Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 8
Capítulo: Fim de noite


Notas iniciais do capítulo

GENTLE WAVE valeu pela recomendação! Minha primeira recomendação da fic Love Kitsune, muito feliz me fez, obrigada!



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Os chinelos da menina foram postos ao lado direito da porta, dentro da casa.

Sentada sobre as pernas, Hinata punha as mãozinhas nos joelhos.

Naruto sorria sentado de pernas abertas e os braços na frente do tronco, suas mãos se espalmavam no piso amadeirado.

A cauda se lançava forte, de um lado a outro.

Timidamente, Hinata sorria para o meio yokai, desentendida sobre o porquê de ele não dizer nada desde que se acomodaram no chão. Em contrapartida, adorava o modo doce com o qual os esféricos azulados a encaravam.

Os pequenos pedaços de lua, elevaram-se na direção das orelhas de raposa, imediatamente, a Hyuuga abaixou o rosto, fitando suas próprias mãos.

O hanyou percebeu, e pensou um pouco triste:

— “Puxa, Hinata não gosta das orelhas do Naruto.”.

Ele impediu que a tristeza o vencesse, ter uma criança em sua casa já era muito, e ainda mais sendo uma criança que o ajudou.

Retornou a sorrir imensamente para sua pequenina salvadora.

— “Não olhe pras orelhas dele, não olhe...” — Pensou a Hyuuga espremendo o tecido verde do quimono. — “Quanto mais olhar, terá mais vontade de tocar nelas...”. — Manteve o rostinho abaixado.

O filho do artesão-camponês se deitou no piso, começou a rolar, uma vez para a direita, e outra vez, à esquerda.

— Está brincando de rolinho? — ela perguntou.

O pequeno Uzumaki Namikaze parou no chão virado de peito para cima e levantou as pernas, cada mão sua alcançou um pé.

Sua cauda varou entre as pernas descansando em sua barriga.

De cabeça pra baixo, ele observava sua visita.

Ele perguntou:

— O que é rolinho?

A pequenina pegou o saco que trouxera, e ao abri-lo, fortificou-se o cheiro que o hanyou sentia desde a chegada da menina.

Depressa, o meio yokai se pôs de quatro e avançou com o nariz para cima do pequeno saco.

De dentro do envoltório, a perolada tirou algo e apresentou ao hanyou:

— Isso é rolinho de natto, eu faço um montão, é o que mais gosto de fazer.

— Natto... — Os azuis brilharam.

Agora o loirinho entendia o motivo da Hyuuga ter aquele cheiro, ela passava muito tempo pegando em natto, tanto tempo que não saía nem quando ela se banhava ou quando lavava as mãos.

Ou talvez o aguçado olfato de raposa identificava o resquício do alimento no pequeno corpo da Hyuuga.

— É feijão. — Ela mencionou, e na sequencia, perguntou-o: — Gosta de feijão?

Ele esfregou o queixo, pensativo, respondeu:

— Naruto e otou-san comem peixe e arroz, as vezes tem fruta, mas Naruto não comeu feijão não.

Ele teria se lembrado do cheiro se tivesse comido alguma vez.

Encarando o natto segurado pela mãozinha da visita, ele começou a salivar.

— Come, come. — Hinata incentivou estendendo o rolinho na direção da boca dele.

A ponta do rolinho encostou nos lábios meio abertos de Naruto.

Os dentes afiados atraíam o olhar da pequena.  

— “Não faz mal Naruto dá só uma mordidinha...” — O pequeno refletiu. E aceitou: — Só um pedacinho, se Naruto comer muito, pode passar mal, como aconteceu com os doces coloridos.

— Está falando de kompeitos?

— Sim...foi esse nome que o jii-san falou.

— Os roxinhos são os meus favoritos!

— Naruto...gostou dos laranjas. — O Uzumaki Namikaze disse antes de morder a extremidade do rolinho de feijão. 

Enquanto ele saboreava, a visita trocou de mão, estendeu o natto mordido com a esquerda, e descansou o braço direito.

— Só outro pedacinho.

Ele pediu após engolir a primeira porção.

Hinata não guardara o rolinho porque analisando a expressividade do meio yokai, ela sabia que ele pediria mais um pouco.

Cuidadoso, o loirinho mordeu sem encostar os dentes pontudos nos dedinhos pequenos e pálidos da menina.

Deliciando-se outra vez, ele rolou pelo chão e sem querer, bateu contra a mesa baixa.

O baque aparentemente causou o despertar do Namikaze, pois em menos de um minuto, a audição de raposa escutou o pai se remexer.

Minato sentado na cama de palha, bocejava, esperando não ter adormecido demais.

Gostaria de aproveitar uma parte da tarde para produzir seu artesanato.

Vendo pelo lado bom de tudo o que aconteceu, produziu tantas peças que quando retornasse a viajar, por um longo tempo não precisaria passar a noite ou a madrugada trabalhando no artesanato.

Significava que teria mais tempo para seu filho.

Afastou as cortinas, e no mesmo instante, paralisou-se.

A presença além da de seu filho, o fez se questionar se ainda sonhava.

Como o tempo decorreu, e continuava enxergando aquele pingo de gente perto do hanyou, soube estar desperto.

Em choque, murmurou:  

— Na...ru...to...

— “Que olhos bonitos.” — Ela pensou encantada com as pupilas negras envoltas daquele azul de céu. — “Ele parece um príncipe...”. — Na direção do homem, conservando-se sentada, curvou-se pondo as mãos no piso, apresentando-se: — Konnichiwa! Me-meu nome é Hinata Hyuuga.

— Está gripada? — Naruto se preocupou. — Otou-san, rápido, prepare um remédio, Hinata espirrou.

— Ela...não espirrou... — O artesão-camponês falou. Arranjando forças para se aproximar dos dois, avançou alguns passos, explicando: — É como se deseja boa tarde, Naruto.

O hanyou fez um “o” com a boca, maravilhado em conhecer outras formas de cumprimento.

O adulto firmou seu olhar na pequena, sentou-se na mesma pose que ela, sobre as pernas, e se apresentou:

— É um prazer conhecê-la, sou Minato Namikaze, eu sinto muito, não sabia que vinha para cá.

A menina pusera as mãos no colo, fitando vermelhinha a face bela do homem, avisando-o:

— Eu também não sabia que vinha hoje, okaa-san disse que só depois que conversasse com o otou-san, mas ele está demorando pra chegar e eu estava ficando a cada dia mais triste de saudades do otou-san, e de saudades do meio raposo.

Naruto ficou vermelhinho ao escutar, também sentira falta demais da menina.

— Aí a okaa-san avisou que eu podia vir hoje, aí eu vim com o nii-san.

— Você tem um irmão? Cadê ele? — Minato se preocupou, observando ao redor.

— Está lá fora. — O hanyou e a menina responderam juntos.

— O nii-san dela é um guarda, otou-san! — o hanyou avisou empolgado. — Ele é pequeno como o Naruto.

— Nii-san tem onze anos.

— E a senhorita Hyuuga? — Minato perguntou curioso, ela era tão pequenininha, e ao mesmo tempo falava tão bem.

Hinata deixou o saco de natto no chão e olhou para as próprias mãos, e as ergueu, abrindo a mão direita, e deixando apenas dois dedinhos erguidos na mão esquerda.

— Sete anos! — o Namikaze se assustou. — É mais velha que meu filho, e tão menor que ele...

— Okaa-san contou que eu nasci muito cedo e que tive problema pra comer e por isso eu fiquei pequenininha, mas ela prometeu que eu vou crescer.

— Sua okaa-san está certa, toda criança continuará crescendo. — Minato concordou.

Curiosíssima, a menina perguntou:

— Uh, quantos anos o meio raposo tem?

Naruto não deixou o pai responder, ficando de pé ao lado do homem, sussurrou no ouvido dele.

— Um momento.

Minato pediu, sem se levantar, movimentou-se ficando de costas à menina.

Em pé, o filho ficou parado de frente pro pai. Os dois falavam baixinho.

Hinata aguardou curiosa.

O hanyou sorriu e animado se sentou na frente da menina.

Abrindo toda a mão direita, ele revelou à visita:

— É a idade do Naruto!

— Cinco anos... — Ela sussurrou, sendo sua vez de se surpreender.

O meio yokai fazia uma dancinha, remexendo seu corpo, feliz em aprender a própria idade nos dedos.

Assistindo-o, Hinata bateu palminhas.

E observando-os, Minato refletia que seria ruim se Hiashi Hyuuga se irritasse ao saber que a filha esteve na casa do hanyou.

Preocupava-se como o líder do clã reagiria à proximidade entre os dois inocentes.

Crer que o Hyuuga não seria tão benévolo como Hana.

Hiashi não se simpatizava com o Namikaze antes mesmo de Minato ter um filho meio yokai.

Crer que fosse por ciúmes, por acreditar que o artesão-camponês nutria algum sentimento por Hana, que ultrapassasse a amizade.

— Sra. Hyuuga. — O adulto chamou-a.

A menina cessou as palminhas e o hanyou acabou com a dança.

Os dois olharam para o homem.

— Eu deveria pedir que seu nii-san a levasse de volta para casa, agradeço a sua okaa-san por permitir que viesse, mas eu prefiro a permissão de seu otou-san.

As orelhas de raposa desceram, e a cauda parou de se mexer.

Naruto sentiu pontada dor, aquela tarde estava sendo tão maravilhosa, ainda não estava pronto para se despedir daquele momento.

A pequena se entristeceu, pelo mesmo motivo que o meio yokai.

— Mas como já está aqui... — Minato fez um contraponto. — ...fique à vontade, até o tempo que sua okaa-san permitiu que ficasse. Da próxima vez, venha apenas se seu otou-san deixar, tudo bem?

A perolada assentiu três vezes seguidas, alegrada.

— Um momento Hinata, Naruto volta já! — o hanyou avisou indo correr na varanda.

Neji permanecido de vigia ao lado da escada, olhou por cima do ombro, de modo inalterado, observava a correria do meio yokai.

— O que o meio raposo tem?

Hinata se preocupou, via o vulto do hanyou passar na frente da porta de correr que ele deixou aberta.

Calmamente, Minato explicou:

— Quando meu filho tem muita energia para gastar, ele corre em volta da casa.

Escutaram um baque alto.

Apavorada, a menina se levantou, veria o que aconteceu, mas a mão do adulto segurou seu pequeno braço.

— Está tudo bem. — Minato garantiu.

E logo ela viu o vulto passar na frente da passagem aberta.

— Ele desliza várias vezes e acaba se batendo, mas logo continua correndo. — O Namikaze revelou.

Hinata retornou a sentar, feliz ao perceber que era verdade.

O loirinho deslizou mais vezes, todavia nada impediu as inúmeras voltas em torno da casa.

Quando Naruto decidiu entrar, primeiro se virou para a escada e observou que o Hyuuga se mantinha parado ao lado dos poucos degraus.

Aproximou-se dele, parando sobre um dos degraus, cheirou os cabelos negros e compridos.

Encostou o nariz contra a orelha do menino, e afastou o rosto.

Neji virou a face para o loiro, sem dizer nada, apenas avaliou-o.

O hanyou fungou duas vezes e retornou para dentro da casa.

O cheiro do nii-san de Hinata era bom, na opinião do meio yokai, precisava apenas de uma concentração maior para senti-lo.

— Naruto, é melhor tomar banho antes de continuar perto da visita. — O pai avisou antes que o filho se aproximasse da menina.

— Mas...mas... — O hanyou não queria perder muito tempo longe dela.

— Eu vou esperar, meio raposo. — Hinata prometeu, estendeu pra ele o mindinho.

Ele olhou curioso, sem compreender o gesto dela.

Minato segurou a mão do filho, e enlaçou o mindinho dele, no mindinho dela. Explicou-o:

— É assim que se sela uma promessa especial, Naruto.

A cauda se sacudiu, agitadamente.

Todo contentado, o pequeno foi para o banho, e quando seu pai falou que iria esquentar a água, deixou claro que se banharia com água fria!

 

~NH~

 

Minato escutou passos na varanda.

No primeiro instante, pensou que fosse o menino Hyuuga, todavia, nos seguintes segundos, decorreu-se o som de algo sendo deixado no piso.

Mudando de concepção, o Namikaze considerou o horário, e acreditou que fosse algum aldeão a deixar comida na porta.

Encaminhou-se para abri-la, ao empurrá-la, surpreso avistou um guarda do Sarutobi indo embora.

Rapidamente, olhando para baixo, visualizando o embrulho, agradeceu em voz alta:

— Arigatôu Gozaimasu.

Terminando os pequenos degraus, o guarda cessou seu avanço, ao lado do menino Hyuuga, volveu-se à casa do Namikaze. Explicou ao artesão-camponês:

— Sarutobi-sama foi informado por um mensageiro, que o aldeão que traria o jantar se acidentou. Temporariamente, não andará. Ele mora somente com a filha, ela não pode deixá-lo sozinho. Fui encarregado por Sarutobi-sama para realizar a tarefa.

Mesmo não tendo perguntado o motivo, Minato achou uma boa ter eliminado a curiosidade em se deparar com a presença de um guarda naquela noite.

— Arigatôu gozaimasu. — O artesão-camponês agradeceu pela segunda vez. — Perdoe-me o incomodo. 

O guarda fez um breve assentimento, em seguida, observou a criança Hyuuga por um momento, e continuou sua partida.

Neji mantinha o olhar e postura reta.

Minato se abaixou pegando o embrulho e o apertou com as duas mãos, firmou sua vista nas costas do menino.

Aproximou-se da escada, e convidou gentilmente:

— Por que não entra, Sr. Hyuuga? Não disponho de fartura de comida, mas adoraria que jantasse em casa.

O menino negou o pedido:

— Vim exclusivamente vigiar Hinata-sama.

— Não poderia vigiá-la dentro de casa?

— Hana-sama ordenou que eu entregasse privacidade para Hinata-sama brincar com Naruto Namikaze.

—“ Hana...”. — O artesão-camponês pensou. — Agradeça a ela por mim.

— A informarei de seu agradecimento. — Neji aceitou.

— Não gostaria de beber um pouco de água? 

— Saciarei minha sede quando eu retornar com Hinata-sama. 

— Tudo bem...fique à vontade para entrar quando quiser.

Minato falou recuando, impressionado com tanta seriedade vinda do menor. 

Afastou uma mão do embrulho e com ela puxou a porta de correr. 

Hinata se deliciava com três kompeitos oferecidos anteriormente pelo adulto.

O homem colocou o jantar na mesa-baixa, ao lado do saco de juta trazido pela visita. 

Coçou a cabeça. Por cima do ombro olhou à porta.

— O irmão da Sra. Hinata não quer vir. 

— Nii-san leva o trabalho a sério. — Hinata falou com os doces rolando de uma bochecha à outra. — Às vezes tento brincar com nii-san, mas nii-san não deixa, diz que está em serviço.

Ajoelhada diante a mesa baixa, a menina segurou a borda do móvel, e com outra mão, usando as costas dos dedos, empurrou o saco de juta para mais perto do adulto. Ofereceu-o:

— Rolinho de feijão, Sr. Namikaze?

O artesão-camponês sentava do outro lado da mesa, frontalmente à pequena. 

— Arigatôu. — Ele sorriu com a gentileza, retirou uma unidade de dentro do saco. Ao analisar o alimento, perguntou: — A folha que o envolve é comestível?

— Hai. — A menina confirmou ansiosa para vê-lo provar.

Confiando nela, Minato mordeu, saboreou a textura pegajosa e o sabor forte. 

Reconheceu ser natto. 

Comera natto quando morava na aldeia, sua condição econômica na época era melhor, então desfrutava de algumas variedades na alimentação, naqueles tempos, consumia natto pelo menos duas vezes na semana.

O sabor o arremeteu à nostalgia.

Hinata apertou as mãozinhas na frente do busto, ela havia terminado de ingerir os doces, e seus pequenos orbes de lua cintilavam ao tempo que observava o homem comer todo o rolinho.

Após Minato terminar, elogiou:

— Estava maravilhoso.

— Arigatôôô. — Ela levantou as mãos abertas para o alto. 

— Interessante, eu não me lembro de ver natto ser servido dessa forma. 

— Okaa-san disse que não se enrola o natto, mas acho mais fácil comer assim. Protegido com a folhinha, eu posso levar os rolinhos para qualquer lugar sem sujar as mãos.

— Eu acho uma ótima ideia. 

— Arigatô. — Hinata cruzou os braços sobre a mesa, ainda de joelhos no chão, seus pequenos pés se levantavam de forma alternada.

O Namikaze tratou de desembrulhar o jantar, e conferiu que a carne de peixe jazia fria. 

Decidiu que iria esquentar a comida. 

Naruto de banho tomado e seco colheu as roupas deixadas na varanda.

Entrou na casa usando o quimono de espirais amarelas. Uma faixa preta se amarrava na cintura. 

Avistou seu pai acendendo o kamado.

O homem balançava forte o abano fazendo o fogo aumentar.

A Hyuuga agachada punha as mãos nos joelhos, maravilhada quando o fogo se expandia.

— A Sra. Hinata quer tentar? — Minato perguntou, tendo notado a admiração dela. 

A menina assentiu rapidamente, alegrada. 

Ao segurar o abano, imitou os movimentos do Namikaze e sorria fascinada quando a incandescência das chamas se acentuava.

A Hyuuga mencionou:

— A okaa-san não deixa eu tão pertinho do fogo.

— Se fosse perigoso eu não permitiria. — Minato assegurou. 

— Hinata comeu os docinhos? — se intrometendo entre o pai e a visita, Naruto encarou o kamado. 

Suas narinas captavam o odor adocicado vindo do paladar da Hyuuga.

A menina respondeu, receosa:

— O seu otou-san me ofereceu. 

— Não é justo.... — O hanyou disse, abaixando um triste olhar.

— Filho, é educado oferecer algo para uma visita. — Minato falou sério. — Eu pensei que ficaria feliz em dividir com a Sra. Hinata.

— Naruto queria oferecer pra Hinata! — o meio yokai gritou tampando os olhos com as mãos.

Ele adoraria entregar nas mãozinhas dela, ele adoraria ver a reação dela!

Perdeu um momento importante!

Compreendendo o sentimento do filho, Minato pensou em outra coisa para afastar a tristeza do pequeno, e verbalizou:

— Por que não brinca de monta-monta com a Sra. Hinata enquanto eu esquento a janta?

A alegria do meio yokai depressa retornou, todo energizado ele atravessou o cômodo.

No cantinho do espaço onde ficavam as camas de palha, ele pegou uma caixa amadeirada em forma de cubo.

— Monta-monta? — a menina perguntou curiosa.

— Hinata vai gosta!

Naruto disse, cessou no meio do cômodo e destampou a caixa, virou o buraco para baixo derramando inúmeras peças quadradas de madeira. 

A menina se aproximou, e agachou observando de perto as peças. 

Em cada uma, tinha riscos talhados, e não demorou em perceber que eram partes de um desenho.

— Naruto e otou-san chamam de monta-monta por que tem que montar toooodo o desenho. — O hanyou explicou. Convidou feliz: — Monte com o Naruto, Hinata! 

— Parece divertido. — Ela adorou a ideia, e se juntou a ele. 

O meio yokai embaralhou tudo. 

Adorava brincar com o seu pai de monta-monta, mas brincar pela primeira vez com Hinata o enchia de maior empolgação. 

Durante o preparo do jantar, Minato ouvia as risadas das duas crianças, e uma suave lágrima trilhou o lado direito de sua face.

Sentava de canelas cruzadas, um pé sob cada coxa, frontalmente, ao kamado.

De pálpebras cerradas, parecia cochilar serenamente.

Usando as pontas dos dedos, ele limpou a lágrima, conservando doce sorriso.

Expressava sua felicidade daquela forma, sua emoção em escutar aquele momento precioso, de seu filho se divertindo com outra criança.

 

~NH~

 

Contente, a Hyuuga percebia que formava um gramado florido, e uma partezinha de uma casa. 

Acharia mais belo o cenário se as peças fossem coloridas.

Lembrou que tinha tinta em sua casa. 

Da próxima vez que retornasse à casa do hanyou, levaria várias tintas. 

Seu próximo objetivo no monta-monta seria encontrar o resto da casinha.

Pausou sua procura, pois algo se encostou ao topo de sua cabeça. 

As duas crianças sentavam encimadas nas pernas, curvadas sobre as peças.

O hanyou se arredou colocando o topo de sua cabeça, de frente, para o topo dos cabelos curtinhos e azulados.

Sendo assim, enquanto ele procurava as peças, movia o rosto de um lado a outro fazendo suas orelhas roçarem nos fios azulados da menina. 

A Hyuuga ergueu seu tronco, espremeu o tecido do quimono sobre as coxas, fascinada, observava as orelhas de raposa. Tentada a acariciá-las, sussurrou:

— Elas estão pertinho de mim...

A audição de meio yokai não deixou escapar as palavras da visita.

Ele se lembrou de que ela não gostava das orelhas de raposa, buscou uma ideia. 

Imediatamente, largou as peças que tinha nas mãos e se pusera de pé.

— Naruto volta já.

Ele avisou tampando as orelhas e correu para perto dos leitos palhosos.

De outro cantinho pegou o sombreiro, chapéu cônico, do pai e colocou na cabeça.

Suas orelhas ficaram descidas e encolhidas para caberem dentro do sombreiro.

Ele retornou para perto do monta-monta, e contentado emitiu o som: 

— Tcham-tcham! — deitou-se de peito no piso. — Assim Hinata não precisa olhar pra elas. 

A visita se entristeceu, ficou quietinha sem vontade de continuar brincando.

O meio yokai focou a vista nas peças, tão animado em mostrar para a menina que sabia montar, que não desviava o olhar do monta-monta, assim despercebeu a carinha tristinha da pequena.

Momentos depois, Minato os avisou: 

— Hora do jantar.  

— Faltam só mais cinco peças, otou-san.

— Agora, Naruto. — O Namikaze soou autoritário. 

Aborrecido, o hanyou fez bico, e se ergueu, deu um passo largo evitando pisar no monta-monta, e capturou a mão da menina, ajudando-a a se levantar, guiou-a à mesa-baixa.

Os pequenos se acomodaram à mesa, e os azuis rotundos do adulto pousaram sobre o hanyou. 

— Filho, por que está de chapéu?

— É para esconder as orelhas de raposa, elas incomodam Hinata.

Os olhinhos da menina se arregalaram, ela negou imediatamente, sacudindo a cabeça.

Observando a reação dela, o filho do artesão-camponês tentou acalmá-la:

— Hinata não precisa ter medo, Naruto não fica com raiva e o otou-san não vai brigar. 

— Mas...mas eu não estou com medo, é que eu quero tocar nas orelhas do meio raposo, mas fiquei com vergonha de pedir. — Explicou fazendo beicinho, lutando contra sua vontade de chorar. 

O meio yokai de boca aberta desacreditava no que escutou.

Minato segurou sua vontade de rir.

Desesperado, o hanyou se livrou do sombreiro, lançando-o para trás, permitindo:

— Hinata pode! 

A menina incrédula ficou paralisada em alguns segundos.

O loirinho um pouco trêmulo, curvou-se de frente pra menina, aguardando o carinho. 

Hinata pusera a visão no adulto que assentiu para ela.

Ela levantou as mãos, seus dedinhos dançavam, e então colocou uma em cada orelha. 

A cauda de raposa se agitou imensamente conforme recebia aquele carinho gostoso.

As mãos pequeninas eram geladas e macias. 

— É um sonho. — Hinata murmurou.  

— Não é não! Naruto não vai gostar se for um sonho. — O hanyou se desesperou, levantando a cabeça, capturou o corpo miúdo em um abraço. 

— Cuidado filho. — Minato pediu preocupado ao notar a força que o pequeno usava. 

Mas a visita estava bem.

O hanyou tomava cuidado para não arranhá-la com suas unhas compridas.

Ele queria apertá-la bastante, para comprovar a realidade daquele momento.

A menina feliz entendia o desespero de Naruto, ela se magoaria se aquele dia não fosse real.

 

~NH~



Após o jantar, os pequenos retornaram a brincar de monta-monta, Naruto permitiu que Hinata completasse a última peça, ela vislumbrou todo o belo cenário: um campo florido acolhendo uma casinha e campos de arroz nos elevados ao fundo da paisagem.  

Minato se juntou aos pequenos, eles embaralharam as peças e brincaram os três juntos. 

O hanyou achou tudo mais divertido. 

Quando estavam prestes a completarem o cenário, Neji permanecido do lado de fora, chamou pela prima. 

Ela se entristeceu de imediato, sabendo ser hora de partir. 

— Tenho que ir, arigatôu, foi uma noite divertida. — Ela se curvou aos dois.

O meio yokai cabisbaixo abraçou sua visita mais uma vez, agora com suavidade. 

Inspirou forte o cheiro dos cabelos azulados, inalando o odor de natto. 

Minato lamentou sabendo que o pequeno realizava um esforço para não chorar.

Já a menina não conseguia controlar as lágrimas, e quando se afastou do abraço carinhoso, cobriu o nariz temendo que escorresse catarro.

O artesão-camponês a acompanhou até a porta, ao abrir a passagem, ali estava na varanda, o menino Hyuuga seriamente pronto para escoltar a parenta de volta pra casa.

Neji se curvou ao dono da casa e aguardou que a menina passasse na frente.

De cabeça baixa, sem tirar a mão da face, a perolada caminhou à escada. 

Atrás dela, o Hyuuga começou a andar.

Minato continuou na porta e Naruto se aproximou dele.

O hanyou se agarrou na perna do pai enquanto assistia os dois pequenos Hyuugas irem embora. 

Sem tirar a mão do narizinho, Hinata parou no topo da subida e se virou para acenar com a outra mão, dera o último tchau da noite. 

Naruto desgrudou um braço da perna de Minato, e acenou de volta, e quando já não podia ver os dois, pôs-se a chorar alto.

O Namikaze fechou a porta e carregou o filho no colo, foi direto pra cama se deitar com ele um pouco, na esperança de acalmá-lo.

 


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