Dance Made escrita por Miyako


Capítulo 20
#19- Jogo decifrado.


Notas iniciais do capítulo

Oi :3
As ideias para o próximo capítulo já estão bem fresquinhas, então, se a escola cooperar, eu não demoro tanto assim!



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***POV: Elin***

Quinta-feira. Para ser mais precisa, quinta-feira à noite. Ou, sendo mais específica ainda, quinta-feira chegando no estúdio, aguardando a decisão do Yan para os papéis da apresentação do meio do ano.

Dessa vez, peguei a chave na mesa da Bruxa, sem nem olhar na cara dela. Não estou em um bom dia para ouvir suas grosserias. Andando pelo corredor, encontro alguém que representa o oposto da calma que eu preciso agora.

—Elin! Quanto tempo, querida.

—Hoje não, Samantha. Hoje não.

—Onde estão seus modos, meu amor? Só estava te cumprimentando.

Antes que eu pudesse dar uma resposta, Alicia interrompeu.

—Elin! Não sabia que você e a Samantha eram amigas.

—Não somos. Vocês são?

—Claro! Ela é da mesma turma que eu.

—Vamos ver quanto tempo a “amizade” vai durar.

Alicia me olhou sem entender, e Samantha deu um sorriso de canto de boca. Ela sabe do que eu estou falando.

Fui para a sala. Acho incrível como o dia fica cada vez melhor.

Larguei minhas coisas no chão de qualquer jeito. Só queria dançar, e tirar os problemas da minha cabeça. Liguei o som e comecei. Não queria saber que música estava tocando, eu realmente só queria dançar.

Depois de umas duas ou três músicas, fui interrompida por uma batida na porta. Abaixei o som, e abri, me deparando com talvez um dos mais responsáveis pelos meus problemas.

Breno.

Ele ainda não havia olhado para mim, estava mexendo em seu celular, conversando com alguém. Uma garota, para ser mais precisa. Não que eu me importe, claro. Tinha alguma coisa diferente nele.... Ah, claro. Seu cabelo. Ele não mudou o corte, mas tirou um pouco nas laterais, e o excesso em cima. Por que eu noto esse tipo de coisa?

—Quer uma foto? —Irônico, como sempre.

—Grande oportunidade, mas, infelizmente, vou ter que recusar.

—Faço de graça pra você.

—Ah, tinha um preço?

—Claro né, várias garotas se matariam por uma foto comigo.

—Sou homem então.

Ele entrou, ignorando o que eu havia dito, e tirando seu casaco. Devia ser contra a lei meninos tirarem seus casacos sem segurar a blusa de baixo. Com certeza devia.

—Tem certeza que não quer sua foto?

Respondi com uma revirada de olhos. Eu nem sei mais o que eu sinto por ele. No hotel parecia que tudo daria tão certo, que já estava tudo bem. Então, do nada, ele diz que não sente nada e quer terminar qualquer coisa que a gente tenha. Agora ele age como se nada tivesse acontecido.... Sabe.... Talvez não tenha mesmo.

—Você tá bem? —Ele perguntou, colocando a mão na base das minhas costas.

Chega a ser ridículo como, depois de tudo que aconteceu, ele mexe comigo apenas com um toque.

—Por que se importa? —Saí da sala e fui beber água.

Foi rude, com certeza. Mas, talvez eu devesse tentar me afastar dele. Na verdade, eu tenho certeza disso, a partir do momento que olho para trás para ver se ele veio atrás de mim.

Depois de um tempo, volto para a sala quando todos já estão lá. A turma está sentada em uma roda, e eu me sento entre Jane e Bea.

Jane parece triste, desapontada, não sei.... Mas, com certeza, é obra do Jake. A Bea está bem, só com um certo receio do Diego. O Breno botou na cabeça dela que, no começo do namoro, garotos como o Diego tem muitas chances de trair, por não estarem acostumados com relacionamentos sérios. Eu disse para ela não se preocupar, mas, não adianta.

Yan pede silêncio, focando a atenção para si.

—Então, galera. —Ele começa, animado. —Os papéis para a apresentação do meio do ano já estão praticamente definidos. Eu já escolhi as pessoas, mas preciso que elas me mostrem que conseguem fazer o que eu tenho em mente.

Tensão corre pela sala. Ninguém sabe o que ele tem em mente. Qualquer um pode ser qualquer coisa com qualquer pessoa.

—Não se preocupem, tenho certeza de que com treino e dedicação todos vão conseguir. Bom, tenham em mente que todos farão alguma cena. Mas, o conflito principal é o seguinte: Há dois casais, que, no caso, vão ser: Letícia e Diego, Jake e Micaela.

 Nossa. Primeiro, a Bea vai destruir o Yan por deixar o namorado dela com uma cobra como a Letícia. Segundo, a Jane vai matar Micaela (uma das borges), porque ela já teve um lance com o Jake. Não tem como ficar pior, certo?

—Continuando, vamos ter duas pessoas interferindo nos casais. O Breno vai ter um lance com a Letícia, e a Elin com o Jake.

Ah, ótimo. Agora eu também estou na lista de morte da Jane. Nunca mais duvido do Yan.

—Quem vai conduzir as relações, vão ser um anjo e um demônio, que vão ser, respectivamente, Bea e Jane.

Agora que ferrou tudo mesmo.

—No fim, os casais inicias vão ficar juntos, porque notam que não vale a pena trocarem seus pares por “desconhecidos”. Enquanto isso, Breno e Elin vão notar que estão na mesma situação e ficam juntos. Os outros papéis e situações eu vou colar na parede do estúdio, mas todos são histórias secundárias do conflito principal. Agora, peço que os nomes citados se juntem aqui comigo, o restante da turma pode ensaiar as coreografias.

Péssimo. Quando eu tento me afastar da pessoa, tenho que ficar com ela em uma apresentação. É uma sensação parecida com aqueles pesadelos que você quer gritar, mas o som simplesmente não sai. Agora eu estou presa a ele.

Yan começou a dar instruções e dicas para que pudéssemos nos acostumar melhor com a situação. Ele disse que na terça-feira já começaríamos os ensaios, e que todos teriam que chegar uma hora mais cedo para isso.

—Tentem fazer algo natural, que não pareça que vocês estão sendo obrigados a dançarem uns com os outros. Mas, antes de qualquer coisa, tem alguém que ache que realmente não consegue fazer o papel recebido na apresentação? Podem falar, numa boa. Não vou forçar vocês a nada.

Breno olhou para mim. Mas não foi um olhar de “tudo bem para você? ”, foi mais um olhar de “você acha que consegue? ”. Na verdade, eu não consigo, mas eu vou dar um jeito. Ele não pode ficar ganhando esses desafios sempre.

Todos concordaram com seus papéis. Principalmente Micaela e Jake, o que deixou Jane extremamente furiosa. Eu tenho certeza de que ela vai matar alguma coisa depois dessa aula.

Bea foi conversar com o Diego, e ele a convenceu de que dançar com a Letícia não vai fazer ele se apaixonar, e que ela precisaria de muito mais para superar a Bea.

 Até aí tudo bem, mas a Bea fez a burrice de ir falar com o Breno. Ele disse que o Diego é muito fraco, e que uma dança provocante com cenas românticas são o suficiente para fazer ele mudar de ideia. Mesmo Bea descordando na hora, Breno disse que o Diego ficava com meninas pelo simples fato de elas elogiarem algo nele. Parabéns, Breno. Bom saber que você apoia tanto assim o namoro da sua melhor amiga.

A aula prosseguiu, fizemos coreografias, rimos, zoamos, sempre o melhor remédio para esquecer problemas.

Quando a aula chegou ao fim, Yan chamou Breno e eu após todos terem saído da sala.

—Então, amanhã à noite vou participar de um jantar com os organizadores do festival de danças regional. Vão professores de quase todas as academias de dança da nossa cidade e da redondeza.

—Que massa! Diz que eu respeito muito todos eles, mas que você é o melhor. —Disse o Breno. É, o Breno.

—Na verdade, eu queria que vocês dois fossem comigo.

—Que? —Não é possível que a vida esteja me zoando tanto assim.

—É, os professores podem levar até dois alunos para o evento, é em um restaurante com um salão enorme. O nome é L’ambition, que significa “A ambição”. Vão dançarinos de todos os tipos de dança lá. —Explicou Yan.

—Não parece nada mal, qual é o traje? —Nem acredito que isso saiu da boca do Breno.

—Passeio completo. Ou seja, terno para os homens, e vestido para as mulheres.

—Sem problemas, eu to dentro. —Breno de terno. Isso aí já é apelação.

—Elin, o que me diz?

—Ah.... Eu não sei....

—Na verdade, seria uma ótima oportunidade para você e o Breno se aproximarem, já que terão um dos papéis mais difíceis de representar.

—É Elin, a gente não é muito próximo. —Não sei como o Yan não notou o excesso de ironia na voz do Breno.

—Tudo bem.... —Vou me arrepender. —Que horas é para chegar lá?

—Não se preocupe, vou buscar vocês dois em suas casas, por volta das 20 horas.

Eu e Breno concordamos com a cabeça, e Yan foi andando na frente.

Breno começou a rir. E eu sabia muito bem o motivo.

—Muito engraçado, Breno.

—Que bom que você concorda.

—Não sabia que você tinha um terno.

—Você não sabe nada sobre mim.

—Sei o suficiente.

—Então, qual é a cor do seu vestido?

—Amarelo.

—Tá zoando.... Né?

—Sim. —Começamos a rir.

—Tá, qual a cor?

—Por que quer saber?

—Minha gravata tem que combinar com ele, ué.

—Por que...?

—Você não entende, né? O Yan quer que a gente vá como “par”.

—Como assim?

—Todos os alunos convidados vão combinando, mas, relaxa, é mais pra identificar do que qualquer outra coisa.

—Ah, entendi.... Quais cores de gravata você tem?

—Todas.

—Oi?

—Vou muito em eventos assim. É como eu disse, você não sabe nada sobre mim. Vai, escolhe.

—Nossa, eu não faço a menor ideia de que cor escolher.

—Você fica bem de roxo.

—Hm.... E de onde você tirou isso?

—A blusa que você usou na sua primeira aula, ela era roxa.

—E por que você diz que eu fico bem nela?

—Porque foi quando eu notei que.... Ah, deixa pra lá. Só vai de roxo, tá?

Concordei com a cabeça, pensando no que seria o fim daquela frase. 

—Bom.... —Ele continuou. —A gente se vê amanhã então.

—Tá.... —Ele começou a se distanciar. —Breno?

—Hm? —Ele parou, me olhando.

—A gente.... —Vou me arrepender. —A gente tá bem?

—Acho que não entendi sua pergunta. —Ele disse, se virando novamente.

—Tudo bem, eu posso perguntar de outra forma. —Não sei porque faço isso comigo. —A gente não vai ter mais nada?

Ele não respondeu. Só ficou ali, parado.

—Tudo bem se não quiser responder.... Eu só.... Não entendo.

Ele se virou novamente. Ele estava sério, com um olhar que eu não sabia decifrar.

—É que.... —Sim, eu continuei. —Depois daquele dia no ônibus, você tá estranho comigo. Eu não escolhi gostar de você, e, não se preocupa, eu to fazendo de tudo pra parar com isso, mas eu.... Breno?

Ele começou a se aproximar, me fazendo encostar as costas na parede, deixando nossos corpos quase encostados. Mesmo não encostando nem um dedo em mim, sentir o calor do seu corpo já mexia comigo.

Ele se afastou, dando uma risadinha.

—É isso que você chama de parar de gostar de alguém, Elin?

—Não vai ser da noite pro dia, Breno....

—Eu posso fazer que seja.

—Qual o seu problema comigo?

—O problema não é com você, Elin.

—Então o que te impede de gostar de mim? É sempre desse jeito? Você se apaixona e depois vai embora?

—Na verdade, eu nunca disse que estava apaixonado por você.

Não sei dizer o quão horrível foi ouvir isso.

—Ei.... —Ele ergueu meu rosto. —Eu só faço isso porque não quero machucar você.

—E por que isso me machucaria?

—Eu sei que vai.

—Você não faz sentido, Breno.

—Lembra que eu disse que faria você me esquecer da noite pro dia?

—Sim.

—Então, pergunta pra Bea como foram meus últimos namoros. Eu tenho certeza de que assim você não vai nem querer olhar no meu rosto.

—E se mesmo assim eu continuar gostando de você?

—Não vai acontecer.

—E se acontecer?

—Não sei.... Nenhuma garota voltou depois dessa conversa.

—Então o que você vai fazer se eu voltar?

—Acho que vou ter que improvisar na hora.

Ele foi embora.

*LIGAÇÃO ON*

Bea: Alô?

Elin: Oi.

Bea: Elin? Que voz é essa?

Elin: Demora pra explicar. Posso dormir na sua casa hoje?

Bea: Ah, pode né.... Amiga to preocupada com você!

Elin: Relaxa, te conto tudo quando eu chegar aí.

*LIGAÇÃO OFF*

Avisei para minha mãe e peguei um táxi para a casa da Bea. Melhores amigas são sempre a melhor fuga para os problemas.

Bea abriu a porta, ela já estava de pijamas. E eu me sentindo uma idiota por tudo que eu disse ao Breno.

—Você tá com uma cara péssima.

—Obrigada, Bea. Era tudo que eu precisava ouvir.

—Tá, vamos pro meu quarto e você me conta tudo lá.

—Ok.

Antes de começar a conversa, eu tomei um banho e coloquei um dos pijamas da Bea.

—Esse pijama é meio…estranho.

—Não é um pijama, bobinha. É um baby doll.

—Hm.... Por que você tem isso?

—Acho mais confortável e bonito do que um pijama normal.

—Tá....

—Enfim, vamos começar. Me conta.

Disse tudo a ela. Desde o que o Breno me disse no ônibus, até nossa conversa de hoje no corredor. Esperando sua reação.

—Elin.... Eu não acredito que você disse isso.

—Eu também não.

—Você deve ser masoquista, sério.

—Há há. Que engraçado.

—Bom.... Agora que você já disse isso, não tem mais volta.

—É.

—Então.... A primeira namorada do Breno foi quando ele tinha 13 anos. Ou seja, três anos atrás. Bom.... Eu acho que eu nunca vi alguém tão apaixonado na minha vida. Enfim, depois de seis meses de namoro ela decidiu que não queria mais nada. Ele estranhou, porque eles não estavam nem brigados pra isso acontecer.

—Então por que ela terminou?

—Depois ele descobriu que ela só tava usando ele pra poder ser mais popular, e que quando ela terminou ela ficou com um garoto do time de futebol da escola.

—Que idiota.

—Bom, ele só quis namorar de novo um ano depois, porque eu convenci ele de que nem todas as garotas do mundo vão ser idiotas igual a ex dele.

—E como foi a próxima?

—Ela manipulava o Breno. Tipo, MUITO. Mas, felizmente, ele notou isso antes que fosse tarde demais.

—Nossa.... Ele não teve muita sorte então.

—É.... Depois dela ele namorou escondido com uma menina, porque ela disse que só assim que os relacionamentos davam certo. Mas, na verdade, ela tava usando o Breno pra poder trair o namorado dela.

—Caraca! Aí é sacanagem já com o menino.

—Bom, quando ele fez 15 anos, ele decidiu que teria que levar os namoros menos a sério.... O problema é que ele tinha encontrado a primeira garota que realmente amava ele, e acabou magoando muito ela. Ele não se perdoa por isso até hoje.

—Hm....

—Então, pra não magoar mais ninguém, ele quis namorar uma garota que não se importasse tanto quanto ele.

—Camila.

—Isso mesmo. Eles ficaram juntos por quase um ano. Nem sei quantas vezes um já traiu o outro, mas ninguém saía magoado. O problema é que ele notou que não fazia sentido o namoro deles, e daí, terminaram.

—E agora ele não quer mais namorar?

—É.

—E já teve alguma outra garota que tentou?

—Ah, muitas. Ele sabe conquistar bem.... Só não quer manter nada, ao contrário das garotas que ele fica....

—Eu não sei mais o que fazer, Bea. Acho que vou só desistir.

—Na verdade, eu diria pra você fazer o oposto.

—Hm?

—Elin, eu sempre te dizia pra entrar no joguinho dele. Mas, antes você não conhecia o jogo. Agora, eu posso te dizer de verdade pra fazer isso.

—Entendi.... Mas, tem certeza?

—Elin, quando você tava indiferente com ele, o Breno só faltou ajoelhar pra você. O jeito que ele te olhava no ônibus.... Pode ter certeza. Você sabe jogar agora que você conhece o jogo.

—Tudo bem, Bea. Eu vou tentar.

—Essa é minha garota.

Fomos dormir. Pensamentos voando na minha cabeça. Me arrependi muito por tudo que eu disse a ele hoje. Mas, tudo bem. Agora eu posso mostrar para ele que não é tão fácil ter controle sobre mim.

A noite de amanhã me espera.


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Notas finais do capítulo

Espero que você tenha gostado, amor ♥



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