Acordei em uma cama dura com um travesseiro fino em baixo da cabeça. Olhei ao meu redor e vi paredes de cimento e um chão sujo. Uma porta de grades de ferro me mantinha presa.

Eu estava realmente confusa. Não tinha mais certeza se isso era apenas um sonho.
Eu matei aquelas pessoas? Eu tentei me matar?

Passei as pontas de meus dedos por minhas pernas marcadas. Meus braços marcados até os cotovelos, riscados como se a pele fosse uma renda de cicatrizes. Minhas lágrimas caíram grossas e quentes.

— Ei! - uma batida na grade me fez pular- vamos! Hora do café. Depois você tem atividade na cozinha!

...

Sentei-me em uma mesa vazia no canto do refeitório. Com uma bandeja equipada com três biscoitos duros e leite frio.
Meu corpo estava agora, coberto pelo macacão azul claro de Wieland, deixando os dois primeiros botões abertos. Meus cabelos secos e rebeldes e os pés descalços.

—Hey docinho- olhei pra frente e vi um homem velho com cicatrizes no rosto, que me olhava com malícia. Sorrindo e mostrando seus dentes amarelos e podres.

Se aproximou de mim sussurrou

—me deixe ver os doces que você tem aí- eu bati em sua mão, que se aproximou do meu rosto.- você está sendo uma menina má. E meninas más perdem suas cabecinhas... - seu punho agarrou meu cabelo.

—me solte seu velho nojento! - eu disse entre dentes. Então ele puxou mais forte. Meus olhos marejaram. Nenhum guarda estava por perto.

—Ei, a moça pediu pra largar! - disse uma voz macia e baixa. Assim que senti meu cabelo ser solto, olhei para a tal pessoa, esperando ver um guarda, mas o que eu vi foi um paciente.

Seus cabelos eram loiros e seus olhos pretos. Uma boca bonita com lábios rosados.

—ora Tate, me deixe brincar um pouquinho.

—saia daqui enquanto estou de bom humor. - o garoto falou baixo.

—não. - o velho ia voltar a olhar para mim quando seu corpo foi arremessado para trás. Ele caiu en cima de uma mesa. Gritando e chamando atenção. Quatro guardas vieram até nós. Dois seguraram Tate, seja lá quem ele for, um pegou meu braço e um pegou o velho.

— e então novata? Já arranjando problemas?

...

O velho tinha sido sedado e agora eu e Tate estávamos na sala da senhora Harrys.

—poderiam me explicar o que aconteceu?

—ele tentou abusar de mim. Tate né defendeu.

—defendeu? Oh... com violência desnecessária. Isso requer castigo senhor Langdon.

Castigo? Não!

—Não! Senhora, por favor não irá mais acontecer! - eu guinxei por ele.

Durante todo o tempo, ele não disse uma palavra. Só me encarou e revirou os olhos para Senhora Harrys, isso me deixava frustrada.

—April pode sair. Volte para sua cela e tape esses peitos gordos, antes que algo assim se repita- cruel... muito cruel. Tate me olhou nos olhos como se quisesse me dizer alguma coisa, mas antes que ele falasse ela continuou. - Quanto a você. Senhor Langdon...
Fui retirada da sala por um guarda enquanto uma lágrima escorria por meu rosto.

As coisas aqui são piores do que pensei. São um pesadelo.