faço para mandar esse atestado?

- A Scieska cuida disso para mim, vou ligar para ela para que ela abra a pasta e depois entrego o atestado.

- Scieska? Tudo bem, eu levou lá e falo com ela.

- Não precisa, Kevin! Você não tem que fazer isso.

- Eu quero ter certeza de que você não vai tomar os remédios e ir para lá assim que eu der as costas.

- Yare, yare... Na recepção, diga que ela é a secretária do tenente-coronel Hughes. Eles vão chamá-la e eu vou ligar agora para avisar.

- Prontinho. Agora nada de estripulias. Mais tarde venho te ver.

- Não é mesmo necessário. Eu agradeço muito, mas não quero que fique se incomodando.

- Não é incômodo. Bom dia e fique comportada.

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Aquela sala estava um pandemônio, os rapazes estavam loucamente tirando tudo o que pudesse ser visto como incompatível  ao ambiente de trabalho. O que incluía: Revistas pornográficas, garrafas de alguma bebidas, cigarros – esses que eram do Havoc – lixo que se acumulara nas gavetas... E etc.

Toc Toc

- Com licença, Taisa.

- O que foi? O Hakuro já está vindo?? Mas ainda é cedo!! Ele não iria aparecer só depois das duas?

A morena riu do desespero dos rapazes.

- Calma, Taisa, o general ainda está na ala Sul do quartel e eu ouvi dizer que está de bom humor.

- Ufa! Pelo menos isso!

- Certo. – Roy estendeu o olhar a mesa de Riza – Por favor, Scieska, ligue para a tenente Hawkeye e descubra porque ela ainda não está aqui.

- Sobre isso, Taisa. – ela colocou a pasta sobre a mesa dele – Aqui está o atestado médico da tenente Riza. O médico dela veio trazer, parece que ela tomou a maior chuva ontem e está muito gripada. Não pode sair da cama.

- COMO É QUE É?

- Isso o que o senhor ouviu.

- Mas não pode!! Ela não pode ter ficado gripada em menos de vinte e quatro horas.

- Se ela tomou a chuva de ontem, Taisa, não acho tão difícil.

- Mas que droga!!! Como isso pôde acontecer logo hoje!! Ela não podia ter ficado doente amanhã? Ou sei lá, na semana que vem!!

- Eu não sei, Taisa. – ela começou sair – Mas o senhor deveria ter um pouco mais de consideração, ela não ficou doente porque quis e depois de tantas horas extras que fez, ela já deve ter cumprido a carga horária anual de trabalho. Mas isso é só minha opinião.

A morena saiu e todos ficaram olhando para o Mustang.

- O que estão olhando em??? Perderam alguma coisa aqui?

- I..Iie!

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Riza estava na sala enrolada no edredom comendo brigadeiro de panela e vendo um bom filme. A chuva ainda caia do lado de fora, mas de forma mais branda.

Ao seu lado havia uma caixa de lenços e no chão uma latinha de lixo para jogá-los. Os remédios estavam na mesinha do telefone juntamente com uma jarra de água e um copo.

Estava ainda com seu pijama branco de bolas vermelhas, um short e uma blusinha de cetim e usava uma meia bem acima do joelho branca de bolinhas vermelhas, era bem fofinha, mas com certeza nada atraente.

Pena que o chocolate não tinha o mesmo gosto, ou melhor, quase não tinha gosto.

Já passava das cinco e aquela hora a inspeção já acabara e todos já deveriam ter sido dispensados e se nenhuma ligação desesperada tinha sido feita, a coisa deveria ter ido bem.

Quando a campainha tocou, ela não conseguiu imaginar quem seria e devia ser alguém conhecido, para o interfone não ter tocado. Sentiu uma preguiça tão grande de ter que sair do conforto das cobertas.

Suspirou da melhor maneira possível e colocou um robie para cobrir o pijama de bolinhas. Era branco e só não podia ser um conjunto por não ser de bolinhas.

- Kevin?

- Oi, como vai minha paciente favorita?

- Eu vou bem, mas você não deveria estar no hospital.

- Meu chefe me exportou para casa, eu tinha trabalhado 72 horas e voltei antes de cumprir as 24 horas de descanso.

- E eu achando que trabalho demais... – a loura deu uma meia risada – Entre.

- Você trabalha demais.

- Mas minha desculpa não é tão nobre quanto salvar vidas. Sente-se. - ela puxou a coberta para abrir espaço no sofá – Quer um chá?

- Bem, manter a ordem e a segurança também é uma maneira de salvar vidas... E não é isso que teoricamente o exército faz?

- Teoricamente falando... Mas e o chá?

- Não se incomode comigo. E sua febre, como está?

- Melhor, eu acho. Vamos a cozinha.

Assim que Riza ele notou as meias. Eram bonitinhas.

- Belas meias.

Riza corou um pouco. Agora com toda certeza não passariam de bons amigos. Depois de vê-la passando mal, super gripada, mais pálida que qualquer ser humano normal e com aquelas meias que pareciam de criança...

Não que Riza tivesse qualquer intenção amorosa com o vizinho. Mas gostava muito dele, era gentil, estava sempre sorrindo, era bonito e agora que tinha cuidado dela tinha ganhado outros pontinhos.

E talvez algo com ele fosse o que precisasse. Seria um relacionamento sem cobranças demais, afinal, os dois sempre estariam muito ocupados.

E ela não era feia, ao olhar para o espelho costumava achar que achava para o gasto. Apesar de já ter ouvido das amigas que estava MUITO melhor que isso.

- Obrigada...

- Olha, eu sei que pode soar estranho, mas o meu convite para sairmos um dia desses para tomar um drink está de pé.

- Jura? Pensei que depois de me ver acabada desse jeito tinha oficialmente esquecido esse convite.

Ele riu enquanto segurava a xícara perto dos lábios.

- Riza, eu sou médico, você acha que uma garota com gripe me assusta?

- Sei lá... Mas acho que esse tipo de coisa só devia acontecer depois de muitos encontros. Eu não tinha que estar sempre bem por enquanto?

A loura levou um dos lenços ao nariz vermelho.

- Você está ótima, talvez, um pouco gripada.

- Talvez? Eu acho que estou mais que um pouco gripada.

Conversaram um pouco, Kevin mediu a temperatura da loira outra vez e voltaram para a sala. Riza se embrenhou no meio das cobertas ainda sentada e ficaram falando até que a campainha tocou.

- Nossa! Duas visitas no mesmo dia?

Ela tira as meias e enfia em um dos vãos do sofá.

- Eu não quero que mais ninguém me veja com essas meias ridículas.

- Como quiser.

Riza caminhou até a porta e quando a abriu a face leve e descontraída sumiu passando a ser de susto. Roy estava bem ali na sua frente com um buquê de lírios.

- T... Taisa? Atchim!!

- Olá... Você está bem?

- Estou... Mas o que o senhor está fazendo aqui?

- Eu vim trazer essas flores como pedido de desculpas por ter te feito tomar aquela...

- Riza?

Kevin apareceu atrás de Riza.

- Ah, oi Kevin, esse aqui é o meu chefe, Roy Mustang.

- Olá, Kevin Wakabayash.

Os dois deram um aperto de mão e Riza pegou o buquê. Ficou uma espécie de silêncio estranho e constrangedor.

- Bem Riza, estou em casa caso precise. Não esqueça de tomar os remédios.

- Claro, Kevin. Muito obrigada.

O loiro sai e Riza convida Roy para entrar.

- Seu médico é seu vizinho?

- Ele não é meu médico, mas me ajudou, de manhã eu estava muito mal. Se não me engano a especialidade dele são cuidados com pacientes terminais que não tem chance de cura, a função dele é tentar tornar o final da vida dessas pessoas não tão ruim.

- Hum...

Riza colocou água em um vaso de cristal e o colocou sobre a mesa da cozinha. Encheu a chaleira e fez mais chá, em outra ocasião faria um café, mas com o paladar que estava o café não ficaria lá muito gostoso.

A loura serviu os dois.

- Se importa se formos para sala, eu estou com um pouco de frio.

- Não, claro que não. – ele pega a bandeja – Pode deixar que eu levo isso.

Riza sentou-se com as pernas de lado cobrindo-se até a cintura. Tirou um lenço da caixinha e assou o nariz. Aquela era uma situação que ela certamente preferia ter evitado.

- Desculpe o mau jeito, mas é que não estou muito bem mesmo.

- Não se desculpe, está doente e não tem culpa disso. Mas então, acha que vai ficar muito mais tempo de cama?

- Não se preocupe, até segunda o pior já vai ter passado. – ela toma um pouco do chá – Como foi a inspeção?

- Mesmo sem estar lá sua mesa foi a mais impecável.

Roy riu.

- Que bom... Algum dano?

- Não, conseguimos tirar toda a porcaria a tempo.

- Que bom e a papelada?

- Tudo feito, inclusive a sua.

- Como?

Riza ergueu uma das sobrancelhas.

- Os rapazes acharam que era uma maneira de mandar melhoras.

- Diga que agradeço, mas que não era necessário.

Roy viu que a televisão estava no mudo, Riza e o médico deveriam estar conversando animadamente antes de sua chegada.

O moreno realmente não gostou daquilo. Aquele vizinho tinha cara de quem queria brincar de médico com ela e isso causou uma certa reviravolta no estômago do Mustang.

Desde que Riza fora sua enfermeira tinha passado a olhá-la um pouco diferente o que consequentemente trouxe muita dor de cabeça, pois ela jamais lhe dera moral.

- Você parece bem... Amiga do seu vizinho.

- Não dizem que os vizinhos são os reais parentes, já que sabem tudo o que se passa com você antes da família?

A loura inclinou-se e colocou a xícara sobre a bandeja que estava sobre a mesinha de centro.

- Vendo assim...

- O Kevin é uma ótima pessoa, mas está sempre muito ocupado. Talvez seja por isso que não tenhamos tomado um segundo drink...

A mulher notou que tinha falado demais, Roy não precisava saber de sua vida pessoal.

- Ou talvez não fosse para ser. Já pensou que isso é um sinal?

- Não acredito nessas coisas, Taisa.

- Não estamos no quartel, eu agradeceria bastante se usasse meu nome.

- Costume.

Um silêncio estranho se instalou, só cortado pelos espirros e assoadas de nariz de Riza. Era engraçado ouvir a voz dela anasalada. E Roy podia notar a dificuldade dela em respirar.

O Mustang a viu estender a mão para a mesa do telefone pegando um comprimido que tão logo engoliu com a ajuda de um copo de água.

Não estava dando para segurar mais aquele clima, ou ele fazia alguma coisa, ou iria embora.

- Acho que é minha vez de retribuir o favor.

Roy aproximou-se levantando as pernas da jovem tenente e colocando-as sobre seu colo, fazendo com que ela viesse a encostar a cabeça em seu ombro.

- Roy...?!

- Shhhhh. Vamos ver televisão.

Roy sabia que assim que colocasse os pés para fora o vizinho iria vir tentar fazer o que estava fazendo no momento.

- O que você...?

- Eu não vou dar brecha para aquele médico vir querer dar aula de anatomia, então relaxa, eu não vou te morder.

O coronel estendeu as pernas preguiçosamente colocando-as sobre a mesinha e afundou mais o corpo no sofá. Fez um malabarismo qualquer tirando a jaqueta e jogando-a de lado.

Riza pensou em fazer algo a respeito, mas estava tão confortável e colocar Roy para fora daria trabalho demais. Não queria ter trabalho e muito menos sair do conforto do calor da coberta.

Ficar gripada talvez não fosse tão ruim assim.

Fim!

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Oie gente, sabe como é, apesar de ter um mote de fcs para fazer eu parei para fazer uma one!!
Espero que gostem e comentem!!!
Façam como os biscoitinhos, deixem reviwes!!!
Amu vcssssssssssss



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