A garota examinou o próprio reflexo mais uma vez antes de saírem do dormitório. Ela usava um vestido vermelho, justo na parte de cima e rodado na saia, que lhe batia um pouco acima do joelho; seus cabelos naturalmente cacheados estavam presos em um penteado lateral que Dominique fizera e, além disso, usava um batom vermelho muito intenso e um pouco mais de maquiagem que o normal, embora as suas sardinhas ainda fossem bastante visíveis. 

— Você está ótima, Rosie — garantiu Dominique, fazendo um sinal de positivo para a prima. “Não tanto quanto você”, pensou Rose meio amargamente. Dominique usava um longo vestido azul e os seus cabelos, que normalmente lhe caiam na cintura, foram presos em um coque solto, deixando a mostra boa parte do seu colo nu.

Rose e Lily, que usava um delicado vestido floral, deixando-a com a aparência de uma fadinha das florestas, saíram juntas em direção às masmorras. Dominique havia marcado de se encontrar com Scorpius no saguão de entrada. Enquanto Lily reclamava sobre como Hugo podia ser estúpido às vezes por não querer ir à festa, Rose viu Scorpius entrar acompanhado da prima. Ele parecia perdidamente bonito naquelas vestes pretas. Seus olhos se encontraram e ela não pôde evitar um sorriso. Scorpius sussurrou algo no ouvido de Dominique e caminhou em sua direção

— Você está linda, Rosie — falou com um sorriso bobo. Aquele apelido infantil soava estranhamente bem quando era ele quem dizia.

Lily revirou os olhos.

— Ai, Merlin! Talvez Alvo também esteja sobrando por aqui, sinceramente, viu! — resmungou a garota enquanto se afastava dos dois.  

— Você também não está nada mal — riu Rose.

— Eu faço o meu melhor.

Ele olhou para o alto de suas cabeças e sorriu de um jeito estranho.  

— Está tudo bem? Você parece... não sei, meio esquisito.

— Acho que você provavelmente deve saber, Rosie, mas eu não sou muito bom com garotas — Ele se aproximou um pouco mais — Fico me perguntando o que aconteceria se por acaso Dominique, um visgo e eu...

— Você já deve ter beijado outras garotas — Rose o interrompeu.

— Sim, mas elas nunca me disseram o que acharam — Scorpius olhou novamente para o alto e dessa vez Rose seguiu a direção do seu olhar. Eles estavam embaixo de um visgo, percebeu em um sobressalto. Que original! — Talvez você possa me dizer.

Rose olhou para os lados, Dominique estava conversando animadamente com Lily e Alvo. Então, ela se aproximou mais um passo de Scorpius, apoiou as mãos em seus ombros e sussurrou:

— Talvez eu possa te dizer.

Ela precisou ficar nas pontas dos pés para alcançá-lo. Os seus lábios pousaram delicadamente sobre os dele, quentes e macios. Ele não demorou muito para começar a retribuir. Scorpius envolveu os braços ao redor da cintura dela, enquanto Rose mergulhava os dedos por entre os cabelos dele. Precisou ignorar o aviso que o seu coração, batendo acelerado dentro do peito, lhe enviava, dizendo que aquilo não era certo, quando Scorpius a puxou mais para perto e aprofundou o beijo.

Ela tinha gosto de cerejas.

Ele, de pastinhas de menta e café.

Sem querer que acabasse, Rose se afastou muito lentamente do garoto e os dois se olharam em um silêncio prolongado. Ela não conseguia se mover; e apenas continuou ali, os lábios levemente entreabertos de surpresa. Rose sentiu a respiração desacelerar aos poucos, mas um leve aperto começou a comprimir o seu peito. Era como se seu coração começasse a falhar pausadamente.