Tudo pela causa escrita por Anne Almeida


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

De inicio cheguei a pensar em escrever o modo como a carta a seguir seria encontrada, mas por fim me apeguei muito mais a ela do que a detalhes sobre sua descoberta, como quando e por quem, então ficará de acordo com a criatividade de cada um. Espero que gostem!



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Casa Black, 17 de Janeiro de 1979

 

Nunca fui o mais bondoso e provavelmente ninguém defenderá meu nome um dia, mas não quero ser lembrando como um monstro, por isso escrevo, para dizer que tudo que fiz teve um motivo.

Ser um Black sempre foi para mim motivo de orgulho. Éramos nobres, fortes e poderosos. Normalmente tínhamos tudo o que desejássemos e, nas poucas ocasiões em que nossas vontades eram negadas, nos simplesmente forçávamos ou tomávamos. Desejar era ter. Não me lembro de um só único desejo não realizado, e é isso que irá agora custar minha vida.

Jamais pensei que aquela paixão tola de infância fosse me levar a chegar até aonde fui, que aquela vontade pura, seguida de desejo contido fosse gerar meu fim. Mais ainda, não consigo acreditar que finalmente despertei para a realidade do que aconteceu.

Todos nós não passávamos de jovens tolos. Eu e meu irmão que tendíamos a discordar de tudo, e ainda mais Rodolfo, que insistia em se manter por perto nestes momentos, ficando tendenciosamente ao meu lado.

Foi assim, através de mim que, ironicamente, a vi se tornar meu único desejo não realizado. Se tornar noiva de meu melhor amigo. Seus cabelos negros, seu riso debochado, seu olhar, tudo que me incitava, agora pertenceriam a ele. E foi mais irônico ainda ele levá-la até o lugar onde a perderia.

Cada célula do corpo dela era fiel aquela opinião de que o mundo bruxo precisava ser limpo, não importava os meios. E foi assim que Você-Sabe-Quem ganhou sua melhor serva. Apoiar, defender e adorar o Lord das Trevas era tão natural para ela quanto respirar. Ninguém ali era tão disposto, tão fiel e, até talvez, tão forte quanto ela.

Rodolfo não imaginava que ao levar Belatriz para a causa ela se apegaria mais a causa de que a ele. Muito menos que com isso tive por fim esperança de ter o que queria. Ela se utilizou de um de meus desejos mais antigos para de forma consciente me ter sobre seu controle. Tal qual a criança por seu doce, eu não pensei o porquê ou qual fim daquilo. Eu apenas queria e esperava ter. E ela me deu seu corpo, mas em troca cobrou minha alma. Sendo fiel a ela, ela me tornou fiel a ele.

Logo vi que não era o único. Ela nos comandava, incitava e seduzia. Éramos todos tolos em suas mãos. Acreditávamos em suas palavras de poder enquanto tudo que víamos era morte e destruição. Tão seduzidos por ela que quando víamos já estávamos fazendo tudo o que ela desejava, fazendo-nos de tolos, seguindo Voldemort a qualquer lugar e fazendo qualquer coisa em nome dele. Agora percebo o quanto ela e a esta maldita guerra serão os causadores de minha ruína.

Nunca me importei minimamente com suas ideologias, apenas buscava ação e distração, além, é claro, das boas graças de minha mãe, mas encontrei muito mais. Lutei demais por uma causa que nunca foi minha e agora há sangue demais em minhas mãos. Presenciei o inimaginável e já sei que não posso mais viver assim. Não apenas por ela e por seus embustes. Já admiti a mim mesmo que nos unimos apenas para alcançar objetivos tolos e destrutivos, que nunca fui o que ela quis de verdade. Seus desejos se prendem somente ao Lorde e a causa.

É até ridículo admitir que no fim um reles elfo doméstico será aquele que me ajudará a levar meu plano a cabo e que no fim, eu darei a vida que me foi roubada para ir contra eles. Monstro mal sabe o que planejo e mesmo assim, me é fiel. Estranho mundo, onde todos, humanos ou não, parecem destinados a se tornarem servis.

Já sei que meu irmão é caçado e talvez tenhamos o mesmo fim, mas torço para que isto não aconteça. Finalmente devo admitir que ele fez a escolha certa.

Provavelmente esta carta nunca seja encontrada, mas eu gosto de acreditar que algum dia alguém saberá a verdade. E que talvez por mais erradas que tenham sido minhas escolhas e de minha consciência sobre isso, saberá que eu sempre as fiz desta forma para me permitir estar com ela. Que jamais poderei dizer que foi tudo pela causa.

R. A. B


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