Anjo da guarda escrita por MariaStilinski


Capítulo 1
Capítulo 1




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Outra mudança. Outra casa. Outra vida. É a decima casa. A decima cidade para que nós nos mudamos em um ano. Mas quando eu digo “nós” me refiro só a mim e ao meu pai, ele é o verdadeiro culpado por toda essa viagem, seu trabalho exige isso dele. Eu nunca vou me acostumar com isso, não é como se eu tivesse alguém para sentir saudades e falar que iremos manter contato para a nossa amizade nunca acabar, pois eu não tenho. Sei que não vai ser diferente, pois é sempre a mesma coisa, o que muda são os nomes.

Eu observava a paisagem verde da estrada. Ouvia uma música qualquer. E tentava me convencer a não me importar com tudo isso, mas eu sempre me importava.

Meu pai é o tipo de homem que não gosta muito de falar, ele não é emotivo, sempre age pela razão e isso o deixa frio de alguma maneira. Eu sou totalmente o oposto dele, sou emotiva, sempre vou pela emoção e isso tem dificultado na parte de não se importar com as coisas. Mas eu estou bem, eu só preciso sorrir quando necessário, ficar quieta na maior parte do tempo e ser neutra na escola.

—Mel...-chamou meu pai.- Chegamos.- avisou e saiu do carro.

Respirei fundo antes de sair do carro como se de alguma maneira isso me desse coragem. Meu pai carregava as malas para dentro da casa de uma forma desajeitada, o que tornava a cena engraçada, mas eu não estava com um humor bom para rir.

A casa de dois andares era feita de uma madeira antiga escura e grama estava seca quase morta. De todas as casa que já morei essa é a mais...esquisita.

Entrei na casa e uma sensação estranha me atingiu, não era um estranho mau e sim bom, mas eu não conseguiria explicar tal sensação.

—Arrume suas coisas e depois vamos jantar.- disse meu pai. Eu apenas assenti e fui procurar o meu quarto.

Depois de algumas horas tirando toda a poeira e alguns objetos que talvez os antigos donos deixaram no meu quarto, eu finalmente consegui arruma-lo. Meu quarto não era grande em comparação ao meu antigo, mas ele tinha uma janela enorme que me dava uma bela vista para a casa do vizinho ou melhor para uma outra janela, o que me tirava um pouco de privacidade mas iria pedir para papai comprar um cortina.

Me deitei na cama velha e dura e fiquei fitando o teto enquanto esperava meu pai me chamar para jantarmos.

Olhei para a foto que se encontrava na escrivaninha. Era uma foto minha e da minha mãe, eu tinha mais ou menos 5 anos. Minha mãe me abraçava e sorria e eu a olhava rindo, ela era linda, com o cabelo ruivo e seus olhos verdes. Mas eu não me lembrava desse dia. Eu mal me lembro dela. Porém minha avó diz que temos várias coisas em comum, a cor do cabelo, o formato do rosto e a personalidade, mas as vezes eu duvido muito disso. Mas talvez seja coisa da minha cabeça pois eu acho que não sou nada parecida com o meu pai, enquanto meus olhos são castanhos escuro os dele são azuis, minha pele é em um tom amarelado e a dele é tão branca que quase chega a ser albina, mas as pessoas sempre falam como somos parecidos como se fosse nítido e eu acho que preciso de um óculos.

—Melanie, vamos?-chamou meu pai abrindo a porta do meu quarto.

—Sim-respondi me levantando.

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Depois do jantar fui direto para o meu quarto e depois para o banheiro e tomei um banho. Por volta da meia-noite, meus olhos começaram a pesar. Estava exausta por causa da viagem então acabei pegando no sono rapidamente, o que é bom pois amanhã irei começar meu ano letivo e preciso estar descansada. Se eu estou nervosa? Não, depois de tantas mudanças, de uma escola para a outra, você acaba se acostumando com tudo isso, se torna uma coisa comum.

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Entrei no saguão iluminado pelas lâmpadas fluorescentes da Escola Riaw Cross vinte minutos atrasada. Uma atendente magricela, pálida e com uma prancheta nas mãos, estava dando ordens. O que significava que eu já havia perdido algumas explicações.

—Então, lembrem-se: nada de drogas na escola, nada de pílulas sem receita médica, nada de violência, todos serão obrigados a usar o uniforme da escola e quem se atrever de quebrar algumas dessas regras será punido rigorosamente.

—Espera, uniforme?-perguntou uma menina loira.

—Ah sim, todos aqui são novatos.- disse a atendente entrando em uma sala e logo depois saindo segurando vários pacotes. –Aqui, seus uniformes.- falou entregando para cada um. –Ali é o banheiro. –disse apontando para uma porta.- Um de cada vez.

Assim se formou uma final para o banheiro. Deveria ter mais ou menos seis pessoas no grupo, o que fez com que a fila andasse rápido. Assim que chegou minha vez, abri o pacote e vesti as roupas. O tamanho dos uniformes deveria sem único pois ficou meio largo em mim principalmente na blusa, nesses momentos meu físico magro e porte pequeno não ajudavam. O uniforme era basicamente uma camiseta branca com o emblema da escola e uma saia azul marinho que ia até o meus joelhos. Quando todos terminaram de se vestir o grupo saiu para conhecer a escola e depois para cada um ir para a sua sala destinada.

Enquanto andávamos pelos corredores cinzentos da escola, dei uma olhada nos três alunos a minha frente. Eram dois garotos e uma garota. A garota parecia ser bem fácil de se decifrar, loira e bonita, como se tivesse saído de alguma revista de moda, com as unhas pintadas em um rosa choque. Um dos garotos tinha um cabelo castanho curto, olhos castanhos e muitas sardas no nariz. Enquanto o outro garoto, por outro lado, era alto e magro, tinha cabelo preto repicado e grandes olhos azuis. Ele tinha na nuca, uma tatuagem preta de algum símbolo que eu desconhecia. Quando o garoto se virou me olhou e encarou. Os lábios  dele estavam em uma linha reta, mas os olhos eram quentes e bem vivos. Ele me comtemplou, parado como uma escultura me fazendo congelar e pensar “Será que ele me conhece?”. Prendi a respiração como se de alguma maneira isso fosse me denunciar.

Enquanto a atendente explicava algumas coisas sobre os horários de aula e almoço, eu pude sentir o olhar do garotos de olhos verdes sobre mim.

—Senhorita? Senhorita? –chamou a atendente.

—Sim...-respondi voltando a realidade.

—Em que ano está?

—Segundo.

—Me acompanhe. Todos vocês!- disse a atendente fuzilando cada um com os olhos.

Andamos em silêncio e assim que chegou na minha sala a atendente perguntou se mais alguém era desse ano, porém era só eu.


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