Polaroid escrita por Swimmer


Capítulo 17
Can't Hide


Notas iniciais do capítulo

Aviso: esse capítulo contém palavras de baixo calão, se você se ofende com isso, por favor não leia.
Me senti o cara do fim dos comerciais de remédio. Tento não usar esse tipo de linguagem aqui, mas ficaria muito "filme dublado" se eu usasse outras palavras. E foi assim que eu imaginei.
Peço que relevem.
Ah, e desculpa a demora, bla, bla, bla... como sempre.
Aproveitem.



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Percy

Mil pensamentos passavam pela cabeça do garoto. Ele segurou o choro e abraçou Annabeth até ela se acalmar.

—Jake vai chegar logo, preciso parecer forte pra ele - ela se afastou devagar e começou a secar o rosto.

Ele assentiu e secou o próprio rosto. A garota disse que ia ao banheiro e saiu. Percy não sabia o que faria se... Não. Decidiu afastar esse tipo de pensamento. Ele pegou o celular e checou as mensagens. Tinha uma foto de Jason com um pote gigante de salgadinho e uma mensagem da mãe. A garganta fechou de novo.

"Tudo bem, querido. Já terminamos aqui, podemos voltar mais cedo pra nos prepararmos pra essa 'incrível' visita. Bjs— Mãe; 07:49".

Ele levou alguns segundos para lembrar. A última mensagem que ele mandara fora sobre o recado do pai. Uma onda de ódio tomou conta dele e, quando viu, Percy já estava ligando para o pai, em pé do lado de fora do hospital.

Tem que ser rápido, Percy, eu est...

—A culpa é sua - Percy gritou e dois senhores se viraram pra ele. - A culpa é toda sua. Se não tivesse inventado essa visita idiota pra aumentar a porra do seu ego e diminuir a culpa por não ter estado lá quando eu era criança, eles nunca teriam entrado na droga do helicóptero!

—Percy... o que? De quem você tá falando? Que helicóptero?

—Como se você não fosse ficar feliz se meu padrasto morresse, não é? Deixaria o caminho livre pra você dar em cima da minha mãe só para abandoná-la de novo. Eu odeio você, odeio!

—Se acalme...

O celular foi arrancado da mão de Percy de repente.

—Com quem você tá gritando? - Tyson perguntou e olhou para o celular.

—Ele merece, Tyson. Merece ouvir isso é muito mais - Percy continuou gritando.

—Percy, a Ella vai te levar lá pra dentro. Por favor, seja legal com ela enquanto eu resolvo isso.

Percy percebeu Ella do lado dele, vários centímetros mais baixa mas ainda assim autoritária. Ela segurou o braço dele gentilmente e o conduziu de volta para dentro, gesto que nem de longe contrastava com a agressividade dele.

—Preciso que respire fundo, okay? - eles pararam num corredor - Um... dois... três...

O garoto fez o que a moça pedira. Quatro, cinco vezes até estar abraçado a ela, as lágrimas de volta, dessa vez por puro medo. Medo da solidão.

—Não posso perdê-los, Ella. Não posso perder minha mãe - ele sussurrou.

—Você não vai. Eu prometo, tá?

Ele soltou a cunhada e voltou a respirar fundo até estar calmo o suficiente para voltar à sala de espera, Ella foi procurar Tyson assim que ele saiu.

O irmão de Annabeth chegara e eles conversavam em voz baixa. Percy deu uma olhada mas não quis atrapalhar e seguiu em direção à máquina de café. Ninguém diria que aquela era a garota em prantos de apenas cinco minutos antes. A expressão estava triste mas isso era tudo. Não parecia sentir vontade de chorar ou gritar, ela falara sério quanto a parecer forte.

Percy pegou três cafés e esperou um pouco antes de voltar. Quando o fez, Jake encarava o chão, quieto, e Annabeth roía as unhas, aflita. O garoto entregou um copo de café e saches de açúcar para cada um e se sentou, também sem falar nada.


***

As horas se arrastaram devagar, como se cada segundo trouxesse sofrimento ao relógio. Tyson não devolveu o celular do irmão e não disse nada.

Por volta das seis da tarde, o médico voltou. Paul passaria por uma cirurgia e, se tudo corresse bem, deveria se recuperar sem sequelas. Sally já passara por uma cirurgia de emergência e sofrera uma hemorragia, fora as fraturas, agora esperavam pela reação dela com a cirurgia para saber como continuar.  A maior preocupação era Alec, que sofrera um traumatismo craniano e estava com uma infecção complicada num dos ferimentos.

Como ele era uma criança, eles precisavam esperar mais. O caso de Atena foi tratado com os filhos dela e Tyson, que se oferecera como responsável até que conseguissem alguém da família.

A imagem do irmãozinho numa maca, todo enfaixado e entubado fez o coração de Percy apertar. Ele era novo demais para tantas passagens pelo hospital e tantos ossos quebrados.

O garoto não tocou em nenhum dos saches de açúcar, tomou o café puro.

Percy perdeu a conta de quantas vezes perguntou se podia ver a família. Tyson ficava repetindo que Percy precisava ir pra casa dormir. Finalmente devolveu o celular para que ele pudesse ligar para os amigos. Jason disse que ia passar na casa dele e pegar umas roupas - sem que ele pedisse - antes de vir. Nico se ofereceu para fazer o mesmo, quando Percy disse que Jason já ia fazer isso, ele disse que já estava no carro.

Annabeth devia ter ligado para algumas pessoas também, mas Percy voltou ao estado semivegetativo de antes. Minutos depois o celular vibrou.

Cheguei. Onde você tá?— Nico; 23:40”

Te encontro no estacionamento” ele respondeu à mensagem.

Ele passou no banheiro e jogou um pouco de água no rosto primeiro, depois foi pra lá. Assim que o garoto pôs os pés porta afora, seu cérebro, que já estava meio lento, levou um tempo para processar a imagem. Annabeth estava parada uns dois metros na frente dele, com as mãos cobrindo a boca e um olhar espantado para alguma coisa. Percy seguiu o olhar dela.

A expressão dele deve ter ficado muito parecida com a dela.

Jason e Nico estavam do outro lado do estacionamento. Trocando socos e chutes e todo tipo de golpe. O mais estranho era Thalia perto deles, gritando e tentando separá-los.

Percy levou mais um segundo para perceber que deveria separá-los e correr até eles. Ele se jogou entre os dois e empurrou Jason o suficiente para segurar os braços do primo.

—Você tem algum problema, di Angelo? – Jason gritou enquanto fazia força para se soltar.

—Eu não, mas e você? Sua irmã não é sua propriedade, Jason – Nico disse um pouco mais baixo que o outro.

Eles entraram numa espécie de discussão, um interrompendo o outro.

—Calem a boca vocês dois! – Annabeth interrompeu os dois com um grito tão alto que todos se calaram no mesmo segundo. – Não me interessa o que nenhum de vocês acha que o outro tem de errado, isso aqui parece o lugar pra vocês decidirem quem está certo nessa briguinha boba sobre relacionamentos? A Thalia pode namorar quem ela quiser, Jason. Fora da escola vocês se veem uma vez por mês e ela não disse nada sobre as vadias que você namorou – ela parou para respirar por um segundo. – E vocês dois, deveriam parar de tentar esconder que se gostam, namorem logo, droga.

O rosto de Annabeth estava vermelho depois de tanto gritar, mas ela ainda não tinha acabado.

—Vocês vieram aqui pra brigar ou pra ajudar o amigo de vocês? Porra, a família dele toda tá nesse maldito hospital, não podem deixar isso pra mais tarde? – com isso ela passou um olhar duro por eles e parou em Percy, ela mudou a expressão, como se se desculpasse pelas palavras que dissera e correu para dentro do hospital.

Percy piscou. As palavras o atingiram, mas não da maneira que a garota provavelmente pensava. Ele se sentia perdido, sim, mas era bom saber que alguém se importava. Ele encarou os primos, amigos dele desde sempre.

—Não quero vocês dentro desse hospital até se resolverem. E é bom resolverem – ele disse, se virou e seguiu o mesmo caminho que Annabeth fizera.

O rapaz ouviu Thalia gritar o nome dele e só repetiu a última frase sem olhar para trás.

Annabeth estava sentada no chão e encostada na máquina de café.

—Ei – ele olhou para ela. Os cachos loiros estavam espalhados ao redor da cabeça, metade solto e metade preso pelas pontas num elástico roxo.

—Desculpa. Não quis dizer aquilo – ela sussurrou.

Percy se jogou ao lado dela e puxou o elástico, ajeitou o cabelo amarelado e fez um rabo de cavalo. Ele estava se tornando um especialista nisso.

—Vai dar tudo certo – ele sussurrou para ela.

—Não vai, não – ela sussurrou de volta. – Como eu vou pagar esse hospital, Percy? A diária deve ser o preço do meu rim! E ainda tem o Jake... – ela limpou as lágrimas antes que escorressem. – Me desculpa. Me desculpa. Você tem muito com o que se preocupar e eu falando sobre a minha vida. Desculpa.

—Não. Pode falar o que quiser, eu tô aqui pra ouvir você e você tá aqui pra me ouvir. Não é pra isso que servem os amigos? – se fosse em outras circunstâncias ele teria rido daquela frase.

—Percy! – Ella surgiu do corredor. – Podemos conversar um segundo?

—Já volto – ele disse, forçou um sorrisinho e levantou.

O garoto seguiu Ella até o corredor e se encostou na parede.

—Promete que não vai gritar – a moça exigiu. Percy tentou falar mas ela interrompeu – Prometa.

—Tá.

—Seu pai tá aqui e ele quer falar com você. Não grita!

Percy não gritou, mas Ella precisou de uns cinco minutos até convencê-lo a falar com Poseidon.

—Filho! Eu sinto muito pelo que aconteceu –Poseidon, seu terno imaculado e sua maleta o esperavam na sala de espera.

Aham.

—Percy, nem num universo paralelo eu desejaria que algo assim acontecesse com qualquer um. Eu te juro, filho, se tivesse qualquer coisa que eu pudesse fazer...

—Tem... – Percy chegou mais perto do pai, para que só ele ouvisse. – Você vai pagar as despesas da mãe da Annie. Ela não vai aceitar se eu oferecer mas você vai dar um jeito. O hospital, cirurgias, o quarto, tudo. Faz isso, pai, e eu juro que vou para quantos eventos idiotas você quiser.

—Considere feito – Poseidon colocou a mão no ombro do filho. – Mas é por você, e não pela publicidade.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Teorias? Ideias? Contem pra mim. Vejo vocês nos comentários (obrigada a todos que comentam, incentiva muito ♥)
Bjss



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