Virgínia. escrita por Gambito


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



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Já fazia tempo desde a última vez que Virgínia deitava-se em uma cama que não fosse utilizar para os seus serviços. A costa dolorida, por conta das posições e noites mal dormidas nas calçadas, agora estalava quando tocava no lençol do colchão duro e velho, mas naquele momento se tornava tudo que precisava.

 

No quarto ao lado, Virgínia ouvia os móveis sendo trocados de lugar, o espanador de pó sendo utilizado para retirar a poeira dos objetos e os suspiros profundos e cansados de sua filha. Em sua vida inteira, eram poucas as coisas das quais podia se orgulhar de ter feito, sua filha era uma destas. Se tivesse seguido outro rumo em sua vida poderia ter dado um futuro digno para a criança que saiu de seu ventre. Paula Rafaela não era mais uma criança, deixara de ser uma já havia muito tempo, amadureceu rápido como a vida exigiu, seguindo o mesmo caminho infeliz e sórdido de sua mãe.

 

Virgínia se levantava lentamente da cama que rangia a cada mínimo movimento. Seguia em passos vagarosos e curtos por conta das dores no corpo. O caminho até o banheiro era curto, ela agradecia isto, pelo menos não teria de exigir muito de seu corpo quando sentisse os enjoos matinais.

 

A prostituta se olhava no espelho, com uma das mãos arrumava os cabelos maltratados e sujos, um dia foram um dos seus maiores patrimônios. Eram castanho-claro, ela se lembrava, combinavam bem com os olhos cor de mel e os lábios rosados que tocaram várias bocas em sua juventude. Juventude, jovem era tudo que Virgínia desejava ser novamente, sentia falta de ser desejada, sentia falta dos ciúmes que as outras sentiam dela, dos olhares maliciosos que os clientes lançavam e dos sussurros vindos da boca de seu príncipe nem tão encantado assim.

 

Não era tão velha quanto aparentava ser, as drogas haviam destruído seu corpo, seu sorriso infantil e seu olhar sedutor agora só eram lembranças. Virgínia tinha uma memória privilegiada, conseguia lembrar de cada rosto, cada sensação, cada toque em seu corpo. Sua memória era em parte uma maldição, não eram poucas as noites nas quais sentia a barba de seu padrasto roçando em seu corpo. Como odiava seu padrasto, Renato fora o culpado por tudo aquilo, ele e sua mãe, sua negligente mãe. De sua família, Virgínia só sentia ódio.

 


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