Dance Made escrita por Miyako


Capítulo 24
#23- Hora de jogar.


Notas iniciais do capítulo

Mozorees! Tudo bem com vocês? Que saudaade ♥
Então, Dance Made está chegando ao fim. Provavelmente só terão um ou dois capítulos agora. Mas não se preocupem, estou escrevendo uma história nova chamada Black Roses, e já postei o prólogo aqui no Nyah!
Boa leitura.



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***POV: Elin***

Sábado. Acabamos de chegar de viagem. Eu fui com a Jane no ônibus, a Bea queria ir com o Diego, mas me disse que tinha algo extremamente importante para me falar. O Breno não olhou para mim. Nem uma única vez. Dá para acreditar? E até agora eu não sei o que eu fiz. Se ele vai ficar agindo desse jeito, eu não tenho outra escolha a não ser trata-lo da mesma maneira: Indiferença.

Todos esses pensamentos foram embora quando eu vi a mansão alugada. Uma palavra: Nossa.

Eu acho que nunca vi um lugar tão incrível assim. Tinham vários quartos, uma sala principal gigantesca, era tudo... um sonho.

Pena que uma hora a gente acorda.

Na minha frente: O Breno, sentado no sofá, enquanto as bailarinas ficam mimando ele e acariciando seu cabelo. Isso me deu muita raiva. Muita. Ciúmes? É. Com certeza. Eu nem tenho direito de sentir ciúmes por ele. Por que isso está acontecendo?

—Elin...? —Bea. Colocando a mão no meu ombro. Ela só faz isso quando está preocupada.

—Sim? —Respondi, com o sorriso mais falso que consegui fazer naquela hora.

—Você tá com...

—Ciúmes? Por que eu teria? Esqueceu que eu to namorando agora? O Breno é passado.

—Ok então...

—Vamos conhecer nosso quarto?

—Ah, sobre isso...

—O que foi agora?

—Os quartos são formados de acordo com as performances.

—Não me diga que eu fiquei com o—

—Não, sua dupla não é o Jake.

—Então...

—Breno.

—Eu e o Breno em um quarto? Esse estúdio quer o que? Ficar famoso por um assassinato?

—Não é tão ruim assim.

Ergui uma sobrancelha.

—Amiga, você não é feliz com o Vinicius.

—Bea, você não sabe nada sobre a minha relação amorosa.

—Seria tão mais fácil se você não mentisse para si mesma.

Revirei os olhos e fui procurar o “meu” quarto.

Ignorei um pouco a situação quando vi que estava dentro de um elevador, em uma casa.

Abri a porta, quase que torcendo para não presenciar o Breno com uma bailarina agarrada em seu pescoço. É, estava liberado. Só o Breno mesmo.

—O que você tá fazendo aqui? —Ele perguntou, deitado em sua cama, com uma voz rouca, que, de alguma forma, soou sexy.

—Eu não sei se sua percepção te deixou notar, mas têm duas camas aqui. Sou sua colega de quarto.

Ele deu uma risadinha.

—Algum problema, Breno?

—Comigo? Nenhum. —Ele se sentou, me encarando. Seus cabelos estavam bagunçados, deixando um pouco da sua franja tampar seus olhos... Nossa. Quantos detalhes, Elin. —Eu só... não acho que seu namoro vá durar muito tempo.

—Acha que só porque sou uma adolescente sozinha com um menino no quarto, eu vou querer sair te beijando?

—Não... isso você pode controlar.

Ele se levantou, se aproximando lentamente.

—Mas... será que pode controlar... isso? —Ele disse, me puxando pela cintura, até nossos corpos se encostarem. Eu juro que pensei que iria beijá-lo. Mas alguma coisa foi mais forte.

—É... Eu posso. —Sussurrei em seu ouvido, e saí do quarto.

Quase pude ouvir o sorriso em seu rosto. Por algum motivo, eu senti que havíamos começado um tipo de joguinho. Em que meu objetivo era não trair meu namorado. Que estúpido. Até parece que eu... Arg. Voltei para o quarto.

Ele não olhou para mim. Mas abriu um sorriso malicioso, como se soubesse que isso fosse acontecer.

—Breno. Eu não vou entrar nesse joguinho com você.

—Quem falou em joguinhos?

Fui até ele.

—Não se faça de idiota. Eu quero que você entenda que eu segui em frente e que eu não sinto mais nada por voc—

—Eu te amo.

Silêncio. Nenhuma risada sarcástica. Só três palavras, e aqueles olhos azuis vidrados nos meus. Ele se levantou, ainda me olhando, e sorriu. Depois saiu do quarto, sem olhar para trás.

O Breno é uma pessoa impossível de se entender. Eu não sei se essas palavras foram verdadeiras, eu não sei se ele só disse isso para me provocar, eu não sei se é só para me mostrar que, não importa o que eu faça, eu estou no joguinho dele. Talvez as três opções.

Meu telefone tocou.

*LIGAÇÃO ON*

Vini: Oi, vida.

Elin: Oi, vini.

Vini: Como foi de viagem?

Elin: Ah, legal até. Mas demorou muito.

Vini: Você deve estar cansada, devia dormir um pouco.

Elin: É... Até porque hoje à noite vai ter uma.... Ah, deixa.

Vini: Uma o que? Você pode me contar as coisas, Elin.

Elin: Ah, vai ter uma festa de gala, para os participantes do campeonato.

Vini: E.…você vai?

Elin: Vini, todo mundo vai.

Vini: Tá, mas você não precisa ir se não quiser.

Elin: Eu quero.

Vini: Ok...

Elin: Você não confia em mim...né?

Vini: Não é em você que eu não confio.

Elin: Breno? De novo?

Vini: Você sabe como ele é.

Elin: Sim, eu sei como ele é. E é por isso mesmo que você devia confiar em mim.

Vini: Eu só não acho certo que você—

*LIGAÇÃO OFF*

Sinceramente, não aguento mais ficar ouvindo essas coisas. Principalmente da pessoa que mais deveria me apoiar.

Talvez a Bea esteja certa...

~3 horas depois~

Eu peguei no sono, e quando vi o horário levantei correndo para me arrumar. O Breno ainda não voltou para o quarto, deve estar rodeado de bailarinas provavelmente. A pior parte, é que aquelas três palavras não saem da minha cabeça.

Tomei um banho, peguei minhas coisas na mala e fui correndo para o quarto da Bea.

—Elin! Nossa, que bom que você não tá brava, eu achei que—

—Posso entrar?

—Hm... Pode.

Entrei colocando minhas coisas em sua cama, e me sentando no chão, encostada na parede.

—Quem é sua colega de quarto?

—A Jane.

—E cadê ela?

—Banho.

—Ah.

—Tá tudo bem?

—Não, tá tudo errado.

—O que foi? —Ela se sentou ao meu lado.

Liberei todo o ar que estava no em meus pulmões em um suspiro.

—O Breno disse que me ama.

—Ele o que?

—Você ouviu.

Silêncio.

—Bea?

—Desculpa, é que você é a primeira garota do mundo a pronunciar essa frase.

Revirei os olhos.

—O que isso quer dizer, Bea?

—Quer dizer que ele te ama.

—Não, isso é para pessoas normais. Eu to falando do Breno.

—Elin, lembra que eu tinha que te falar algo importante?

—Sim, pode falar.

—É sobre o Vini...ele—

—Elin! —Disse a Jane, saindo enrolada na toalha. —Veio se arrumar com a gente?

—Eu não sei se eu vou...

—Você com certeza vai! Né, Bea?

—Você tem que ir, Elin.

—Arg. O Vini me pediu para não ir.

—Ele fez o que?! —Elas disseram juntas, na mesma expressão.

—Vocês ensaiaram isso?

—Elin, com todo o respeito, o Vini é um imbecil. —Disse Jane, com sua voz fofa, o que deixou a frase mais tranquila de se ouvir.

—Amiga, o Vini chantageou o Breno. —Quando a Bea fala dói bem mais.

—Ele fez o que?

—Agora não parece tão ensaiado né... —Disse a Jane, indo para o seu vestido dourado.

—Elin, você vai ter que me escutar e acreditar muito em mim agora.

Assenti.

Bea me contou tudo. Isso explica totalmente o motivo do Breno se afastar, e porque nenhum dos dois me contou nada. O que eu não entendo é...

—Por que o Breno é assim, Bea?

—Assim como, amiga?

—Indiferente. —Disse a Jane, com uma voz não tão fofa, dessa vez. —Ah, desculpa, achei que eu poderia responder essa.

—Eu ia dizer isso mesmo. —Respondi, meio assustada.

—A verdade é que ele não é assim. Ele é dócil, sensível e a pessoa mais companheira que existe.

—Desculpa, Bea. Acho que você não ouviu direito, ela perguntou do Breno. —Disse a Jane, irônica. Esquece tudo o que eu disse sobre a “fofura” dela.

Bea revirou os olhos.

—Acredita em mim, amiga. Você devia tentar conhecer ele. De verdade.

—O Breno não vale a pena.

—Sábia decisão. —Jane, de novo.

—Elin, ele não vai desistir, até que você admita.

—O que?

—O que você sente por ele.

—Que é?

—Você ama ele.

Eu e a Jane rimos.

—Podem rir. Vamos ver quem vai estar rindo no final. —Bea pegou seu vestido e foi para o banheiro se trocar.

Calamos a boca na mesma hora.

—Hm.... deixa eu te arrumar. —A voz fofinha voltou.

—Não precisa, Jane. Só queria privacidade do inferno.

—Inferno?

—Um quarto em que o Breno está, é a mesma coisa do que a casa de um demônio.

—Boa lógica. Mesmo assim, deixa eu arrumar você, pode ter certeza de que o resultado vai ser perfeito.

—Ok, ok.

~1 hora depois~

—Pronto, terminei. Bea, vem apreciar minha arte. —Disse a Jane, limpando um dos pincéis de maquiagem que ela havia usado.

—Meu. Senhor. Jane, você por acaso faz milagres assim todos os dias?

—Há há há, muito engraçado, Bea. —Eu disse, me segurando para não socar a cara dela.

—Menos, gente. Bem menos. —Disse a Jane, dando uns toques finais no meu cabelo. —Pronto, Elin. Vai se ver no espelho.

Acho que nunca cheguei em um espelho tão rápido.

Nossa.

—Jane, você por acaso faz milagres assim todos os dias? —Perguntei, sem tirar os olhos daquele espelho.

—Agora a pergunta não é tão ruim, né? —Disse a Bea, ficando do meu lado.

—Não precisa agradecer, só fiz o meu trabalho. —Disse a Jane, com uma voz esnobe.

Rimos.

Agora eu queria me apreciar um pouco, não é sempre que você pode se sentir tão bonita.

Eu estava com saltos pretos, um vestido longo na cor vinho, que só tinha uma alça, deixando minha clavícula e meu ombro a mostra. Meus brincos eram pérolas escuras, meus olhos estavam com uma sombra preta bem esfumada, blush pêssego, e lábios nudes. Meu cabelo estava meio preso de lado, com babyliss e minha franja enrolada solta, dividida ao meio. Estava me sentindo uma artista de cinema.

—Já acabou, aí? —Perguntou Bea.

—Eu to só começando... —Pisquei para ela.

—Parece que a autoestima de alguém subiu bastante. —Disse a Jane, abrindo a porta para sairmos.

~

Saímos da casa e fomos andando até o salão de festas. Não era longe, ficava na rua ao lado.

Chegando lá, fiquei boba com a decoração. Era tudo tão perfeito e bem colocado. Os lustres, as flores, a pista de dança no centro, o buffet. Ah, tudo.

—Gente, encontrei a mesa do hip hop. —Disse a Jane, indo em direção a uma mesa do outro lado do salão.

—Elin. —Disse a Bea, em um tom preocupado.

—O que?

—Cuidado.

—Com.…?

—Breno.

—E por que eu teria—

—Ele conhece todos os seus pontos fracos. Só não te mostrou ainda. Pode ter certeza de que ele vai fazer de tudo pra ganhar esse joguinho. O Prêmio é muito importante pra ele.

—Prêmio?

—Você.

Ergui as sobrancelhas e ela riu.

—Vem, vamos pra mesa. —Ela foi andando.

Como assim ele conhece todos os meus pontos fracos? A gente só ficou algumas vezes.... Ah, essa eu quero ver.

Cheguei na mesa. Acho que nunca vi os alunos tão arrumados assim.

A Jane e o Jake sentaram juntos, e eles estavam combinando. Não sei o que aconteceu nessa saída deles, mas definitivamente funcionou.

Cumprimentei as pessoas, mas duas estavam faltando.

—Gente, cadê o Yan? —Perguntei.

—Os professores ficam em uma mesa separada. —A Letícia respondeu. Nós duas estamos voltando a nos falar. Com certeza tudo vai melhorar com o tempo.

—Entendi... E o—

Breno. Ele havia acabado de chegar na mesa, estava em algum outro lugar do salão antes.

Blazer vinho, camisa social xadrez preta e cinza, calça social preta, cabelo arrumado, e ainda não posso dizer se ele escolheu um bom perfume.

Acho que senti minha boca abrindo quando eu vi ele, mas ele não me viu.

Agora era a minha última chance de fingir estar passando mal e sair daqui correndo.

É, com certeza vou aproveitar essa chance. Mas, eu preciso beber alguma coisa antes.

Fui até o bar pedir um coquetel sem álcool e depois fui até a varanda do salão, lá eu poderia ficar sozinha.

Ou melhor, eu achei que lá eu poderia ficar sozinha.

—Nada mau. —Uma voz masculina, levemente rouca.

—Obrigada. —Não me virei.

Breno encostou seus lábios no meu ouvido.

Arrepiei, da cabeça aos pés, e acabei soltando um suspiro. Ele sorriu, o sorriso de “eu sempre estou certo, mas você não admite. ”

—Elin... —Ele disse, sussurrando. —Você sabe que vai perder... por que não desiste logo?

Se concentra, Elin. Falar com o Breno é falar com o demônio.

Me virei, sem sair de perto dele.

—Então você admite que é tudo um joguinho, Breno?

—Tudo? Não sei se eu diria isso.

—Então... hoje mais cedo...

Ele sorriu de canto de boca.

Inclinou um pouco seu corpo, aproximando muito nossos lábios.

—Desiste. —Ele disse, quase que separando as sílabas da palavra.

—Do que?

—Do seu namoradinho.

Neguei com a cabeça.

—Entendi... você quer tentar se aproveitar do joguinho. Tudo bem, eu não culpo você. —Ele se afastou, e olhou para o salão. —Quer dançar?

Ele estendeu a mão e eu ergui a sobrancelha.

—O que foi? É só uma dança.

É, talvez ele esteja certo. Eu quero me aproveitar desse joguinho, só não posso perder.

Aceitei sua mão.

Ele foi me conduzindo lentamente até a pista. Por algum motivo, ter aceitado dançar com ele pareceu a mesma coisa que vender minha alma.

Ele me puxou lentamente, nos posicionando. Iriamos dançar tango. Imediatamente me lembrei da nossa dança na Noite De Luzes. Com certeza foi proposital.

No começo, estava tudo normal, até ele me deitar. A mão direita do Breno estava na base das minhas costas que estavam em sua coxa, minha cabeça para trás, e minhas pernas levemente flexionadas. Eu estava completamente vulnerável, e ele sabia disso.

Respirei fundo. Ele percebeu.

—Desiste. —Ele disse olhando fixamente nos meus olhos.

Antes que eu pudesse responder, ele me levantou rapidamente, com as mãos na minha cintura, me posicionando de costas para ele, com nossos corpos colados. Eu sentia cada parte dele, e nossa conexão estava muito forte. Muito.

—Desiste, e eu serei todo seu. —Ele sussurrou.

Minha respiração estava muito acelerada, e eu sentia que não tinha mais controle do meu corpo. A Bea está certa. O Breno conhece cada botãozinho meu, eu tenho que tomar muito cuidado com isso.

—Vale a pena desistir por você? —Perguntei, com as últimas forças que eu tinha.

 —Desiste e eu te provo que sim.

Ele me girou, me colocando de frente para ele, sem tirar as mãos da minha cintura. Estávamos nos movendo no ritmo da música.

—Breno...

—Hm?

—Obrigada por não ter me contado sobre o Vini e ter protegido a Bea. Foi a melhor decisão.

Ele pareceu surpreso.

—Ela te contou?

Assenti.

—Então... —Ele parou de dançar. —Parece que você sabe de tudo agora. A escolha é sua.

Concordei com a cabeça.

Ele me deu uma última olhada e saiu. Não demorou muito para eu perder ele de vista na multidão. Uma parte de mim queria correr atrás dele e pedir que ele voltasse. Mas eu não posso ouvir essa parte de mim.

—Eu avisei. —Bea.

Me virei para ela, cruzando os braços.

—E quem disse que eu concordo com você? —Perguntei.

—Elin, quando você vai parar de mentir pra si mesma?

—Eu não to mentindo.

—Ele já admitiu o que sente por você. Sabe o que é isso? O Breno dizer que ama alguém? Isso nunca acontece.

—Hm, aconteceu.

—É, aconteceu. Agora é a sua vez de admitir.

—Eu não amo ele, Bea.

—Não?

Neguei com a cabeça.

—Ok, agora fala essa mesma frase olhando nos meus olhos.

Silencio.

—Você ama ele.

Revirei os olhos.

—Tá, vou parar de te encher o saco. Vamos comer alguma coisa. —Ela segurou minha mão e foi me puxando.

—E eu tenho escolha?

—Não.

—É, notei.

Decidimos curtir o resto da festa, e eu não via o Breno em nenhum lugar. Isso era um alívio e uma preocupação ao mesmo tempo.

Depois de algumas horas, todos voltaram para o hotel. Eu havia deixado meu pijama no quarto da Bea, então fui com ela até lá.

—Bea, posso me trocar aqui? —Perguntei, segurando meu pijama.

Ela estava no banheiro, tirando a maquiagem.

—Claro..., mas, por que? —Ela perguntou, em um tom meio sarcástico.

—Porque meu colega de quarto é um menino.

—E o que que tem? Tá com medo de acabar fazendo um strip-tease pra ele?

—Cala a boca, Bea.

—Parei, parei.

—Cadê a Jane?

—Com o Jake.

—Hm. Entendi tudo já.

Ela saiu do banheiro.

—Eu não falo nada, prefiro assim do que com aquelas briguinhas entre os dois.

—Sim senhora. —Respondi, indo para o banheiro.

Olhei uma última vez para o meu pijama.

—Que foi, Elin?

—Esse pijama não é meio...

—Decotado? É sim.

—Ah não.

—Ah sim. Vai usar esse mesmo.

—Bea!

—Anda logo, Elin.

—Não.

—Vai com um casaco, na hora de dormir você tira.

Revirei os olhos e fui me arrumar.

Saí do banheiro.

Bea assobiou.

—Idiota. —Respondi, pegando minhas coisas.

—Bons sonhos. —Ela disse, naquele tom irônico que ela e o Breno sempre fazem.

—Você sabe que eu te odeio. Né?

—Sei. —Ela sorriu.

—Agora me dá o casaco.

Ela jogou o casaco para mim.

Saí do quarto.

Cada passo que eu dava, parecia que eu estava me aproximando cada vez mais da derrota. Mas eu tenho que ser mais forte do que isso.

Abri lentamente a porta do quarto.

O chuveiro estava ligado, ou seja, estou livre do Breno por alguns minutos.

Guardei minhas coisas na mala e deitei na minha cama. Peguei meu celular. Nove ligações perdidas. Vinicius.

Ele era a segunda pessoa que eu menos queria ouvir a voz agora. Mas eu não tenho escolha.

*LIGAÇÃO ON*

Elin: Vini?

Vini: Por que não me atendeu?

Elin: Eu estava na festa.

Vini: Você foi?!

Elin: Eu disse que iria.

Vini: Você é inacreditável.

—O chuveiro desligou. Mau sinal. —

Elin: Você queria falar alguma coisa?

Vini: Sim, ia dizer que vou ir te assistir.

Elin: O que?!

Vini: Sabia que ficaria surpresa! Amanhã à noite a gente se vê.

~

Vini: Elin?

Elin: Ah, claro. Vai ser… ótimo.

—A porta do banheiro se destrancou. —

Elin: Vini, tenho que desligar.

Vini: Agora?

Elin: Sim. Agora. Tchau.

Vini: Boa noi—

*LIGAÇÃO OFF*

Breno saiu do banheiro. Acho que acabo de perder. Ele estava sem camisa, com o cabelo levemente bagunçado, e com uma bermuda preta.

 Eu nunca tinha visto ele sem camisa. Provavelmente eu perdi o ar. Não, eu com certeza perdi o ar.

Ele me olhou. Um olhar de indiferença. Foi até sua cama, e começou a guardar as roupas da festa.

Olhei para frente. Minha visão lateral era muito perigosa.

—Você tava falando com quem? —Ele perguntou, sem se virar. Ainda bem.

—Vini. Ele disse que vem me assistir amanhã.

—Tudo isso só porque estamos no mesmo quarto?

—Ele não sabe que eu to no mesmo quarto que você.

—Não? —Ele ficou de lado, para me olhar. — Por que? Acho que é algo que ele gostaria de saber. —Se virou de novo.

—Não, ele não perguntou.

—E você não quer contar?

—Não....

Ele riu.

—Não pense que é por sua causa. —Eu disse isso mesmo?

Ele se virou.

—Não é por minha causa. —Ele se aproximou, apoiando as mãos na minha cama.

—Não mesmo. —Me virei para ele.

Agora eu estava entre seus braços, nossos lábios estavam a um dedo de distância. O calor entre os nossos corpos estava forte. Tudo que eu queria agora era fazer essa distância sumir.

Ele colocou um joelho na cama, para avançar um pouco mais, me fazendo deitar. Aquela pouca distância continuava, mas, dessa vez, era bem mais tentador.

Fechei os olhos. Talvez não vê-lo deixaria as coisas mais fáceis. O calor da sua boca continuava ali, e só tinha um jeito de acabar com ele. Mas eu não poderia perder, não assim.

Foi involuntário. Ergui um pouco o meu queixo, talvez para beijá-lo. Mas agora a distância de um dedo era real.

Breno tapou minha boca com sua mão. Abri os olhos, confusa.

—Você não quer me beijar. —Ele disse, com aquela indiferença de sempre.

Continuei séria.

Ele tirou lentamente sua mão e aproximou mais ainda nossos lábios. Se eu me movesse, beijaria ele.

Olhei em seus olhos. Estavam frios e desafiadores. Eu com certeza queria beijá-lo.

—Elin... Não é por minha causa.

É por minha causa, disse para mim mesma.

O Breno tem razão.

Ele se afastou, lentamente. Eu continuei deitada, observando seus movimentos.

Ele colocou uma camisa, e foi até a porta do quarto.

—Vou buscar água, você quer?

Neguei com a cabeça.

—Tem alguma outra coisa que você queira? —Dessa vez, havia malícia em sua voz. Ele sabia exatamente o que eu queria.

 Levantei e tirei meu casaco, devagar, jogando-o na cama. Breno deu uma boa olhada, mas o olhar indiferente não estava ali. Ele me desejava.

—Eu não quero nada. Você quer? —Eu uso algumas armas quando necessário.

Ele mordeu os lábios e negou com a cabeça, depois saiu do quarto.

Pronto. Sobrevivi. Ele não pode ganhar sempre.

Agora tenho que conseguir dormir, para não ter que falar com ele de novo.

Se fosse possível ser outra pessoa que não eu amanhã, eu seria.

—Você não ama o Breno. —Disse em voz alta, para tentar fixar isso na minha cabeça.

Apaguei as luzes, e fui dormir.

Amanhã podia não acontecer...


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Notas finais do capítulo

Esse próximo capítulo vai ser.... Aiai. Vou ficar calada.
Obrigada por ler :3



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