By The Sea escrita por Breatty, Ballus


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Então, chegamos ao último capítulo. Gostaríamos de agradecer as pessoas que acompanharam e curtiram a história, esperamos que vocês tenham realmente gostado. Nós adoramos escrever essa fanfic e explorar o outro lado da história do filme. Enfim, aproveitem o último capítulo.



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Roland

1 ano depois

Acordo cedo e olho para o lado, Vanessa dorme pacificamente, levanto e vou ao banheiro, tomo um banho, abro o armário e pego minha escova, vejo um pequeno pote amarelo de remédios, nunca tinha prestando atenção nele, tem o nome de Vanessa, abro e vejo que está pela metade. Entro no quarto e ela ainda dorme profundamente. Visto uma roupa e vou comprar alguma coisa para o café.

Eu e Vanessa nos tornamos completos estranhos em casa, todas as discursões, todas as brigas e todas as acusações fizeram com que ficássemos amargurados. Nossa vida tinha desmoronado a nossa frente e não fizemos nada para impedir. As vezes tenho a impressão que Vanessa tenta achar um culpado por toda a situação, ela faz de tudo para se afastar de algo que tenha relação comigo, estou perdido sem saber o que fazer com o nosso casamento, já pensei em desistir, mas eu não quero isso, não de verdade, no final só tenho uma única certeza, eu ainda a amo mesmo sendo doloroso.

Faço o café e me sento para comer, leio meu jornal enquanto tomo meu café. Vanessa surge e chama minha atenção, ela se senta e se serve de café.

—Bom dia. — sua voz sai baixa, quase um sussurro.

— Bom dia querida. — digo e a encaro.

— Dormiu bem?

— Você sabe que não.

— Para mim, parecia que sim.

Ela me olha sem nenhuma reação.

— E você pulou da cama hoje, porquê?

— Não sei, acordei mais disposto.

Ela balança a cabeça positivamente.

— Chegou e nem vi.

— Não cheguei tarde se é isso que quer saber.

— Tudo bem.

Pronto. Esse é nosso diálogo de todos os dias, nada mais que isso. Nada sobre o que realmente está acontecendo, nada sobre nosso casamento está desmoronando e nada de tentarmos fazer algo sobre isso. As vezes acho que Vanessa desistiu, mas ela ainda está aqui, ela podia ter ido embora, ela podia ter sumido da minha vida, mas ela está aqui e isso deve significar alguma coisa.

O dia passa lentamente, eu trancado no meu escritório e ela fazendo não sei o que, cada um no seu canto se evitando eternamente.

A noite chega e vamos nos arrumar para dormir. Vanessa toma banho e eu resolvo entrar no banheiro para escovar meus dentes. Quando entro ela leva um susto.

— Roland eu ainda não terminei.

A encaro do espelho. Ela se esconde no boxe, como se eu nunca tivesse visto ela nua e ela estivesse com vergonha de mim.

— Só estou escovando os dentes.

— Devia ter esperado eu terminar.

— Vanessa...

— Por favor, espere lá fora.

— MERDA VANESSA, ISSO VAI DURAR ATÉ QUANDO?

Grito e ela se assusta.

— Por favor Roland, não agora.

— QUANDO VANESSA, QUANDO VAMOS TER UMA CONVERSA DE VERDADE?

— Por favor.

Sua expressão é de tristeza e de agonia, eu não queria gritar com ela, eu só queria que voltássemos a ser o que éramos, mas acho que esse desejo se torna cada vez mais distante. Saio do banheiro e deixo ela sozinha, não demora muito ela sai do banheiro já de camisola e se deita na cama, ela nem olha para mim, nem por um segundo, isso me mata por dentro.

 

Vanessa

A vida perdeu o sentindo e eu estou no fundo do poço, sem saber como sair. Meu casamento está por um fio, as faíscas rolam soltam em todas palavras trocadas entre nós. Eu tenho um pouco de culpa, falei coisas horríveis para Roland, coisas que ainda o machucam e eu não sei como remediar isso. Estamos em um momento que não trocamos mais nenhuma cumplicidade, carinho, amor, só temos ódio e raiva para oferecer um ao outro.

Ainda não consegui superar o que passamos, para falar a verdade, quando eu penso sobre tudo que aconteceu, eu acabo revivendo todo o drama novamente, assim eu evito falar ou pensar. Comecei a tomar uns analgésicos e um remédio para dormir, eu ficava 24 horas sem conseguir relaxar e a única saída foi essa, assim eu deixei de sentir muita coisa por estar constantemente medicada.

Minha vida, quero dizer, nossa vida estava de cabeça para o ar, toda errada e desmoronando a cada dia, quanto mais Roland me procurava para pelo menos conversar, mais eu me afastava dele, mais eu deixava ele fora da minha dor e dos meus medos, mais eu me trancava para o mundo ao meu redor, nada tinha gosto, sabor, nada me dava alegria, nada mais importava para mim, eu vivia uma vida sem graça que nunca imaginei que teria.

Às vezes eu acho que posso superar esse momento, as vezes eu acho que eu posso melhorar e a tristeza sumir, mas eu só faço machucar todos que estão ao meu redor, principalmente Roland, eu o machuco de todas as maneiras possíveis, eu tento me convencer que não é de propósito, que é algo espontâneo, mas no fundo eu sei o que estou fazendo com ele, e o quanto ele está acabado com isso.

[...]

Eu vou em direção a cama, sinto os olhos de Roland me acompanhando, mas eu não consigo olhar para ele, ele fica parado me encarando, por alguns segundos meus olhos encontram os seus e a única coisa que posso identificar é raiva. Ele entra no banheiro e alguns minutos depois ele se deita ao meu lado, estou acordada, finjo dormir, eu não quero conversar sobre nada. Escuto ele suspirar fundo.

— Vanessa. — ele sussurra. — Sei que está acordada, sei que não consegue dormir assim rapidamente. Vanessa, por favor, me ajuda a entender tudo isso, eu também estou sofrendo, eu também preciso de você, volta para mim querida.

Sua voz sai calma, ele está cansado e magoado, eu fico paralisada, parece que minha voz sumiu e eu não consigo responder, não, minto, eu não quero responder.

— Boa noite Roland.

É o que sai da minha boca, e o vão, o buraco entre nós aumenta mais alguns metros.

 

Roland

1 ano depois

Parei de cobrar ela, parei de perguntar, parei de tentar entender tudo isso. Estávamos vivendo vidas separadas e sem nenhuma interação. Mas, às vezes, em raros momentos que conseguia reconhecer minha esposa, em momentos que ela estava ali e não viajando em seus pensamentos, nós conseguíamos ter uma conversa, quando Vanessa ficava totalmente à vontade, eu sabia que poderia tentar alguma coisa com ela, no início ficamos em algumas carícias, muitas vezes não passava disso, não vou dizer que sou santo e não dou minhas escapulidas, mas no fundo eu sabia que essas mulheres não eram ela e eu queria ela, eu a amava e a desejava. Eu tentava entender o que estava acontecendo, eu dei todo o espaço que ela queria, mas as vezes eu precisava dela, eu precisava sentir que ela estava ali comigo, pelo menos por alguns minutos.

E quando ela se entregava, quando ela permitia que eu chegasse perto dela, mesmo que fosse para fazer um carinho estúpido, eu tentava me convencer que bastava, passei muito tempo pensando assim e por muito tempo bastou, eu só queria ficar perto dela por algum tempo. Em alguns momentos ela me surpreendia e fazíamos amor, nesses momentos eu conseguia ver Vanessa comigo, sentia ela comigo, parecia que ela esquecia tudo que a assombrava, por alguns minutos pelo menos. Depois voltava a ser a merda de sempre, e assim minha vida ou nossa vida seguia sempre.

[...]

Estou a muito tempo sem conseguir escrever, minha vida vai de mal a pior no trabalho e no casamento, e pensar que nem no trabalho eu conseguia esquecer e ficava horas e horas perdido nos meus pensamentos, escrevendo alguma história boa, tudo que vinha na minha mente eram merdas que nunca venderiam nenhum livro, que nenhuma editora de vergonha publicaria. Minha vida se resume em achar alguma inspiração e os bares nova-iorquinos. Vanessa não suportava minha bebedeira, comecei a fazer isso para irritá-la, depois virou um hábito que nunca consegui abandonar.

[...]

Hoje é domingo, acordei cedo e fui andar no Central Park, hoje, família, casais, crianças, jovens, idosos, todos os tipos de pessoa se reúnem no parque para piqueniques, conversas, encontros. Eu tinha um amigo, um senhor que sempre vinha aqui aos domingos com seus netos e cachorros, ele sentava no banco e lia enquanto as crianças e os cachorros brincavam. Em alguns de nossas conversas eu acabei soltando que meu casamento estava de mal a pior e ele sempre me dava conselhos, algumas vezes eles davam certos e Vanessa demostrava alguma coisa, outras vezes eram um tiro no escuro. Eric era seu nome, um senhor muito simpático e cheio de sabedoria.

Assim que ponho os pés no parque vejo ele com seu livro, vou em sua direção e me sento ao seu lado.

— Bom dia Eric.

— Bom dia Roland. Como está?

— Você sabe, eu vou levando.

— Problemas em casa?

— Os de sempre.

— Nada melhorou?

— Alguns dias sim, outros são um desastre. Mas eu não quero falar disso, qual o livro da semana?

— Estou lendo seu primeiro livro, muito bom por sinal.

— Esse parece que foi o único.

— Não seja duro com você mesmo. E o bloqueio?

— Não consegui escrever uma linha se quer.

— Isso vai passar, precisa enxergar as coisas por outra perspectiva.

— Ainda estou trabalhando nisso.

— E Vanessa?

— Ficou dormindo.

— Devia ter chamado ela para vir caminhar hoje.

— Ela não iria aceitar.

— Como sabe se nem perguntou?

— Apenas sei.

— Deve tentar, sempre.

Sempre quando venho ao parque e encontro ele, passamos horas conversando. O tempo passa voando em sua companhia. Quando olho para meu relógio de pulso vejo que já são quase meio-dia.

— Eu vou ter que ir, já está tarde.

— Tudo bem, eu também vou. Crianças arrumem seus brinquedos que vamos daqui a pouco.

Ele continua.

— Roland, estava pensando, você sempre comenta sobre como ama viajar, sobre as viagens que fez com Vanessa, será que não é isso que vocês dois precisam? Mudar um pouco os ares, sair de Nova Iorque, o que acha?

— Eu já pensei sobre isso, eu não sei, acho que Vanessa não aceitaria.

— Já falei, precisa tentar.

— O que digo a ela? “Vanessa vamos viajar na tentativa de salvar nosso casamento?

— Não seja tolo Roland, se disser isso, ela nunca iria aceitar mesmo. Diga que está precisando escrever em outro lugar, que você precisa conhecer algo novo, novas culturas, essas coisas, parece que conheço mais sua esposa que você.

— Isso pode funcionar, acho que vou tentar, obrigada Eric.

— Boa sorte amigo.

Nos despedimos e fico com essa ideia martelando minha mente, acho que realmente precisamos de uma viagem, de um novo começo, precisamos esquecer tudo o que passamos, todas as mágoas, raivas e discussões e tentar levar nossa vida adiante. Mas tenho que ser sutil com Vanessa, se eu falar algo sobre casamento ou sobre melhorar nossa vida, ela com certeza andará para trás. Tenho que ser esperto e convencê-la que essa viagem se trata apenas sobre meu novo livro.

Chego em casa e por incrível que parece tem comida na mesa.

— Bom dia querida, desculpe, perdi a hora no parque.

Me aproximo e beijo sua bochecha, sinto ela se afastar um pouco.

— Passou todo esse tempo lá?

— Sim, estava com Eric.

— Ah, tudo bem.

— Preparou nosso almoço?

— Comprei nosso almoço.

Ela sorri encantadora.

— Hum.

Nos sentamos e nos servimos.

— Vanessa eu ainda não estou conseguindo escrever nada.

— Você é um excelente escritor, isso é apenas uma fase.

— Essa fase já dura quase três anos, eu preciso escrever alguma coisa agora.

— Está sem inspiração?

— Não é isso querida, a questão é sobre o que escrever, eu preciso de algo para escrever, algo interessante, inspirador, algo que toque as pessoas.

— Isso é inspiração Roland.

— Você sabe que já tenho a minha.

A olho nos olhos e ela entende o que tento dizer.

— Não seja bobo, ok.

Não respondo e continuo a comer.

— Vamos viajar para algum lugar desconhecido.

— Viajar? Agora?

— Sim.

— Não acho uma boa ideia. Não sou uma boa companhia para uma viagem agora.

— Vanessa eu preciso de uma viagem agora, eu preciso ver algo diferente para eu poder escrever, eu não vou deixar você sozinha aqui.

— E porque não? Sua viagem seria bem melhor.

— Você é minha esposa e eu quero viajar com você.

— Eu não quero viajar.

— Faça isso por mim, por favor.

— O que eu vou fazer lá enquanto você escreve?

— Conhecer o lugar querida, conhecer pessoas.

— Sabe que odeio pessoas.

— Nessa...

A olho carinhosamente, estou demonstrando toda minha paciência e testando minha boa vontade, eu não quero brigar com ela, eu quero convencê-la a ir comigo.

— Nunca mais tinha me chamado assim.

Fico surpreso, as vezes penso que falo sozinho na casa, mas parece que as vezes ela me ouve.

— Eu sei, estamos em um momento meio difícil, não acha? — sorrio e faço ela sorrir também.

— Um pouco.

— Quer que eu te chame mais assim?

— Gosto quando me chama assim, me faz lembrar quando nos conhecemos.

— Nossa, nunca mais tinha pensando nisso, como estamos diferentes.

— Éramos jovens.

— Nos divertíamos muito. Eu adorava ver você dançar.

— Eu sinto saudades de dançar.

— Só de dançar?

— Como assim? O que quer dizer?

— Nada, deixa para lá.

— Diga.

— Eu sinto saudades de você.

— Eu sei, estou tentando fazer o melhor.

— Eu sei que está.

— Mas você precisa de mais, certo?

— Sim Nessa, eu preciso.

— Eu preciso de mais tempo.

— Eu entendo. Uma viagem poderia ajudar a gente.

— Eu não sei.

— Faça esse esforço, tente.

— Tudo bem. Tem ideia de onde será?

— Que tal França? Nice?

— Nice?

— Sim, cidade costeira da França, minha irmã disse que é linda e aconchegante.

— Praia?

— Você gosta de praia.

— Eu gostava de praia. Não gosto mais.

— Nessa, eu também estou tentando.

A encaro sério, ela também precisa fazer algo por mim de vez em quando, para variar.

— Tudo bem, vamos.

Sorrio vitorioso e ela sorri disfarçadamente. Acho que essa viagem pode ser o começo para o nosso futuro. Espero que essa viagem devolva a esperança para nós e que nos aproxime novamente.

Já sinto o ar fresco...

Já sinto a maresia...

 Fim


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Notas finais do capítulo

Beijos. Até breve.