Lydia Martin  

— Qual é o seu problema? – Stiles perguntou, ainda parado em minha frente. – Por que está fazendo isso? Não sei se sabe, mas ... os Argent não caçam mais.

O garoto, Maison, ainda estava parado frente ao frízer com seu sorriso irritante e diabólico nos lábios, mas o meu olhar ainda estava preso atrás de si. Eu quase podia sentir o frio que estava dentro do aparelho domestico. Ouvimos algumas batidas vindo de lá, antes que o caçador nos desse uma resposta, seu sorriso aumentou.

— Allison, Christopher e Kate não caçam mais nessa região – ele disse. – Eu nunca prometi nada. Você e os seus amigos tem feito muitos estragos por aqui.

— Todas essas mortes? – Stiles questionou, tremendo a minha frente, ele também estava nervoso. – Nós não matamos ninguém.

— Podem não ter matado ninguém diretamente, mas indiretamente mataram até mesmo Allison.

— Solta ele! – grunhi, sem saber o que estava fazendo.

Ouvir o nome dela ainda me causava estranhas, e diferentes, reações. Não aceitaria que ele estivesse falando dela. Stiles olhou pra mim, por um segundo, e voltou a atenção ao caçador em sua frente. Me perguntei o quanto Scott demoraria, precisávamos dele aqui.

— Vai precisar fazer bem mais do que isso ... Banshee. – disse.

Minhas mãos encontraram-se com a do garoto em minha frente, deixando-o surpreso, e eu as apertei com uma força desnecessária. Fechei os olhos, deixando que o grito escapasse da minha garganta. Pude ouvir os vidros se quebrarem, e logo depois disso um rosnado alto e feroz.

Scott estava ali.

Parei de gritar no mesmo instante abrindo os olhos e me deparando com uma cena que fez com que eu me acalmasse. Derek e Scott seguravam o caçador, preso na parede, para que ele parasse de se debater. Livrei nossas mãos correndo em direção ao frízer, mas foi preciso bem mais do que a minha força para conseguir abri-lo. Estava, de certa forma, emperrado por mãos humanas, sabia que era trabalho do novato psicopata

— Lydia, se concentra – Stiles pediu. – Conta comigo, no três.

Assenti rapidamente.

Um

 Dois

   Três

Em uma espécie de surto de adrenalina colocamos mais força nos braços, que certamente ficariam doloridos depois, do que o normal, e conseguimos abrir o frízer, chamando a atenção de Scott, que ainda segurava o caçador.

Isaac estava lá dentro, com seu corpo de quase dois metros encolhido e tremendo muito. Ainda estava vivo.  Quase sorri, se não fosse pelo fato de que Stiles rapidamente chamou a minha atenção para que ajudasse o lobo a sair lá de dentro.

O corpo hipotérmico de Isaac foi largado em meus braços, no chão, para que Stiles ligasse para seu pai, como Scott havia pedido.

— Isaac. – chamei-o, engolindo seco.

O barulho dos seus dentes rangendo, do seu queixo batendo era torturante. O contato entre nossos corpos fazia com que o meu pedisse urgentemente um bom banho quente, mas estava ocupada demais para sentir frio. Ele abriu os olhos lentamente, ainda tremendo.

— Lydia. — sussurrou, com a voz e o corpo trêmulos.

— Oi, sou eu – sorri docemente. – Você precisa ficar acordado, okay? Já tiramos você de lá. Só fique acordado, por favor.

— Diga ao Scott que ...— ele parou, engolindo seco. – Vocês precisam sair da cidade, ele vai matar todos.

— Não vai – falei, segurando o seu rosto entre as mãos. – Scott o pegou. Você está salvo, todos estamos.

— Não, nós não ...

.Sua voz morreu aos poucos, junto com o seu olhar que fechava mais a cada segundo, já sem brilho nenhum. O seu corpo parou de tremer compulsivamente e eu entrei em choque. Não conseguia mover se quer um musculo.

Isaac estava morto.

— Lydia? – uma voz conhecida chamou. – Lembra quando eu disse que sentia orgulho de você? Não se compara ao que estou sentindo agora. Você tentou usar o seu dom para ajudar alguém, como eu pedi.

Não conseguia controlar as lagrimas que a essa altura já estavam por todo o meu rosto e caiam lentamente sobre o corpo morto de Isaac. Minha melhor amiga estava ao lado oposto do lobo, com os olhos presos em mim e sua mão entrelaçada com a dele.

Aiden

 Allison

   Isaac

— Eu não consegui. – falei entre soluços, tornando a imagem de Allison ainda mais embaçada.

— Você vai conseguir— disse firme. – Vai continuar tentando.

— Eu não quero, Allison – me debati, sentindo que algo me segurava. – Eu não quero!

— Lydia, sou eu. – a voz doce e suave de Stiles disse atrás de mim. Percebi que eram os seus braços que me seguravam.

Olhei em volta percebendo que o Xerife conversava algo com Derek e Scott que estavam visivelmente abalados. O corpo de Isaac ainda continuava a minha frente, mas dessa vez, sem nossa melhor amiga ao seu lado.

— O Isaac morreu, Stiles. – falei, soluçando.

— Eu sei – ele me puxou, fazendo com que eu ficasse de pé. – Eu ...

— Precisa ir embora – o xerife completou a frase de maneira diferente, aproximando-se de nós. – Todos vocês precisam, antes que chegue mais alguém e ai vai ficar difícil explicar o que estavam fazendo aqui.

Nos juntamos a Scott e Derek que estavam na frente da casa.

— Lydia – o alfa chamou. – Posso falar com você um minuto?

— Tem certeza que não pode esperar, Scott? – Stiles perguntou. – Nenhum de nós está bem o suficiente para conversar.

— Eu preciso. – ele  disse.

Derek sumiu entre a floresta em quando Stiles foi para o carro, esperar, nos dando um pouco de privacidade.

— Tudo bem? – perguntei.

— Não – disse. – Lydia, eu vi você falando algo relacionado a Allison, o que era?

Meu corpo gelou por inteiro.

— Allison? – perguntei, me fazendo de desentendida.

— Lydia, você está vendo-a? – perguntou. – Pode me dizer o que quiser, estamos juntos nessa, lembra?

— Do que importa isso agora, Scott?

— Você não é a única.