Kiss Kiss escrita por Miris


Capítulo 29
Extra 3


Notas iniciais do capítulo

Minha última atualização foi em 06/09, mas isso finalmente passou.
Vou ser boazinha e tentar atualizar semanalmente para deixar todo mundo feliz! ♥


Galerinha, aproveitem e deem uma passada em "Vidas" que é uma fic de AmorDoce. ♥ ♥ ♥



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            Acordei com a luz batendo em meu rosto, aparentemente esquecer as cortinas da sala aberta não era uma boa ideia se você pretendia dormir até tarde. Bocejei e puxei o celular da mesinha de centro. Hoje é segunda-feira e são exatamente dez para às nove da manhã.

            Saí do sofá me espreguiçando para finalmente acordar direito e senti um delicioso cheiro de café da manhã sendo preparado. Segui o aroma até a cozinha e encontrei Ray fazendo panquecas e bacon. Não me contive, peguei um avental e fui ajudá-la e fazer o que faltava.

            Na sala, em frente à televisão, assistíamos um desenho qualquer. Não prestávamos atenção, apenas comíamos esperando que o aparelho aliviasse a tensão entre nós dois. Do canto do olho eu assistia Ray comer bem lenta e com uma expressão vazia, como se pensasse profundamente em algo que poderia lhe tirar a vida.

            Terminei de comer e me levantei em silêncio, levando o que sujei para a pia. Da cozinha eu prestava atenção no que ela fazia, comia lenta alguns pedaços. Ela parou e eu me voltei para a cozinha, fingindo que nem prestava atenção nela.

            Depois que lavei minha louça, fui em direção ao quarto colocar a minha roupa de ontem. Enquanto Ray fingia comer seu café, quando na verdade ela apenas enrolava cada vez mais. De roupa trocada voltei para a sala e ela teve que colocar um pedaço na boca.

— Estou indo, minhas mães devem estar preocupadas. – Ela deu um sorriso de lábios fechados.

— Tudo bem. – Levantou e me abraçou leve, parecia fraca. – Quer que eu te leve lá para baixo?

— Ah, não. Já estou com tudo em mãos e realmente preciso correr. – Menti. – Te vejo por aí Ray.

— Claro. – Ela se abraçou e acariciou seus braços. – Até mais. – Segui para a porta e a fechei, andei até o final do corredor fazendo barulho.

            Apertei o botão do elevador e voltei bem silencioso para frente do apartamento da Ray, eu pude ouvi-la chorar e correr para dentro. Abri a porta e a vi coma mão na boca correndo para o banheiro.

“Te peguei!”— Pensei e entrei indo atrás dela. No meio do caminho escuto uma tosse e engasgue, cheguei perto e a vi forçar o vômito. – Eu sabia! – Ray desequilibrou e caiu no chão tentando tampar a boca com as costas da mão.

— M-michael?! – Ela estava apavorada.

— É disso que a Kory e o John estavam falando – comecei a ligar os pontos – e suas gengivas machucas é por queimação. Ray, é por isso que você evita comer e quando come sente culpa.

— M-michael... – Ela tremia.

— Ray isso é bulimia. – EU estava apavorado. Ray começou a chorar e tudo o que eu pude fazer foi me ajoelhar e abraçar ela. Minha princesa mimada estava se maltratando. – Porque faz isso meu amor?— Murmurei para ela que só chorava.

— E-eu não sei... Eu só fiz... – Ela soluçava forte. – Piorou d-depois de tudo o q-que aconteceu. – Me afastei e segurei com firmeza a região do antebraço querendo falar, mas isso parecia machucá-la. Quando eu levantei as mangas tomei um susto. Foi a minha vez de cair no choro.

            A minha ex-namorada e amor de minha vida estava doente. Estava se maltratando muito e não tinha ninguém ali para impedi-la de fazer uma besteira quando bem quisesse. E será que ela fazia tratamento? Tomava remédios? Fazia acompanhamento?

— Michael... – Ela se aproximou de mim. – Não chora. – Ray acariciou meu rosto.

— E-eu vou te esperar na sala. – Me levantei e saí do banheiro.

            Escutei Ray suspirar, dar descarga no banheiro e ligar a torneira da pia. Enquanto isso eu mexia na cozinha atrás de um kit de primeiros socorros. Ray veio ao meu encontrou alguns minutos depois, com outra muda de roupas e de banho tomado. Sentou em minha frente e olhava para o chão.

            Me aproximei e levantei suas mangas, passando o remédio e ficando horrorizado com sua situação. Ela apenas gemia baixinho com a ardência que o remédio causava. Nós nos olhamos e eu suspirei profundamente.

            Naquela semana eu a acompanhei até o centro de reabilitação onde os psicólogos e psiquiatras eram oferecidos pelo governo. Ela foi atendida e depois de uma hora fomos para o parque de sempre. Compramos sorvete no potinho e fomos caminhando e comendo.

— As coisas desandaram muito Michael. – Ela comentou em meio a nossa conversa. – Eu desesperei e as antigas manias voltaram.

— Mesmo assim, achei que o tratamento que fazia era o bastante para evitar isso.

— Eu também. – Ela deu uma risadinha e deu uma colherada no sorvete.

— Sabe... – Ela me olhou. – Eu sempre vou estar aqui para você Ray, não precisa passar por tudo sozinha. – Ela revirou os olhos.

— Você fala como se fosse meu namorado. – Rimos.

— E quem disse que eu não vou voltar a ser? – Ela me olhou surpresa e ruborizada.

— O que?

— Só preciso te mostrar que sou melhor do que antes. – Dei de ombros percebendo sua expressão ficar mais envergonhada e seu rosto mais vermelho ainda.

— V-você está brincando comigo? – Ri e ela ficou confusa.

— Óbvio que não. – Peguei uma colherada do sorvete dela. – Estou te avisando que vou lutar para ser merecedor de você.

— Ora, seu... – Ela brincou comigo, ameaçando me bater de mentira.

            Eu estava falando sério quando disse que lutaria pelo amor de Ray até onde eu pudesse, apenas desistiria se ela me dissesse “não”. E ela não disse. Quinta-feira à noite, estávamos em seu sofá trocando beijos amorosos e frases de amor, mostrando o quanto nos amávamos. Nós nos perdoamos e voltamos para os braços um do outro.

            E dessa vez eu prometo não vacilar em fazer essa patricinha mimada extremamente feliz...

***

Hey! Mel...— Parei no caminho e olhei para trás. Era John.

— Bom dia John. – Disse quando ele parou em minha frente para descansar.

— Bom dia. – Ele sorriu e ajeitou a postura. – Para onde vai? – Perguntou sorrindo.

— Para a oficina. – Disse enquanto voltava ao meu caminho, desta vez, acompanhada.

— Mas já? Está cedo. – Ele andava ao meu lado.

— Tenho que aproveitar que estou de férias e tentar juntar uma grana extra. Imagina se eu ganho a bolsa de Gotham? Preciso ter uma reserva pra recorrer caso seja necessário.

— É, você tem razão.

— E também – suspirei – não sei quando a Sarah vai voltar e eu preciso comer. Sustentar um micro apartamento ainda é minha obrigação.

— Eu entendo. Também não falo muito com... Meu pai. – Dei de ombros.

— Pelo menos ele te manda dinheiro.

— Se nós conseguirmos a bolsa juntos, podemos dividir um apartamento pequeno. Com o que eu ganho do meu “pai” dá pra ajudar bastante. – Sorri discretamente, eu sei o que ele queria ouvir.

— Mas é claro John, iria facilitar muito as coisas. – Paramos em frente à oficina. – Agora eu preciso ir.

Menina Melissa!— Ouvimos uma voz distante. – Parece que você ouviu minhas preces e veio me ver. – O homem chegou perto de nós.

— Oi tio Brad. – Sorri. – O que aconteceu?

— Minha filha, acredita que estou abarrotado de motos e alguns carros para concertar? – Ri de seu inglês cheio de sotaque. – Ia te ligar mais tarde, mas parece que o Destino me ajudou.

— Eu vim para isso mesmo, ajudar.

— Ótimo! – Ele comemorou. – Vou te pagar o dobro! – Sorri fascinada, isso iria me ajudar demais.

— Precisa de mão de obra extra Brad? – John se ofereceu.

— Vou precisar garoto. – Ele sorriu. – Vem que vou passar os serviços para vocês me ajudarem.

            Enquanto tio Brad falava com um dos clientes no telefone, eu e John mexíamos no carro. Enquanto eu olhava as baterias, John conferia os amortecedores que pareciam estar com defeito. Tio Brad precisou sair e nós ficamos cuidando das coisas na oficina.

— Ele é seu único apoio, não é? – John perguntou enquanto cuidávamos da lataria de um dos carros.

— Sim. – Suspirei. – Quando ele chegou ao bairro acabou conhecendo a minha mãe, e o erro dele foi se apaixonar. Eles dormiram algumas vezes e ela o levou lá para casa, sempre a trabalho. Daí nós nos conhecemos.

— Eu me lembro disso.

— Ele queria que fôssemos uma família, então praticamente me deu e ensinou tudo. Ele quer muito que eu ganhe a bolsa, disse que vou mudar de vida e não vou precisar me matar como sempre faço.

— Nisso ele ‘tá certo. – Nos olhamos e sorrimos. O clima ficou estranho como nunca. Eu não sabia exatamente o que fazer e ele também não.

            O silêncio ficou um pouco intimidante, meu coração saltava no peito e eu não sabia o que fazer ali. Bem, obviamente eu tinha que arrumar o carro, mas me deu um branco. Não sabia por onde começar. Ouvi uma risadinha.

— Você está meio perdida. – Eu sentia meu rosto queimar. O que está acontecendo comigo?

— P-pois é, haha. – O que foi isso? Que Diabos estou fazendo e agindo feito tonta?

Mel...?— A voz dele veio mansa e, eu só pude olhar e fazer ‘Hm’.

John estava muito próximo de mim, meu coração falhou batidas e minhas mãos gelaram do nada. Parecia que haviam sido mergulhadas em um lago congelado. O hálito quente estava muito perto de meu rosto, mas eu não me lembro de ser como os livros descrevem. Minhas pernas estavam rígidas e meu estômago estava revirando.

Aconteceu...

Os lábios de John estavam colados aos meus. Nada de uma coisa selvagem. Nem um beijo impactante de filme ou novela. Era algo muito... Amoroso. Era delicado e parecia apenas querer sentir como era o sabor e a textura. Eu não pude me conter, apoiei minhas mãos em seus ombros e retribui o carinho de lábios.

Depois disso, ficamos bem vermelhos e sem jeito. Nem parecíamos nós mesmos. Voltamos ao serviço e dávamos sorrisos tímidos um para o outro. Droga John, eu estou perdidamente apaixonada por você.

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Notas finais do capítulo

Obrigadinha por ler! ♥
Espero que tenha gostado, então até a próxima! ♥ ♥ ♥ ♥ ♥



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