Shattered escrita por Nash


Capítulo 18
I love you to the depth and breadth and height my soul




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677319/chapter/18

O lugar aonde Patricia estava foi identificado como uma casa entre tantas de um condomínio de luxo. Era de cor clara, espaçosa e com um jardim bonito e vistoso na frente. Não havia nenhum segurança de prontidão nos arredores e por um momento duvidaram que era o lugar correto, mas após observarem alguns instantes um agente especial reportou movimento dentro do imóvel.

John, inicialmente, havia insistido de maneira fervorosa que iria entrar na casa em conjunto com a mesma força tarefa que havia invadido a mansão em que Sherlock estava sendo mantido, mas após ter o pedido negado, por motivos de que aquela operação era mais delicada por haver explicitamente uma criança envolvida, ele ameaçou bater em quem quer que o impedisse. A crise foi amenizada por Lestrade que estava presente e disse que como tinha treinamento para essas ocasiões de risco entraria na casa, resgataria Patricia e a devolveria para John antes que ele pudesse dizer “chá da tarde”.

— Você e Sherlock são os pais da menina. Já passaram por riscos demais e desnecessários. Fiquem bem aqui sãos e salvos apenas esperando para fazer o que mais apreciam fazer: cuidar de Patricia.

— Greg... – John ia resmungar mais alguma coisa, mas foi prontamente interrompido pelo detetive inspetor.

— Nós voltamos em dez minutos. Ou menos.

Após a Força Tarefa e Lestrade entrarem na casa, John procurou a mão de Sherlock que continuava calado e sério ao seu lado. Ele podia ver que o marido – ainda não podia acreditar que usava essa palavra para se referir ao moreno – estava nervoso e ansioso pela volta de Pattie, mas estava surpreso que ao invés de parar sem falar tudo que rondava sua cabeça, ele havia escolhido entrar no seu palácio mental.

— Sherlock? – O médico perguntou baixinho após pressionar com mais força a mão que segurava do outro.

— Hm?

— O que há?

— Sobre?

— Você parece preocupado... por quê? Pattie logo vai retornar para a gente.

— Não é nada – O Holmes mais novo deu um sorriso amarelo.

— Nós chegamos até aqui, querido. Não é como se precisasse me esconder mais alguma coisa. Tem algum vilão secreto que a gente ainda não conheceu? Um irmão gêmeo do mal? Bem, como se aquela mulher pudesse ter uma versão do mal....

— Não, John. Não há nada disso. Apenas... me dê algum tempo.

No momento que os dez minutos passaram, os agentes uniformizados começaram a sair da mansão            com Lestrade segurando Patricia entre eles. John e Sherlock se entreolharam aliviados. Desde antes de nascer aquele pequeno pedaço de gente batalhava uma guerra para ficar viva e agora com a morte de Morgan tinha finalmente acabado.

John correu até Gregory e viu como a filha estava assustada com uma carinha de choro, mas quando chamou seu nome e ela o viu, foi automático que estendesse na os bracinhos na sua direção.

Dadi! — Pattie o chamou aflita e em seguida o médico já tinha a filha nos braços enquanto a enchia de beijos.

— Eu senti tanto sua falta, meu amor. – John dizia baixinho enquanto distribuía os beijos. – Eu fiquei tão preocupado. Minha filha. Você é o que mais amo na vida. Pattie! Você ‘tá bem? Dodói? – Ele perguntou preocupado. Embora Sherlock tivesse dito que aquela mulher terrível tinha alegado que não faria mal a ela, John não acreditava nisso. Uma vez Morgan tinha praticamente explodido um casarão em cima dela. Ele apenas estaria seguro e convicto que ela estava bem quando estivesse com a filha nos braços.

Sherlock se aproximava a passos lentos com um sorriso no rosto prestes a falar com Patricia e toma-la dos braços do loiro, quando a atenção de todos foi roubada por uma mulher. Saía da casa escoltada por um dos agentes, tinha aproximadamente 50 anos, um rosto sério e carregava nos braços algo muito bem embrulhado em uma manta branca.

Quando Patricia a percebeu começou a choramingar e se espernear nos braços de John. O Watson a segurou desajeitado por causa da mudança brusca de comportamento e olhou confuso para Sherlock quando ouviu a filha chamar por um nome.

Toooonyyy. — A menina chamava entre o choro.

— O que foi, Pattie? – O médico perguntou apreensivo enquanto fazia cocegazinhas na barriga da filha tentando chamar atenção dela. O gesto foi completamente ignorado e ela continuou a resmungar e espernear.

Toooonyyyyy.

Sherlock dirigiu um olhar sério para Pattie e outro para a mulher que ia escoltada pelos agentes. Sem dizer nada para John, deu longos passos em direção a mulher e quando se aproximou, primeiramente, a observou de cima a baixo tentando absorver todo tipo de observação possível e, em seguida, parou no que havia chamado mais sua atenção, o que ela carregava nos braços.

Era um bebê.

Um menino de tez clara, cabelos escuros e olhos pesados de sono. Ele soltou um resmungo quando a mulher procurou uma nova posição para acomodá-lo nos braços.

— Qual o nome dele? – Sherlock questionou.

— James – a mulher respondeu de prontidão. Sherlock engoliu em seco ao ouvir aquele nome. Por um momento, era como se todo o terror que havia vivido causado por causa de Moriarty estava passando diante de seus olhos. Mas ele respirou fundo. Era apenas um nome. E eles apenas tem o poder que você dá a eles.

O moreno parou um instante e olhou para trás afim de ver John. E viu como ele estava ocupado tentando conter a filha que ainda esperneava em seus braços. Então, seus olhos se encontraram e ele pôde ver no semblante do médico como estava confuso.

— Entregue-o a mim – O Holmes mais novo disse decidido. Todos a sua volta o encararam desnorteados procurando entender o significado daquela frase. A mulher ficou parada estática, sem mover ou falar nada. – Entregue-o a mim— ele repetiu.

Mycroft se aproximou usando seus dois semblantes mais usuais de sempre em um só. O de superioridade e o que olhava para Sherlock procurando entender o que se passava na cabeça do irmão. O Holmes mais velho baixou a cabeça enquanto apertava a ponte do nariz e disse impaciente:

— Sherlock, a criança deve ser levada para um lugar seguro até ser descoberto de quem ele é filho. Provavelmente é algum outro refém daquela mulher.

— Não.

— Sherlock, ele não é um brinquedo ou experiência para você...

— Mycroft. – Sherlock disse sério. Parou por um instante, mas não para buscar palavras, porque ele não precisava disso. Era apenas uma pausa dramática para que o irmão olhasse para ele esperando o que tinha a dizer. – Agora não. Vinte minutos e você saberá. – Ele se voltou para a mulher que segurava o bebê nos braços mais uma vez, encarando-a. – Por favor, me entregue o menino.

A mulher buscou a confirmação de Mycroft e quando ele deu um pequeno aceno entregou o pequeno pacote para Sherlock. O moreno o pegou com o devido cuidado por causa da pratica adquirida com Patricia. Quando o tinha bem acomodado nos braços o seu pequeno ocupante arregalou os olhos percebendo a mudança e enfim Sherlock pôde perceber como seus pequenos olhos eram azuis, um pouco puxado nas beiradas e tão vívidos. Eram os legítimos olhos azuis de bebês caucasianos ou seriam apenas.... Dele?

— Por favor, cuide bem dele. – A mulher suplicou baixinho.

— Com certeza. – Sherlock respondeu-lhe com um meio sorriso.

Ao se aproximar de John com passos lentos ele não parou um momento de observar todos os pequenos detalhes daquele pequeno rosto. E quando ele pôs uma mão para ajeitar a manta querendo ver mais, uma pequena mãozinha agarrou seu dedo indicador e ao prestar atenção nos dedinhos e as unhas tão minúsculas que os acompanhavam, a única coisa que ele conseguiu sentir foi a garganta ardendo.

Papa!!! — Foi o chamado de Patricia que o tirou do transe.

— Sherlock... – John falou confuso. Ele nem mesmo havia prestado atenção que já estava do lado do médico. – Eu não entendo.

— John. – Sherlock levantou os olhos. Encarou o marido nos olhos. – Por favor. Não fique zangado. Bem... não há como falar isso de uma maneira menos impactante, por isso não vou fazer rodeios. Esse garoto aqui, ele, eu não sei como, mas eu sei, ele é meu.

— Seu? Você quer dizer seu filho? – John perguntou confuso enquanto piscava duas vezes rápido e quando recebeu a confirmação com um menear, continuou – Como assim? Você e aquela mulher...? Oh! Por causa daquilo que você me contou quando eu te pedi em casamento? Mas, Sherlock... mesmo que o bebê seja filho da Morgan e não mais um refém, você não pode ter certeza que ele é seu filho. Pode ser filho de qualquer um. Ela poderia se deitar com qualquer um.

— Na verdade, não. Eu acredito que o único homem que ela teve contato além de mim foi Moriarty. No geral, ela preferia se relacionar com o sexo feminino. – Quando John fez uma careta, ele se interrompeu por um instante e então continuou – Eu não sei como isso foi possível. Mas aconteceu, John. Ele é meu. Eu não parei de olha-lo um instante e ele é idêntico a mim quando bebê. Eu lembro das fotos na casa da minha mãe. Ele é igual ao que eu era.

— Mas como você soube dele, afinal?

— Eu tentei atacá-la sozinha em um primeiro momento, não consegui, mas acabei a vendo nua e ela tinha uma cicatriz na barriga, que poderia ser a associação com os órgãos que ela disse que tinha tido que repor, mas a prova final foi isso. – O moreno tirou de um dos bolsos do casaco uma chupeta azul. – Eu a vi de relance na sala em que Morgan quase me matou. Não sei porque ela a guardava, mas era um sinal de que ela o queria. Ela queria que ele fosse protegido. E usar a ideia de que o outro adulto responsável por ele cuidasse do mesmo ao invés de que ele crescesse sozinho, como ela mesma tinha feito, foi o que eu usei para que ela nos trouxesse até aqui.

— Você tem certeza disso, então?

— Sim. Eu tenho. – Sherlock agora parecia mais um garotinho assustado do que o homem adulto que realmente era. Deu um suspiro seco e doído, encarou John e então falou – Eu não posso deixa-lo sozinho, John. Nós podemos cuidar dele?

O médico não pode evitar de dar um risinho. O marido parecia que estava pedindo para ficar com um cachorro que havia encontrado na rua. Por um momento ele não disse nada, apenas se aproximou o bastante para ver dentro da manta. Então, ele viu o bebê e Patricia também o viu. A filha deu um daqueles gritinhos de animação e disse:

Tonyyy! Tony! Tony!— E se esticou o máximo que pôde para dar um par de beijos molhados. O bebê deu algo que parecia um sorriso e balbuciou algo. 

— Bem – John suspirou – parece-me que Patricia já adotou o Anthony de qualquer forma – riu. – E se ele é o que você diz, Sherlock. O menino é seu filho. Desde o primeiro momento você esteve ao meu lado me ajudando a cuidar de Patricia. Eu seria a pior pessoa do mundo se não retribuísse. Eu te amo completamente, eu te amo com toda minha alma. Seu filho eu amo como se fosse meu filho.

Sherlock tinha lágrimas nos olhos quando abriu um sorriso e deu um beijo em John. Ainda nos braços do moreno o bebê resmungou algo e chamou a atenção de Pattie que se esticou de novo querendo vê-lo. Enquanto eles observavam os dois pequenos interagindo, o moreno comentou:

— Eu perguntei para a babá e ela me disse que o menino recebeu o nome de James. Nós com certeza temos que mudar.

— Com certeza. – John fez uma careta, ele olhou para a filha e sorriu ao ver como ela encarava o bebê maravilhada como se fosse coisa de outro mundo. Nem parecia que era ela que tinha esse tamanho a pouco tempo atrás. – O que você acha de Anthony?

— É um ótimo nome. – Sherlock ergueu uma das sobrancelhas. – Um bom comum primeiro nome. – O moreno olhou para a filha e sorriu – De onde ela tirou isso?

— Não faço a mínima ideia. Então, que segundo nome vai dar a ele?

— Tenho que pensar nisso agora?

— Não, não. – John sorriu. Ele puxou o ar com força enquanto tomava nota de como estava sua vida agora. Aparentemente, ele mal tinha se casado com Sherlock Holmes e eles já tinham dois filhos para cuidar.

A vida dos dois já eram uma confusão com Patricia e com a chegada do novo integrante ele mal podia prever no que se tornaria. Provavelmente, teriam que se mudar de Baker Street e buscar um lugar maior e mais adequado em que duas crianças pudessem crescer livremente. O médico viu que Lestrade e Mycroft se aproximavam apreensivos e então falou para o marido:

— Bem, você tem que pensar o que vai falar para eles.

— Provavelmente – Sherlock fez uma careta – nós dois vamos ter que passar por exames e um teste de dna para que seja comprovado o parentesco, mas... – por algum motivo o detetive consultor emperrou aqui. Ele olhou para John buscando ajuda por um instante e o bebê começou a choramingar em seus braços quando os outros dois homens se aproximaram.

— Mas tudo vai ficar bem, não é? – John sorriu para o marido. – Tudo se resolve no final quando Sherlock Holmes está envolvido. Nós todos vamos ficar bem. Eu sei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shattered" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.