Tudo de Mim escrita por Mi Freire


Capítulo 31
Fazendo burradas.


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo menor do que eu esperava :(



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Minha mãe está acelerada com a aproximação do natal e eu tenho quase certeza de que isso não faz bem a ela e nem ao bebê. Meu pai e eu já tentamos contê-la. Mas ela é impossível e continua para cima e para baixo preocupada com todos os detalhes.

A ideia inicial era fazer uma festinha simples aqui na sala de casa mesmo. Mas, acontece, que minha mãe tem sempre umas ideias mirabolantes. Ela queria, porque queria convidar todo mundo. E nossa casa é pequena. Não ia caber todos que ela desejava convidar. E isso a deixou extremamente frustrada.

Ainda bem a Fabi ligou um dia desses perguntando se eu gostaria de passar o natal com ela numa festinha que ia acontecer na casa do Christian. Eu disse que é claro que não poderia, minha mãe ficaria muito triste se eu não ficasse com ela e o papai. Então, ela teve a brilhante ideia de convidar toda a minha família para se juntar a eles na grande casa do Chris.

Conclusão: um natal com todas as famílias juntas reunidas em um só local.

O que eu acho disso? Acho que vai ser uma loucura. Pensem só!

— E aí, está ansioso para o natal? – Perguntei ao Lorenzo.

— Não muito. – Ele respondeu, do outro lado da linha.

— E porque não? – Eu fiquei indignada.

Natal é uma data sensacional, com todas aquelas comidas...

— Sei lá. Nunca gostei muito do natal.

— Algum trauma de infância?

— Não. – Ele riu. — Deve ser porque meus pais nunca deram muita importância.

Eu tinha a sensação que o Lorenzo andava meio para baixo ultimamente. Não sabia dizer porque exatamente. Tenho certeza de que não fiz nada de errado que pudesse chateá-lo. Ou talvez o problema não fosse eu. E eu queria muito perguntar o que estava rolando, mas tinha receop que fosse só uma coisa da minha cabeça.

Resolvi deixar pra lá.

Ou achar um jeito de ser direta com ele quando nos encontrássemos.

— Tá, então... Vocês não pensam em comemorar?

— Bom, por enquanto, não há nenhum plano.

— Poxa vida! Esse ano será diferente. Será nosso primeiro natal juntos!

Acho que ele sorriu ao me ouvir tentando anima-lo.

— É, você tem razão. E então, qual é o plano?

— Vamos comemorar todos juntos na casa do seu primo. Tenho certeza que seus pais já devem ter recebido o convite. E eu como eu vou estar presente, gostaria muito que vocês viessem.

— Hum.... Parece uma ideia maravilhosa. Vou falar com os meus pais. E mesmo que eles não queiram ir, pode contar comigo. Eu estarei lá. Por você.

Pronto. Agora não faltava mais nada.

Seria perfeito.

Na manhã seguinte, tivemos nosso último dia de aula. E eu, apesar de nunca ter sido muito fã do colégio, fiquei muito triste quando me dei conta de que era real. Chegamos ao fim. Estava tudo acabado e nunca mais voltaríamos a esse lugar.

Conheci muitas pessoas boas e legais no colégio e me despedir delas foi bem doloroso.

Pelo menos o Christian resolveu ter uma boa ideia para acabar com aquele clima de adeus. Ele inventou fazermos uma festinha de despedida no pátio do colégio sem chororô. De início, eu achei um absurdo. Afinal, não tínhamos nos preparados para aquilo. Ninguém trouxe comida, nem bebida, nem nada. Mas ele sempre conseguia dar um jeito.

O Chris caçou um jeito de falar com a diretoria, depois com alguns professores, e conseguiu um aparelho de som. O pessoal que sabia tocar foi em busca de um violão na sala de música. E com isso, se iniciou nossa festinha. Com todos os terceiros anos ali no pátio, dançando, tocando, rindo, brincando, conversando, tirando fotos.

Foi muito divertindo. Não houve lágrimas e nem mal-entendido. Houve apenas cumplicidade e parceria. Foi como se de repente todos fossemos grandes amigos.

Um belo dia para se lembrar depois.

Antes de irmos para casa, os coordenadores nos reuniram para falar sobre a formatura que aconteceria dali uma semana. Um pouco antes do natal. Era aquela coisa chata de usar uma beca horrorosa e pegar um diploma ainda mais horroroso.

Não via necessidade daquilo. Mas eu participaria pelos meus amigos.

Fabi e eu esperamos pelo Chris um bom tempo lá fora, na saída, enquanto algumas garotas em volta se desmanchavam em lágrimas e abraços demorados.

Passei meu braço em volta dos ombros da Fabi e sorri.

— Pelo menos nós nunca precisaremos nos despedir assim.

Ela retribuiu o sorriso.

— Nossa amizade vai muito além desse colégio.

Foi o momento em que o Chris chegou, se enfiando no meio de nós duas e estragando todo o clima.

— O pessoal combinou de irmos comer algo fora, já que nossa festinha não teve comida e estão todos famintos. Topam? Vamos lá. Vai ser divertido!

Nós fomos, apesar de eu garantir que estava com pouca grana para dividir a contar depois.

— Não se preocupe, Pac-Man. Minhas meninas nunca passarão fome desde que estejam ao meu lado. Hoje vocês podem comer a vontade que será por minha conta.

Fabi e eu festejamos.

Passamos a tarde toda em uma lanchonete perto do colégio de fácil acesso a todos. Pegamos uma mesa do lado de fora. E como uma mesa só não era o bastante, nós juntamos várias delas e formamos uma só. Fizemos os pedidos, conversamos e comemos o bastante.

Em casa, contei toda a experiência a minha mãe. Ela sempre queria saber de tudo. E só depois tomei um banho e caí na cama. Satisfeita e feliz.

~*~

Finalmente minhas tão merecidas férias.

Já comecei bem: dormi até tarde, tomei meu café da manhã tranquilamente espalhada no sofá da sala, depois assisti séries, dei uma arrumadinha na casa enquanto a mamãe não voltava da loja, tomei um banho, liguei para o Lorenzo, saí para comprar algo para comermos no jantar, esperei a mamãe chegar, assisti um pouco de novela mesmo sem entender nada, jantamos, perguntei a mamãe como foi o dia dela na loja, depois subi para o meu quarto e liguei o notebook para dar uma fuçada.

Sabe, eu já não era tão fã assim do Facebook. No começo, eu gostava muito. Mas agora, era tudo tão diferente. Pessoas reclamando de tudo, alfinetando todos, mandando indiretinhas, postando fotos de dois em dois segundos, compartilhando violência, pornografia, maus tratos e vídeos para lá de bizarros.

A última vez que entrei na minha página foi para dar uma geral e apagar tudo que estivesse relacionado ao Alexandre. Principalmente nossas fotos. Até porque tínhamos terminado. Eu me convenci disso. Então porque deixa-las ali?

Mas eu não o excluí. Não achei que isso fosse necessário. Ele também não era fissurado em Facebook. Seu perfil era quase tão vazio quanto o meu. Ele era mais do tipo que entrava, dava uma olhadinha e depois saia. Não compartilhava nada, não curtia nada, não postava nada. Mas que de alguma forma continuava ali.

Porque?

Não sei.

Dei uma rápida olhadinha por ali e notei que ele estava online. Há muito tempo não conversamos por chat ou qualquer outro tipo de mensagem. No começo do nosso namoro, nós usávamos muito o Facebook para nos comunicarmos. Mas desde que ele fez questão de trocar de número e sair quase que por completo da minha vida não fazíamos mais esse tipo de coisa. O que em parte era bom. Assim eu podia seguir em frente e focar mais no que eu e o Lorenzo tínhamos no momento.

Não sei bem o que aconteceu comigo naquele momento. Acho que tudo que estava acontecendo na minha vida ultimamente havia me deixado meio lezada, mas quando dei por mim, eu tinha aberto o chat dele e enviado um Oi mais uma carinha sorrindo timidamente.

Puta merda.

O que eu tenho na cabeça?

Agora já foi. Não tenho nem como voltar atrás. E pior, ele não respondeu de imediato, nem visualizou. Talvez nem estivesse ali. Estivesse fazendo outra coisa e esquecido de fechar o Facebook. Ou talvez ele só estivesse me ignorando.

Sua demora estava me deixando mais do que apavorada.

Oi.

O barulho de sua mensagem me fez dar um pulo.

Como você está?

Bem e você?

Ótima.

Que bom!

Não é esquisito? Nós passamos tanto tempo juntos, se amando, compartilhando tudo, corpo e alma e agora, olha só para a gente, dois completos estranhos.

Tá fazendo o que de bom?

Nada. Só falando com você. 

Ele só pode estar de brincadeira. Duvido que ele esteja só falando comigo. Eu conheço o Alexandre. Ele bem o típico safado que fala coisas só para agradar as garotas e fisga-las. Mas eu já passei dessa fase. Não acredito mais nele.

Hum. Legal.

E você?

Vendo umas coisas. Nada de mais.

Não ia admitir a ele que estava entediada e meio desesperada.

Como está o seu irmão?

Muito bem. Está aqui do lado. Jogando.

Manda um beijo pra ele.

Ele mandou outro e disse que está com saudade.

Eu também estou.

E para completar mandei uma carinha triste.

Como está a sua mãe? E sua irmãzinha?

Ótimas.

Para quando está previsto o parto?

Daqui um mês e meio, mais ou menos.

Isso parece bom.

É. Estou ansiosa. Mas, e sua mãe? Está bem?

Se recuperando.

Que bom. Torço muito por ela e por vocês.

Eu sei.

E, vocês vão poder pelo menos passar o natal juntos?

Infelizmente não. É melhor assim para ela.

Puxa, que pena. O Luiz deve estar bem triste com isso.

Nós dois estamos. Mas vamos superar.

Eu fiquei com pena. Não só do Luiz que mais do que qualquer outra pessoa deveria sentir falta da mãe que apesar de não ser perfeita, estava sempre com ele ali, em todos os momentos. Mas fiquei triste também pelo Alex e por tudo que ele estava tendo que passar sozinho, fingindo-se forte, maduro, tendo que cuidar do irmão, da casa, das despesas e garantir que todo mundo saia firme e forte dessa.

Principalmente ele.

Lembra-se da vez em que você me viu naquela casa que ficava próxima a antiga casa em que vocês moraram?

Quando você estava se agarrando com outro? Hahahaha

Engraçadinho.... Sim, essa mesmo.

Sim. O que tem?

Vamos comemorar o natal lá com a família do Christian. E se você quiser, pode passar por lá com o Luiz e se juntar a nós. Vai se divertido!

Outra vez fez fiz burrada. Tenho certeza que fiz. Eu estava agindo feito uma boboca. Não tinha porque eu ter feito o convite. Não fazia nenhum sentido.

Alex deve ter pensando da mesma forma, porque depois do que eu disse, ele não digitou nada de volta.

Quase cinco minutos depois veio a resposta: 

É, pode ser. Vamos pensar.

O.K. Bom, vou ir dormir. Tchau!

Tchau, Luci.

Beijos!

Beijos.

E desliguei tudo muito rapidamente antes que fizesse outra cagada.

Não contei o que fiz a ninguém. Eu mesma preferia fingir que nada disso nunca tivesse acontecido. Que foi só um sonho ruim. Um mal-entendido. Ou que, o Alex fosse mais inteligente do que eu e ignorasse o convite e não aparecesse no dia.


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Notas finais do capítulo

Comentem!!! Torcem para o Alex aparecer na festinha ou não?