Shattered escrita por Nash


Capítulo 7
I will not be silent


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem mesmo desse aqui ♥
Foi um amorzinho de capítulo para escrever, acho que talvez ele tenha diálogos mais que o normal, mas variar um pouco não mata ninguem, né? Haha
Leiam com alguma musica bonitinha de fundo que acho que fica melhor ainda :3



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A porta do 221b se mostrou assustadora quando John parou em frente a ela. Fazia três dias que ele tinha se declarado para Sherlock Holmes e também três dias que o detetive tinha saído pela porta do apartamento e ainda não tinha dado as caras desde então.

Sempre que saia de casa ele ficava receoso que o moreno o estivesse esperando. Não que não quisesse conversar com ele e esclarecer sobre tudo – principalmente sobre sua mudança com Patricia –, mas, ele tinha medo do que o momento significaria. Seria o caso de John nunca mais poder vê-lo? Ou eles dariam um jeito de esquecer tudo e fingir que nada tinha acontecido? Não era, definitivamente, o que John queria. Afinal, depois de tantos anos lutando para entender o que sentia seu objetivo quando havia se declarado, mesmo que tivesse saído tudo tortuoso da sua boca, o seu objetivo era poder viver ao lado de Sherlock. De verdade. Como se fossem os namorados que todos sempre tinham dito que eram e ele sempre insistira em negar.

Foi buscar a filha com Mrs. Hudson, já que a senhoria sempre lhe ajudava todos os dias ao cuidar de Pattie enquanto ele precisava trabalhar – especialmente agora com Sherlock não estando em casa. Ele percebeu que a madrinha da filha estava com um semblante tenso, então, decidiu perguntar:

— Algum sinal de Sherlock? – Obviamente, John não havia explicado toda a situação para ela. Não que temesse alguma reação negativa da senhoria, muito pelo contrário, já que havia sido ela a primeira a insistir desde o início que eles dariam um belo casal. Mas, já que nem mesmo ele entendia o que tinha acontecido naquela fatídica noite, não queria preocupa-la à toa.

— Não, meu querido – Mrs Hudson disse enquanto beijava Patricia antes de entrega-la ao pai. – Mas o outro está aí.

John nem precisava perguntar para saber a quem ela se referia. Mycroft provavelmente viera pedir explicações sobre o que estava acontecendo com o irmão, Sherlock podia ser uma rainha do drama quando bem entendia. Ou será se ele vinha como um mensageiro do irmão? Mas, seja lá o que fosse o médico sabia que apesar do Holmes mais velho sempre gostar de passar a impressão de desdenho e desinteresse pelo irmão, qualquer um que convivesse um pouco mais com aqueles dois percebia claramente o quanto Mycroft amava o irmão do seu próprio jeito.

— Você pode ficar com ela por mais algum tempo?

— Claro, John.

— Ok, eu volto o mais rápido possível. – Antes de entregar a filha de volta ele cheirou o topo da sua cabeça, o cheirinho de doce costumeiro dela o encheu de energia. Era como se fosse seu combustível e com ele poderia enfrentar qualquer coisa que aparecesse. Patricia riu animada quando ele lhe fez cócegas.

Dadi, papá Sherl uh?

— Eu não sei, meu amor, eu não sei – John disse baixinho mais para si mesmo do que para filha. Durante todo o tempo que Sherlock não estava em casa a menina sempre perguntava por ele. Aquilo lhe doía e o fazia dar um sorriso amarelo todas as vezes. O “papa” que ela estava colocando na frente do nome dele era o que mais lhe machucava, não que de algum modo tivesse ciúmes da filha com o amigo, afinal ele o ajudara desde o primeiro dia a cuidar dela e também a tinha resgatado daquela explosão maluca... Mas por saber que ela sentiria a falta dele também. Amigo. A palavra pareceu estranha aos seus ouvidos, afinal pelo o que estava acontecendo ele teria que parar de se referir a Sherlock daquela forma. Ele só queria conseguir descobrir por qual razão...

Quando John entrou na sala do apartamento encontrou Mycroft observando atento pelas janelas. Aquilo o lembrou muito a outra noite que tinha conversado com o Holmes mais novo, afinal ele fazia a mesma coisa que Sherlock fizera quando ele tinha voltado do passeio com Patricia. Ele deu um sorriso debochado, aqueles dois eram mais parecidos do que se recusavam a acreditar.

— Mycroft.

— John. – O Holmes mais velho se virou e o médico pode perceber o seu olhar preocupado. – Precisamos conversar, sim? – Ele estendeu uma mão para as poltronas em frente a lareira. Mycroft se acomodou na poltrona do irmão e John na sua própria.

— Mycroft, eu, eu... – John engasgou. – O que houve entre eu e seu irmão, nós... – O médico definitivamente não sabia como continuar aquela conversa. Nunca pensou que na idade que tinha alcançado tivesse que se explicar para algum parente de uma pessoa que tinha sentimentos. Ele engoliu em seco. Parou para pensar um instante e resolveu continuar dizendo apenas a pergunta que era realmente importante naquele momento. – Você sabe onde está Sherlock? Ele está bem?

— Ele... Sherlock... – Mycroft fazia uma careta como se estivesse escolhendo as palavras certas para falar. John nunca acreditaria se não estivesse olhando com os próprios olhos, o Holmes mais velho era extremamente inteligente, desenvolto e esperto, tanto que fazia Sherlock se sentir lerdo. Se ele não conseguia escolher as palavras certas é porque algo de errado havia acontecido. John travou a mandíbula de nervosismo esperando o que o outro diria. – Eu vou ser franco, John. Eu não deveria estar aqui, Sherlock provavelmente vai querer me matar por isso. Mas, se eu não falar nada provavelmente quem aparecerá morto logo será ele.

— Co-como assim? – John não entendia o que o outro queria dizer.

— Meu little brother está com um plano para derrotar aquela mulher, a tal Morgan, ele está decidido em ajudar o MI-5 nisso. Mas, isso inclui desaparecer de Londres mais uma vez. E ele está visivelmente abatido pelo o que aconteceu entre vocês dois.

— Nós... Não. Não aconteceu nada.

— Não me interessa os detalhes. Ele não me explicou nada, mas não precisava disso. Qualquer um que conheça vocês dois minimamente poderia deduzir isso. E não, não é da minha conta o que vocês dois fazem ou deixam de fazer juntos.

— Ele...

— No estado de espírito que ele está se for continuar mesmo com esse plano seria só mais uma missão suicida – Mycroft o encarou. Então continuou com a voz rigida – E eu não quero isso para ele. Você me entende?

— Claro. Onde ele... – John se calou um instante quando viu o outro se levantando. Mycroft tirou um cartão de um bolso interno do paletó e o depositou em cima da mesa de centro.

— Espero poder contar com você, Dr Watson.

John respondeu concordando com a cabeça. A mente estava confusa e perdida. Ele tinha achado que o sumiço de Sherlock se devia a declaração que tinha dado. Que de algum modo aquilo tinha o desgostado ou incomodado e que por isso ele preferia manter distância, mas pelo que Mycroft havia dito havia um grande plano por trás daquilo. Ele se recordou do acontecimento com Moriarty e em como ele tinha sofrido durante dois longos anos achando que tinha perdido Sherlock para sempre. Houve muitos momentos que ele tinha plena certeza que não iria conseguir. Momentos que sentia o céu desabando sobre ele. E pensar que o detetive tinha planejado algo que mesmo levemente parecido com aquilo o encheu de raiva. Quem diabos Sherlock Holmes achava que era para brincar com a cara dele daquela forma? Pegou o cartão em cima da mesa e o leu antes de guardar no casaco.

Desceu as escadas e foi pedir mais algum tempo para Mrs Hudson ficar com a filha. Quando a senhoria apenas lhe respondeu com um sorriso ele foi correndo atrás de um táxi. Tinha algo muito importante para resolver agora e ele estava com pressa.

Ele bateu a porta três vezes seguidas com bastante força. O hotel que Sherlock havia escolhido para se esconder era simples, mas, organizado e bonito.

John bateu novamente e então Sherlock veio abrir a porta. Assim que viu que era ele ali, o Holmes revirou os olhos e resmungou:

— Mycroft.

— Sim. Ele mesmo. – John respondeu com a voz despontando um pedaço da raiva. Empurrou a porta e entrou no aposento em que Sherlock estava. O quarto era espaçoso, com aparência de arrumado e limpo. – Eu pensei que você detestasse hotéis.

— E detesto – Sherlock disse sem olhar para ele. Fingia que estava interessado em qualquer coisa para não ter que olha-lo.

— E porque está aqui, Sherlock?

— Eu não queria atrapalha-lo.

— O quê? Atrapalhar? O que você está falando?

— O que houve no outro dia... Você claramente está confuso. E... – Sherlock engasgou sem saber como continuar. John riu. Não sabia se devia se considerar um homem de sorte ou de azar por ter feito os irmãos Holmes sem palavras. No mesmo dia.

— Eu não estou confuso, Sherlock. Eu sei muito bem o que eu sinto.

— Sabe mesmo? – Aquele questionamento tinha vindo curto e grosso. Pela primeira vez que tinha entrado no quarto Sherlock o estava encarado. Seus olhos se encontraram e John conseguiu enxergar uma quantidade de mágoa enorme ali.

— Sherlock – Ele respirou nervoso antes de continuar. – Eu não conseguia entender isso antes. Então você morreu e o pouco que eu mal entendia, que eu não entendia, eu enterrei o mais fundo que consegui para poder ter uma vida. Houve dias que eu pensei em morrer junto, porque não podia conceber que poderia conseguir seguir em frente sem você. Então, Mary... Mary me deu uma nova chance.

— Eu sei disso tudo, John.

— Eu sei que você sabe, droga. E isso que me deixa com mais raiva. – Sherlock fez cara de desentendido e aquilo o fez grunhir. – Por Deus, Sherlock! Você iria fazer outra encenação de se matar ou sei lá o que e não iria me dizer nada?! Depois de tudo?! Do que eu disse?!

O moreno rangeu os dentes. Seu corpo inteiro estava tenso enquanto ele dizia – Quando eu disse que não poderia acontecer nada eu apenas disse a verdade, John.

— Que droga de verdade?

— Eu tenho que ficar longe de você.

— Que diabos você está falando?

— Morgan, aquela mulher...

— O que? Você se interessou por ela?

— Ahm? – Sherlock fez uma careta. – Não seja tão idiota, John.

— Então, o que?

— Ela ameaçou vocês. Você e Patricia. Aquilo tudo foi minha culpa, ela sequestrou Patricia por minha causa. Minha causa. Quase a explodiu por minha causa. Eu mal ando conseguindo dormir com raiva disso – Sherlock sentia a respiração pesada. Cada sopro de ar que puxava para os pulmões vinha carregado com a tensão da conversa. – E você iria me odiar para sempre se algo acontecesse com ela. Eu me odiaria para sempre. Droga. Sempre acreditei que nunca teria nem um amigo próximo, John, imagina quando eu percebi de verdade que gostava dela como uma filha. Eu sei que é sua filha, mas eu...

— E ela já te considera o pai dela. Bem, pelo menos um dos... – John deu um sorriso amarelo. – Mas, então é simples assim? Aquela mulher diz algumas palavras e você simplesmente vai fingir que nem eu e Patricia existimos? Você acha que podemos ficar melhor sem você?

— Vão.

Você acha mesmo que eu e ela vamos ficar melhor sem você? De verdade? Depois de tudo que passamos juntos? Depois de tudo que eu demorei para...

— Pattie, ela...

— Ela está bem. Sempre que volto do trabalho pergunta onde está “papa Sherl”.

— Sério? – Os olhos azuis do detetive o olhavam com um misto de espanto e satisfação.

— Sim. Sim. – O silêncio encheu o quarto. John olhava para o chão nervoso, procurando algo que pudesse dizer em seguida. Custava a ele entender o que tinha acontecido entre os dois, já que quando tinha se confessado Sherlock parecera retribuir – tanto que até tinha o beijado – mas, agora agia como se ele não fosse alguém próximo. Então respirou fundo e ali resolveu que já bastava. Não tinha paciência para continuar a conversa daquele jeito. Se depois de tanto tempo que John demorara para revelar o que sentia ele iria agir daquela forma em resposta então que tudo bem. O Holmes deveria ter plena consciência do que queria, não seria ele que o modificaria.

John quase ia saindo porta afora, mas parou por um momento e resolveu esclarecer pelo menos uma parte das coisas – Você deveria voltar para 221b, aquela é sua casa. Eu irei conseguir outro lugar com Pattie.

Ele não estava contente em como a conversa tinha se resolvido, mas pelo menos tinha bastado para explicar a Sherlock que ele não iria ficar no caminho. Ele não queria que... Droga! De repente, John tomou um susto quando sentiu o braço ser puxado e quando se virou lá estava Sherlock com a cara mais preocupada que ele já tinha visto. O moreno o puxou para perto dele e começou a dizer:

— John. Eu. Eu apenas não quero que aconteça algo de mal a vocês. Eu não saberia viver. Por isso eu preciso ficar longe até que consiga resolver isso.

— Sherlock – John disse devagar enquanto puxava o braço para fora das mãos do detetive. – Eu não ligo. Você achou mesmo que eu simplesmente não lutaria ao seu lado, como todas as outras vezes? Eu sempre estive ao seu lado antes... Por que isso mudaria agora, por Deus?

— Naquela noite, o que você disse sobre... mim.

— Sim, o que tem?

— Você realmente

— Sim, eu realmente te amo, droga. Me desculpe ter demorado tanto tempo para perceber isso de verdade, Sherlock. Eu passei muito tempo sem entender o que significava o que eu sentia, mas não posso aceitar que logo agora você vai jogar fora porque

— Repete isso – O moreno pediu.

— Que você vai jogar fora

— Não. O início.

— Que, que... Eu te amo? É isso?

Sherlock, então, sorriu. O médico pode perceber que seus olhos irradiaram e seus ombros mais leves, como se um peso enorme não estivesse mais pairando ali.

— Seu idiota – John bufou. Ele puxou o moreno para si, o perfume forte de Sherlock ainda estava nele assim como na outra noite, o invadiu de tal forma fazendo o recordar de outros momentos que tinha vivido com ele e de como queria ter descoberto aquilo tudo mais cedo e poupar o tempo que haviam perdido. Tanto tempo. O médico o beijava com avidez procurando senti-lo com intensidade, Sherlock abria a boca tímido, nervoso, mas John o puxava para si com as mãos segurando os cachos escuros do detetive. Então usou a mão esquerda para vasculhar embaixo da camisa do moreno, sentiu a pele dele se arrepiar com seu toque e quando Sherlock fez que iria se desvencilhar dele, o médico o puxou de novo com força. – Você não vai a lugar algum William Sherlock Scott Holmes. Lugar algum.

Os dois, então, se entrelaçaram unindo as mãos, as bocas, a pele. Foram para a cama ali mesmo meio desajeitados mas, sedentos, famintos, desesperados um pelo outro. Fazia muito tempo que John Watson era uma das primeiras prioridades de Sherlock que ele podia se sentir aflito como alguém que está sufocando precisando de ar quando ficava sem o médico. Depois de todos aqueles anos, depois de momentos considerando pensamentos sobre aquilo como sonho loucos, depois de achar que seu destino estava selado para sempre por causa do casamento, depois de... O Holmes se sentia completo a primeira vez na vida. Ele sempre havia considerado sentimentos como aquele uma tolice incomparável, mas com seu peito fervilhando ali, e com seu corpo pegando fogo sob os toque de John, ele só conseguia pensar em como queria o loiro próximo de si. O mais próximo possível.


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