— Blitzen. B-L-I-T-Z-E-N. Está entendendo?

Hearthstone suspirou, concordando com a cabeça. Gostaria de dizer que havia entendido o nome dela há mais de cinco minutos, mas o anão parecia tão satisfeito que não teve coragem. Além disso, seria grosseiro com aquele que acabara de salvar sua vida. Aquele anão — Blitzen, como fizera questão de deixar bem claro — era a única razão de ainda estar vivo.

Acabara de cair em Nídavellir, depois de finalmente sentir que tinha conhecimento e coragem o bastante para tentar usar as runas uma primeira vez, um grande erro. Caíra em um beco qualquer, fraco e sem ter como pedir ajuda, sentindo-se miserável por não conseguir colocar-se de pé, nem mesmo arrastar-se, ou gritar por socorro. Realmente achou que iria morrer, os anões não tinham fama de serem hospitaleiros, não em seu mundo... Se bem que qualquer outra espécie não tinha boa fama em seu mundo. Mas então Blitzen apareceu e, através da sua visão embaçada, nunca ficou tão feliz em ver uma massa disforme e bem vestida. Acordara em um lugar estranho, que logo descobriu ser o apartamento de seu salvador, e em uma cama... Máquina igualmente estranha.

Blitzen era gentil, tentara lhe explicar como fizera para ajudá-lo, mas estava tão animado com sua criação que não parava de se mover por um instante. No fim, Hearthstone só entendeu algumas palavras aleatórias, como “sol”, “ferro” e “estúpido”, e sinalizou seu nome para tentar desfazer aquela confusão, só então Blitzen pareceu perceber que seu convidado não dissera uma palavra até aquele momento. Então passou os próximos minutos assegurando que ele entenderia seu nome.

— Aqui. — o anão disse, alcançando-lhe um pedacinho de papel e um lápis — Seu nome?

Hearthstone abaixou os olhos para o papel, pronto para escrever, mas ergueu a cabeça novamente ao perceber que o outro ainda estava falando.

— Vocês elfos comem? Seria um problema você morrer de fome logo após eu ter salvado sua vida, tiraria todo meu crédito e me daria fama de má anfitrião. — ele falava mais devagar e sem ficar andando para lá e para cá, o que facilitou as coisas.

O albino rabiscou seu nome rapidamente e entregou o papel de volta, concordando com a cabeça, um sorriso não muito convincente em seus lábios, como se ainda estivesse duvidando do que estava acontecendo, as pessoas não costumavam lhe tratar daquela maneira em Álfaheim. Desceu da câmera de bronzeamento artificial, acompanhando o outro para a cozinha, não sentia-se muito bem sem o sol de seu mundo, mas agora estava muito melhor em comparação a algumas horas atrás.

— Você gosta de pizza? — o anão perguntou quando ele já estava perto o suficiente.

Hearthstone teria o abraçado se tivesse esse costume, mas os outros elfos pareciam não gostar de contato físico consigo, quase como se tivesse uma doença contagiosa. No lugar disso, colocou a mão no ombro do outro, seu sorriso tornando-se mais confiante, esperando que aquilo pudesse passar toda a gratidão que sentia.

E foi como começou, e como, pela primeira vez, Blitzen aprendeu toda uma nova língua apenas por uma pessoa.