Dance Made escrita por Miyako


Capítulo 9
#9- Começando a sonhar.


Notas iniciais do capítulo

Oie mozores! Então, primeiramente eu queria agradecer a WhateverLala e a Juhramos por terem recomendado a história! Isso significa muito! Ah, eu amei o capítulo! Espero que gostem também! Boa leitura!



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Quinta-feira. Não consigo expressar o quão ansiosa estive para esse dia. Mas ele finalmente chegou. Bom, agora são oito horas da noite. A viagem é às dez horas, mas temos que nos encontrar às nove em frente ao prédio do estúdio, o ônibus já vai estar esperando por nós. Minha mala já está arrumada, agora vou tomar banho e me preparar para sair.

—Uma hora depois-

Chegando no ponto de encontro, as únicas iluminações eram os postes acesos e a luz da lua, isso deu um ar bem mais legal para a viagem. Todos já estavam lá, menos uma pessoa. Breno. Ele era o único que não poderia faltar, até porque, ele é minha dupla, e as duplas vão juntas no ônibus. Sem dupla, eu perderia a viagem. Decidi conversar com a Bea para tentar me acalmar. Ela estava encostada na lateral do ônibus e mexendo no celular, provavelmente enviando mensagens de ódio para o amiguinho dela. Decidi ficar ao seu lado, imitando sua posição.

—Oi Bea! —Comecei, tentando tirá-la do celular.

—Oi. —Ela respondeu, da maneira mais fria possível.

—Eita! Ta bravinha comigo é?

—Não, foi mal. Não é com você. É com.... —Ela fez uma pausa, olhando para frente. —Ele mesmo.

Olhei para frente e, mesmo coma luz fraca, encontrei o motivo de sua raiva. Breno, depois de atrasar todo mundo, finalmente chegou, e estava vindo em nossa direção. Mas, eu tenho que admitir, alguém aqui tem estilo. Ele estava usando uma blusa branca e uma jaqueta, que combinavam muito bem com seu estilo despojado, sem falar da calça jeans, que estava sempre meio soltinha por causa do cinto. Sua mochila estava apoiada em apenas um de seus ombros, bem a cara dele. Quando ele se aproximou, pude sentir o cheiro do seu perfume, provocante, como sempre.

—Eai. —Ele disse, colocando uma de suas mãos no ônibus ao lado de Bea, impedindo-a de sair.

—Eu vou matar você. —Ela respondeu, carinhosamente, empurrando o rosto de Breno com uma de suas mãos. Fazendo-o se distanciar.

—Tá, beleza. Você me diz isso quase todo dia e nunca faz nada.

—Dessa vez é sério. —Ela me olhou, como se estivesse notando a tensão entre mim e Breno. —Bom, Elin. Vamos pro ônibus, já tá na hora de entrar. —Ela segurou minha mão para me guiar até o ônibus, mas alguém interrompeu.

—Desculpa, Bea. Essa função é minha. —Ele disse, segurando meu punho.

Ela olhou para nós dois, como se esperasse por alguma reação interessante, mas tudo que ganhou foi uma piscadinha do Breno.

—Tá, que seja. Boa sorte com esse idiota, Elin. —Ela deu mais uma olhada para o Breno e depois saiu, entrando no ônibus.

  —Sempre delicada, Bea. —Seu olhar se desviou para o meu, e notando que não teríamos muito assunto, apenas fez um sinal com a cabeça, mostrando que deveríamos ir para o ônibus.

Ao entrar, encontrei Jane e Jake, eles estavam em uma das primeiras fileiras, enquanto eu e Breno estaríamos em uma das últimas. Jane estava com um casaco de moletom que parecia bem largo nela, provavelmente era de seu irmão. Sem falar do seu gorro, que combinava muito bem com ela. Fui cumprimentá-los, mas não pude deixar de notar o quão felizes eles estavam juntos. Digo, como uma dupla, claro.

—Oi! —Comecei, tentando não interromper seus sorrisos.

—Elin! Que bom que você veio! — Ela levantou e me deu um abraço bem apertado. — Ah, e foi mal, eu esqueci de te agradecer.

—Agradecer? Pelo que? —Disse, me soltando do abraço, para ouvi-la melhor.

—É que.... Você não me julgou quando disse que sou bi. A maioria das pessoas se afasta. Obrigada por ser diferente.

—Jane! Você não tem que me agradecer por não ser uma idiota!

—Tenho sim! Pessoas assim são raras hoje em dia.

—Desculpa interromper, mas, posso cumprimentar a Elin?

—Pode! —Ela disse, com um lindo sorriso, que saia naturalmente, em qualquer situação que ela encontrasse um motivo para sorrir.

Jake me abraçou, mas senti uma preocupação no jeito que ele o fez, então sussurrei em seu ouvido, sem sair do abraço, para que ninguém pudesse notar.

—O que foi?

—Nada. —Ele respondeu, sem sair daquela posição.

—Fala logo, Jake.

—Qual é a dele? Tipo, quem ele pensa que é pra quase arruinar sua viagem?

—Ele não arruinou nada. Só chegou atrasado.

—É, trinta minutos.

—Quinze minutos, Jake.

—Tá. Que seja. Vai logo. Boa sorte. —Ele finalizou, me dando um beijinho na bochecha.

Acenei para os dois e fui andando em direção ao meu acento. Breno já estava me esperando, ele deixou o acento da janela para mim, pelo menos poderia olhar para a vista e não para ele.

—Já falou com o namorado? —Ele disse, sarcasticamente.

—Cala a boca Breno. —Respondi, me sentando ao seu lado.

—Tudo bem. Mas já pode falar pra ele não se preocupar, eu não vou roubar seu coração nem nada em uma viagem de ônibus. —Agora ele provocou.

—Desculpa, Breno. Mas nem tudo gira entorno de você.

—Tá bem, ótima lição de moral. Mas se ele não tá preocupado, porque ele não para de olhar pra trás?

—Ele não tá olhando—

Sim, ele estava.

—Tá bem, mas é só pra saber como eu estou. —Respondi, tentando desviar o foco do assunto.

—Ok. Então temos um psicopata aqui.

—Fica quieto Breno! —Deixei escapar um sorriso, e acredite, eu me odiei muito por isso.

Depois daquele momento constrangedor, começamos nossa viagem. De acordo com o instrutor, ela duraria seis horas, então chegaríamos no hotel de madrugada. Para alguns isso foi bem desconfortável, mas para mim isso só deixa as coisas mais emocionantes. Eu estava muito feliz com tudo, até Breno me lembrar de um ponto bem considerável.

—Se você quiser eu não durmo. —Ele disse, com seu tom irônico de sempre.

—O que quer dizer com isso?

—Bom, se você quiser que eu durma com você, sem problemas.

Ele tem razão. Os vinte centímetros de distância entre nossos corpos, e o fato de estarmos em assentos de ônibus não impedem o fato de estarmos dormindo juntos. Gostei de ele ter pensado nisso, mas não achava justo fazer isso com ele.

—Não é justo com você. Mas.... Eu não acho que isso seja um problema, sabe, têm mais duplas entre meninos e meninas que vão dormir juntos.

—Ok então.... Só não quero atrapalhar seu namoro.

—Idiota.

—Já ouvi isso antes.... Enfim, se serve de consolo, eu não vou dormir agora.

—Nem eu, vou ouvir música.

—É, to ligado, você vai ouvir Low Life, do The Weeknd.

—Como você sabe?

—Não sei porque ficou tão surpresa, qualquer um notaria que você viciou nessa música.

—Por que?

—Porque você não para de cantar ela.

—Stalker.

—Olha só! Fui de idiota pra stalker, temos um progresso.

—Cala a boca, Breno!

—Breno agora? Nossa! To impressionado.

—Não quero mais falar com você. Boa noite.

Ele riu, e eu o ignorei completamente. Depois de ouvir música por um bom tempo, decidi colocar meu casaco e vestir minhas meias, gosto de usar elas para dormir. Mas só aí fui me lembrar que elas tinham gatinhos desenhados. Ah, são só gatinhos, ele não vai me zoar por isso, certo?

Errado.

—Gatinhos, é? —Ele disse, segurando o riso.

—Algum problema com gatinhos? —Respondi, determinada a defender minhas meias.

—Nenhum problema com gatinhos.

—Então por que segurou o riso?

—Se quiser eu fico rindo na próxima.

—Breno. Tchau.

—Tchau.... —Ele disse, rindo.

Também ri. Não queria mais segurar meus sorrisos, não fazia sentido, sabe? A Jane me inspira nisso. Ela está sempre procurando motivos para sorrir. Falando nela, como estaria sua dupla? Ergui meu corpo para tentar vê-los, mas pareciam estar dormindo. Na verdade, notei que eu e Breno éramos os únicos acordados no ônibus. Isso me deixou meio desconfortável, e ele notou.

—Notou também, né?—Ele disse.

—O que? —Me sentei novamente, tentando disfarçar minha situação.

—Todo mundo dormiu.

—Eles dormem muito cedo na minha opinião.

Dessa vez ele não segurou o riso, e eu queria saber o motivo de sua risada.

—Qual é a graça? —Perguntei.

—Você tem noção das horas, Elin?

—Ah sei lá.... Acho que são umas onze.

—É, você não tem.

—Quantas horas?

—Uma da manhã.

—Tá zoando.

—Nope, olha. —Ele me confirmou o horário na tela inicial de seu celular.

—Caraca, Breno! Era pra gente estar dormindo!

—Relaxa, Elin! Escuta, você tá com sono?

—Não, nem um pouco.

—Então vamos aproveitar isso.

—Breno, eu já disse que eu não quero nada com você—

—Só pensa nisso, é? Que mente pervertida. Não que isso seja um problema.—Eu ignorei completamente seu comentário.

—Ué.... O que você quer dizer com aproveitar?—Perguntei, desviando o assunto.

—Vamos zoar umas pessoas.... —Ele fez uma risadinha maliciosa.

—Eu não deveria, mas topo.

—Viu? Você ama se meter em confusão. Vem, me segue.

Ele me disse isso antes. Na festa da Letícia. E eu conheço o Breno o suficiente para saber que ele usou essa frase de propósito. Mas eu não iria pensar nisso agora.

Me abaixei ao seu lado, e fomos de fininho até a cadeira da Bea. O Breno estava com uma canetinha na mão, então eu já sabia muito bem o que ele iria fazer.

—Quer fazer as honras? —Ele disse, estendendo a canetinha para que eu pudesse pegá-la.

—Não, valeu....

—Tudo bem, quem perde é você. —Ele se levantou e começou sua obra artística no rosto e no braço da Bea.

Eu ainda queria ver como Jake e Jane estavam, então tive que arrumar uma desculpa.

—Ei Breno.

—Sim?

—Vou procurar a próxima vítima.

—Beleza, vai em frente. Vou terminar a arte aqui.

—Tá bem. —Disse, deixando um sorriso fluir, e ele gostou, porque arqueou levemente suas sobrancelhas, e isso me fez corar um pouco.

Fui andando silenciosamente até o assento de Jake e Jane. Mas eu me arrependi. Porque senti algo horrível ao ver os dois juntos. Ciúmes. Jane estava deitada no ombro de Jake, enquanto ele a abraçava, cobrindo-a com seu casaco. Os dois, dormindo. O abraço era inocente, mas mesmo assim aquilo me incomodou de uma maneira muito forte, então decidi aproveitar a situação em que Breno e eu estávamos.

—Breno. Eu mudei de ideia. Me passa a canetinha. —Disse, me virando para vê-lo.

—Nossa! —Ele disse, surpreso, se virando para mim e apoiando seu braço na poltrona de Bea. —É só você ficar umas horinhas comigo que já muda de personalidade. Não que eu goste mais da Elin boazinha.

—Joga logo, Breno. Antes que eu mude de ideia.

—Beleza. —Ele se preparou para jogar a canetinha, mas parece que o destino não queria que isso acontecesse.

O braço do Breno escorregou e acabou tocando o ombro de Bea, o que fez ela acordar.

—Breno? Tá fazendo o que aqui? Pera.... Isso é uma canetinha? Não, você não fez isso. —Ela empurrou ele e foi em direção ao banheiro para se limpar. Ainda bem que ela não me viu.

—Então, Elin. Foi muito bom te conhecer, tá?—Ele começou.

—Cala a boca, vei! Ela nem vai ficar tão brava assim.

—Uhum.

—Brincadeira, você é um homem morto.

—Gostei do apoio moral.

—Vou voltar pro meu assento, não quero morrer com você.

—Beleza, vou me juntar a você enquanto eu ainda tenho vida.

—Breno. —Não sei como a Bea apareceu ali, mas ela estava do lado do Breno com uma cara não muito agradável.

—Oi minha linda. —Ele disse, tentando amenizar a situação.

—Nem vem com os elogios. Nada vai mudar o fato de sua morte.

—Bea, relaxa, foi só uma zoeira, e ninguém te viu. —Eu disse, tentando não fazer os dois acordarem o ônibus inteiro.

—Tá. Dessa você escapa, Breno. Mas fica esperto. Boa noite, Elin. —Por incrível que pareça, isso funcionou e ela voltou para seu assento. Provavelmente ela estava com muito sono.

—Você sai salvando a vida das pessoas normalmente? —Disse Breno, se virando para me olhar.

—Preciso de você vivo, professor. Se não, eu até ajudaria ela a te matar.

—Tudo bem então.... Boa noite?

—É, boa noite.

Nós dois nos deitamos, mas ao notar que seu rosto estava tão perto do meu, senti meu coração bater mais forte. Eu não queria sentir isso. Não queria pensar nisso. Então me virei para o outro lado, tentando ignorar o que havia acabado de acontecer.

Depois de um bom tempo tentando, finalmente consegui dormir, mas já estava quase na hora de acordar, então eu provavelmente iria parecer um zumbi quando chegássemos no hotel. E foi o que aconteceu.

Todos acordamos e pegamos nossas mochilas. Eu estava totalmente desligada, nem sei como consegui ficar em pé. Antes de sair do ônibus, Breno sussurrou em meu ouvido algo que me salvou de um bullying muito sinistro que poderia acontecer.

—Não acha melhor tirar sua meia de gatinhos e colocar seu tênis?

—Breno. Você é um anjo.

—Nossa! Orgulhoso do nosso progresso! De idiota foi pra stalker, de stalker pra Breno e agora anjo? Que isso em, Elin?

—Devia ter deixado a Bea te matar.

—Tudo bem, calei a boca.

Saímos do ônibus e fomos em grupo até a entrada do hotel. Eu achei que fosse ser um lugar qualquer, afinal, estávamos indo para as regionais dessa cidade, não era nenhum campeonato sério. Mas parece que eles não pensam assim.

A entrada era cheia de palmeiras e o prédio era alto, todo dourado e com portas de vidro. Não tinha como não se encantar com aquilo. Entrando na recepção, havia um lobby bem aconchegante e uma bancada enorme, com cinco recepcionistas. Não pude deixar de notar os lustres de cristais no teto, eram lindos. O Yan disse para sentarmos nos sofás, porque ele ainda teria que organizar nossa estadia.

Breno foi ficar com os amigos dele, e Bea estava com Diego, discutindo, para variar. Sentei em um dos sofás, deixando um espaço livre, para quem tivesse interesse. E alguém teve.

Jane estava vindo em minha direção, bocejando de uma maneira ridiculamente fofa, ela não estava mais com o moletom, e sua blusa ficava muito bem em seu corpo. Na verdade, qualquer roupa parecia cair bem nela. E isso irritava. Muito. Depois de sentar do meu lado, ela deitou no meu ombro e começou a puxar assunto.

—Aqui é lindo, não acha?—Começou.

—Sim.... Um dos lugares mais bonitos que já vi.

—Espera só pra conhecer a piscina e os campos! São incríveis! Te mostro hoje mesmo, pode ser?

—Você faria isso? Claro, Jane!

—Combinado então.

—Ei Jane.... Posso fazer uma pergunta?

—Claro, Elin!

— O que você acha do Jake? —Eu tinha que perguntar uma hora.

—Ele é muito legal e gentil. Parece ser um ótimo amigo. E você? O que acha do Jake?

—Na verdade.... Eu nem sei mais o que pensar sobre ele.

—Ah.... Aconteceu alguma coisa?

—Não, nadinha. Vamos, o Yan tá chamando a gente.

Foi uma péssima ideia perguntar isso.

Yan reuniu todos em uma parte do lobby e começou a dar suas instruções.

—Seguinte, gente, nosso andar esse ano é o dezesseis. Cada dupla tem seu quarto, mas qualquer problema é só ir no 1603, meu quarto. Lembrando que não é legal ficar andando no corredor de noite, nem trocar de quarto. Conto com vocês. Dúvidas?

—Como assim nosso andar é o dezesseis? —Perguntei.

—É verdade, é sua primeira viagem. Então, Elin. O andar dezesseis é todo reservado para nossa turma, as outras turmas têm outros andares.

—Ah, entendi. —Beleza. A gente tem um andar.

Chegando no andar, todos os grupos se separaram. As duplas do meu quarto seriam Breno e eu com a dupla da Bea e do Diego. Ao entrar no apartamento, encontramos uma sala de estar aconchegante e uma cozinha, também tinham dois quartos, um para meninas e um para meninos. Era tudo muito lindo, mas agora não era hora de aproveitar, eu precisava dormir.

Eu e Bea nos despedimos dos meninos e fomos para nosso quarto. Trocamos de roupa sem se preocupar com intimidades, o sono era mais valioso. Colocamos nossos pijamas e fomos deitar, Bea me deu boa noite, de novo, e apagamos as luzes.

E eu confesso, mal posso esperar para acendê-las. Amanhã será um grande dia.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram?



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