Vanessa

Setembro

Tem um momento na vida que nunca achamos que vamos ser completamente felizes. Pensei sobre isso por um tempo. Eu tinha a dança, tinha meus amigos, eu era feliz, nem sabia que me faltava alguma coisa, mas aí conheci Roland e agora eu me sinto inteiramente feliz. Vamos nos casar em novembro, estou nos preparativos da cerimônia, não somos religiosos, mas queria passar por esse momento com ele, senti que queria me casar na igreja e ver Roland no altar me esperando, com um sorriso no rosto.

Muitas pessoas próximas disseram que estávamos nos precipitando, que tínhamos que nos conhecer melhor, que éramos doidos de fazer isso assim tão rápido. Mas, sabe de uma coisa, nunca tive tanta certeza de algo como tive com essa decisão. Charlotte estava me ajudando com tudo e também seria minha madrinha. Conversei com Roland e decidimos fazer uma cerimônia simples e sofisticada, bem a nossa cara. Escolhemos a igreja do bairro dele por ser bem mais aconchegante e bonita.

Ensaiei algumas horas a mais e cheguei em casa tarde. Quando abro a porta vejo Roland na cozinha, parece que ele está preparando alguma coisa. Ele não me avisou que vinha aqui, fiquei surpresa.

— Oi. — sorrio.

Digo entrando em casa, tiro o casaco e deixo minhas coisas no sofá. Vou ao seu encontro e me sento na mesa próxima a ele. Estou cansada, meu corpo está exausto.

— Oi, imaginei que ia chegar em casa tarde e quis fazer uma surpresa.

O encaro. Ele sorri e se aproxima, beija meus lábios.

— O que está preparando aí?

— Sua comida preferida feita por mim. E a mais simples.

Ele sorri.

— Hot-dog. — digo.

Ele pega os pratos para montar os hot-dogs, eu me levanto e vou lavar as mãos e o ajudo. Fui a geladeira e peguei o suco de laranja, nos sentamos e começamos a comer.

— E os preparativos? Hoje você ia com Charlotte escolher seu vestido, certo?

— Sim, mas ainda não escolhi, não gostei de nada hoje.

— Se precisar de ajuda, eu posso ir com você.

— Escolher vestido Roland? Sabe que não pode.

Sorrio para ele.

— Não falo do vestido, falo de todo o resto. O que precisar.

O encaro, Roland não é o tipo de homem que encontramos muitas vezes na vida. Sorrio para ele.

— Tudo bem, quando precisar de ajuda já sei quem recorrer.

Ele sorri.

— Tenho uma surpresa para você.

— Surpresa?! Que tipo de surpresa? — me animo, as surpresas dele sempre são boas.

Ele se levanta e vai até seu casaco e tira um papel e me entrega. Abro e vejo umas passagens para o Kauai, Havaí. Olho para ele sorrindo.

— Nossa lua de mel. Gostou? — diz e sorri.

Estampo um sorriso para ele e o encaro animada.

— Eu adorei. Achei que íamos para algum lugar por perto. Mas você se superou. Amei de verdade.

— Sabe que amo viajar, e achei que merecíamos uma viagem de verdade na nossa lua de mel.

— Será tudo perfeito Roly. Estou ansiosa por tudo.

— Eu também amor, quero passar o resto dos meus dias ao seu lado.

O abraço forte e ele toma os meus lábios. Ainda não terminamos de comer e voltamos aos nossos pratos.

— Vanessa você já avisou a data correta do casamento para seus pais depois que a trocamos?

— Vish, esqueci, amanhã eu ligo.

Faço careta para ele tentando me desculpar. Ele aperta os olhos e sorri.

— É muita correria. Amanhã vou de novo atrás do vestido e na floricultura. Temos que escolher os convites e ainda enviar para todo mundo. Você terminou a sua lista de convidados?

— Terminei e te entreguei na semana passada, esqueceu?

— Você não me entregou Roland, eu não lembro.

— Vi colocando na sua bolsa, deve estar lá ainda.

Me levanto e vou conferir, vasculho a bolsa e acho o papel todo amassado nos fundos.

— Achei, amanhã eu vou escolher o convite e mandar fazer logo.

Ele me dá um olhar vitorioso. Sorrio para ele. Volto, para enfim terminar de comer meu hot-dog que estava delicioso por sinal.

— Eu vou com você amanhã escolher o convite e resolvemos algumas outras coisas e depois de amanhã você volta à procura do vestido. Tem certeza que não vai chamar mais ninguém da sua família?

— Está certo, pois amanhã eu vou te alugar muito. E sim Roland, quem importa está nessa lista.

Sorrio. Ele me encara. Me levanto em direção ao quarto.

— Vai para onde?

Escuto ele de longe.

— BANHO!

Grito do quarto. Segundos depois ele está encostado na porta, me olha com os braços cruzados enquanto tiro minha roupa.

— Faz uma massagem nas minhas costas?

Pergunto já enrolada na toalha.

— No banho?

Me olha com um sorriso de muitas intenções.

— Não amor, na cama.

Sorrio.

— Faço. Espero você aqui.

Tomo meu banho, visto uma camisola e vou para o quarto. Roland está deitado só de bermuda na cama. Quando ele me vê, sorri e bate na cama para eu deitar com ele, vou em sua direção. Abraço ele forte e depois analiso seu rosto. Ele sustenta meu olhar.

— Ness, o que foi?

— Nada. Só olhando para meu futuro marido.

Ele sorri.

— Estava pensando, vamos morar no meu apartamento, certo?

— Não conversamos ainda sobre isso. Eu não sei, pensei numa casa Roly.

— Mas ai vamos ter que sair de Manhattan, quer sair daqui?

— Não sei, mas no futuro vamos querer filhos. Tudo aqui é pequeno para uma criança.

— Eu sei, mas quando tivermos filhos, nos mudamos. Eu quero ficar aqui Nessa.

— É, toda nossa vida está aqui. Tudo bem, moramos na sua casa então.

— Nossa casa agora.

Ele me beija.

— É, nossa.

— Agora vou fazer uma massagem maravilhosa na minha noiva. Vire de costas querida. Fique paradinha enquanto pego o creme hidratante.

Sorri e faço o que ele diz. Depois sinto o peso do seu corpo na minha coxa. Suas mãos habilidosas tiram minha roupa. Conversamos enquanto ele massageia meu corpo. Me sinto bastante relaxada.

Sua massagem ganha outro ritmo e já sei onde isso vai nos levar...

Roland

O grande dia

27 de novembro

10h da manhã

Estou nervoso como nunca fiquei antes na minha vida. Estou no quarto, terminando de me arrumar. O apartamento está lotado. Meus pais estão aqui, minha irmã, o marido e meus sobrinhos, primos, tios, tias, amigos de infância, amigos da editora. Todos estão aqui me esperando para irmos a igreja. Estou colocando minha gravata e meu pai bate na porta e entra. Me olha e sorri.

— Oi pai, estou terminando aqui.

— Está muito bem filho. Nervoso?

— Sim, como nunca fiquei antes, é normal?

— Claro filho, isso significa que está fazendo algo importante.

— Vou me casar com a mulher que amo, é importante.

— Sim, muito, e a aliança? Não vá esquecer.

— Já está no meu bolso.

— Vamos?

— Sim, vamos.

Peguei o paletó e minha mãe entra no quarto. Ela me olha e coloca a mão na boca.

— Está lindo Roland.

— Obrigada mãe.

Ela se aproxima e me abraça. Parece emocionada.

— Mãe não chore. Nós já estamos indo.

— Eu sei, estou feliz por você.

— Obrigada.

— E suas malas? Tudo arrumado?

— Sim, vamos viajar depois da festa.

— Ah, então vamos, o noivo não pode se atrasar.

Vanessa

O grande dia

27 de novembro

10h da manhã

O meu apartamento está lotado. Olhei para todos os cômodos me despendido do que foi meu lar por anos. Estou nervosa, serei esposa de alguém e isso me assusta um pouco. Maquiagem já está pronta, escolhi algo bem suave. Minha mãe me ajuda a vestir o vestido, ele é simplesmente perfeito, todo de renda, mangas compridas, meu cabelo tem um penteando para acomodar o véu, vou usar scarpin branco, brincos de pérolas e meu anel de noivado que nunca tiro do dedo, escolho um batom rosa claro. Tudo está em perfeita harmonia. Estou pronta.

— Vanessa você está linda.

— Obrigada mãe.

— Vamos, não quero me atrasar.

— Não tem problema se atrasar um pouco filha.

— Eu sei, mas não quero deixar Roland mais nervoso. Ele está uma pilha.

— Tudo bem, vamos.

Ela sorri.

Quando saímos do quarto todos estavam me esperando já prontos. Charlotte e mais duas primas serão minhas damas. Tudo já está arrumado e a ansiedade me consome, treinei alguns dias meus votos e espero que não esqueça nada.

Quinze minutos depois chegamos a igreja, por fora já vi que estava tudo lindo, tudo decorado com flores do campo do jeitinho que imaginei. Saio do carro e meu pai me olha.

— Você está muito linda minha filha.

— Obrigada pai.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

Beijo seu rosto.

Charlotte e as outras damas se arrumam a nossa frente, passo minha mão no braço do meu pai e esperamos em frente à igreja. As portas estão fechadas. Escutamos a música começar, as portas se abrem, é nossa deixa e as meninas entram, uma por uma.

Minhas mão estão frias. Todos se levantam e olham para mim. Sorrio tentando disfarçar meu nervosismo, rostos conhecidos sorriem de volta. Olho para o altar e vejo Roland, ele está lindo e sorri quando me vê. Vejo Ricardo ao seu lado, vejo seus pais na frente. A cada passo me aproximo dele e ele continua sorrindo.

Paramos em frente ao altar e meu pai beija minha testa. Olho para Roland, ele se aproxima e segura minha mão.

— Está linda Nessa.

Cochicha no meu ouvindo. Sorrio.

— Você também está lindo.

Ele beija minha bochecha. Olho nos seus olhos e parece que o azul está mais brilhante, como nunca vi antes.

A cerimônia começa, eu e Roland nós olhamos de vez em quando, não conseguimos parar de rir. Eu não consigo me concentrar muito no que o padre diz, penso que terei que dizer meus votos e acho que esqueci de tudo, fico nervosa.

— Nervosa?

Roland cochicha no meu ouvido, minha mãos me denunciaram.

— Um pouco.

Ele me olha e sorri.

— Eu também.

Sorrio de volta.

 Depois escuto que é hora dos votos. Roland me olha e diz que começaria, ele segura minha duas mãos enquanto estamos de frente um para o outro.

— Vanessa, hoje é o dia que nossa vida a dois se inicia. Me esforçarei para ser, sempre, o homem que você se apaixonou. Não medirei esforços para ver você feliz. Agora estamos construindo uma família e eu sei que ela será linda, assim como você — ele ri — Quero passar meus dias ao seu lado, todos eles, os bons e os ruins, espero que na maioria seja bom — sorri — Quero que sejamos cúmplices, serei seu melhor amigo e tudo o que precisar. E o mais importante, vamos nos amar acima de tudo, em todos os momentos, mesmo quando tivermos cansados, zangados e magoados. Eu te amo profundamente Vanessa Montgomery.

Eu não consegui segurar a emoção e já estou chorando. Roland passa seu dedo levemente no meu rosto. Sorrio constrangida. Eu sabia que ele ia me fazer chorar, ele já tinha me avisado. Agora é minha vez, meu coração acelera. Sorrio. Roland me encara.

— Roland, não medirei esforços para fazer você feliz. Nos conhecemos de uma forma inesperada, nos aproximamos e percebemos o tanto que tínhamos em comum e o quanto nos parecíamos. Nos apaixonamos. Eu não via a hora de te ver de novo, você me conquistou. Eu quero passar todos os meus dias ao seu lado e saberei que não estarei sozinha. Quero construir uma linda família com você. E SIM, prometo te amar acima de tudo, em todos os momentos, mesmo quando tivermos cansados, zangados e magoados. Eu te amo profundamente Roland Bertrand.

Repito sua última frase e vejo que ele também não segurou a emoção, ele se aproxima e beija meus lábios.

— RU RU! — o padre pigarreia — Ainda não é hora de beijar a noiva. — todos riem — Agora cadê as alianças?

Roland pega as alianças no bolso e entrega para o padre. Ele começa a falar o juramento do amor e de tudo, uma fala clichê, mas que agora faz todo o sentindo para mim.

— Vanessa Montgomery, aceita Roland Bertrand, como seu legitimo esposo e promete amá-lo e respeitá-lo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe? — Roland me olha sorrindo.

— Sim eu aceito.

— Roland Bertrand, aceita Vanessa Montgomery, como sua legitima esposa e promete amá-la e respeitá-la na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe? — olho para ele que também sorri.

— Eu aceito.

Sorrimos.

— Podem trocar as alianças.

Roland pega a aliança e coloca no meu dedo, ele beija minha mão em seguida. Pego a aliança e coloco no seu dedo e também beijo sua mão.

— Agora sim, pode beijar a noiva.

Roland se aproxima e sorri, segura meu rosto com suas duas mãos e se aproxima lentamente, nesse momento não existe mais ninguém aqui comigo, só ele, apenas ele, e tudo parece que está acontecendo em câmera lenta, ele beija meus lábios suavemente na frente de todos, eu me aproximo dele e o abraço pela cintura. Nosso beijo dura segundos, mas parece que foi minutos. Quando nos encaramos ele sorri. O padre chama nossa atenção para assinar os papéis e depois saímos da igreja de mãos dadas como marido e esposa.