Dance Made escrita por Miyako


Capítulo 7
#7- Marcas.


Notas iniciais do capítulo

Oii! Eu vou ficar quietinha aqui.... Até lá em baixo :X



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677802/chapter/7

Um garoto com marcas de batom, uma garota descabelada. Os dois, juntos, em um quarto fechado. O que a pessoa atrás daquela porta iria pensar? Bom, com certeza não pensaria que estávamos conversando. Então, sem desculpas.

Quando voltei um pouco para o mundo real, notei que Breno estava me olhando, segurando o riso. E, claro, eu tive que tirar satisfação.

—Posso saber qual é a graça? —Disse, colocando as mãos na cintura.

—Nadinha. —Ele disse, fazendo uma feição séria, que, logo depois, se soltou em um lindo sorriso.

—Fala logo seu chato! —Dei um tapinha em seu ombro, sendo contagiada por seu sorriso.

—Você nunca saiu escondido com alguém, e agora tá preocupada. —Ele afirmou, baixinho, para que só eu pudesse ouvir.

—O que? Eu? Ah tá! Eu sempre saí escondido. —Revirei os olhos, para disfarçar minha mentira.

—É mesmo? Ah, então bora. —Ele disse, estendendo seu braço, para que eu pudesse acompanhá-lo.

—Vamos. —Engoli seco, mas coloquei meu braço no dele, sem mostrar preocupações.

Ele me olhou da cabeça aos pés e deu uma risadinha, o que aumentou as batidas do meu coração. Breno abriu a porta. Eu não queria ver quem era, mas vi. E vi muito bem.

Uma palavra: Jake. Ele olhou para os dois, arqueando suas sobrancelhas, como se mostrasse que sabia exatamente o que havíamos feito. Escondi minha cabeça no ombro do Breno, olhando fixamente para seu rosto, esperando sua resposta para Jake. Breno deu sua clássica risadinha, enquanto franzia sua testa e encarava o olhar de Jake. Isso pareceu irritá-lo, mas Breno realmente não ligava para isso.

Breno segurou minha mão e foi me levando de volta para a festa, esbarrando, de propósito, no ombro de Jake. Os dois nunca se deram muito bem, mas, agora, pareciam inimigos mortais.

Não tive coragem de sair sem pelo menos olhar para Jake. Então virei um pouco a cabeça, e, para minha surpresa, ele também me olhava. Quando notou que eu o observava, apenas balançou a cabeça e entrou no quarto. Estava decepcionado. Mas, sabe.... Eu não fiz nada de errado. Minha consciência está totalmente limpa.

Ao notar minha preocupação, Breno soltou minha mão e me abraçou pelo pescoço. Chegando seu rosto perto do meu ouvido, para que eu pudesse escutá-lo.

—Preocupada com seu namoradinho? —O tom de sarcasmo em sua voz era impossível de não ser notado. Ele queria me distrair, e funcionou.

—Namorado? O Jake? Fala sério. —Disse, rindo.

—Então por que a preocupação? Ele é sua mãe ou algo do tipo?

—Não Breno! —Disse, tocando-o com meu cotovelo, dando outro sorriso. —É só.... Ah, sei lá.... Tudo com você parece tão errado.... Sinto que posso me meter em confusão a qualquer instante.

—Eh, pode até ser.... Mas.... —Ele disse, me parando e colando seus lábios aos meus ouvidos. —Você ama confusão.

—Isso não é verdade—

Seu olhar era sério. Ao notar que eu tentava contradizê-lo, decidiu me provar que estava certo. Breno desceu seus lábios lentamente até meu pescoço, respirando meu perfume, até avançar o nível. Ele beijou lentamente a lateral do meu pescoço, o que me fez arrepiar da cabeça aos pés. Depois, subiu novamente para minha orelha, mordendo-a, levemente. Apertei sua blusa, deixando um suspiro escapar.

—Viu? Você ama entrar em confusão. —Me deu mais um selinho, e foi em direção à piscina, para se encontrar com seus amigos.

Encostei minhas costas na parede mais próxima, pensando no que eu havia feito. Parecia loucura apara alguém que nunca entendeu essa coisa de ficar sem compromisso. Mas.... Com o Breno era um erro bom.

Ao notar meu estado, fui correndo para me ajeitar no banheiro. Mas, alguma apressadinha não queria me deixar com privacidade.

—Ou, na moral! Eu to muito apertada! Da pra andar logo?

—Já to saindo! —Respondi, tentando parecer o menos estressada possível.

Ao abrir a porta, encontrei com a apressada. Era Bea, claro. Então decidi irritá-la.

—Desculpa viu, mãe? Na próxima eu me bagunço menos. —Dei uma piscadinha para ela e baguncei um pouco seu cabelo.

—Caraca Elin! Eu só não vou te matar agora porque eu to muito apertada mesmo! —Ela respondeu, irritada, enquanto entrava no banheiro.

Decidi caminhar pela festa, afinal, até agora não tinha aproveitado o ambiente. Não fazia ideia por onde começar, então fui perguntar aos meninos, eles sempre são mais sinceros que as garotas. Breno não estava mais junto deles, devia ter ido andar também.

—Oi gente! —Comecei.

—Fala aí, Elin! —Eles me cumprimentaram.

—Então.... Tem algum lugar massa pra ir? —Perguntei.

—Bom.... Depende do que quer fazer, gata. —Disse um dos meus amigos da dança, Diego, colocando seu braço em volta do meu pescoço.

—Cala a boca Diego! —Eu disse, lhe dando um empurrãozinho.

—Eita! Já levou fora da novata em! —Disse Nick, zoando Diego.

Começamos a rir. Eu nem pensaria em algo com o Diego. Sabe, ele tem cachos castanhos lindos, alto, bonito, mas de alguma forma ele não me atrai. Mas pode ter certeza que, mesmo com seu jeito despojado, ele é um ótimo amigo.

—Enfim! Vão ou não me dar uma dica do que fazer aqui? —Perguntei, novamente.

Todos se calaram. Os sorrisos em seus rostos foram embora imediatamente. Eles olhavam fixamente para algo na multidão, mas depois trocaram olhares entre eles, compartilhando um mesmo sentimento. Aquilo parecia ser algo terrível para eles. E eu não queria me virar para ver, então apenas fiquei observando suas feições. Diego notou minha preocupação e desviou seus olhos para mim, pousando suas mãos em meus ombros.

—Elin. Escuta, acho melhor você sair. Você não merece passar por isso. —Ele manteve seu rosto sério.

—Ou! Diego! Pera aí também né? Eles só tão conversando. —Disse Henrique, um dos garotos da minha sala.

—Isso o que? Eles quem? —Tentei me virar para ver, mas Diego não deixou.

—Confia em mim. Vem, vou te deixar em casa. —Ele respondeu, me puxando pelo pulso.

—Diego. Para. —Ethan disse para ele, de uma maneira que pareceu uma ordem. —Olha. Aconteceu aquilo. —Diego desviou seu olhar na mesma hora, e “aquilo” pareceu irritá-lo profundamente.

—Eu avisei pra aquele idiota. Disse que não era pra ele se meter com ela, que ela ia fazer merda. Mas não adianta, nunca adianta. —Ele disse, com um tom perturbador.

—O que tá acontecendo, gente? —Tentei me virar, de novo.

—Elin, por favor não olha!­ —Diego disse, com um tom muito preocupado.

—Não. Ela tem que saber, ou melhor, ela tem o direito de saber o que tá acontecendo. —Disse Ethan, de uma maneira firme. —Elin. Olha.

Virei meu rosto lentamente, com medo do que poderia encontrar. O rosto dos garotos estava completamente sério e decepcionado, menos Diego, que poderia matar alguém só com aquele olhar.

Quando meus olhos encontraram a situação, meu rosto ficou igual ao de Diego. Em um dos pufes perto da pista, estavam Breno e Camila. E o que mais? Eles estavam se beijando. Não, a Camila estava beijando o Breno. Ele não encostava nela, mas também não tentava se afastar. Talvez ele a soltasse depois, mas eu não ficaria ali para assistir.

Meu rosto se envolveu em lágrimas. Me odiei por estar chorando por aquilo. Ele não era meu namorado, não precisava me dar satisfação. Então, por que sofrer tanto por alguém assim? Fácil. Porque eu me apaixonei por esse alguém.

—Ele não te merece, Elin. —Disse Diego, me abraçando com um de seus braços.

Queria chorar mais. Muito mais. Mas não seria ali.

—Di.... Valeu.... Eu to bem.... —Me soltei de seus braços e fui correndo em direção à saída.

Sentei na calçada, encostando minhas costas na parede da casa vizinha. A rua estava vazia, então não havia lugar melhor para deixar minhas lágrimas tomarem conta de mim.

Abracei meus joelhos, encostando minha testa neles. E, só assim, deixei minhas lágrimas falarem por mim. Aquela cena não saia da minha mente. E eu não sabia se era certo tirá-la de lá. Fiquei ali. Só pensando na noite conturbada que havia passado. E, quanto mais eu pensava nela, mais lágrimas corriam pelo meu rosto. Só parei um pouco ao ouvir uma frase curiosa vindo da entrada da festa.

—Eu vou matar o Breno.

Levantei um pouco o rosto para ver quem era, mas esse alguém também queria saber quem estaria sozinha naquela rua silenciosa. Nossos olhares se encontraram, era Jake. Estávamos a uns sete passos de distância, mas parecia ser bem mais que isso. Ele abaixou seu rosto, passando a mão por seu cabelo. Parecia mais decepcionado ainda por me ver, mas decidiu ajudar mesmo assim.

Jake começou a andar lentamente em minha direção. Só então fui reparar o quão fofo ele estava. Seu cabelo estava penteado para o lado, e sua blusa era vermelha, essa cor realçava seus olhos verdes. Seu cinto estava colocado perfeitamente em seus jeans, mas sua blusa estava toda para fora, como se ele se importasse em ficar arrumado, mas não tanto.

Jake ajoelhou ao meu lado, tocando lentamente meu queixo, erguendo meu rosto. Os dois estavam sérios, mas não paramos de nos olhar. A tensão entre nós dois era forte. Até porque, nossa situação não estava nada bem. E ele sabia disso, mas, assim como eu, não fazia ideia de como melhorar. Não, talvez ele fizesse.

Sua mão se soltou do meu queixo, fazendo meu rosto se acomodar novamente em meus joelhos. Mas ele queria concertar as coisas. E conseguiu. Uma vez, Jake me ouviu cantando uma de minhas músicas preferidas: Cooler than me, do Mike Posner. Então começou a cantá-la, em um tom baixo que apenas eu conseguiria ouvir.

—If I could write you a song to make you fall in love, I would already have you up, under my arm... —Ele cantou, me olhando com um sorriso sem graça.

Me surpreendi ao ouvir sua voz. Era linda. Com certeza aquele garoto tinha talento para cantar. Eu não iria deixar ele passar vergonha sozinho, então o encarei com um sorriso, continuando a letra.

—I used up all my tricks, I hope that you like this. But, you probably wont, you think you’re cooler than me... —Cantamos esse verso juntos, o que deixou ele surpreso também.

Olhamos um para o rosto do outro e começamos a rir, até Jake decidir sentar do meu lado, esticando uma das pernas e dobrando a outra, apoiando seu braço em cima dela.

—Não acredito que aprendeu essa música só por minha causa. —Eu disse, olhando-o.

—Que convencida, Elin. Não foi por sua causa.

Fechei rapidamente meu sorriso.

—To brincando, foi por sua causa sim.

—Idiota! —Deixei outro sorriso escapar.

—Que sono né? —Ele fingiu um bocejo e esticou seu braço, me abraçando.

—Não tinha uma mais criativa não? —Disse, olhando-o.

—Tenho várias. —Ele respondeu, me olhando também, de um jeito sério.

Gostava do seu olhar sério, me passava curiosidade para conhecê-lo melhor.

—Bom.... Quer me contar alguma coisa, Elin? As pessoas não saem chorando por aí.

Eu não precisava. Mas me sentia na obrigação de dar satisfações para ele.

—Eu não sei como começar.... —Disse, envergonhada, olhando para qualquer coisa naquele ambiente que não fosse Jake.

—Se acha que eu vou julgar você ou algo do tipo, saiba que eu não vou. Só to aqui pra ajudar. —Seus olhos me olhavam fixamente, esperando minha resposta.

—Eu.... Bom, eu fiquei com o Breno. Mas.... depois eu vi ele com.... Eu vi ele—

—Beijando a Camila. —Ele disse em tom seco e frio.

Jake tinha visto a cena também, provavelmente o Diego havia contado pra ele o que aconteceu. Afinal, os dois são melhores amigos.

—Na verdade ela que.... Tá, a quem eu quero enganar.... —Concordei.

Ficamos em silêncio por mais um tempinho, até minhas lágrimas começarem a escorrer novamente. Jake parecia irritado. Muito mesmo. Mais do que o Diego ao ver Camila e Breno “juntos”.

—Vem, vou te levar pra um lugar. —Ele disse, se levantando e estendendo a mão para me levantar também.

Não queria mais questionar suas ações, então apenas aceitei sua mão, e começamos a andar de mãos dadas para algum lugar.

Jake notou que meu rosto não estava nem um pouco feliz, afinal, era difícil esquecer o Breno. Mas, para me ajudar, começou a acariciar minha mão com seu polegar. Era um gesto simples. Mas significava muito para mim. Mostrava que ele se importava com a minha situação, e isso fez meu coração acelerar. Decidi devolver suas caricias, mas acabei deixando um sorrisinho meio sem graça escapar. Jake parou.

—O que foi? —Perguntei, sem soltar sua mão.

—Você não tira ele da cabeça, né? Mesmo depois de tudo que ele fez com você. —Ele falou sério.

—Não, não é isso.... Eu só.... Ah, eu—

—Você curte ele.

Concordei com a cabeça, sem olhar para Jake. Mas, não demorou muito para ele colocar sua mão em meu queixo e virar meu rosto para o seu.

—E eu, Elin? —Ele disse, com uma voz doce e um pouco rouca, parecia envergonhado. —Você me curte? —Perguntou, franzindo sua testa.

Aquela pergunta fez meu coração acelerar. E, quanto mais o olhava, mais forte ficavam as batidas.

—Talvez.... —Respondi, olhando para baixo, mas sem sair daquela posição.

Jake aproximou nossos lábios, mas sem encostá-los. Não queria pensar no futuro. No que eu diria para Breno. Queria só deixar fluir, mas Jake notou meu receio.

—Você vai me odiar por fazer isso. —Ele disse, fechando seus olhos e respirando fundo.

—Jake. —Eu disse, fazendo seu rosto se erguer novamente. —Vou te odiar se você não fizer.

Aquilo foi o suficiente para acabar a curta distância entre nós.

Nossos lábios se tocaram, e, quando isso aconteceu, suas mãos foram para minha cintura. Coloquei minhas mãos em volta de seu pescoço, deixando Jake mais próximo.

Seu beijo não era rápido, mas também não era lento. Seus lábios eram quentes, e isso aumentava a força de seu beijo. Jake sabia muito bem como conduzi-los. Arranhei sua nuca, fazendo-o morder meu lábio e me puxar para mais perto.

 A intensidade do beijo aumentou. Jake foi subindo lentamente suas mãos pelas minhas costas, até encaixar uma delas entre meu pescoço e minha orelha, enquanto a outra voltava para minha cintura, tocando nossos corpos. Ele não encostou em nenhum local que não devia, mas, mesmo assim, me fazia suspirar. Decidi me vingar, acariciei seus braços, suas costas, e depois puxei seus cabelos. Estávamos suspirando entre um beijo e outro, tudo parecia certo com Jake, mas uma hora tinha que acabar.

Paramos. Juntos. Jake me acariciou dos ombros até as mãos, fazendo-as se encontrarem com as dele. Quando decidi erguer o rosto, ele estava me olhando, com um dos sorrisos mais lindos que eu já vi.

—Você devia sorrir mais. —Eu disse, olhando cada detalhe de seu rosto.

—E você devia se apaixonar por caras melhores. —Ele retrucou.

—Então.... Tá dizendo que você não é um cara bom? —Perguntei, esperando sua reação.

Jake deu uma risadinha e me girou, colocando seu braço em volta do meu pescoço.

Depois disso, Jake me levou para uma casa de jogos, e ficamos jogando até a casa fechar. Foi incrível.

Quando Jake me deixou em casa, passei de fininho no corredor para não acordar minha mãe. Chegando no meu quarto, a primeira coisa que fiz foi me jogar na minha cama, eu estava exausta.

Ao pegar meu telefone, encontrei umas trezentas mensagens do Breno e mais quinhentas da Bea. Eu realmente não estava com cabeça para aquilo naquela hora. Então, apenas decidi esquecer as coisas ruins da minha noite, e ficar só com as coisas boas, que, se uma certa pessoa não tivesse aparecido, não existiriam.

Obrigada, Jake. Por tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

CALMA LÁ! TIREM AS ARMAS DAQUI!
TEAM BRENO:Calma! O Breno vai explicar tudinho!
TEAM JAKE: Viiiu? Todo mundo tem seu tempo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dance Made" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.