Oneshot - Nada Igual na Vida escrita por Gabriela Fortunato


Capítulo 1
Capítulo Único




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Felizes para Sempre

 

Há tempos eu havia planejado aquelas férias.  Férias na Irlanda durante o inverno, algo tão mágico quando duendes e fadas. Jully e Mell, minha colegas de faculdade e melhores amigas,  estavam me acompanhando nesse sonho. Levantei cedo sentindo-me revigorada, os raios de sol atingiram meu rosto, como se estivessem acariaciando minha face para que eu não perdesse uma hora sequer daquele lugar mágico. Algo no ar dizia-me que aquele dia ficaria guardado no meu coração para sempre. E como ficaria...

Após um banho e o café da manhã, vesti-me com minha cacharrel lilás clarinha, uma calça jeans azul, botas, não peguei blusa, o jornal havia dito que a tarde seria de calor.

- Não vão me acompanhar ao Parque Nacional? – perguntei as garotas sentadas no sofá com um pote de brigadeiro caseiro nas mãos.

-  Holly, você sabe que coisas naturais não são com agente – mirei os olhos verdes de Jully e sorri.

- Por que não se junta a nós? – revirei os olhos para Mell -  O que foi? O filme não é ruim. – ela bufou irritada.

- Bem, então eu vou sozinha. – estendi a mão e peguei a boina, a bolsa e a chave do carro.

O vento estava cortante e frio, mesmo com o sol brilhante e o céu azul, arrependi-me não pegar um casaco. Percorria a rodovia que levava ao Parque Nacional em auto estilo, como uma adolescente rebelde e sonhadora, ouvindo A Thousand Miles de Vanessa Carlton. Um sentimento de pressa apoderou-se de mim de uma forma devastadora. Era algo que eu jamais experimentei, de repente, senti-me sozinha.

Tão sozinha como uma rosa no inverno. Mirando aquela paisagem magnifica e mágica que se estendia a minha frete em um tapete em vários tons de verde, lembrei de quando tinha 15 anos e sonhava com meu principe encantado, montado em seu cavalo branco.

Uma pequena e solitária lagrima nasceu em meus olhos. Aquele sonho havia acabado, assim como a magia do meu primeiro beijo e do meu primeiro amor. Havia passado tanta vergonha e humilhação, havia sido usada de uma forma tão mesquinha e egoista que jurei a mim mesma jamais amar alguém novamente.

 Sai de minhas lembranças quando avistei a  placa na beira da estrada alertando que o Parque Nacional ficava a 50 Km e que carros eram proibidos.

Estacionei o Alfa-Romeo prata, peguei a bolsa e tranquei as portas. O lugar estava vazio. Respirei fundo enchendo meu pulmão do ar frio e segui o caminho de pedras justapostas.

Perdi a conta do quanto andei. A estrada parecia não ter fim e ir a lugar algum. Abri a bolsa e tirei meu mapa dali. Observei-o de todas as formas possivéis e em fim cheguei a conclusão, que pra mim, já estava clara a horas; estava perdida.

Praguejei por alguns minutos mirando o mapa, até levantar o olhar e ver a paisagem de contos de fadas que se estendia a minha frente. Podia jurar que a qualquer momento um duende passaria ao meu lado, e me entregaria um pote cheio de ouro. Sorri.

Comecei a andar, tentando encontrar o caminho correto. Olhei para trás, um homem estava vindo. Meu coração deu um pulo, que eu jurei que ele sairia pela minha boca. Uma adrenalina sem igual tomou meu corpo deixando-me embriagada.

- Oi? – virei para trás para mirar o homem que me lançava a pergunta. Antes não tivesse feito.  

O vento brincava com seus cabelos chocolates de uma forma que parecia que ele fosse sair voando feito um anjo.

Seus olhos azuis e intensos lembravam-me vagamente algo perdido na minha infância que eu não conseguia lembrar, talvez fosse o cheiro da chuva, nas tardes em que minha mãe proibia-me de sair de casa, ou o aroma do bolo que minha vó preparava quando eu estava doente, talvez fosse apenas o sentimento do abraço de meu pai quando eu chorava. Talvez, nunca tive certeza...

E o sorriso revelando aquelas covinhas inocentes, como um anjo celestial que havia caido na terra por algum motivo desconhecido.

- Eu tô perdida. – revelei, sentindo minhas bochechas corarem. Afastei uma mecha de meu cabelo que ensistia em cobrir-me a face.

- Você tá procurando o que por aqui? – ele disse sorrindo de uma forma que eu pensei que desfaleceria ali mesmo, mirando um ser celestial do outro lado da estrada.

- O Parque Nacional das Montanhas Wicklow.

- O Parque Nacional das Montanhas Wicklow? A quanto tempo você está andando?

- Há algumas horas. – revelei. Ele sorriu e balançou a cabeça incrédulo.

- Bem – ele falou mirando-me intensamente – você está no Parque Nacional há alguma horas, então. – sorriu novamente.

- Jura? – disse rindo, corando violentamente.

- Juro – ele abriu os braços indicando a paisagem ao redor.

- Isto tudo é o Parque? – perguntei não contendo um sorriso. Ele acenou. -  Está tão frio, o jornal disse que faria calor. – mirei-o. Meu coração acelerava cada vez que seus olhos azuis se encontravam com os meus.

- Mas tá calor! – mirei-o como se ele fosse um maluco. – Já sei! – ele disse de repente. – Você é americana, certo?

- Sim. -  respondi. Suspirei profundamente, tomando coragem de deixar aquele anjo, e seguir meu rumo novamente ao hotel. – Bem, acho melhor eu voltar. Obrigada. – acenei e caminhava pelo lado contrário ao que ele tinha vindo.

- Dinada, mas, se você quizer voltar, está indo pelo lado errado, o caminho é por aqui. – disse chamando minha atenção, e indicando a posição contrária.

Parei e mirei-o. Indiquei com o dedo a direção correta, sorrindo. Ele acenou com a cabeça completando com um sorriso, o mais lindo de todos. Dei o primeiro passo, mirando as pedras sobre minhas botas. Ele fez o mesmo do outro lado do caminho.

- Tudo bem se agente andar juntos? Eu também estou indo nesta direção. – ele perguntou  brincando. -  Eu fico deste lado da estrada, tudo bem? Não precisa conversar comigo. – ele disse mediante a minha hesitação. – Eu gosto de andar do lado de alguém sem dizer nada.

Mirei seus olhos azuis. Era uma sensação tão estranha a que invadia meu corpo, era como se todos os meus sonhos, todos os meus desejos se resumissem ao olhar e ao sorriso daquele homem desconhecido. Sorri e afirmei com a cabeça.

Demos o primeiro passo juntos.

Caminhamos em silêncio, um ao lado do outro sem mencionar palavra alguma, apenas saboreando a companhinha e a presença mágica ali contida.  Revezava minha admiração, ora para a paisagem, ora para o homem, o anjo, como me acostumei a chamá-lo. Peguei-o me olhando furtivamente algumas vezes, o que fazia meu coração acelerar, e a adrenalina preencher cada lugarzinho do meu corpo. Era uma sensação gostosa. Uma sensação que jamais senti igual.

Mas enfim chegou um momento que eu não consegui segurar e desabei sobre ele tudo que eu estava pensando naquele momento. Falei de como a Irlanda era linda, em como era magica e misteriosa, acabei lhe revelando que cursava a faculdade de Artes e devo tê-lo perturbado com minha filosofia e planos  de vida. Ele por sua vez, ouvia-me atentamente, com aqueles olhos azuis penetrantes, e sorrindo lindamente como um ser mistico. Lembro-me que perguntei a ele se algo do que eu havia dito fazia sentido.

Ele antecipou-se a minha frente, tocou minha bochecha com uma de suas mãos, fazendo passar pelo meu corpo aquelas correntes eletricas prazerosas. Mirou meus olhos de uma forma devastadora, como se pudesse ver através de mim mesma, e sorrindo respondeu.

- Faz. Você tá me dizendo que quer pintar meias. – naquele momento eu ri de uma forma que não ria há anos, de uma forma que jamais imaginei ser possivél eu rir novamente. E foi naquele momento que eu soube que existe, sim, amor a primeira vista.

Foi quando chegamos a uma parte da estrada onde ela era rodeada dos dois lados por campos de flores. Um tapete de flores de todas as cores imaginavéis, maravilhosas e castas.

Ele parou de andar, virei para ele.

- Quer andar pelo paraiso? – ele perguntou-me com um brilho diferente nos olhos, era um brilho cheio de espectativa e amor. Balancei afirmativamente a cabeça, ele pegou minha mão e conduziu-me para dentro daquele campo florido. – Então venha.

Nós corriámos como duas crianças sonhadoras e sem qualquer responsabilidade ou preocupação, como se aquele momento fosse eterno e jamais fosse acabar. Eu girava em meio as flores, sorrindo. Foi quando ouvi o homem rir atras de mim.

- Aqui é tão lindo.

- Não. Você é linda. – acariciou meu rosto, sorrindo. – Esta vendo aquelas flores brancas, não são tão belas como a sua pele alva, e aquelas azuis, nada comparadas aos seus olhos, e as vermelhas? Não chegam nem perto ao tom escarlate da sua boca. – pegou uma flor, beijou-a e entregou-a para mim. – Nenhuma flor é tão macia quando os seus cabelos negros, e a brisa? – ele disse tirando os meus cabelos que insistiam em cobrir-me a face- Nada comparado com seus gestos meigos e delicados. O som de sua voz é mais encantador do que o som das águas que caêm naquelas cachoeiras.

Ele levantou  meu queixo, fazendo meus olhos encararem os seus sem uma forma de escapar, e então ele me beijou.

Foi definitivamente o beijo mais perfeito da minha vida. Eu estava num lugar perfeito, com flores perfeitas, com o homem perfeito. Fechei meus olhos e senti que tudo, toda aquela viajem se resumia aquele momento. Era como se todas aquelas feridas passadas, causadas pelo amor tivessem sido curadas. Agora tudo que me restava era não permitir que nada tornasse aquele momento como outro qualquer.

Sua lingua brincava com a minha de uma forma tão meiga e carinhosa, estavamos em sincronia um com o outro como jamais pensei em ficar com ninguém. Eu brincava com seus cabelos enquanto suas mãos traçavam a linha das minhas costas.

Tudo o que eu queria era que aquilo não acabasse nunca. Era tudo magico.

Mas, infelizmente, nós seres humanos somos criaturas aeróbicas,e precisamos do ar para sobrevivermos. Ele apenas parou de me beijar para enlaçar minha cintura com seus braços.

Sorri.

- Esse foi o mais perfeito primeiro beijo. – falei, ainda sorrindo, mirando aqueles orbes azuis céu.

- E o segundo? E o terceiro? – ele disse voltando a me beijar, da mesma forma carinhosa e magica. Novamente paramos apenas quando o fôlego acabou.

Era tão magico e tão perfeito...

Me afastei dele, recordando, mentalmente de todos detalhes e sensações dos momentos vivídos. Ele fez menção de se aproximar, mas eu o impedi.

- Fique ai. – disse. Meu coração acelerava, batia a mil por hora e estava progredindo. Ele novamente fez menção de se aproximar, mas eu novamente pedi que ele se mantivesse ali, enquanto eu seguia para a estrada.

- Diga pelo menos seu nome. – pediu-me. Seus olhos suplicavam-me pela resposta. Meneei que não com a cabeça. – Meu nome é ...

- Não fale! – disse rápida.

- Mas por que? Você está com meu casaco! – ele lembrou-me.

- Sim, eu sei. Te entrego da próxima vez que nos encontrarmos. – falei dando cada vez mais um passo para trás, a medida que ele tentava se aproximar.

- Mas e se não nos encontrarmos?

- Então fica como uma promessa. Se não nos vermos isso é tudo e  mais nada. -  meu coração batia de uma forma que nunca pensei que fosse possivél.

- Mais nada o que? – ele disse incrédulo.

- Mais nada igual na vida.

Ele passou as mãos nos cabelos, e suspirou. – Eu estou cantando num bar ele se...

- Não! Não me diga! – pedi. – Se eu entrar no bar certo, na cidade certa nós teremos certeza, mas se eu não entrar, esse será o beijo mais perfeito entre dois estranhos, e nós vamos mantê-lo perfeito pelo resto da vida.

Então eu sai correndo. Eu não sabia exatamente o que estava fazendo, mas estava cansada de relações de apenas uma noite e nada mais. E aquilo que eu havia vivido era tão perfeito, que eu tinha medo que se tornasse apenas mais um beijo qualquer.

Aquela noite eu cheguei ao hotel mudada. Enfim, minhas cicatrizes estavam curadas, e as lembranças não eram tão dolorosas como antes.

Sim, eu iria conservar aquele beijo perfeito, por que, pelo que eu entendia de probabilidade, seria praticamente impossivél, eu encontrar aquele anjo novamente. Ou não...

Na noite seguinte eu, Jully e Mell fomos a um bar chamado Crossroads, Blues & Classics, onde uma banda ia tocar. Eu não pude acreditar, mas ali estava ele. Tocando. Então ele saiu de cima do palco veio até mim, e novamente me beijou.

Seu nome era Gerry Kennedy, e ele foi o mais perfeitos ds maridos. Era durante as noites frias, que Gerry enlaçava meu corpo ao dele, e me ninava de uma forma tão carinhosa e protetora, era quando brigavamos, que Gerry demonstrava o quanto me amava. Era na minha pressa do dia-a-dia que meu marido me mostrava as coisas boas da vida, era durante uma tarde ensolarada, embaixo de um carvalho que Gerry lia para mim, enquanto eu brincava com a linha que suas veias faziam em seus braços. E era com Gerry ao meu lado, que eu me sentia completa.

Gerry foi meu principe encantado. Ele não veio em um cavalo branco, e nem morava em um castelo, mas foi ele quem me ensinou que a vida guarda a perfeição em cada gesto, ato, palavra ou pensamento.

Gerry se foi a um ano. Juntou-se aos anjos no céu, semelhantes à ele. E é para lá que eu irei quando minha jornada aqui terminar, onde poderemos viver o nosso felizes para sempre.

 

 


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Notas finais do capítulo

Oiint, eu de novo xD , beem, estáa ai, espero que vocês tenham gostadoo, ee or favor, deixem comentários, estou ficando depressiva akii :'( *olhinhosdogatinhodoshereck*
Beeijos de Hortelã :*
Gabii (=