Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 6
Capítulo: Futuro (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Capítulo alterado no dia 30 de maio de 2021



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~NH~

Japão

29 de junho de 1994

Quarta feira

~NH~

 

A mulher ruiva dirigia um carro, modelo Toyota Supra, de cor laranja metálico.

Os cabelos compridos se amarravam por uma liga transparente na nuca, as pontas alcançavam a cintura. Na frente, eles se dividiam ao meio, nenhuma madeixa caía sobre a testa. 

Seu terno preto aberto expunha sua camisa azul marinha de crochê e gola alta; o cinto marrom segurava a calça preta, seus sapatos de bico quadrado se pintavam no mesmo marrom feijão que o cinto.

Seus óculos de armação branca arredondavam nos cantos da forma quadrada a contornar as lentes.

O vidro da janela vizinha à motorista desceu.

Inspirando o ar puro adentrando o veículo, tivera vontade fechar as pálpebras e inflar seu peito.

Entretanto, mesmo que a estrada terrosa fosse tranquila, não arriscaria imprudência no volante.

Observou pelo retrovisor a imagem da ruiva mais jovem, sentada no bando traseiro.

A menina de doze anos possuía cabelos mais curtos, eles chegavam ao pescoço.

Também usava óculos, a armação tinha cor de seiva.

Quando ficava sob a luz solar, a armação brilhava como se fosse seiva endurecida. 

Usava fones grandes nos ouvidos, eles se conectavam no walkman amarelo preso na cintura, o cinto rosa bebê tinha um encaixe para o objeto.

Sua camisa branca de mangas curtas expunha um desenho central a ser uma espiral vermelha. Complementando seu visual, uma bermuda de cor avelã e tênis cinzentos, de cadarços na cor preta. 

— Cof, cof! — a mulher forçou uma tossida, na tentativa de atrair a atenção da menina. 

A menor com as mãos no colo preferia observar pela janela, apreciando suas músicas.

A mãe tamborilou os dedos indicadores contra o volante, e após dois minutos silenciosos, resolveu chamá-la:

— Karin. 

A menina escutou, decidiu ignorar na primeira vez.

A segunda vez do chamado aconteceu, em som maior. 

A pequena ruiva achou melhor não insistir ignorando. 

Afastou o fone do lado direito, aguardando sua mãe falar algo a mais.

A mulher perguntou gentilmente: 

— Gostaria de parar em alguma loja, antes de chegarmos? 

Karin meneou o rosto e sorriu por dois segundos, certificando-se de que sua mãe avistou-o, seu sinal de que jazia tudo bem.

— Se mudar de ideia, é só dizer. — A mulher reforçou.

A menina assentiu e repôs o fone direito no lugar. 

O coração da mulher se contorceu um momento.

A dor diminuiu quando o automóvel cruzou o portão da cidade, o modelo dele era de duas abas, compostas por toras verticais e cada uma sustentando imensa argola férrica.

Era um item decorativo, haja vista que nunca o fechavam, e existiam outros caminhos pelos quais se podia entrar na cidade de Konoha, sem passar por algum portão. 

A motorista sorriu revendo a cena familiar: mulheres lavavam roupas, agachadas perante os canais os quais entrecortavam a pequena cidade. As crianças brincavam na rua, sem a vigia de adultos. Algumas carroças passavam, e notava-se a paciência dos condutores quando alguns dos menores atravessavam na frente dos transportes, na brincadeira de pega-pega. 

O povoado não tinha pressa, era tranquilo e harmonioso.

Apenas de observar, a motorista sentiu seu corpo relaxar, retirando de si todo o peso do estresse vivido na cidade grande.

Todo ano ao regressar para Konoha, a nostalgia abraçava o coração da mulher. 

Pela janela sorriu a vários conhecidos, foi assim até o finalizar de vinte minutos, quando parou o carro.

Retirou o cinto de segurança e abriu a porta, levando consigo a chave. Guardou-a no bolso traseiro da calça e abriu os braços para receber o parente a andar na sua direção. 

— Karinaaaa!

O rapaz gritou emocionado, sua pele era pálida e o cabelo ruivo intenso, os fios longos tampando o olho direito; usava camisa e calça negra, chinelos de madeira.

Ele a abraçou-a e a girou no ar. Ao descê-la, pressionou-a contra seu corpo.

Soltando uma trilha de lágrima de cada olho, dissera ele:

— É tão bom ver que não cortou os pulsos após ser abandonada pelo último namorado. 

— Você acha que eu seria capaz disso? — Karina perguntou de boca espremida contra o peito do irmão. Exclamou de voz abafada: — Me solte! Não fale essas coisas mórbidas perto de minha filha!

A se ver livre do tato dele, ela passou as mãos na própria roupa. Recompondo-se, virou na direção do carro, chamando:

— Venha meu tomate, é seu tio Nagato! — aguardou um minuto, decidiu ir ao carro abrir a porta, avisou-o: — Ela deve ter dormido.

O anfitrião andou atrás da irmã, oferecendo-se:

— Eu a levo no colo para o quarto. 

Antes que a mão de Karina alcançasse a maçaneta, a porta se abriu.

A menina colocou os dois pés ao mesmo tempo no solo, requeria coragem para sair do carro, e então, ignorando os adultos, observou a casa de dois andares de sua avó.

— Como está crescida. — Nagato se aproximou e pousou a mão aberta no topo dos cabelos lisinhos. — Esse walkman é novo? Quais músicas anda escutando? 

Karin manteve os orbes vermelhos na direção da habitação, na porta após a escada, imaginava a idosa saindo cheia de alegria para recebê-la. 

Receosa, Karina o avisou:

— Sinto muito, ela não está bem para conversas. 

— Eu compreendo, a okaa-san era bem próxima dela, e para uma menina que não tem amig...

Karina interrompeu Nagato lançando-o uma cotovelada no braço. 

Sua irmã o atirou furioso olhar.

O maxilar de Karin se enrijeceu e ela correu em direção da casa, na pequena escada de quatro degraus, pisou só em um, saltando logo ao piso amadeirado em frente da porta. 

— Meu tomate!

Karina a chamou pela forma carinhosa, mas não foi atendida. 

Dentro da casa, Karin encontrou a próxima escada, a segunda era maior e a conduziu ao corredor dos quartos, onde se trancou no seu.

Sentou no piso, abraçando as pernas e pondo as costas contra a porta. 

Estava óbvio agora que sua mãe era do tipo que contava suas pessoalidades aos parentes.

Nagato agora conhecia sua vida solitária em Osaka. 

Por conta do seu cabelo ruivo, de tonalidade sangue, atraía bastante atenção na escola. Juntamente, com os seus orbes escarlates.

A diretora assustada acreditou que o cabelo fosse pintado e que usava lentes, chegou a chamar sua mãe, para confirmar se aquelas características faziam parte de sua genética. 

Karina prontamente foi com um álbum de família, e mais um recorte de jornal sobre uma matéria no qual a família Uzumaki era a protagonista, por portar genes difíceis de serem encontrados no resto do mundo.

No início, as primeiras colegas de Karin a admiravam, mas quando a aparência dela atraiu a atenção dos meninos mais queridos da escola, quase todas as meninas tratavam a pequena Uzumaki como uma rival, e as que não nutriam inimizade por ela, não se arriscavam a andar com ela, temiam sofrer bullying. 

Xingamentos e até alguns empurrões, Karin suportava, o bullying não passava disso, era doloroso, mas toda a dor sumia quando visitava sua avó Mito Uzumaki.

Além do quê as pessoas de Konoha eram de boas. A família Uzumaki era conhecida da população, e existiam outros habitantes a terem cabelos ruivos de tonalidade forte. 

Karin se sentia acolhida na pequena cidade, e sempre desejou que quando crescesse, moraria no meio daquele povo. 

Sua mãe tinha um emprego grande fora de Konoha, por isso não queria morar na cidade menor. 

No ano de 1994, a pequena Uzumaki não se animava por estar de volta em Konoha, afinal era o primeiro ano que não teria a presença de sua avó.

 

~NH~

Três dias depois

~NH~


 

Na manhã de sábado, Karin sentava à mesa, servindo-se do seu café da manhã: Arroz branco, gohan, e uma porção pequena de missô. 

Após consumir tudo, bebeu um pouco de água gelada e resolveu regressar ao quarto.

Coçava a barriga por baixo da camisa roxinha, de mangas terminadas na metade dos braços e gola em V na cor marrom escuro, em conjunto, uma saia até seus joelhos, em igual coloração. 

Retirou sua mão da barriga, pondo-a contra a boca ao bocejar.

Karina vestindo pijama comprido de cor azul claro de bolinhas brancas bloqueou o caminho da menina. Seus cabelos jaziam soltos, fios caíam na frente da testa e dos ombros. Disse-a: 

— Eu sinto muito, meu tomatinho. Está na hora de sair de casa, impedirei que desperdice suas férias dentro do quarto. 

— Eu não me importo com isso, mãe. 

Karina engoliu o desgosto de escutar o “mãe” sem o carinho de antigamente. Firmou um olhar sério, determinando:

— Quero que saia pelo menos uma vez por semana, lhe fará bem.

A pequena revirou os olhos, argumentando com ar cansado:

— Lá fora eu terei que cumprimentar as pessoas e elas vão me desejar os pêsames. — A vó Mito era muito querida pela vizinhança. — Passarei a manhã toda escutando isso, não me faça passar por isso, mãe. — Implorou no brilho de seus esféricos escarlates.

Por um momento, Karina teve pena, porém reprovaria ver sua filha isolada de Konoha, a cidade onde a pequena tanto se divertiu nos anos anteriores. Alimentando uma ideia, sugeriu esperançosa:

— Vamos passear juntas, pelos lugares da cidade onde você caminhava com sua avó, estarei segurando sua mão, e quando lhe desejarem os pêsames, responderei em seu lugar. Dispensarei a companhia da pessoa, de maneira bem educada.

Nagato deitava de lado sobre o sofá maior, inexistia parede separando a cozinha da sala, a televisão pequena estava ligada no jornal matinal, mas a audição do Uzumaki se concentrava na conversa entre mãe e filha.

Com a demora da menina em responder Karina, ele levantou e avançou até as duas, tranquilo.

Nagato usava short preto e camisa amarela de acabamento preto, sem mangas, de gola circular. 

— Karinzinha, se eu lhe der um presente da okaa-san, você aceita sair de casa para passear? — ele propôs ansioso. 

— Um presente? — os orbes de Karin brilharam.

Karina ergueu a sobrancelha direita, pondo as mãos na cintura, curiosa. 

— É um presente especial. — Nagato respondeu em assentimento. — Okaa-san me encarregou de entregá-lo somente quando você se tornasse mulher, maaas confio que cuidará dele bem.

A menina imediatamente assentiu, e acrescentou em palavras: 

— Eu sairei todo dia se preferirem!

Karina até se emocionou ao ver sua filha reviver a expressividade alegre. 

— Perfeito, retorno num instante. — Nagato realizou uma correria pelos degraus.

Em cinco minutos estava de volta e estendeu um embrulho à menina. 

Os orbes escarlates brilharam.

Pela forma do embrulho, percebia-se ser uma caixa. 

Karin preferiu não desembrulhar na frente dos dois, estando de banho tomado e dentes escovados, apenas buscou seus tênis e saiu de casa, exclamando feliz:

— Agradeço oji-san, até mais tarde!

Nagato abraçou o próprio corpo e ficou se balançando pra lá e pra cá; olhos fechados e um sorrisão. 

Karina cruzando os braços abaixo dos seios ficou com um olhar vago.

Ela sentiu um pouco de inveja do irmão, pois as palavras de despedida da filha saíram em timbre agradecido e carinhoso para ele.

Nagato satisfeito retornou a deitar no sofá, mirando a televisão, assim que o jornal acabou ele esticou um sorriso ao ver que mais um episódio de Kamen Rider começaria.

Karina sentou no braço do sofá, mantendo os braços cruzados, mirando a televisão, perguntou-o:

— Que presente é esse que eu não sei?

— É o cordão de cristal. — Ele também não tirou o olhar da tela.

Em dois segundos, as pálpebras de Karina se espaçaram bastante, virou o rosto, observando-o, e perguntando-o:

— Nossa mãe ainda tinha isso?

— Pois é também achei que okaa-san havia se livrado dele, mas no final ela só havia parado de falar nele por que percebeu que não dávamos importância. 

— Claro, ela estava....caducando, dizendo que o cordão dava-a a capacidade de ver um mundo sobrenatural. — Karina passou a mão na testa. — Era melhor ignorarmos, do que a magoarmos dizendo que não acreditávamos.

Mito falava com tanta afeição sobre o cordão que os filhos evitaram magoá-la.

Os irmãos se tranquilizaram quando a mãe parou de falar a respeito do cordão.

Eles acreditaram que o nascimento de Karin ajudou Mito a esquecer tais assuntos, ela se ocupou inteiramente com a vida de avó.

Karina saiu do braço do sofá e se colocou na frente do irmão, de mãos na cintura, atraiu o olhar dele, ordenando-o:

— Escute, não comente nada para Karin sobre o que nossa mãe pensava a respeito do cordão. 

— Por quê?

— Ela pode querer acreditar na mesma coisa, para se sentir mais próxima da avó. 

Nagato assentiu, respondendo-a:

— Fique tranquila, minha boca é um túmulo.

Karina se virou e iria retornar a cozinha, mas se deteve na região entre os dois cômodos, observando as costas do sofá, perguntando:

— Por que nossa mãe queria que você entregasse o cordão para Karin somente quando ela se tornasse mulher?

— Haam... — Nagato alternou a concentração entre a TV e a memória. — Okaa-san me explicou que seria mais fácil de Karin controlar o medo na primeira vez que usasse o cordão. — Emitiu o som de repreender uma risada, evidenciando o quanto achava bobo. 

 


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