Lydia Martin

O barulho da caneta se colidindo com a mesa em um ritmo frenético era a única coisa que ainda me mantinha na sala, apesar de sentir alguns pares de olhos sobre mim, e eu sabia exatamente de quem eram. Scott estava sentado atrás de mim, em quanto de volta e meia o via olhando diretamente para as minhas costas. Já Stiles nem ao menos tentava disfarçar, ele estava sentado na cadeira ao meu lado, e não tirava os olhos de mim por um segundo, como se eu fosse uma bomba, prestes a explodir.

O zumbido incomodava os meus ouvidos, mas o que incomodava ainda mais era não saber o que significavam. Durante uma boa parte da noite eu havia pensado sobre isso, e teria de descobrir o mais rápido possível, antes que fosse tarde.

Os novos irmãos ainda não haviam dado sinal de vida pela escola, o que deu a Scott mais certeza ainda de que tinha algo errado com eles. Não me preocupei com isso, tinha que me concentrar nos zumbidos e fazer minha parte em relação a isso.

Pensei em Allison.

Pensei em Chris Argent.

Pensei em Isaac ...

Algo ruim aconteceu dentro de mim, como se meu coração tivesse diminuído.

Arfei em desespero.

— Lydia? – a professora chamou. – Você está bem?

Engoli seco, ainda sem piscar. Precisava achar Isaac e saber se ele realmente tinha algo haver com essa historia. Olhei para o lado e Stiles tinha o cenho franzido e quase levantava da cadeira. A respiração de Scott se tornou ainda mais próxima, fazendo com que eu sentisse-a bater em meu pescoço.

— Não – falei piscando. – Preciso ir até a enfermaria.

— Claro – ela disse. – Danny, pode acompanha-la?

— Não. – eu e Stiles falamos ao mesmo tempo, atraindo a atenção de todos. Ele já estava de pé.

— Prefiro que Stiles vá. – falei, e ela franziu o cenho.

— Tudo bem – riu brevemente. – Podem ir.

Um barulho estrondoso se sobressaiu logo atrás de mim, atraindo total atenção para Scott, em quanto eu e Stiles guardávamos o material.

— Stiles é meio desastrado. – o alfa disse coçando a cabeça.

— Valeu cara. – Stiles disse o interrompendo.

— Ele não faz nada sem mim, então ... – completou.

— Não posso deixar que os três saiam da sala. – a professora disse estreitando os olhos.

— Nós precisamos. – falei me aproximando dela.

— A falta vai ser registrada. – alertou.

— Podemos lidar com isso – Stiles disse, me puxando para fora da sala. – Até mais.

Paramos os três no corredor vazio. Eu não sabia como dizer, até porque não tinha o que dizer, apenas sentia que precisava encontrar Isaac e que aqueles barulhos e gritos tinham algo relacionado a ele. Não teríamos muito tempo, isso era obvio. A quantidade de gritos hoje pela manhã deixou bem clara que seria hoje.

— O que foi, Lydia? – Scott perguntou, quebrando o silencio.

— Se imporiam em perder a prova de matemática? – eles negaram. – Ótimo, temos uma visita a fazer.

***

Não lembro em que momento topei a ideia de ir no velho Jipe de Stiles, mas estava arrependida disso. Eu estava prestes a roer as minhas unhas a cada sinaleira fechada. Não havia dito nada demais a eles, apenas que precisávamos ir até a casa dos Argent’s. Foi impossível conter o sorriso ao perceber que estávamos próximos a casa.

O Chris nos recebeu com um sorriso no rosto, mas ao mesmo tempo parecia surpreso.

— Lydia – cumprimentou, sorrindo. – Garotos.

— Oi – sorri amigavelmente. – Desculpa não ter ligado ou avisado.

— Tudo bem, eu disse que a casa sempre estaria de portas abertas pra você – ele disse, ainda na porta. – Não deveriam estar na escola?

— Deveríamos. – Scott disse.

— Não querem entrar? – perguntou.

— Não. – respondi rápido demais, atraindo atenções.

Já era estranho ficar na frente da casa sabendo que Allison não estava lá, e nem voltaria, se entrasse com certeza me causaria mais uma noite em claro. Um silencio constrangedor se estabeleceu no local e eu me senti no dever de quebra-lo, já que era a única pessoa que sabia o que realmente estávamos fazendo ali.

— O Isaac está ai? – perguntei, sabendo que os meninos me olharam ainda mais curiosos.

— Na verdade não – Chris respondeu triste. – Não o vejo desde o dia do enterro. Estamos dando um tempo um para o outro, é difícil.

— Eu sei. – suspirei.

— Chris? – uma voz chamou dentro da casa.

O garoto novo apareceu atrás do homem dentro da casa. Dei um passo para trás com os olhos arregalados esbarrando nos garotos. Eles deveriam estar tão assustados quanto eu. Não tinha noção do que ele fazia ali.

— Ei, Maison – Chris o cumprimentou. – Venha conhecer os amigos de Allison.

— Eu conheço. – o garoto sorriu, sombriamente me fazendo gelar.

— Maison é meu sobrinho – o pai da Allison explicou. – Ele e a irmã estão aqui pra não me deixarem tão sozinhos.

— Temos que ir. – falei rapidamente.

— Já? – Maison perguntou.

— Agora – olhei diretamente para o Chris. – Muito obrigada por nos receber.

— Volte mais vezes. – ele pediu e eu assenti.

Puxei os garotos comigo antes que a porta fosse fechada. Entramos no carro e seguimos até a casa do Stiles sem trocar nenhuma palavra, cada um perdido em seus pensamentos. Aquilo tudo estava se ligando na minha cabeça e eu precisava compartilhar. O zumbido continuava ali, eu ainda tentava entender o significado.

Nos acomodamos no quarto de Stiles e os dois não tiravam os olhos de mim.

— Lydia? – Stiles chamou.

— Hum.

— Pode nos dizer o que está acontecendo? – assenti.

— Hoje cedo, durante a aula, pensei em Isaac e eu não sei explicar o que senti – falei. – Precisava encontra-lo. O garoto, Maison, é parente da Allison, ou seja, um caçador.  Isaac está correndo perigo.

Precisávamos encontra-lo.