O que Scorpius poderia perder com aquilo?

Não era como se fosse apaixonado por Dominique Weasley nem nada, mas também não poderia dizer que achou a ideia ruim. Qualquer cara ficaria no mínimo animado com a perspectiva de sair com ela. E só precisava, como prometeu Rose, ir a uma única reunião estúpida. Não precisaria voltar se não gostasse, nem mesmo se gostasse. Mas enquanto ele esperava Rose em frente à sala comunal da Grifinória, naquela noite de quinta-feira, começou a pensar se tinha sido mesmo uma boa ideia.

Ele começava a se sentir meio mal com aquilo.

 — Aí está você! — Rose disse animada, quando o retrato da Mulher Gorda girou e ela o avistou — Eu cheguei a pensar que não viria.

— Você quase acertou.

Ela riu.

Scorpius a seguiu até uma antiga sala de aula no quinto andar, que havia sido cedida pela diretora para o jornal todas às quintas-feiras a noite. Os outros já esperavam, reunidos em um semicírculo. As cadeiras haviam sido afastadas para o canto inferior e os membros do jornal se sentavam no chão; havia salgadinhos, doces e suco de abóbora em cima da mesa dos professores, uma música animada, porém não muito alta, tocava em uma vitrola e, no quadro negro, alguém escrevera em letras coloridas “Bem vindos ao Expresso de Hogwarts”.

— E aí, cara? — cumprimentou Elijah Nott, capitão do time de quadribol da Sonserina, quando Scorpius se juntou a eles. Ele não fazia ideia que Nott era membro do jornal. Pelo menos as reuniões nunca coincidiriam com os treinos de quadribol, pensou mais alegre.

Rose explicou os novos objetivos do jornal e o que cada um fazia. Elijah Nott escrevia para o caderno de esportes junto com Ernest Cornwell, da Lufa-lufa, porque sozinhos poderiam ser muito parciais — especialmente Nott, lembrou Hugo. Lily Potter e Alice Belacqua, uma sonserina por quem Alvo tinha uma quedinha desde o quinto ano, eram responsáveis pelo caderno cultural. Elas faziam bem o tipo, refletiu, Lily com seu corte joãozinho e Alice com seu chanel platinado e levemente ondulado.

Hugo Weasley, da Lufa-lufa, cuidava da sessão de quadrinhos e era o criador de “Um Hipogrifo Perdido no Espaço” e todos pareciam especialmente orgulhosos dele por isso. Daniel Thomas, da Grifinória, era o fotógrafo do jornal. Se alguém precisasse, era com ele que deveriam falar. Sahila Patil, da Corvinal, redigia o caderno de comportamento e moda bruxa. Por fim, Rose Weasley e o esquisito do Darian Zabini, monitor-chefe da Sonserina, produziam a sessão de variedades, com artigos e reportagens sobre assuntos diversos.

E Scorpius, se entrasse para o time, seria o novo colunista com total liberdade para escrever crônicas e contos.

“A grande nova aquisição”, segundo Rose.

— E então, o que achou? — ela se aproximou dele após a reunião de apresentação; todos agora aproveitavam para conversar tranquilamente, ouvir um pouco de música e comer ou beber alguma coisa — Nos vemos na próxima semana?

Ele não queria admitir, mas tinha gostado. E estava até mesmo animado.

— É, acho que sim — respondeu, dando de ombros.

— Você está muito bravo comigo? — perguntou Rose baixinho, pegando um sapo de chocolate sobre a mesa — Por eu ter lido suas coisas? Eu juro que não teria continuado se fosse seu diário ou coisa do tipo, mas eram só contos e crônicas, então pensei que não fosse tão mal assim.

— Você não parecia tão preocupada com isso quando tentava me convencer a entrar no jornal — observou Scorpius.

— Eu sei que não... Mas agora que, bom, que estamos aqui, eu... Eu... Eu gostaria que não estivesse muito chateado comigo.

— Eu não estou.

— Mesmo? — a sombra de um sorriso passou pelo rosto da garota.

— Mesmo.