Fraternal

Thery se encolheu em sua jaqueta grossa e colocou as luvas felpudas nas mãos para logo ajeitar os longos cabelos loiros, Sam suspirou notando o quão a sobrinha ficava cada vez mais tensa a medida que se aproximavam do Kansas. Dean já se encontrava em uma pilha de nervos, a todo momento a expressão confusa e furiosa dominava seu rosto enquanto ele se culpava pelo que havia feito com Prince, ele nunca deveria a ter metido em seu mundo, Prince pagava por isso e agora suas filhas também sofriam por isso. A culpa o dominava completamente enquanto ele pensava em uma forma de as livrar dessa vida perigosa.

— Dean. - Thery chamou a atenção dele quando ele terminou de beber a cerveja - Eu quero parar, estou com fome. - pediu baixo torcendo para que ele parasse o carro que rodava pela rua.

— Eu já disse que estou bem Thery. - resmungou amargo acelerando o carro e Sam se encolheu envergonhado ao ver o irmão fazer caras e bocas achando que estava correndo quando na realidade o carro não chegava aos 20km/h.

O moreno deu um sorriso amarelo para Thery se inclinou sobre Dean e fechou a janela forçando o loiro a parar com a encenação desnecessária. Os dois negaram com a cabeça e Sam assumiu o volante forçando Dean a ir dormir no banco traseiro e Thery se sentar ao lado dele no passageiro atenta a toda paisagem que passava por eles, a loira tinha uma expressão sombria enquanto divagava.

— Acha que Riley pode ter mudado? - Sam a questionou com um pouco de esperança.

— Não, eu sinto que não. Eu a escuto algumas vezes, na minha cabeça. Conversando comigo e relembrando o passado, Riley tem influência sobre mim também tio Sam. - o moreno a olhou de lado - Ela o tem sobre todo mundo.

— Então Riley é realmente uma pessoa ruim? – ele questionou preocupado, sabia muito bem o que isso queria dizer, Riley precisava ser morta.

— Será que alguém nasce ruim? Ou aprende a ser? Ele deve ser com ela assim como ela é comigo, 24 horas aquelas frases e cenas repetindo na cabeça. Não tem como estar sempre sã, uma hora isso te derruba. Seja pra te forçar a ser forte ou para te matar. – sussurrou e Sam assentiu com a cabeça ainda tentando entender a linha de pensamento das duas gêmeas.

— E Riley preferiu ser morta. - ela negou com a cabeça.

— Riley preferiu não existir.

°°°

Thery acelerou o carro enquanto Dean continuava dormindo ao seu lado, Sam estava esticado no banco traseiro com a cabeça tombada na janela enquanto volta e meia esticava o pescoço para frente olhando em direção a pista.

— Katherine encosta o carro. – Dean pediu para poder trocar de lugar com a garota que apenas o ignorou – Thery. – o loiro chamou a atenção dela, mas a jovem continuou com os olhos vidrados na estrada enquanto acelerava, Dean podia ver as mãos dela apertando o volante com força – Katherine. – sua voz saiu alta enquanto a respiração ficava mais forte.

— Katherine. – Sam a chamou e tocou o ombro da garota, mas seu braço for a repelido sem que ela se quer encostasse nele e ele a olhou assustado, antes que pudesse dizer mais alguma coisa o impacto no carro fez com que o local ficasse completamente em silêncio.

Dean abriu os olhos agitado e olhou ao redor enquanto retirava as centenas de vidro do próprio corpo notando as manchas de sangue, procurou por ferimentos no próprio corpo e olhou para trás vendo Sam o olhar confuso enquanto ofegava ainda assustado . O loiro sentiu a irritação invadir seu corpo e olhou para o banco do motorista, mas se surpreendeu ao ver que o local estava vazio e Thery andava apressadamente pela estrada em direção a pequena cidade. Os dois irmãos desceram do carro e olharam para trás vendo o pequeno cervo no chão a alguns metros de distância.  

— Katherine! – Dean gritou, mas foi ignorado completamente pela jovem que continuou seu trajeto. – Volta aqui antes que eu te dê um tiro!

Sam rolou os olhos ignorando o ataque do irmão enquanto se mantinha preocupado com o comportamento estranho da garota. Dean olhou parar trás quando viu o irmão disparar e ir em direção a Thery, o loiro foi para dentro do carro e entrou no veículo o ligando no exato momento em que Sam segurava a garota e um grito ensurdecedor soava por todo o local gelando os ossos dos dois irmãos.

— O que é isso? – Sam se questionou antes de finalmente concluir que teriam de sair dali o mais rápido possível enquanto viu Katherine se retorcer em seus braços gritando em agonia antes de parar completamente sem esboçar reação.

— Sam! - Dean gritou acelerando o carro e parando ao lado dos dois, Sam pegou a sobrinha e a colocou no banco traseiro se sentando ao lado dela, o moreno suspirou agitado vendo os olhos vidrados da jovem em um tom de verde pálido, o nariz sangrava e ela não apresentava sinais de que possuía algum ferimento na cabeça que tivesse causado o sangramento.

— Dean o que tem de errado? – ele questionou o irmão que ainda olhava para tudo sem saber o que dizer, o comportamento de Thery estava os assustando.

A loira piscou no exato momento em que Dean se virou para a olhar, Thery passou a mão sob o nariz limpando o sangue antes de voltar a piscar mais vezes e finalmente os responder.

— Riley estava por perto. Ela já sabe que estamos atrás dela.

ººº

A loira dos cabelos dourados e intensos passou a mão sob o nariz tocando o sangue seco enquanto ainda continuava encarando a cama a sua frente como se fosse a coisa mais interessante no local, os olhos vagos e os lábios entre abertos enquanto os olhos queimavam com as dolorosas lágrimas que recentemente caiam com mais frequência ainda, ela pedia ajuda, mas não tinha mais controle sobre quem realmente era. Nunca teve, seu corpo fora entregue assim como sua alma. Restava-lhe apenas se deixar guiar para o seu sofrimento eterno, sentir a irmã era algo que a machucava, algo que não aceitava, algo que não queria e não poderia acontece

— Depois de tanto tempo. – a voz da jovem saíra sem emoção alguma – Depois de tantos anos. Por que? – a loira sentiu a mão firme aperta-lhe o ombro com força lhe dando apoio – Eu quero que ela suma, acabe com isso, quero que desapareça.- ela nunca veio por mim em todos esses anos.

— Algo que queira fazer? – a voz suave a arrepiou e ela fechou os olhos com força sentindo ainda um pouco do laço entre as duas, ela queria resgatar aquilo, mas sabia que isso jamais ocorreria – O que está acontecendo? Quem é ela?

Os olhos verdes se fixaram nos dele, a frieza a dominara completamente gelando os ossos.

— Quero que seja destruída. – o rapaz se afastou ao ouvir o tom que tanto conhecia, o tom que o demônio gostava de usar quando conseguia o controle – Quero que seja morta. – os dedos ensanguentados tocaram acima do coração – Katherine, minha irmã... está vindo.