Jake e Jane na caça ao tesouro. Como isso era possível? O Jake disse que eles estariam ensaiando durante a noite inteira. Pode ter certeza que ele iria me explicar cada detalhe. Mas não fui só eu quem achou isso estranho, o Breno teve a mesma reação.

—Elin... Você não disse que o Jake e a Jane estariam—

—Ensaiando? Sim. Foi o que eles me disseram. —Minha voz soou tão fria que era como se eu estivesse culpando meu parceiro por essa situação.

Breno fez um olhar confuso, mas, notando que eu não estava nada bem com aquilo, tentou acalmar as coisas.

—Ah Elin.... Mas pensa, com certeza eles vão ter um motivo pra isso. E você não tem que se preocupar muito, até porque você tá curtindo sua noite.

—É... Eu to sim.

—Eu sei, foi uma afirmação.

—Convencido. —Disse, revirando os olhos.

Ele apenas levantou os ombros, como se estivesse concordando com a minha frase. Mas, de alguma forma, ele estava certo. Eu me diverti muito hoje, e a noite nem terminou ainda. Tudo graças ao Breno. Então não é justo eu ficar enchendo a cabeça dele com meus problemas.

—Então.... Quando cansar de fantasiar coisas comigo, a gente começa a caça ao tesouro, beleza? —Ele disse, segurando um pouco o riso.

Eu nem tinha notado. Provavelmente eu passei uns quarenta segundos só olhando para ele, mas a culpa não foi minha! Sabe quando você começa a viajar olhando para um ponto? Pois é, infelizmente meu cérebro escolheu o Breno.

—Nossa... —Preparei o meu tom mais irônico possível. —Desculpa, é que você é realmente muito irresistível, daí eu não consigo ficar nem um segundo sem pensar em você.

—Vou fingir que não teve ironia nessa frase. Enfim, bora.

O apresentador liberou nossas pistas. Recebemos um papel com a seguinte frase:

“Tem um lugar, que, se for preciso apresentar, é nele que você deve se encontrar. Mas, cuidado, para nele chegar, tem que passar pelo grande e velho.... ”

Tudo bem, para mim isso não fez sentido algum. Mas, felizmente, o Breno sabia a resposta. Depois que pensou um pouco, ele fez a mesma cara que eu faço quando descubro que tem sorvete lá em casa.

—Elin!

—Breno!

Ele revirou os olhos, mas ignorou minha ironia.

—Elin, eu sei onde isso é.

—Mesmo? Nossa, meu herói.

—O complemento da charada é “altar”. —Ele continuou, me ignorando mais uma vez. —Tem um palco aqui, que era o mais famoso do hotel. Mas, pra chegar nele, você tem que passar por uma sala que tem um altar enorme que foi a primeira construção do hotel. Sempre contam histórias de terror e lendas sobre ele, mas, dá nada, relaxa.

—Ah, tranquilo! A gente pode ser possuído por uns fantasmas, mas, de boa, pelo menos a gente vai ter a próxima pista!

—Passou quanto tempo comigo pra ficar tão irônica assim?

—Suficiente.

—Entendi... Enfim, as estrelas que a Bea desenhou nas suas costas ainda estão aí?

—Sim.... Por que?

—Ótimo! Depois você vai entender, te explico no caminho.

Começamos a andar em direção ao altar, e, no caminho, o Breno me explicou várias coisas sobre a caça ao tesouro.

—Então, baixinha. Vou te explicar as verdadeiras regras da caça ao tesouro. Primeira regra: É completamente proibido acender as luzes. Tem um monte de pessoas espalhadas pelo hotel que servem para atrapalhar as duplas. —Nossa, que simpáticas. —Se a gente tiver o mesmo símbolo no corpo, vão sabotar a gente facilmente. Essas estrelas que a Bea fez foram uma estratégia dela, pra confundir as sabotadoras. —Que falsa. E eu achando que era um sinal da amizade. —Isso não significa que a gente também não pode sabotar, só não podemos ser pegos. Minha sugestão é que a gente sabote a primeira dupla que encontrarmos.

—Por que? —Agora ele estava começando a me assustar.

—Seguinte, todas as duplas sabotam. Mas nenhuma tá pensando em fazer isso de primeira, então vamos ter uma vantagem grande se fizermos isso.

—O que exatamente você quer dizer com sabotar?

—A dupla que for pega em um local com luzes acesas é desclassificada.

—Entendi.... Mas como vamos encontrar só uma dupla?

—Elin, as pistas são diferentes pra cada duas duplas. Agora nós vamos encontrar uma dupla que tenha recebido a mesma pista que a gente, e vamos competir pela próxima, que vai ser a mesma de alguma outra dupla, e assim vai... Até sobrar uma dupla vencedora.

—Entendi... Nossa! Então vamos logo! Antes que eles achem primeiro!

Segurei a mão do Breno e fomos correndo para o altar. Chegando lá, a sala estava toda escura, com exceção de uma vela acessa ao lado do altar, e as tintas neon que brilhavam em nossos corpos. Fizemos nossa estratégia e depois procuramos o interruptor para acender na hora certa. Pegamos a pista e deixamos a da próxima dupla no mesmo local que a encontramos. Achamos um sofá e nos escondemos atrás dele, esperando a chegada da próxima dupla.

Depois de uns dois minutos, vimos duas pessoas se aproximando da sala, eles estavam com símbolos nas mãos, então com certeza seriam uma dupla. O nosso plano era infalível.... Pelo menos até um tempo antes de ele acontecer.

A dupla estava se aproximando do altar, o Breno iria distrai-los enquanto eu fecharia as portas e acenderia o interruptor, depois eu e ele sairíamos por uma frestinha da porta que eu deixaria aberta.

O Breno decidiu começar sua parte e fez cosquinhas em uma das pessoas da dupla, era uma garota (pelo menos é o que a gente esperava, porque a risada era bem fina). Eu já havia fechado as portas, então apenas acendi as luzes, e chamei meu parceiro.

—Vem Breno—

Não era possível.

Ao me virar, descobri que a dupla era Jake e Jane. Breno fez o mesmo olhar para mim. Ele parecia compreender minha raiva muito bem, até porque ele não gosta muito do Jake. Jane parecia confusa, mas Jake entendia o motivo de nossas expressões. Eu sentia uma mistura de raiva com decepção daquilo, e ciúmes também, claro.

Jake me olhou fixamente nos olhos, o que me fez sentir um aperto muito grande, e vontade de chorar. Mas não ali. Não agora.

—Breno.... —Disse, tocando levemente a maçaneta da porta. —Eu.... Eu vou pro meu quarto. Não quero mais jogar, desculpa.

Fechei levemente a porta e comecei a andar pelo corredor, ouvindo os últimos diálogos entre eles.

—Parabéns, Jake! —Começou Breno, aplaudindo ironicamente. —Agora você acaba de destruir uma das noites mais importantes da vida dela!

 —Olha só quem tá falando, né Breno? —Respondeu Jake. —Não sei se você lembra, mas você destruiu o coração dela na festa da Letícia.

—Não se preocupe com isso, já concertei meu erro. E saiba que eu estou de consciência limpa, porque, ao contrário de você, eu nunca menti pra ela.

Parei imediatamente. Não podia simplesmente ignorar essa discussão. Eu tinha que resolver isso, então fui voltando lentamente, para tentar esfriar um pouco a cabeça.

—Espera! —Disse a Jane, com um tom muito preocupado. —Vocês não percebem a que ponto vocês chegaram não? —Aquela frase me preocupou muito. —Vocês iam cair na porrada só por causa de maus entendidos? Qual é o problema de vocês?

—Não se mete, Jane. —Disse Breno, com uma voz perturbadora. —Você não sabe de nada que esse otário do seu amigo fez.

—É mesmo? Por que eu também não to sabendo não. —Jake parecia furioso.

—Agora você pediu. —Foi a última frase de Breno que eu ouvi.

Corri até a porta e abri ela rapidamente. Os dois já estavam com os punhos prontos para destruir uns aos outros. E a Jane parecia não conseguir parar a briga, então era minha deixa.

—O que vocês tão fazendo...? —Eu disse, arfando, ainda cansada depois de correr. —Por que vocês fariam isso...? —Me apoiei na porta, olhando fixamente para os dois.

—Parabéns de novo, Jake. —Disse Breno, arrumando a gola de sua camisa.

—Como se a culpa fosse só minha. —Respondeu Jake.

—Elin.... Se você quiser eu saio. —Começou Jane, que estava quase chorando. —Na verdade, eu não sei se aguento mais ficar aqui. —Ela disse, saindo pela outra porta.

—Elin.... Eu quero falar com você. —Disse Jake, se aproximando.

—Elin. —Disse Breno, segurando o ombro de Jake. —Você não precisa falar com ele.

—Tá tudo bem, Breno.... Não tem como fugir disso.... —Respondi.

—Breno, pode ir atrás da Jane? Só pra ter certeza de que ela tá bem.... —Disse Jake, se virando para Breno.

Ele revirou os olhos, mas, notando que não havia motivos para não ir, ele apenas concordou com a cabeça e foi em direção à outra porta.

Depois que Breno saiu, Jake tomou uma atitude.

—Vamos para outro lugar, daqui a pouco vão aparecer aqui.

Concordei com a cabeça e fomos para um corredor próximo da sala. Ambos encostamos as costas na parede e descemos até sentarmos um do lado do outro. Nos confortamos e ficamos em silêncio por um tempo. Até Jake quebra-lo.

—Elin.... Primeiro, sobre a Noite de Luzes, eu e a Jane ficamos ensaiando até agora. Eu juro. —Seus olhos não estavam mentindo, então deixei-o prosseguir. —Quando a gente acabou, decidimos vir para curtir pelo menos a caça ao tesouro, e pode ter certeza que a gente procurou vocês em todos os lugares que estavam tendo evento, mas não achamos. —Digamos que eu estava.... Ocupada. —Enfim.... Só quero que você entenda que, se eu não tivesse marcado o ensaio antes, eu teria dedicado minha noite inteira pra você.

Por um momento me senti comovida pela sua frase, mas depois me lembrei das várias vezes que ele me fez sentir ciúmes. E acabei negando com a cabeça.

—O que foi...? —Ele perguntou, preocupado.

—Jake. Eu descobri uma coisa hoje.

—E o que seria essa coisa?

—Descobri que eu não sou a garota pra você. A gente.... A gente é muito diferente.

—E qual é o problema nisso?

—Não to falando em gostos, Jake.

—Então o que você quer dizer com isso?

—Quero dizer que você é perfeito. Sabe, você tá sempre aqui quando eu preciso, confia muito em mim, dedica tudo pra me fazer feliz.... Essas coisas....

—E por que você seria diferente disso?

Acabei dando uma risadinha.

—Jake.... —Disse, me ajoelhando em sua frente. —Eu não sou tão boazinha quanto você acha que eu sou.... E eu nunca aprendo.... Mesmo o Breno tendo feito tudo, bastou uma conversa e nos resolvemos. Sabe, ele já me fez esquecer tudo o que ele fez.

—O que você quer dizer com isso? —Ele disse, cerrando o olhar.

—Quero dizer que você é bom demais pra mim, Jake. Preciso de alguém que seja tão errado quanto eu.

—Breno.... Certo?

Dei um sorrisinho que concordava com sua pergunta.

—Só não entendi uma coisa.... —Ele disse, confuso. —Por que você diz que você fez algo de errado hoje?

—Ah, Jake.... —Me aproximei de seu ouvido para que ele pudesse ouvir bem. —Você realmente acha que eu vim pra Noite de Luzes sem batom?

Dei mais uma risadinha e levantei, indo em direção à saída.

—Entendi, Elin. —Ele disse, olhando fixamente para algum ponto em seu sapato.

Parei e virei meu rosto, para escuta-lo.

—Então você entrou mesmo no joguinho dele, né? —Continuou, virando seu rosto para mim. —Elin, no fundo eu já sabia que ele iria conseguir. —Prosseguiu, se levantando e vindo em minha direção. —Só não queria que fosse verdade.

—Deixa eu ver se eu entendi. —Me virei para ele, cruzando meus braços. —Você realmente acha que ele tem controle sobre mim?

—Eu tenho certeza.

—Ah Jake.... Vocês homens são tão ingênuos. Escuta, o Breno é do tipo de garoto que acha que tem controle sobre tudo. E, na maioria dos casos, é verdade. Mas sempre vai ter uma garota um pouquinho mais esperta que não se deixa levar pelas influências desse tipo de garoto. Então não se preocupa, Jake.

—Quando ele te magoar de novo, porque eu sei que ele vai, eu vou ser o primeiro a ouvir você chorar. Mas pode ter certeza que eu não vou perdoar ele na próxima. Essa é a última vez que eu deixo ele iludir você.

—Jake.... Você vai encontrar a garota certa pra você.... Mas, desculpa, eu não sou ela.

—E você vai encontrar o cara certo pra você.

—Esse é o problema, Jake.... Eu não estou procurando o cara certo.

Dei um beijo em sua bochecha, bem perto dos lábios, para provoca-lo ainda mais. E, depois, fui para o meu quarto, esperar pelo meu parceiro. Ainda iriamos ver o fim da Noite de Luzes.

***POV: Jane***

Estava sentada em um gramado florido do hotel, as velas estavam deixando um clima muito aconchegante, que me acalmaram um pouco. A noite estava linda.... O céu estava cheio de estrelas, e a lua encantadora.... Acho que tudo o que eu precisava naquela hora era um abraço.... Mas eu não voltaria lá, não com o Breno por perto.... Eu gosto dele, mas acho suas intenções meio perigosas.

—Cheguei tarde? —A voz era do Breno, mas eu teria que confirmar para ter certeza.

Me virei, secando levemente meu rosto. Depois só neguei com a cabeça, ele não merecia meu desprezo.

—Bom.... Desculpa, Jane. —Ele disse, se sentando ao meu lado.

—Você não se importa de verdade.... Não precisa fingir.... —Disse, dando um risinho sem graça.

Ele riu também, passando seus dedos por seu cabelo e olhando para mim com seus olhos cerrados e sobrancelha erguida, parecendo me avaliar um pouco.

—Não funciona, Breno.

—O que? —Ele disse, fazendo uma expressão confusa.

—Esse seu olhar. A maioria das garotas ficaria hipnotizada, mas não funciona comigo, então pode parar.

 Ele revirou os olhos, dando uma risadinha, e se aconchegou, deitando ao meu lado.

—Escuta. —Começou—Eu não vim aqui pra tentar algo contigo, até porque.... Você não faz muito o meu tipo.

Arqueei as sobrancelhas, surpresa. Não se diz isso para uma garota. Na verdade, não se diz isso para ninguém.

—Não se preocupe. —Agora eu iria devolver. —Eu nunca quis fazer o seu tipo.

—Então tá conseguindo.

Revirei os olhos e deitei ao seu lado, tentando ignorar suas ironias e escutar o que ele tinha para me dizer.

—Sabe Jane, quem deveria estar aqui é o Jake. Ele saberia muito mais o que dizer.... Então.... —Ele se virou para mim, e se sentou meio de lado. —Eu não vou perguntar pra você o motivo da sua tristeza, não vou pedir pra você sorrir, não vou pedir pra você ficar bem.... Não vou te pedir nada. Só digo que.... Não importa o que aconteça, ou tenha acontecido com você, saiba que as pessoas em sua volta te amam. E que elas fariam de tudo por você, assim como você faz por elas. Não pense que só você tem que deixar os outros sorrindo.

Aquilo realmente me ajudou um pouco.... Mesmo sendo esse jeito despojado do Breno, eu entendi que ele queria me passar algo positivo. E realmente passou, pois me fez sorrir um pouco.

—Breno.... Valeu pela ajuda.... Mas eu só to triste porque—

—Shhh. —Ele disse, tampando minha boca. —Essa parte você deixa pro Jake. —Ele deu uma piscadinha, se levantou, e saiu do campo, vagarosamente. Para que eu pudesse sentir cada segundo de raiva dele.

Esquece tudo o que eu disse sobre o Breno. Ele é o pior. Mas.... De um jeito bom. Não para mim, mas sempre tem alguém por aí....

Sentei abraçando meus joelhos e continuei a admirar a noite.... Até ouvir alguém se aproximando. Me virei para ver, era Jake. Ele vinha bem devagar, olhando para baixo, com certeza ele estava péssimo.... Mas não sei se eu tinha condições de ajudar ele....

Jake se sentou ao meu lado e começou a observar o céu, sem olhar para mim. Também parei de olhar para ele, e observei as estrelas. Eu sabia que ele precisava de mim, então decidi ajudar, ignorando meus problemas.

—Jake—

Não pude nem começar, ele me abraçou forte e começou a respirar fundo, como se estivesse preste a chorar. O abracei de volta, o mais forte que eu podia, até porque abraços são as melhores coisas nessas situações.

—Desculpa a demora.... Não devia ter deixado esse idiota vir te consolar. —Ele disse, se soltando do abraço.

—Tudo bem.... Ele é um idiota bonzinho.

Demos uma risadinha envergonhada, enquanto nos olhávamos.

—Jane.... Por que tá triste?

—É que.... Meu dia não foi muito bom.... Daí quando eu vi meus melhores amigos brigando.... Eu desmontei.... —Disse, dando um sorriso sem graça, tentando não o preocupar tanto.

—Desculpa pela briga.... Eu tava de cabeça quente....

—Tudo bem, Jake....

Demos uma pausa para olhar as estrelas de novo, até ele cortá-la.

—Jane, por que seu dia foi ruim...? Eu fiz alguma coisa...?

—Não, Jake.... É complicado....

—Se você quiser falar.... A gente tem bastante tempo. —Ele disse, se deitando.

Eu precisava desabafar, aquilo estava me matando. Então decidi deitar ao seu lado, respirei fundo, e comecei.

—Jake.... Lembra que eu te disse que eu e o Gabriel estávamos tendo umas brigas...?

—Gabriel.... Ah! Seu namorado.... Lembro.... Por que? —Ele disse, se virando para ouvir melhor.

Continuei olhando para as estrelas, assim seria mais fácil falar.

—Então.... A gente tava brigando porque ele achava que eu não amava mais ele.... Só que a gente tava junto por três anos e.... —Parei um pouco e fechei os olhos, respirando fundo para não desabar de novo. —Bom.... Eu conheci melhor uma pessoa esse ano.... Essa pessoa virou meu melhor amigo e sempre esteve lá por mim. Em alguns momentos eu não sabia se eu só queria essa pessoa como amigo, e por um momento eu pensei em largar meus três anos de namoro só por causa dessa pessoa....

Quando parei para me acalmar de novo, Jake se sentou e continuou a me observar, fazendo uma expressão meio confusa.

—Bom.... —Continuei. —Digamos que eu não consiga esconder coisas, e acabei falando pro Gabriel que eu estava confundindo sentimentos por esse amigo.... Mas o problema é que eu ainda amo, ou pelo menos amava, meu namorado, e me sentia terrivelmente mal por isso.... Mas ele não entendeu, nem tentou me ajudar.... Depois ele revelou que já tinha me traído, e que estava perdendo o tempo dele comigo. A gente terminou hoje mais cedo.... E a minha família amava ele, não quero me imaginar dizendo isso pra eles.... Jake.... Eu.... Desculpa, você não precisava ouvir isso.

—Jane.... —Ele disse, tocando meu queixo e virando levemente meu rosto para o dele. —Você não precisa pensar em como resolver isso agora.... Você tem que encarar as consequências primeiro, e, quando você aceitar elas, procure resolvê-las.

Dei outro sorriso envergonhado.... Mas aquilo era muito difícil para mim.

—Só não entendi direito essa coisa de confundir sentimentos.... —Ele disse, se virando para as estrelas novamente e soltando meu queixo.

—Jake.... Eu pensei seriamente em terminar meu namoro por causa de um amigo.... Mas eu me sinto uma idiota por isso.... Quem disse que meu amigo também sente isso por mim? Deve ser completamente estranho pra ele.... Por isso era melhor eu continuar com o Gabriel....

—E viver acorrentada em uma relação que você não quer mais? —Ele disse, ainda sem olhar para mim.

—Esse é o problema.... Eu não sei se eu queria mesmo terminar....

—Então descobre, Jane. —Ele disse, me olhando.

—Como?

—Ué, sai com o amigo que você tava gostando.

—Esse é o problema, Jake.... Não tem como eu sair com ele.

—E por que não? Jane, você consegue qualquer garoto, confia em mim.

—Qualquer garoto menos esse. Você não entenderia, Jake. —Respondi, me virando.

—Eu duvido! Pode me falar quem é, Jane! Eu sou seu melhor amigo, não vou te zoar....

—Eu sei que não vai....

—Então me fala, ruivinha...

Me virei novamente para cima, ainda deitada, e comecei a olhar em seus olhos, sem dizer mais nada.... Na verdade, ele entenderia o que eu queria dizer com aquele olhar, então eu não precisava de palavras.

—Pode falar.... —Ele disse, começando a decifrar meu olhar. —Jane.... —Sua expressão se alterou imediatamente. Seu rosto passava preocupação e dúvida ao mesmo tempo. —Jane.... Sou eu...? —Ele perguntou, com medo da resposta.

Olhei em seus olhos por mais um tempo, mas depois tive que respondê-lo, então apenas concordei com a cabeça, e continuei olhando para seus olhos.

Ele mordeu seu lábio inferior, mas sem tirar a expressão preocupada de seu rosto.

—Eu não acredito, Jane.... Na verdade, eu só não queria acreditar....

—Me.... Me desculpa, Jake. —Eu disse, o abraçando e chorando em seu ombro.

Ele envolveu um de seus braços ao redor do meu corpo, mas sem abraçar, apenas apoiando-o. Eu não conseguia parar de chorar, pensar que nossa amizade nunca mais seria a mesma depois disso foi horrível.

—Eu.... Eu sabia que eu não devia ter dito isso. —Disse, me levantando e tentando limpar as lágrimas, que não paravam de cair um segundo sequer.

—Jane.... —Ele disse, ainda sentado. —Jane.

Respirei um pouco e olhei em seus olhos, envergonhada.

—A culpa não é sua. Você não escolhe por quem se apaixona. —Ele disse, se levantando. —E eu me sinto honrado por ser o escolhido por você, isso significa muito.

Neguei com a cabeça, pois ele só falava aquilo para me fazer sorrir. Então continuei a chorar.

—Ei.... —Ele começou, me abraçando. —A gente vai resolver isso Jane.

—Como...?

—Vou te mostrar.