O Jogador de Basquete e o Gótico escrita por Creeper


Capítulo 1
O Jogador de Basquete e o Gótico


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Caminhava até o colégio tranquilamente escutando música até me deparar com uma cena que me fez querer vomitar o café da manhã,eu não queria ter notado aquilo,mas foi impossível evitar já que parecia ser um obstáculo em meu caminho.

Um garoto que se não me engano era do mesmo colégio que eu (só sei disso por causa da jaqueta do time de basquete que ele usava) estava fazendo coisas meio "indecentes" com uma garota qualquer perto de uma construção abandonada.

Ao perceber que eu olhava,a garota corou violentamente e antes que avisasse o garoto,eu sai dali o mais rápido possível.

—Idiotas...-murmurei colocando as mãos nos bolsos e correndo.

Ao chegar no colégio,fui direto para a sala aproveitar os minutos de silêncio que teria antes da aula começar,eu não tinha nada para fazer no pátio,não era igual aos outros alunos que socializavam entre si e eram amigos.

Deitei minha cabeça na carteira e suspirei passando a mão pelos meus curtos e lisos cabelos pretos. Murmurei a letra da música que ouvia em uma língua que estava longe de ser inglesa.

—Toc,toc.-uma voz masculina grossa disse e logo em seguida ouvi batidas na porta (aberta) para chamar minha atenção.

Não me movi,nem respondi,seja lá quem fosse eu não me importava.

—Ei,garotão!-senti uma mão pesada por cima da minha jaqueta.

Reconheci aquela voz,certamente era o treinador do time de basquete do colégio,Benson. Fingi estar dormindo para que ele me deixasse em paz.

Há semanas Benson insistia para que eu me tornasse ajudante dele e eu sempre respondia não,porém ele não desistia.

—Drew.-me chamou.-Sei que está acordado. Tenho uma proposta.

Fiquei em silêncio,decidi ver até onde isso iria chegar.

—Suas notas em algumas matérias estão péssimas.-Benson disse.-Se você se tornar meu ajudante,posso dar um jeito nisso,basta eu falar com meus chegados que eles dão um jeito.

Ah,velho safado! Está tentando me subornar...

—Pense sobre isso.-ele deu tapinhas amigáveis em minhas costas.-Se quiser falar comigo,sabe onde me encontrar.

Quando eu me certifiquei que ele estava longe dali,ergui a cabeça e suspirei.

Minhas notas estavam caindo cada vez mais,estava tendo problemas em casa que afetavam meus estudos. Se continuasse assim,não iria conseguir passar de ano. O pior de tudo é que estou regredindo,sempre tive as melhores notas da sala e agora estou praticamente no fundo do poço.

—É o único jeito...-mordi levemente o lábio inferior pensando.

☆☆☆

Durante o intervalo,fiquei passeando pelo colégio com pensamentos totalmente aleatórios em mente. Não tinha amigos para passar o tempo,nem queria ter.

Mas parece que tinha gente que queria minha amizade.

—Drew!-Gray gritou acenando,estava junto de Bella.

Gray era um garoto da minha sala,tinha as notas tão ruins quanto as minhas e todos sabiam que ele gostava (romanticamente) de garotos,ao invés de garotas.

Bella também era da minha sala,tímida e só tirava notas altas,era de descendência asiática,o que a tornava bonitinha. 

Eu me sinto um idiota quando lembro-me que tentei me "forçar" a gostar dela sem ser como amigos,sabe,quando era mais novo achava interessante ir para o colégio sabendo que tinha um motivo (além de estudar). Mas,isso já faz anos...

—Por que não fica aqui conosco?-Bella perguntou pousando as mãos sobre as pernas cruzadas e sorriu docemente.

Eu não queria ser grosso com eles,que se consideravam meus amigos,então busquei as palavras certas:

—Preciso de um tempo para mim.

Na realidade eu queria dizer: "Porque eu não quero,simples assim".

O sorriso de Bella diminuiu e Gray revirou os olhos,aproveitei e andei até a parte de trás do colégio onde era um lugar onde eu não devia estar.

O mesmo garoto que eu vi de manhã estava com uma garota completamente diferente,os dois se beijavam desesperadamente,chegava a me dar a impressão que suas bocas ficariam cada vez menores até sumirem de vez.

—O casalzinho de namorados pode parar de se pegar em público e vir aqui?-alguém gritou,assustando o garoto e a garota que estavam ofegantes e vermelhos.

O "casal" se retirou dali envergonhado,pelo menos a garota estava,já o garoto tinha um sorriso safado no rosto.

—Namorados?-sussurrei arqueando uma sobrancelha e me encostando no muro onde há segundos atrás a garota estava pressionada pelo garoto.-Tsc.-balancei a cabeça com desaprovação.

☆☆☆

Quando as aulas terminaram,fui até a quadra onde provavelmente encontraria Benson.

—Eu não quero fazer isso,mas preciso...-suspirei andando de um lado para o outro perdido em meus pensamentos.

Estava em um cantinho perto da arquibancada ouvindo as líderes de torcida gritarem algo do tipo: "Vai time,vai! Vai time,vai!" enquanto assistiam ao treino dos garotos.

—Ora,ora,ora...-Benson disse aparecendo de repente segurando sua prancheta e seu apito.-Quem temos aqui?

—O Super Homem é quem não é.-murmurei irônico encarando o homem que mantinha uma boa forma.

—Disse algo?-Benson perguntou alisando seu bigode quase grisalho,neguei com a cabeça.-Então,pensou na proposta?-deu um sorriso amarelo.

—Pensei.-suspirei,me sentia obrigado a aceitar.-Serei direto. Sim.-sorri de modo que era possível perceber que era forçado. Eu gostava de deixar claro que não gostava de algo.

—Vou explicar tudo para você!-praticamente cobriu meu ombro com sua mão enorme.-Bem-vindo ao time!-com a outra mão bagunçou meu cabelo que eu demorei uma eternidade para arrumar.

Forcei ainda mais o sorriso e nada delicado tirei aquelas mãos de mim e me afastei.

—Mas...-fiquei sério.- Por que eu?

—Por que você é o único...-Benson disse,eu arqueei uma sombrancelha.-Que eu posso me aproximar. Os alunos fora do time me odeiam,não sei por que...-se fez de vítima.

—Talvez porque ao invés de treinar aqueles jogadores de meia tigela,você ficou dando em cima de uma professora,por isso o time perdeu no campeonato.-cruzei os braços e o olhei com desprezo. Aquela notícia chegou aos meus ouvidos e olha que isso era raro já que eu não era de ouvir fofocas.-Mas não sei...É só um palpite.-fingi dar de ombros.

Benson engasgou ao ouvir isso,depois pigarreou e meio envergonhado começou a me explicar o que eu teria de fazer como ajudante.

Após uma longa e nada importante explicação,Benson mandou que eu esperasse na sala dele que ficava ao lado da quadra. Pelo que entendi,quando o treino acabasse ele iria me apresentar o capitão do time de basquete.

—Por que eu fui aceitar?-bati a cabeça na parede pensando na besteira que acabei de fazer. Até que era algo simples,eu só precisava ajudar o treinador quando ele precisasse. 

Olhei ao redor,era um sala pequena que cheirava a suor de gente velha,em cima da mesa tinha um porta-retratos com uma foto de Benson junto do time segurando um troféu. 

Revirei os olhos e pensei que podia estar em casa lendo meus livros enquanto ouvia os vizinhos brigando sobre seu relacionamento. Isso até já ficou interessante (não que eu me importe com a vida alheia),todo dia depois do almoço eles brigam,parece uma novela mexicana que as pessoas antigamente ouviam por rádio. Eu não podia perder o "capítulo" de hoje,parece que seria a continuação da discussão sobre quem comeu o último pudim de limão da geladeira durante a madrugada,gostaria de saber a resposta desse mistério que me intriga há dias.

Sai de meus devaneios ao ouvir a porta da sala sendo aberta.

—Este é Drew.-o treinador disse,virei-me para encara-lo,fiquei surpreso ao ve-lo acompanhado do mesmo garoto que estava se agarrando com duas garotas hoje. Tentei olha-lo o mais superior possível tentando esconder minha surpresa.

—Drew,este é o capitão do time,Brady.-o treinador me apresentou.

Somente assenti.

—Posso ir para os vestiários tomar banho agora?-Brady perguntou tirando a toalha de seu pescoço.

—Pode.-Benson permitiu.

Brady saiu dali em praticamente um segundo,Benson sorriu e ordenou:

—Vá pegar a bola e algumas toalhas sujas na quadra e as guarde no vestiário.

O olhei cruzando os braços e estalando a língua.

—Por favor.-ele disse as palavras mágicas.

Fui até a quadra e coloquei a bola debaixo do braço,depois meio receoso peguei as toalhas que podiam encher o oceano de tanto suor que pingava delas.

Andei até o vestiário que estava completamente vazio,bem eu achava isso até me deparar com Brady com uma toalha enrolada na cintura e com o cabelo molhado,deveria ter acabado de tomar banho.

—Não me assuste assim.-Brady disse suspirando aliviado.

—Não foi a intenção.-eu disse guardando a bola. Ah,a intenção era que ele tivesse um infarto ao me ver.-Deveria colocar uma roupa.

—E cobrir meu corpo super sensual? Prefiro ficar nú.-Brady disse convencido cruzando os braços atrás da cabeça.

—Se você ficar resfriado não vai poder jogar no próximo jogo.-dei de ombros.

Coloquei as toalhas em um cesto de roupa suja que estava ali.

—Por que você usa roupas pretas? Por acaso está de luto?-Brady fez uma pergunta idiota.

Primeiro o olhei de soslaio, como alguém pode ser tão idiota?

—Não estou de luto. Preto é a cor das trevas.-expliquei. Me xinguei mentalmente por ter respondido.

—Trevas?-Brady perguntou encostando-se no armário.

—Eu sou um gótico...Trevoso.-eu disse com a maior normalidade do mundo,então notei o quão idiota essa frase foi quando Brady segurou o riso.

—Sabe jogar basquete?

—Não. E nem quero saber.-eu o cortei e o vi ficar sem graça.

Brady olhou de meu bolso com meu celular até os fones em meus ouvidos e perguntou:

—Que tipo de música você ouve?

—Rock.

Ele ficou em silêncio um tempinho,por fim fez outra pergunta enquanto pegava uma roupa:

—Hum...O que você gosta de comer?

—Qualquer comida queimada.

—Queimada?!-Brady arregalou os olhos vestindo uma camisa.

—Sim. Porque fica preta.

Na verdade,eu já havia me acostumado com o gosto de comida queimada pois "ela" sempre fazia assim.

—E de beber?-ele perguntou.-Espera,deixa eu adivinhar...Coca-Cola?

—Não. Guaraná.-eu disse. Sempre que me ofereciam Coca-Cola,eu dizia ser alérgico ou algo assim.

—Achei que você gostasse de tudo preto...

—Detalhes...Detalhes...-eu disse tirando os fones do ouvido.-Tchau.-andei em direção a saída. Estava cansado de ficar ali,já tinha feito meu trabalho,então era hora de ir para casa.

—Tchau?-Brady perguntou,parecia querer estender a conversa.

—Já tive muito contato com você,reles mortal.-o olhei como se ele fosse inferior a mim. Eu tinha o costume de chamar as pessoas que "não faziam parte do meu cotidiano" de reles mortal. Afinal,nem sei porque falei com Brady...Me arrependo eternamente de ter respondido a todas as suas perguntas.

Suspirei. Era hora de voltar para casa.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram? Se quiserem deixar alguma opinião, tenham certeza de que irei amar ler seus comentários ♥!

Bjjjjjjs.
—Creeper.



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