HL: Kane escrita por Augusto C S de Souza, Heroes Legacy


Capítulo 3
II — Irmãos


Notas iniciais do capítulo

E aí, lindos, de boas? Voltando aqui com mais um capítulo da história dos Kane ♥
Muito obrigado por comentarem no último capítulo e espero vcs nesse, hein. Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677365/chapter/3

Hospital

As paredes brancas do lugar, pintadas com o intuito de acalmar as pessoas aflitas na sala de espera, não parecia exercer muito bem o seu trabalho nesse momento. Killian estava sentado em uma cadeira, assim como Rosalie e Jessie, enquanto Josh caminhava de um lado para o outro.

— Josh, da pra você sossegar? — Killian perguntou, encostando na cadeira. — Não vai ajudar em nada ficar nervoso.

— E ficar calmo já teve alguma resposta? — Devolveu, fitando o irmão.

— Só senta em uma cadeira, por favor.

Josh bufou e se sentou, cruzando os braços. Jessie havia parado de chorar, mas seu rosto ainda permanecia vermelho. Abraçada à Rosalie, ela permitia que a loira acariciasse os seus cabelos.

Alguns minutos de espera mais tarde, Wyatt entrou no hospital. Usava uma blusa social azul escura, da mesma cor que o seu jeans. Ele era responsável por Liam e Jessie, enquanto seus pais estavam fora. O homem caminhou até os garotos, colocando as mãos na cintura ao parar.

— Como ele está? — Perguntou Wyatt.

— Não sabemos. — Rosalie respondeu baixo. — Não nos deixaram entrar e nem falaram nada.

— William Morgan? — Uma baixa enfermeira chamou, olhando as pessoas na sala de espera.

— Aqui. — Wyatt avisou, caminhando até ela, enquanto os jovens prestavam atenção.

— Sr. Kane? — A mulher olhou na prancheta que segurava antes de dizer o nome.

— O próprio.

— Por favor, me siga.

Wyatt apenas olhou para os garotos antes de seguir a mulher. Ele queria poder dizer que estava tudo bem, mas não sabia se acreditava nisso. A enfermeira seguiu por um corredor bem iluminado, até entrar em uma sala à esquerda. Ao entrar, Wyatt deu de cara com um homem sentado em uma cadeira, do outro lado da sala, vestindo um elegante terno, cabelos levemente grisalhos penteados parebeldese um sorriso debochado no rosto. Um pouco mais atrás, estava um homem de pé, usando uma jaqueta de couro preto por cima de uma blusa da mesma cor. Seus cabelos castanhos também estavam penteados para trás, embora alguns fios rebeldes caíssem por sobre sua testa. Sua expressão era fechada e seus olhos verdes o observavam.

— Comandante Cornell, que surpresa. — Wyatt acrescentou com sarcasmo.

— Diretor agora, Brasa. — O sorriso debochado ainda permanecia no rosto do Diretor.

— Quanto tempo não escuto esse codinome. — O Kane riu baixo. — O que a Nexus faz aqui?

— Srta. Hale, por favor, leia o relatório médico do Sr. Morgan. — Cornell pediu, fitando a enfermeira, que virou uma folha na prancheta e colocou-se a ler.

— O paciente William Morgan apresenta fraturas em três costelas esquerdas, perda de noventa por cento da utilidade do braço esquerdo e perfurações no pulmão, que provocaram uma hemorragia interna. — Ao terminar, Hale fitou o Wyatt. — Eles está em cirurgia nesse exato momento, mas as chances de sobreviver são mínimas.

— Obrigado, Srta. Hale. Pode nos dar licença, por favor.

A mulher assentiu com a cabeça, deixando a pequena sala, enquanto o agente que acompanhava o Cornell trancava a porta. Wyatt o olhou desconfiado, enquanto puxava uma cadeira e se sentava.

— O que você quer, Cornell? — Perguntou, cruzando os braços.

— Nós podemos salvá-lo, Kane.

— Conhecendo a Nexus, deixe-me perguntar: a que preço?

— Nós estamos desenvolvendo um novo soro, capaz de aumentar as habilidades humana em níveis altíssimos. — Cornell respondeu, encostando-se na cadeira. — Mas precisamos testar isso em alguém.

— Essa esmola está boa demais. — Wyatt sorriu de canto. — Qual a condição?

— O garoto vai ser dado como morto e nós o levaremos para uma de nossas bases. O treinaremos e o transformaremos no agente perfeito. Até os pais dele permitiram, mas como os dois confiam em você, preciso da sua resposta.

— E se eu disser não?

— Bem, aí ele não vai precisar fingir a própria morte.

— Olha em que ponto você chegou, Cornell. — Wyatt o olhou com desprezo. — Brincando com a vida humana como se não fosse nada. A Nexus deveria ser melhor que isso.

— E nós somos, Kane, mas os tempos mudaram, assim como eu mudei. — O Diretor desviou o olhar por um instante, antes de voltar a olhar para o homem em sua frente. — Então, qual sua resposta?

~X~

Josh levantou no exato momento em que Wyatt apareceu na sala de espera. Notou seus olhos levemente marejados, o que fez um calafrio correr pela espinha do moreno. Jessie também levantou, indo até o sogro.

— Como ele está? Ele vai ficar bem? — A voz da garota saiu um pouco embolada, enquanto ela parava na frente dele. Wyatt não respondeu, apenas fitou o chão. — Wyatt...

Jessie não conseguiu completar a frase. Lágrimas escorreram pelo seu rosto, enquanto levava as mãos até a boca. Wyatt a abraçou, deixando que a garota molhasse a sua blusa. Rosalie e Killian se olharam, tentando confortar um ao outro, mesmo sem dizer nada. Josh parecia perdido. Fitava o vazio, enquanto um misto de emoções tomava conta de si. Pela primeira vez, pôde sentir a dor de perder alguém que amava.

~X~

O céu nublado combinava com as vestes negras dos quatro indivíduos que fitavam a lápide de mármore. "William Morgan Junior, amado filho e irmão", enfeitava o pedaço de pedra retangular. Rosalie confortava a pequena Morgan, acariciando o ombro da amiga.

— Eu nem pude o olhar uma última vez. — Jessie comentou baixo.

— Tenho certeza que ele está olhando por você agora. — Rosalie respondeu, sorrindo fraco.

Killian estava um pouco mais atrás, ao lado de Wyatt. Sua expressão era tão fechada quanto o próprio tempo.

— Ele ainda não apareceu? — Perguntou ao Wyatt, que pareceu ser tirado bruscamente de seus pensamentos com a pergunta.

— Não, nada dele. — Respondeu rápido.

— Você está bem? — Killian ergueu uma sobrancelha, fitando o pai.

— Sim, só preciso processar isso ainda. E explicar aos pais dele também. — Wyatt colocou as mãos na cintura, pensativo. — Eu... preciso ir. Vejo você em casa?

Killian apenas assentiu com a cabeça, deixando o homem seguir o caminho até a saída do cemitério. O rapaz se aproximou das garotas e acariciou os cabelos de Jessie, lhe dando um fraco sorriso.

~X~

Killian e Rosalie haviam se reunido na casa de Jessie, não querendo deixar a garota passar a noite sozinha, embora eles mesmos quisessem passar mais um tempo um com outro. Pediram uma pizza e procuraram por uma comédia romântica — gênero favorito de Jessie. Algumas cenas até a fizeram sorrir algumas vezes, mas nada que durasse muito.

Ela levantou ao ouvir a campainha tocar e caminhou até a porta. Ao abrir, encontrou Josh fitando o chão. Ele estava com a sua tradicional jaqueta de couro por cima de uma blusa do AC/DC.

— Por onde você andou? — Jessie o fitou preocupada. Não o via desde a ida ao hospital. — Senti sua falta. — O abraçou apertado. — Quer entrar? Ainda deve ter pizza.

— Seria ótimo, mas eu preciso ir resolver algumas coisas. — Josh comentou baixo, a afastando.

— E quando você volta?

Ele não respondeu, apenas deu um beijo demorado na testa de Jessie, usando a sua velocidade aumentada para sumir antes que a garota abrisse os seus olhos.

— Josh? — Chamou, não obtendo resposta. — Josh!

Tudo o que pôde ouvir foi a sinfonia entristecida provocada pelo som do silêncio. Em questão de horas, Jessie havia perdido os dois homens que mais amou em sua vida.

Londres, seis anos mais tarde

Killian havia aprendido a controlar os seus poderes com maestria, embora fosse mais difícil aprender sozinho. Josh continuava desaparecido. Embora seu desenvolvimento tenha sido na maior parte rodeado de acontecimentos tristes, conseguir ter algo além da amizade de Rosalie o fazia feliz toda noite.

Diferente do garoto magro de anos atrás, o Kane agora apresentava um forte porte físico, além ter ficado bem mais alto. Rosalie também havia se tornado uma linda mulher, assim como uma incrível pessoa. Os dois haviam se mudado para Londres após o término do colegial. Killian se tornou professor de história, enquanto Rosalie abriu uma linda floricultura — seus poderes favoreciam, mas a concorrência não precisava saber disso.

O rapaz agora caminhava até a sala, com uma caixa de pizza na mão esquerda e uma garrafa de refrigerante na direita. A loira estava sentada no sofá, mexendo no seu Facebook pelo celular. Usava uma regata e um short jeans, deixando os cabelos cobrirem os ombros.

— Kill, olha isso. — Ela o chamou, depois que o rapaz colocou a pizza e o refrigerante em cima de uma mesa de centro.

Rosalie mostrou um video no celular quando ele sentou ao seu lado. O moreno passou o braço por trás dela, que se aconchegou em seu peito.

— Esse garoto de apenas dezesseis anos foi uma das vítimas desse ataque de dois Neo-humanos. Por favor, conte o que aconteceu lá dentro. — O jovem repórter apontou o microfone para o menino e a câmera focou em seu rosto.

— Bem — o garoto de olhos azuis intensos falou, um pouco tímido —, tudo parecia “normal” quando eles chegaram e mandaram todas as pessoas se sentarem em um canto da joalheria. Eles estavam armados e não mostraram suas… Excentricidades. Foi quando uma garota apareceu.

— Garota? Quem era essa garota? — o homem de cabelos castanhos bem ajeitados perguntou.

— Eu não sei quem ela é, mas… Foi a coisa mais incrível que eu já vi. Ela apareceu do nada, como se fosse um fantasma. Disse que acabaria com eles tão rápido que não teriam tempo de soletrar “perdedores”. Eles a chamaram de primária e revelaram-se Neo-humanos.

— Você sentiu medo?

— Não! Não tinha tempo pra sentir medo. Eu me sentia em um filme de ação. Eles começaram a lutar e foi incrível! Ela encolhia, sabe. Ficava tão pequenininha que eu nem podia enxergar. Então…

Rosalie parou o vídeo assim que ouviu a campainha tocar. Killian ergueu uma sobrancelha, mas caminhou até a porta, resmungando. Ao abrir, não encontrou ninguém. Olhou ao redor, mas nem sinal de quem tocou. Fechou a porta e voltou para a sala, se surpreendendo com o que via.

Um homem sentando na poltrona ao lado do sofá. O cabelo negro e liso era curto, mas ainda permitia que sua testa fosse escondida por ele. Seus olhos azuis e intenso o fitavam, enquanto um sorriso de canto estampavam seu rosto. Usava uma jaqueta de couro por cima de uma blusa branca, enquanto apoiava os pés na mesa de centro. Rosalie fitava o rapaz com um misto de surpresa e raiva.

— Josh... — A voz de Killian quase não saiu.

— Oi, Kill. — O moreno piscou. — Senti sua falta.

— O que você está fazendo aqui? — O Kane mais novo cortou, cruzando os braços.

— Eu preciso de sua ajuda. — Josh ficou sério, se ajeitando na poltrona. — Levaram o Wyatt.

— Como assim? — Rosalie interrompeu. — Quem o levou?

— A Nêmesis. — Josh revirou os olhos ao ver o rosto confuso dos dois. — Nêmesis é uma agência de espionagem como a Nexus, só que mais radicais e malvados. — Explicou. — E o forte deles é fazer experiências com Neo-Humanos.

— Como você sabe disso? — Killian ainda o fitava com incerteza.

— Eu passei um tempo investigando os últimos Neo-Humanos que surgiram. A maioria confessou ter sofrido algo lá dentro. — Josh se levantou, esticando as costas. — Anda, vai se arrumar. Saímos em cinco minutos.

— Não.

— Como assim "não"? — O moreno se aproximou. — Estamos falando do nosso pai, Killian.

— Josh, você não pode simplesmente sumir por seis anos e aparecer do nada, como se não tivesse acontecido nada. — Killian aumentou um pouco a voz, deixando Rosalie um tanto assustada.

— Kill, eu provavelmente sou um dos Neo-Humanos mais poderosos que existem. — Josh parou na frente do irmão. — Se eu preciso da sua ajuda, é porque é realmente sério. Por favor.

— Killian, vai com ele. — A loira se levantou, indo até o namorado. — Josh pode não merecer, mas o Wyatt sim. Killian a fitou em silêncio, pensando.

— Tá, vamos resolver isso. Rápido.

— Certo. — Josh sorriu, caminhando até a saída. — Estou te esperando no carro.

— Por que precisamos de um carro? — Killian ergueu uma sobrancelha.

— Eles podem nos detectar quando usamos nossos poderes, esse é o jeito mais seguro.


Killian assentiu, voltando a fitar a loira em sua frente. Lhe deu beijo demorado de despedida e caminhou até a porta.


— Kill, toma cuidado.


O moreno apenas sorriu, antes de fechar a porta e seguir com o irmão até o carro. Josh parecia feliz com aquilo, embora Killian ainda estivesse com um pé atrás.


— O que aconteceu com você nesses últimos seis anos, Josh?

— Muita coisa, irmãozinho. — O rapaz respondeu baixo. — Muita coisa.






Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, o que acham que rolou com o Josh nesse tempo? Algo bom? Algo ruim? Me deixem saber no review ^^
Até a próxima



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "HL: Kane" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.