Mesmo se não der certo escrita por prr


Capítulo 2
2 – O acidente




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Denis chegou em casa e se fechou em seu quarto, sem comentar com ninguém o que acontecera no jogo. Mas não precisava, seu irmão mais velho, que estudava na mesma escola e assistiu ao jogo, contou tudo aos seus pais. E pelo resto da sexta-feira e fim de semana, todos da casa, Pedro e outros dois amigos de Denis, tentavam conversar com ele sobre o jogo, mas o garoto ficava cada vez mais irritado.

E quando se imagina que as coisas não podem ficar piores, chegou segunda-feira, e não havia outro jeito a não ser enfrentar a escola e todos os comentários sobre o jogo da última sexta. Denis levantou com mais preguiça do que o costume e saiu para a escola acompanhado do irmão, já que não tinha pensado em nada bom o suficiente para faltar de aula. Quando estavam no meio do caminho, ele teve uma ideia.

— Léo, esqueci um livro em casa, preciso voltar pra buscar. – Denis mentiu, tentando parecer o mais preocupado possível.

— A gente vai chegar atrasado. Precisa do livro mesmo? – Leonardo, ou Léo, como todos o chamavam, era um garoto de 16 anos. Os dois irmãos eram bem parecidos fisicamente, mas com comportamentos totalmente opostos. Léo era um garoto estudioso e muito interessado em observar o comportamento dos mais diversos tipos de animais. Ir com Léo em um zoológico era a coisa mais torturante, uma vez que o garoto dava uma palestra sobre cada animal que encontravam. E nunca, nunca gostava de chegar atrasado à algum compromisso.

— Pode ir andando. Não sou nenhum bebê, consigo chegar na escola sozinho. – Falando isso, Denis se encaminhou para casa e Léo para a escola.                                                                                        

Quando o irmão já tinha sumido de vista, Denis pegou outro caminho. Qualquer outro lugar era melhor do que ir para escola, e voltar para casa não era o plano.

Denis resolveu caminhar sem rumo, por um caminho contrário ao de sua casa e da escola, até chegar em uma pracinha. Comprou um saquinho de pipoca de um desses carrinhos de pipoca e algodão doce que costumam ficar na praça. As máscaras de personagens, brindes dados pelo vendedor, o lembraram o quanto ele adorava isso quando criança, chegando a comprar a pipoca ou o algodão simplesmente para ganhar uma máscara.

A todo momento o garoto conferia as horas. A ideia era pegar o caminho da escola para casa na metade, fazendo parecer que voltava da escola. O engraçado é que nesse tipo de situação, em que se tem uma hora marcada, tudo pode acontecer, incluindo você se esquecer de olhar as horas e se atrasar. E o que aconteceu com Denis foi justamente isso, ele se atrasou e saiu correndo, na segunda rua ficou parado com o sinal fechado para pedestres por um bom tempo. Quando chegou na terceira rua, o sinal estava verde, o garoto saiu correndo. Contudo, a rua era muito larga e o sinal ficou vermelho tão logo Denis começou a atravessar. Um garoto correndo e um carro igualmente apressado.

De repente, Denis estava caído no chão, o cotovelo de seu braço esquerdo ardia ao mesmo tempo que o braço parecia não estar ali. Sua visão estava meio estranha e tudo ao redor parecia deformado e girava.

Os pais de Denis chegaram ao hospital tão logo uma enfermeira ligou para eles comunicando o acidente por meio do celular de Denis, ligando para o contato registrado como Papai.

— Que horas vou poder sair daqui? – Perguntou Denis aos pais assim que eles entraram no quarto de hospital onde ele estava. – O jogo é daqui a pouco. O Arsenal não pode jogar sem goleiro.

— Oh meu filho! – A mãe de Denis deixou algumas lágrimas pingarem, mas sua expressão revelava extremo alivio ao ver que o filho estava bem, tirando a leve perda de memória de três dias, o que é uma condição normal quando se bate com força a cabeça. O pai do garoto, tentava conter as lágrimas, fingindo um acesso de tosse. É claro que em algum momento o sermão por Denis ter matado aula aconteceria, mas não ali naquele momento. No momento eram apenas dois pais aliviados pelo filho estar vivo e bem depois de um acidente.

Mais tarde naquele dia, Leonardo foi ao hospital visitar o irmão, acompanhado de Pedro. Os dois garotos não mencionaram o jogo anterior e nem o fato de Denis ter faltado à aula.

No dia seguinte, Denis saiu do hospital, com alguns hematomas e esfolados pelo corpo, além de um braço engessado. Seria pelo menos dois meses sem jogar futebol, afinal, um goleiro precisa dos dois braços em bom estado para conseguir defender bem a bola.

Os dias foram passando. Depois de passar um mês com o braço engessado, Denis tinha novamente o braço livre. Mas ainda não podia voltar a jogar. Precisava fazer algumas sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos normais do braço, uma vez que ele o quebrou na região do cotovelo. O time de Denis estava jogando bem no campeonato, mas a falta dele em campo não estava ajudando muito. Como o campeonato já tinha começado e os times já tinham sido selecionados, foi difícil conseguir alguém para jogar no lugar de Denis. Conseguiram um garoto de 13 anos, que não era tão bom goleiro assim, mas seu tamanho ajudava a agarrar as bolas mais altas. Para ajudar o time, Denis sempre ia aos treinamentos, dando dicas para o goleiro substituto, que aos poucos apresentava sinais de melhora.


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