Expressão Psicopata escrita por AndyJu


Capítulo 4
Orfanato




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Hospital de Cerranilla. 10:35 da manhã. Andy acorda no quarto 20 fazendo perguntas a si mesmo.

—Onde estou? Que lugar é esse?...Minha mãe... Será que foi um sonho?

O garoto olha a sua volta e percebe o local onde está.

—Mas isso é o hospital! Será que sofri algum acidente e sonhei com aquilo?...Não consigo me lembrar...

Enquanto Andy pensava sobre o que havia acontecido, um homem entra no quarto. Usava um casaco azul, tinha cabelo curto, uma calça preta e botas. Logo que ele entra, senta-se na cadeira ao lado da cama e pergunta:

— Olá rapaz, você está se sentindo melhor?

— Q-quem é você? O que aconteceu?

— Calma, vou responder o que você quiser, mas tenha calma. Vou te dizer o que aconteceu, e depois fazer umas perguntas, tudo bem?

—Certo...

—Aconteceu um incêndio em sua casa e felizmente você não estava lá, aliás, ninguém estava. Você estava correndo na rua para pedir ajuda, se lembra? Um policial foi atender seu pedido de socorro, mas você desmaiou na hora. Pensamos que pudesse ter sido por causa da fumaça, mas seus pulmões estão bem... Talvez tenha sido o medo.

Andy começa a se lembrar de poucas coisas e pergunta:

—Fogo? M-mas como? Eu não lembro de nada disso, mas... M-mas e minha mãe?

—Sua mãe?...Desculpe, mas não sou eu que vou te dar essa notícia.

Andy fica com medo de ouvir, pois sabia que as notícias não seriam boas, mas mesmo assim ele insiste.

—Aconteceu algo, não é? Pode falar, posso ter 11 anos mas sou forte o suficiente para ouvir qualquer tipo de notícia! Vai, pode falar!

—Como eu disse, vou responder tudo, mas calma. Bom, meu nome é Eduardo, sou detetive e estou aqui para te explicar o que aconteceu. Sua mãe foi... encontrada morta.

Andy fica surpreso e começa a chorar. Infelizmente o que ele pensava ser sonho deve ter sido real.

—M-mas como morta?? Você me disse que não tinha ninguém na casa quando ela pegou fogo!

Eduardo suspira.

—Não foi queimada no incêndio... Mas ela foi encontrada na frente da casa, na verdade o que sobr... Não, não vou te assustar contando detalhes, me desculpe. Sinto muito.

Andy de repente para de chorar e fica apenas se sentindo triste. Depois de um minuto de silêncio, o detetive se lembra que tinha mais uma coisa para dizer.

—Seu urso estava jogado ao lado de sua janela, junto com uma chave. Foi você que tentou salvar seu brinquedo?

—URSO? O MOLO?!

—Molo, esse é o nome? Ele está bem ali, junto com o que os bombeiros conseguiram salvar do incêndio. São apenas alguns talheres e itens de cozinha, então vamos doar para algum lugar...

O garoto olha para o lado da cama, no chão, e percebe algumas sacolas e o seu ursinho em cima delas, com um sorriso. Andy começa a gritar, desesperado.

—T-tira ele daqui! Foi ele!! Ele que matou minha mãe, tira ele daqui AGORA!!

O detetive fica surpreso com a atitude do garoto. Andy coloca as duas mãos na cabeça e tenta controlar seu medo. Ele respira fundo, se concentrando em histórias engraçadas. Eduardo chama um médico e diz:

—Acho que ele está delirando, mas é melhor tirar o urso daqui. Deem para outra criança, sei lá, mas deixem a chave.

Andy percebe a conversa e diz:

—E-eu não estou delirando, vou ficar calmo, eu prometo... Só tirem o urso... Detetive, me dê a minha chave.

—Não posso, preciso dela para a investigação.

—Como assim? Não mesmo, a chave é minha, me dê ela aqui!

—Garoto, eu não posso.

Andy levanta-se rapidamente da cama, pega a chave e corre para fora do quarto, pelos corredores do hospital. Encontra um quarto vazio e se esconde atrás da cama. Andy começa a dizer baixinho:

—Será que estou ficando louco? Como aquele urso que tenho a 5 anos iria fazer mal a mim ou minha mãe? Ele é só um ursinho!

Ele olha fixamente para aquela chave antiga...

—Maldita chave, tenho que descobrir o que você abre... Vou ficar quieto, porque vou acabar sendo considerado louco e o que eu descobrir ninguém vai acreditar.

O detetive encontra o garoto.

—Achei você! Olha, eu sei que você está triste por ter perdido sua mãe e também está confuso, mas isso é um hospital! Pessoas fragilizadas estão aqui, se você ficar correndo pode machucar alguém. Agora, por favor, me dê a chave.

Andy abaixa a cabeça, triste por ter que perder a única pista que tinha sobre os assassinatos da Expressão.

—Detetive... Eu não sei qual o real motivo de você estar aqui ou o que quer fazer, mas por favor, não me tira essa chave... Eu perdi meu pai com 6 anos, e agora perdi minha mãe. Por favor, não me faça perder a única coisa que sobrou para mim!

No rosto de Andy uma lágrima deslizava lentamente, saindo do olho direito. O detetive se comove com as palavras do menino, e diz:

—Está bem, só vou te fazer algumas perguntas. Prometo não querer mais sua chave, já que ela possui grande valor emocional, então você...

No meio da conversa chega um rapaz, vestido estranhamente. Era Jhonny.

—Uhm... Andy, estou aqui para ver como você está depois do acidente. Também estou com os “livros” que você me pediu!

Andy rapidamente entende o que Jhonny queria dizer.

—Aah, sim, os livros! Certo, eu... Detetive, pode fazer as perguntas outra hora?

—Claro, quando eu for te levar para o orfanato eu faço elas.

O menino olha surpreso para Eduardo.

—ORFANATO? Não, eu não vou para nenhum orfanato!!

O detetive percebe que não é uma boa hora para conversar sobre isso.

—Certo. Eu volto depois, garoto. É Anderson, né?

—Sim, mas pode me chamar de Andy.

20 minutos depois, Jhonny e Andy ficam sozinhos no quarto 20, onde o menino estava antes. Jhonny retira da mochila um envelope.

—Pronto, aqui estão os documentos do caso de 1950, mas lembre-se: se descobrirem algo sobre isso, finja que nunca me viu. Percebi que os policiais e o detetive estão de olho em você. Espero não me arrepender de ter feito isso.

—Muito obrigado... Não se preocupe, não irei fazer nada errado.

São 16:30 da tarde. Já fazem algumas horas que Jhonny e o detetive foram embora. Andy ficou lendo os documentos sobre o caso do ano de 1950. Não compreendia muitas coisas.

—Hum... como assim? Caso isolado? Por que está dizendo que... 30 suicídios?! E todos policiais! Ah, descobriram que os suicídios foram forjados, na verdade foram assassinatos... Mas o homem que foi preso é inocente, pois os casos continuam acontecendo... Aah, por isso que este caso estava “proibido” para o Jhonny! Foram 29 suicídios e o outro foi o do suposto assassino, justo na delegacia da cidade...

Andy percebe que alguém está entrando no quarto e rapidamente guarda os papéis dentro do envelope. É o detetive Eduardo.

—Olá de novo menino, eu consegui algumas roupas, escova de dentes e outras coisas de doações, para você não ficar sem nada no orfanato.

—M-mas... E meus parentes?? Não posso ficar com algum tio?

—O bêbado Luís ou a Lúcia viciada?

—...Eu não tenho escolha, não é?

— Pois é, vamos lá...

O garoto pega as sacolas de roupas doadas e escolhe umas para vestir. Depois, ele e o detetive vão andando até a saída do hospital, entram em um carro policial e vão para o orfanato, que fica no final da cidade, dentro da floresta. A arquitetura do orfanato é antiga, o que torna o local ainda mais assustador. Mesmo com tanta tecnologia na cidade e dentro do orfanato, por fora era como um cenário de filme de terror. O carro estaciona do lado de fora do orfanato. Eduardo e Andy saem do carro. O guarda abre os enormes portões, dando as boas-vindas. Andy pega as sacolas de dentro do carro e observa a mansão.

—Então aí está meu novo lar...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capítulo! Em breve postarei mais.



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