Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 38
Capítulo Futuro (Parte 7)




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Mito, Karin e Suigetsu caminharam, durante quarenta e dois minutos.

O menino peixe sentia suas forças esvaírem novamente, porém suas íris arroxeadas fulguraram ao avistar um conjunto de rochas grandes e cinzentas.

Usando-se das forças a lhe restarem, o hanyou aquático, disparou em correria, na direção das rochas.

Mito o perguntou:

— Aonde vai?!

— SU...

— Tem água por trás dessas rochas, elas são do tipo que rodeiam lagos! — ele interrompeu Karin que pretendeu ativar as contas de subjugação.

As duas correram atrás dele.

Ele alcançou as rochas, muito mais cedo que as meninas.

Nas palmas e dedos dos pés de Suigetsu, abriram-se inúmeros poros, por meio dos quais, o hanyou aquático se grudou à superfície rochosa e a escalou com facilidade.

Quando Mito e Karin começaram a escalar as rochas, Suigetsu nadava no fundo do lago.

Ao topo de uma mesma rocha, as meninas chegaram e assistiram o menino peixe nadando em circulo na água cristalina.

As pernas unidas de Suigetsu se transformaram na cauda e entre os dedos de sua mão existia tecido cartilaginoso os interligando.

Nas costas, sobre a coluna, cresceram três pequenas barbatanas.

No pescoço, as brânquias se abriam.

— Vem, Karin.

Mito estendeu a mão para a neta, preparando-se para descer as rochas.

Preocupada com a péssima vista de Karin, a Uzumaki do passado se manteria de guia para ela.

Karin apertou firme a mão de sua avó e cautelosas desceram as rochas.

Alcançando às rochas mais baixas que mantinham contato direto com a água, Mito soltou a neta e se curvou, começando a se descalçar.

— O que está fazendo? — perguntou Karin.

— Vamos molhar os pés, nos refrescar um pouco. — Mito colocou seus chinelos amadeirados e meias em cima de uma rocha maior.

Karin se vendo mais suada e cansada achou uma boa ideia.

Curvou-se também, retirando seus calçados.

Colocou-os juntos aos de sua avó e sentou ao lado de Mito que sentada mergulhava os pés na água.

— Estou com fome.  — Dois minutos seguintes, Karin comentou, pondo as mãos na barriga.

Mito sorriu e retirou sua bagagem das costas, colocou-a para frente, encimando-a no colo.

De dentro do saco de viagem, a Uzumaki do passado, retirou um embrulho e entregou para a neta.

A seguir, retirou outro para si e dissera:

— Eu sabia que íamos demorar fora de casa. Tem muito mais lanches guardados. Se quiser mais é só pegar. — Colocou a bagagem atrás das duas.

A menina do futuro desembrulhou o lanche e seus orbes chamejaram.

O estômago de Karin se entusiasmou com o anpan: pão com pasta de feijão.

Tirou um pedaço bem grande e Mito sorriu, gostando de vê-la comer com vontade.

Suigetsu parou de nadar no fundo do lago e emergiu sua cabeça, passou a assisti-las.

Elas sorriam uma para a outra, enquanto mastigavam.

Quando engoliam, conversavam algo e retornavam a tirar outro pedaço.

Estando no meio do lago, Suigetsu perguntou, em voz alta:

— Ei, quando vão atrás do meu irmão?!

Tranquilamente, Mito aguardou engolir uma porção do anpan e o respondeu:

— Calma, primeiro, nós manteremos nossos estômagos cheios. Com a ajuda dos kodamas, nos concentraremos e pediremos para irmos até o tempo mais recente em que seu irmão esteja vivo. Assim, mesmo que no presente, seu irmão tenha morrido pela gangue de tritões, mudaremos isso. Se ele não tiver morrido, melhor ainda, seremos apenas mudadas de lugar, pois estaremos na mesma linha do tempo.

Suigetsu compreendeu a lógica, poderia usá-la para ficar mais calmo.

Ele nadou até elas e ficou a uma braçada distante delas.

Curioso prendeu sua visão no que elas devoravam.

Em um momento, Mito afastou o anpan da boca e ele visualizou a superfície do recheio.

A ruivinha de coques enfiou a mão no envoltório de viagem e retirou mais um embrulho, estendeu-o ao menino peixe, oferecendo-o:

— Tome, vê se gosta. Deve está com fome também.

A Uzumaki do futuro observou, por meio da transparência da água, diferentes espécies de peixes nadando no fundo do lago.

— Tem peixes aí. — Karin segurou o punho da avó. — Ele pode comê-los à vontade.

— Não seja burra! — Suigetsu exclamador, cerrou as mãos na frente do peito — Você comeria uma pessoa?!

Karin franziu o cenho e soltou o punho de Mito que jogou o embrulho para o menino peixe.

O Hozuki aparou o embrulho no ar.

Cheirou-o e seu estômago se interessou prontamente.

Desembrulhou e achou engraçada a aparência redonda do alimento.

Cheirou-o e depois com seus inúmeros dentes afiados arrancou metade do pão.

Ficou com olhões brilhantes, mirando o pão, enquanto mastigava.

Karin terminava o seu anpan e de ladinho observava a reação do hanyou.

Não comentou nada, todavia achara a reação dele até fofa.

~NH~

Suigetsu se encimava em uma rocha de quarenta centímetros.

A superfície dela era meio inclinada, mas ele não desencontrava problema em se equilibrar ao escolher se sentar de canelas cruzadas.

Ele fitava as meninas, oito metros distantes.

Elas posicionadas de frente para uma árvore, lado a lado, oravam silenciosamente.

A impaciência venceu o hanyou aquático que exclamou:

— Isso está demorando muito!

— SUSHI! — Karin gritou.

O menino saiu da rocha, caindo de cara contra o solo.

As duas meninas, cansadas, marcharam ao menino que se sentou no chão.

Ele massageava a cara, tentando reduzir a dor.

Após abaixar a mão, deparou-se com as duas meninas a poucos metros de alcançá-lo.

Poucos segundos depois, elas se detiveram na sua frente, ambas com as mãos na cintura.

Irritadas.

— Suigetsu, se você ficar interrompendo, os kodamas não virão. — Mito avisou. — Karin e eu precisamos nos concentrar.

O Hozuki ergueu o queixo, analisando o céu.

Sentando novamente, de canelas cruzadas, virou as costas às meninas.

E cruzou os braços, embravecido, dizendo-as:

— A tarde está acabando e não saímos daqui. Por que não falam logo que se arrependeram de oferecerem ajuda e vão embora?

Karin, raivosa, verbalizou:

— Que horrível, acha mesmo que estamos enrolando para não ajudá-lo?!

— Humpf. — Suigetsu se manteve recusando a encará-las.

Karin cerrou os punhos, os ombros retesados.

Mito colocou uma mão sobre um ombro da neta, olhou-a carinhosamente, pedindo no seu singelo sorriso, que Karin se acalmasse.

A neta somente bufou, desviando o olhar.

A seguir, a Uzumaki do passado, argumentou ao hanyou:

— Não nos arrependemos, avisamos que os kodamas poderiam demorar. — E com um ar cansado, acrescentou: — E na nossa situação pode demorar ainda mais. Não encontramos nenhum cedro que é a árvore principal para atrair kodamas e não tenho mais material para formar um novo santuário, um santuário aumenta imensamente a chance de atraí-los.

Mito e Karin contavam apenas com a oração realizada de frente para um elemento da natureza.

— Precisam desses itens? — Suigetsu riu e se vangloriou: — Para atrair os kodamas, eu só precisei abraçar uma árvore e fazer um pedido sincero.

— Uau. — Mito o admirou. — Sem santuário e sem orações longas... sua alma deve ser uma das mais puras do mundo.

— Não acredito. — Karin virou as costas, sendo ela agora a cruzar os braços. — Do jeito que espantou o último kodama, não me parece que eles iriam por conta própria até você.

— Eles pareciam estar sendo obrigados a me obedecer quando lhe roubei o cordão? — Suigetsu a olhou, por cima do ombro.

— Tá, naquele momento não. — Karin admitiu, abaixando os braços. Depois alçou as mãos, pondo-as atrás dos cabelos castanhos da peruca. — Aposto então que eles o atenderam apenas por que seu desejo de salvar o irmão é sincero, é por uma boa causa.

— Se fosse isso, o kodama não fugiria depois de se assustar com o grito dele. — Mito lembrou.

Karin se tornou pensativa a respeito da questão.

Suigetsu suspirou e explicou:

— Os kodamas me testemunharam agredindo você. Quando me obedeceram depois que roubei seu cordão, estavam confusos com minha ação, me fizeram viajar no tempo, pela última vez. O kodama que as trouxe, ele não se espantou pelo meu grito, ele se espantou ao me reconhecer. Minha imagem já está manchada entre os kodamas.

— Entendo. — Mito falou esfregando o indicador pelo queixo. — Mesmo que queiramos a ajuda deles, para uma boa ação, se fizermos algo que eles não concordem...

— Temos que ter cuidado para não desagradá-los. — Karin se virou aos dois, pondo seus braços atrás das costas.

— Hai. — Mito concordou e fitou as costas do menino peixe, dizendo-o: — Mesmo que eles não queiram mais ajudá-lo, admiro-o que tenha conseguido chamá-los somente abraçando uma árvore.

Avistando a primeira estrela no céu, Suigetsu sentiu as escamas recobrirem, gradativamente, as suas pernas.

— Está escurecendo, tenho que ficar no lago. — O Hozuki avisou, erguendo-se.

Começou a escalar as paredes rochosas.

Após o hanyou sumir da vista das meninas, ao saltar ao outro lado das paredes rochosas, Mito se aproximou da neta.

— Karin, fique de olho nele, chamarei os kodamas, sozinha.

— O que?!

— Tentarei o método dele, se não funcionar, eu retornarei a Konoha e buscarei material para o santuário. — Entristeceu-se um instante. — Me preocupei mais em trazer comida do que pensar em quais materiais de trabalho eu utilizaria em uma missão como essa. Ainda estou muito longe de chegar ao nível da okaa-san. Desculpe-me pelo meu erro.

— Você fez muito, obaa-chan. — Karin recebeu um olhar de reprimenda. — Não tem problema chamá-la dessa forma. O menino peixe sabe que é minha avó e não tem mais ninguém aqui. — Segurou as duas mãos de Mito, questionando-a preocupada: — Não acha perigoso ir sozinha, obaa-chan?

— Lie, ao menos da minha segurança ainda lembro. — Mitou se soltou da neta e recuou um passo, abriu o quimono revelando alguns embrulhos presos ao tecido. — São objetos ritualizados, ativados com palavras, da mesma forma que as contas de subjugação. Seja humano ou não humano que tente me atacar, esses objetos funcionarão contra qualquer um. — Fechou o quimono e recomendou: — Ainda sim, caso estiver muito preocupada, se eu não voltar daqui a três dias, retorne para Konoha. E faça o ritual para chamar os kodamas, no meu lugar.

Karin assentiu, engolindo a seco.

Se a avó não retornasse, significava que algo grave aconteceu.

A neta teria que consertar tudo com o pedido aos kodamas.

Mito observou ao redor, dissera:  

— Quando os anpans acabarem peça para Suigetsu escalar nas árvores mais altas, vi que algumas delas têm bons frutos.

— Como se ele fosse me obedecer. — Karin revirou os olhos.

— Peça com jeitinho, se ele não obedecer, já sabe o que dizer.

Karin sorriu, sabia e muito bem, e não era “por favor”.

~NH~

O corpo de Karin suava.

Retirou sua peruca, deixou-a perto de seus chinelos e meias, sobre uma rocha mais alta.

Sentou-se na rocha mais baixa e afundou seus pés na água.

O menino tritão emergiu metade do corpo para fora da água e cruzou os braços em cima da baixa rocha, ao lado da ruiva.

Ele teceu um comentário:

— Você me pareceu muito mais feliz aqui do que no seu tempo.

Karin não o olhou, ela fitava seu reflexo na água.

Sua miopia permitia que visse uma mancha bege e vermelha tremulando.

Ela dissera:

— Não convivemos muito tempo para você tirar essa conclusão.

— E precisa? — Suigetsu deu um meio sorriso. — Quando está com sua avó, até quando está irritada o brilho de seus olhos não some.

Karin não desmentiu, experimentava uma felicidade imensa, por estar ao lado de sua avó.

Só não esperava que essa felicidade fosse distinguível em seus olhos, durante a situação pela qual passavam.

Ela virou o rosto, fitando-o, e o dizendo:

— Você deve ficar do mesmo jeito, quando está com seu irmão, seja em qualquer situação.

— É, mas não vamos falar dele. Você já sabe muito sobre mim. Tenho que saber sobre você, pra ficarmos equilibrados.

— E isso é necessário? — ela assoprou pelo nariz.

— Claro, para sermos justos. Por que não fica aqui nesse tempo? Se sua avó lhe faz feliz, fique com ela.

— Definitivamente, não. Seria muito complicado, a própria obaa-chan não concordaria. E okaa-san e ojii-san se preocupariam com minha ausência, sofreriam.

— Explica pra eles, oras.

A ruiva riu, desacreditada.

— Incrível, fala como se fosse fácil. Okaa-san jamais me deixaria partir. Ela e ojii-san se jogariam sobre mim se eu tentasse fugir. — Riu mais, imaginando a cena.  

Ela se deitou de costas sobre a rocha, não se importando com a superfície rugosa, e descansou a cabeça sobre as mãos.

— Você ainda está com calor. — O hanyou aquático reparou. — Por que não toma banho comigo?

— Não dá, não trouxe mais roupas, dentro do saco só tem anpan.

— Tinha. — Suigetsu receoso corrigiu.

A ruiva se sentou, rapidamente.

Lentamente, ela virou o rosto para ele, interrogando-o:

— Como assim “tinha”? Não me diga que comeu tudo?

Suigetsu nadou para trás.

Karin avançou sobre o saco e ao abri-lo, confirmou-o vazio.

Inteiramente, vazio.

— GGRRRR! Os anpans eram para amanhã! SUSHI, SUSHI, SUSHI, SUSHI, SUSHI, SUSHI!

Suigetsu desceu na esperada velocidade anormal e não subiu mais.

Karin desconhecia a quantidade de vezes que ativou as contas de subjugação.  

Ela ofegava, estando curvada, apoiava as mãos nos joelhos.

Depois de endireitar a coluna, sorriu.

Satisfeita, imaginava o hanyou aquático acabado no fundo do lago.

A ruiva se deitaria, todavia foi abraçada pelas pernas.

TIBUM

O menino peixe a arrastou para a água cristalina.

Karin se viu no fundo, e ao se ver encarada com um sorriso sádico do Hozuki, por um momento, ela acreditou que ele fosse afogá-la.

Todavia, ele a soltou e colocou as mãos na barriga, rindo.

A ruiva nadou para cima e alcançou a margem, mais ofegante que antes.

— Que nado é esse? — ele achou engraçado. — Parece um caranguejo HaHaHa

Nas rochas, a ruiva rolou até ficar deitada de costas, com seus olhos para a lua.

— SUSHI!

Previsivelmente, o menino tritão bateu contra o fundo do lago e momentos depois, após subir, falou sorrindo:

— A areia no fundo desse lago é bem macia.

— Espere só quando estiver no solo.

— Você estava agoniada para se banhar, eu te fiz um favor.

— Por que está fazendo tudo isso?! Fale a verdade! Se seu irmão é irritante como você, agora eu entendo o porquê de terem somente um ao outro, ninguém mais os suportaria!

O hanyou aquático retesou toda a cara e esbravejou:

— GGRRR eu estou tentando a todo custo não passar o tempo sozinho! — ele nadou ao fundo do lago.

Karin se arrependeu no mesmo instante, com pena dele.

Ficou na espera de ele retornar à superfície, tentaria se desculpar, sutilmente.

Entretanto, ele não voltou, e na transição para a madrugada, a ruiva decidiu mergulhar.

Antes, reuniu todo o fôlego possível.

Suigetsu adormecia, todavia acordou facilmente quando sentiu duas mãozinhas em seu braço direito.

Abrindo os olhos, ele se surpreendeu com a presença da Uzumaki.

Vendo-a quase sem forças para manter a respiração presa, ele a abraçou e utilizou sua velocidade de hanyou para chegar à superfície.

— Está maluca, garota?! — ele se exaltou.

— Eu... — Karin ofegou e sorriu. — Mudei de ideia, quero tomar banho... po-poderia me ajudar a nadar direito?

Suigetsu hesitou, surpreso.

Reconhecendo a vontade sincera nos orbes da Uzumaki, ele assentiu. 

~NH~

No dia seguinte, Karin se vestiu com o saco de viagem, deixando suas vestes secando, estendidas sobre uma rocha.

Pedira que Suigetsu fizesse um buraco no fundo do saco.

Agora o saco parecia um vestido do modelo tomara-que-caia.

Ela apertou a cintura com as cordas que antes serviam de alça para a bagagem.

Quando se tornou possível ao menino tritão transformar sua cauda em pernas, os dois resolveram ir atrás de comida.

Suigetsu pediu para Karin subir nas costas dele e assim foi mais fácil terminarem de passar para o outro lado das paredes rochosas.

Na floresta, o menino peixe a deixou no solo e seguiu a orientação dela de subir em uma das árvores altas para comer alguns frutos.

Sentaram-se sobre as raízes e fizeram caretas conforme experimentavam o sabor azedo do fruto.

— Quer brincar de quem consegue dá uma grande chupada sem fazer careta? — ele a desafiou.

— Não, parece chato.

— Oras, vamos. Não tem nada pra fazer.

Pensativa, ela deu de ombros e aceitou.

Os dois encontraram algo para se divertir na madrugada, quando ela montou nas costas dele, enquanto ele nadou velozmente pelo lago, realizando um imenso redemoinho.

E depois daquilo, ele segurou as mãos dela, pedindo-a para bater as pernas, iniciando a fazê-la desenvolver um bom nado.

Quando decidiram dormir, ela teve a impressão de que passou o dia inteiro brincando.

Que mal faria buscar se divertir mais com ele?

Ela deu uma mordida no fruto azedo.

— HAUHAUHA perdeu! Perdeu! — o Hozuki gritou ao vê-la torcer o nariz.

— Você também não conseguirá. Essa deve ser a mais azeda de todas. — Karin dissera, estendendo o braço para ele, oferecendo a fruta.

Suigetsu colocou a boca na mesma região onde esteve a da menina e chupou com toda a força.

Os olhos dele se arregalaram.

— Viu só? Você também perdeu. — Ela riu. — E você mordeu no mesmo lugar que eu, ou seja, nem comeu muito a casca, o azedo está mais na casca.

— Não... — Ele falou rouco. — Eu não fiz careta.

— Está fazendo. Seus olhos estão do tamanho de pratos. Isso pra mim é careta. Mesmo eu tendo miopia consigo perceber, Suigetsu.

A cara do hanyou aquático se azulava.

De seus olhos escorreram lágrimas e quando o sabor diminuiu em seu paladar, conseguiu sorrir.

— Consegui!

— Nem vem! — Karin desconsiderou.

— Nem vem o quê? Eu ganhei e agora quero meu prêmio!

— Prêmio? Não combinamos prêmio alg...

Suigetsu se lançou sobre a menina dizendo-a de um modo ensaiado:

— Eu sou um tubarão e preciso comeeerr.

Ele mordeu de leve a bochecha de Karin que riu inicialmente, mas depois começou a tossir.

— Está doente? — ele recuou. — Você tossiu muito ontem quando estava nas minhas costas.

— Não, é seu cheiro que é bem forte. — Karin dissera sem jeito. — Ainda não me acostumei com o pitiú. 

— De novo essa palavra. — Suigetsu se incomodou.

— Pitiú é quando há um odor bem forte, é uma palavra que vem da América do Sul, acho que utilizada no Brasil.

— E você não gosta. — Ele se entristeceu um pouco.

— Eu acho difícil me acostumar, meus olhos chegam a arder. Sinto muito. Mas quando estou na água é mais fácil de ficar perto de você. — Karin sorriu.

— Hum. — Suigetsu ainda sim ficou meio bolado.

~NH~

Dentro do lago, Karin segurava as mãos de Suigetsu e batia as pernas sem parar.

Jubilosa, a ruiva perguntou:

— Acha que estou melhorando?

— Bem, não está mais parecendo um caranguejo. — Ele comentou, entediado.

— Você está cansado? — Karin perguntou, parando de bater as pernas.

Ele não soltava palavras de motivação, como na última madrugada.

Suigetsu não respondeu, ele virou o rosto para trás.

Pelas rochas desciam criaturas conhecidas pelo hanyou.

— O que foi? — Karin soltou as mãos do Hozuki e retornou a bater as pernas para se manter boiando. Virou-se para ver o que o atraía. — O que são essas coisas verdes?

Eram dezenas de criaturinhas que lembravam, em parte, uma tartaruga, por causa do casco nas costas.

No lugar da boca, um biquinho amarelado e barbatanas nas mãos e pés.

No topo da cabeça, existia uma profundidade circular, como se fosse uma pequena bacia embutida no crânio.

O que enxergava Karin, sem seus óculos, eram manchinhas verdes.

Quando uma das criaturinhas chegou bem perto da menina, a ruiva conseguiu distinguir os detalhes daquele pequeno ser esverdeado.

— KAWAAAAAIIIII! — a Uzumaki exclamadora, pegou a criaturinha e a abraçou. Bateu suas pernas, mais fortemente. — Que tipo de animal é você? Coisa fofa!

— É um kappa. — Suigetsu tratou de respondê-la. E se aproximou dos dois, analisando a criatura de perto. — O que kappas estão fazendo aqui? São yokais completos. Deveriam estar no segundo mundo.

Karin esfregava seu rosto contra a bochecha do filhote.

Outro kappinha se agarrou à cintura dela e ela o carregou também.

— Sua avó precisa retornar logo e devolvê-los ao segundo mundo.

Os kappas começaram a rodear a Uzumaki que nadou para a margem, cansando-se de bater perna.

Ela se sentou sobre a rocha e acolheu três kappinhas em seu colo.

— Nossa, você está até beijando-os, o pitiú deles não a incomoda? — o Hozuki questionou.

Karin inspirou o cheiro de um dos kappinhas.

— Não, eles não têm tanto pitiú assim, eu queria tanto levar um pra casa.

Um rugido paralisou Karin.

Ele vinha do topo das paredes rochosas.

Um kappa adulto, nada fofo, abria os braços e rugia com o bico voltado para o céu.

Depois ele abaixou a cabeça e mudou seu olhar da ruivinha para o menino tritão.

Reconhecendo o modo de ataque do menino tritão, o kappa adulto saltou na direção dele.

Os dois afundaram com tudo e Karin assustada se abraçava ainda mais aos kappinhas que se agitavam.

— O kappa maior deve ser a mãe de vocês. — Ela comentou se colocando de pé. — Suigetsu, ela só está preocupada com os filhotes!

Sua voz não alcançou o menino tritão, ocupado a trocar fortes golpes com o kappa.

— Fiquem aqui pequeninos! — Karin deixou os kappinhas de seu colo no chão e recuou até sentir as paredes rochosas contra suas costas.

Queria ela pegar distância e ter bastante impulso para chegar ao fundo.

Mas quando deu o primeiro passo, todo seu corpo se petrificou ao avistar Suigetsu emergir com o braço direito estendido para o alto, e em sua mão, a cabeça do kappa.

O sangue arroxeado pingava da cavidade do pescoço do animal.

— NÃO! Não, Suigetsu! Eram os filhotes dela!

— Dela? Como sabe que é uma fêmea?

— Normalmente, é sempre a mãe que está protegendo os filhotes de perto, Suigetsu!

O Hozuki arremessou a cabeça do kappa adulto para além das rochas.

E levou o corpo do yokai para a margem.

— Não sei não. Kappas são como as tartarugas. Os filhotes devem encontrar seus caminhos sozinhos. Antes eu nunca havia encontrado um kappa acompanhado de outro, mesmo sendo filhotes. Estranho isso, o único motivo para verem tantos juntos, é por motivos de procriação, mas esses aqui são muito novos, não estão na época de procriar.

— O motivo disso não interessa, você assustou os bebês! Se mais um kappa adulto aparecer, não o mate!

— Já que quer assim, você cuida dele então.

— Não seja tolo, eu não tenho força para enfrentar um. Você vai me defender, mas não vai atacar. Tentaremos nos comunicar e mostrar que não somos perigo.

— Existem animais ferozes em sua realidade, não existem? Creio que nenhum humano tente conversar com um animal feroz, quando este, por se sentir ameaçado, tente ataca-lo. — Suigetsu enfiou o mindinho no ouvido e coçou bem, antes de retirá-lo. — Mas se quiser tentar... quando o próximo kappa adulto aparecer, converse com ele, então.

— GRRR — Karin se embravecia, no fundo, sabia que ele estava mais certo do que ela.

— Olha, sendo sincero, se ele não se mostrasse ameaçador, eu o cumprimentaria. Seria uma forma de derrota-lo.

— Como assim?

Suigetsu mirou um dos kappinhas e apontou:

— Está vendo esse buraco que tem na cabeça dos kappas?

— Estou.

— Esse buraco se chama sara e a água dentro de sara é o que dá a força vital para essa espécie de yokai. Ele se sentirá obrigado a cumprimentá-la de volta e quando abaixar a cabeça, a água de sara cairá e logo o kappa morrerá.

— Que horror! — Karin sentiu pena: — Um ponto fraco tão visível.

— É por isso que eles precisam ficar constantemente na água. Em terra eles ficam vulneráveis. Mas se estiverem na água, eles não morrem se cumprimentarem de volta.

— Pobres criaturinhas. — Karin se enraiveceu. — Está me orientando a enganar um kappa!

— Não é enganar, eles sabem que morrerão se perderem a água de sara. Carregam uma maldição. De serem obedientes. Sabia que a origem do primeiro kappa se deu por causa de um menino desobediente? Quando ele morreu afogado, o espírito dele retornou, na forma desse yokai.

— Então está me orientando a matar um kappa!

— Que frescura a sua, menina. É matar ou morrer. — Suigetsu se livrou de dois kappas que grudavam as patas em seu corpo. — Vamos para a última recomendação então: ofereça um pepino a ele.

— Pepino?

— Hai, uma rodela de pepino, nela tem que está escrito o seu nome, depois que ele aceita, ele não lhe fará mais nada. O menino que se transformou em kappa era muito mimado e adorava presentes. Mas o que ele mais gostava era de comer pepinos, de todos os modos.

— Essa é a melhor alternativa de todas. — A ruivinha refletiu. — Deveria ter dito isso antes!

— Do que adiantaria? Onde tem pepinos aqui perto? E com que escreverá o nome?

— Podemos tentar com algum pedaço de fruta, e podemos escrever nossos nomes, com suas unhas grandes e afiadas.

— Humpf. — Suigetsu não considerou má ideia, mas não quis admitir. Mudou de assunto: — O que faremos com eles?

— Como assim o que faremos? Nada. Deixe-os aqui. Quando obaa-chan voltar ela poderá enviá-los para o segundo mundo.

— Que ótimo! — Suigetsu exclamou, irritado.

Quando estava começando a gostar de passar o tempo com a Uzumaki, surgiram aquelas dezenas de companhias pequenininhas.

Karin retornava a abraçar e beijar aquelas criaturinhas rechonchudas e esverdeadas.

Aquilo irritava mais o hanyou aquático.  

~NH~

Suigetsu quando acordou, avistou a mancha solar que clareava o lago inteiro.

Pela posição do sol se aproximava do meio-dia.

Após subir à superfície, avistou Karin na margem.

Sobre a rocha, a ruivinha fazia uma ciranda com seis kappinhas.

Eles não entendiam o que era aquilo, todavia a diversão se estampava em cada um.

Os outros kappinhas aguardavam para ser a vez deles.

Uns assistiam deitados nas rochas vizinhas e outros dentro da água.

— Nosso amigo Suigetsu acordou, nós dois temos que ir atrás de alimentos. — Karin desfez a roda, todavia os kappinhas se aproximaram dela. — Acho que eles não me deixarão ir embora.

— Fica aí que eu trago frutas. — Suigetsu falou, saindo da água. E quando começou a escalar, recebeu uma bicada na perna. — Ai!

— Esse aí não gosta de você. — Karin comentou, lamentando. — A maioria viu você matando o kappa adulto.

— GRRR, eu não me importo, eu não gosto deles! — o hanyou aquático escalou a parede rochosa, mais veloz.

~NH~

Três dias se completam, desde a partida de Mito.

~NH~

O Hozuki se mantivera longe ao assistir Karin interagir com todos aqueles kappinhas.

Suigetsu se avermelhava quando a escutava dizê-los: olhem, o otou-san de vocês chegou.

A ruivinha se referia assim ao hanyou aquático quando ele retornava com as frutas.

Praticamente, brincava de casinha, sendo os kappas os filhos e o menino peixe, o marido a regressar de um longo dia de trabalho.

Os kappinhas continuavam preferindo a companhia da Uzumaki, mas já não bicavam o hanyou aquático, haja vista que viam Karin agir carinhosa com o Hozuki.

A menina do futuro queria repassar seu exemplo, no intuito de ensinar os pequeninos kappas a tratarem bem o menino tritão.

Suigetsu ocultava o quão bem se sentia quando ela o abraçava e lhe dava um beijinho na bochecha, mesmo estando nítido o esforço que ela fazia ao encostar a boa na pele pitiu.

— Você demorou demais hoje, estava na gandaia? — Karin questionou, ninando um kappinha no colo.

Tinha um kappinha grudado nas costas dela e outro na canela direita.

Havia um que era o menor de todos, deitado sobre o topo da cabeça dela.

— Estou tendo que ir a cada dia mais longe para conseguir alimentar tudo isso. — Suigetsu dissera. — É assim que me recebe? Cadê o meu abraço? O meu beijo?

— Sem carinho hoje, você é um hanyou, tem super velocidade, conseguiria ir e voltar rapidinho se quisesse!

— Eu não vou gastar energia desnecessária!

— Desnecessária? É para a nossa família! Quer saber? Ficará sem almoço! — Karin entregou o kappinha de seus braços para Suigetsu: — Preciso dormir um pouco!

Ela pegou o kappinha que estava em sua cabeça e passou a niná-lo e se retirou para uma rocha onde se deitou sobre o saco de viagem, agora usado como cama.

— Humpf. — Suigetsu se sentou e ficou ninando o kappinha que o olhava indeciso se deveria gritar ou não. — Parece que pai aqui não está servindo pra nada.

Por mais que a brincadeira o irritasse em vários pontos, o hanyou aquático sabia que grande parte de seu imo estava curtindo a situação.

Conheceu um lado mais divertido de Karin.

Tinha certeza que Mangetsu gostaria de conhecê-la.

E pensando no irmão, estar com Karin amenizava demais sua falta dele.

Durante a tarde, em um momento, no qual todos os kappinhas adormeciam, Karin jazia acordada, sentada do outro lado das paredes rochosas, descansando sob a sombra de uma árvore.

Suigetsu se aproximou dela e se assentou ao lado.

— Ainda está com raiva de mim? — ele perguntou, mesmo sabendo que a briga deles se desprovia de veracidade.

— Lie. — Ela sorriu e suspirou. — Partirei amanhã, bem cedo, antes dos bebês acordarem.

— Eu serei um marido melhor, eu prometo.

Ela rir baixinho e balançou a cabeça, negando.

Não era aquele o motivo, ela o explicou:

— Estou começando a me preocupar com a obaa-chan, se ela não retornar hoje, tenho que ir para konoha, como ela me orientou.

Ela explicou para ele, na segunda noite.

— Se você conseguir fazer o ritual...

— Tudo acabará bem. — Karin sorriu de novo. — Estará de novo com seu irmão e eu retornarei para meu tempo. E tenho certeza que isso resolverá o problema que minha bisavó está enfrentando no momento.

Kisame e sua gangue.

— Eu não terei você por perto. — Suigetsu comentou, fitando as nuvens.

— Viu só? — ela se levantou alegre: — Eu sei que o irrito, mas é porque não quero me sentir muito sozinha de novo. — Ela soltou outra risadinha e foi se afastando, em direção das rochas. Dissera alto, sem parar de andar: — Mais uma notícia boa para você não é? Não me terá mais pegando no seu pé.

Enquanto a via subir, Suigetsu comentou rouco:

— E desde quando isso é uma notícia boa?

~NH~

Na manhã seguinte

~NH~

A imagem do sol ainda não ultrapassava a altura das rochas, quando Suigetsu se acordou e lentamente nadou até a superfície do lago, assistiu Karin de mansinho se arrumar para partir.

A peruca castanha definitivamente continuava horrível nela.

Ele preferia ver os cabelos avermelhados.

— Suba nas minhas costas, para ser mais rápido. Eu sei que não gosta de pitiú, mas...

— Não gosto, mas gosto de você, Suigetsu.

Karin o abraçou e ele ficou sem reação.

Era diferente dos abraços da brincadeira de papai e mamãe.

Era um abraço sincero.

Ela recuou e sorriu, achando uma gracinha ao notar um vermelhinho nas bochechas dele.

Ela o rodeou e subiu nas costas dele.

Suigetsu se recompusera e foi escalando facilmente a parede rochosa.

Enquanto ele subia, Karin olhou para trás e lagrimou um pouco ao não poder se despedir dos kappinhas.

No solo, do outro lado das paredes rochosas, Suigetsu deixou a Uzumaki no chão, ela se curvou para ele e começou a se distanciar.

— Karin! — ele a chamou.

— Hai, Suigetsu?

— Eu também gosto de você.

— Arigatou. — Ela se curvou outra vez.

— Acha que vou visitá-la no futuro? Na praia, você não reagiu como se me conhecesse.

— Eu não posso revelar coisas do futuro.

— É só responder sim ou não, não estará me detalhando nada, acha que depois de agora, eu a visitarei?

— Quem sabe, hanyous vivem muito tempo.

Suigetsu esfregou atrás da cabeça.

Vendo certo constrangimento nele, Karin silenciosamente lamentou, entendendo que ele poderia não estar vivo em sua época e seu coração se apertou.

Reaproximou-se e o abraçou.

~NH~

Uma semana depois

~NH~

Suigetsu queria muito ir atrás de Karin.

Os kappinhas se encontravam muito tristes, com muita falta da okaa-san ruiva.

Todavia, não queria deixá-los sozinhos.

Há dois dias escutou uma carroça passar pela estrada próxima das rochas, passou a temer, o que aconteceria se uma pessoa encontrasse todos aqueles kappinhas.

Iniciou uma nova manhã, escalando a parede rochosa, querendo buscar alimentos para os kappinhas, antes de qualquer um deles acordar.

Quando cruzava a estrada terrosa, o hanyou aquático se detivera e observou o final do caminho, em direção a Konoha.

Escutava umas vozes vindas daquela direção.

Insurgiu-se uma luz, nos orbes arroxeados.

Duas meninas andavam de mãos dadas, a de cabeleira acastanhada, ele sabia que era Karin.

Quem prendeu mais a atenção do menino peixe foi outra pessoa, uma que andava, três ou quatro passos atrás delas, ao lado direito.

Uma cópia exata da imagem de Suigetsu.

Mangetsu sorria e quando avistou o irmão, sorriu mais, correu, velozmente, com os braços para trás, e saltou restando seis passadas para alcançar o gêmeo.

Mangetsu caiu em cima de Suigetsu que de costas contra o chão, comprovava que vivia a realidade, e com isso, seu peito doeu.

Seu irmão estava vivo e aparentemente, curado. 

Suigetsu se sentou, mantendo seu irmão no colo e se pusera de pé, rodando com Mangetsu.

— Eu senti saudades, Sui. — Mangetsu falou, após ser colocado no chão.

— De você, eu mais ainda. — Suigetsu ressaltou e abraçando o irmão pelo ombro, fez os dois se voltarem para as meninas que assistiam alegre o reencontro dos irmãos. — Vão logo explicando o que aconteceu.

— Obaa-chan não conseguiu fazer o ritual para atrair os kodamas depois que chegou a Konoha.

Mito emendou:

— Um selador chegou em casa, avisando que a okaa-san travava uma batalha contra kisame e que alguns aliados do tritão podiam estar pelas redondezas de Konoha.

— Quando eu cheguei em Konoha, também tive que ficar na casa, com a obaa-chan, enquanto o selador e outros aliados dele que chegaram, cuidavam da segurança externa de Konoha.

— Três dias atrás, a okaa-san chegou e nos avisou que kisame e outros tritões foram enviados de volta ao segundo mundo. — Orgulhosamente, informava Mito. — Tivemos apenas que esperar os seladores encontrar os tritões que sobraram.

— E quanto a Mangetsu?

— Conseguimos atrair os kodamas, e desejamos o mais simples possível, encontrar Mangetsu, em seu momento mais recente vivo.

Era um pedido bem especifico.

— A okaa-san fez um ritual de purificação, o que ele tinha era miasma.

Ah, a velha energia ruim de sempre, que contaminava tanto física e emocionalmente um ser vivo.

— Eu sinto muito, Sui. — Mangetsu revelou: — Eu não falei nada, mas quando passeávamos pela floresta, encontrei uma pedra sagrada e acabei a removendo do lugar. Acho que libertei uma maldição.

Quase todos os tipos de maldição envolvem miasma.

— GRRR. — Suigetsu se enraiveceu, todavia sua felicidade de ter o irmão de volta predominou e logo esfriou sua cabeça, concentrando-se nas meninas. — E vocês?

— Viemos buscar os tais kappinhas. — Mito respondeu. — Okaa-san disse que há um campinho a leste daqui, há um selador nos esperando, ele fará um ritual para abrir um portal para o segundo mundo.

— E... — Karin acrescentou. — E ele me enviará de volta para meu presente.

Suigetsu assentiu.

— Uma pena, eu queria conhecê-las por mais tempo. — Mangetsu comentou.

— Pode me conhecer por mais tempo, conheço bastante minha neta. Falo tudo o que quer saber dela.

Karin sorriu corada.

Nos últimos dias, Mito memorizou seus hábitos.

~NH~

O selador estava de trajes de monge, recebeu as crianças, educadamente.

Os gêmeos e as Uzumakis tentaram organizar os kappinhas em fila, todavia não deu certo.

Teriam que enfiar, um por um, no portal.

Karin se despedia de cada pequenino, com um abraço apertado e um beijão.

Os kappinhas não resistiam porque avistavam, por meio do portal, um ambiente muito mais amplo com água e vegetação verdejante.

Quando restava somente um kappinha, Karin lagrimava muito e o beijou na testa.

— Não brigue com seus irmãos. — Ela orientou, sabendo que aquele kappinha era o que gostava de bicar os outros. — E proteja bem o caçula.

O kappinha não queria se desgrudar da ruiva, querendo que ela entrasse pelo portal com ele.

Suigetsu deu uma mãozinha e pegou o kappinha pelas costas e o lançou para o interior do portal.

— Seja forte! Você é o mais velho, cuide bem deles, eu vou visitá-los e se não estiverem bem.

O kappinha tentou se aproximar do portal, mas o portal se fechou e Karin lagrimou mais, abaixou a cabeça.

Mito massageou as costas da neta e após a menina do futuro se acalmar, a obaa-chan falou docemente:

— Agora é sua vez.

Karin balançou a cabeça, afirmadamente.

Precisou apenas de mais alguns minutos, para se recompor.

Mangetsu punha as mãos atrás da cabeça, com um singelo sorriso.

E Suigetsu punha os braços atrás do corpo, sem expressividade.

— Eu sinto muito, pequenos. — O selador interrompeu o silêncio, intencionando apressá-los. — Preciso verificar se meus companheiros não precisam de ajuda.

— Tudo bem, desculpe-me. — Karin falou, atando um sorriso. — Agora estou pronta.

— Concentrem-se.

Com a ajuda do ritual do selador, foi muito mais rápido, atrair os kodamas.

O monge recitou umas palavras nada entendíveis para Karin e um portal se abriu ao tempo em que os kodamas brilhavam.

— Arigatou, Karin Uzumaki. — Mangetsu agradeceu, abraçando-a rapidamente.

— Cuide-se e cuide de seu irmão. — Karin pediu, gentilmente.

— Deixa comigo. — Mangetsu abraçou o irmão pelo ombro.

Suigetsu apenas ergueu o queixo para Karin.

Ela o sorriu e se voltou para a vó, abraçou-a apertadamente.

— Precisa se apressar, eu estou extraindo a energia dos kodamas. — Avisou o monge.

— Sinto muito. — Karin se afastou de Mito e caminhou para o portal, em um momento, virou as costas para o portal e continuou andando de ré, enquanto acenava com as duas mãos, a todos que a olhavam. — Foi uma felicidade imensa revê-la, obaa-chan. E um prazer imenso conhecê-los, Suigetsu e Mangetsu. Adeus kodamas. Suigetsu, cuide dos nossos filhos.

E o portal se fechou, o monge se desculpou com os kodamas que entendiam que ele não teve intenção de machucá-los.

Mito se ajoelhou no chão e ficou esfregando os olhos, dos quais as lágrimas não conseguiam se prender.

~NH~

Karin apareceu jogada no chão, e escutou uma voz:

— Menina, você está bem? — um homem com material de pesca, curvou-se, estendendo o braço, oferecia sua ajuda para levantá-la.

A ruiva ao fitá-lo, recordou-se se tratar do mesmo pescador que surgiu, no dia que Suigetsu a perseguia.

— Estou, arigatou. — Ela aceitou a ajuda e avisou que precisava ir para casa. Saiu correndo de volta para konoha. Teve que diminuir a velocidade umas cinco vezes, de tanto que correu. — Okaa-san! Okaa-san! — chamava, quando momentos mais tarde, estava diante da porta.

— Meu tomate! — Karina ao escutar, saiu correndo pela casa e abriu a porta, preocupada. — Aconteceu algo?

Karin abraçou a cintura da mãe, espremendo o lado de seu rosto contra a barriga dela.

— Aconteceu uma coisa maravilhosa, eu... eu... preciso muito de uma companhia, podemos fazer algo hoje?

— Claro, meu amor!

— Que tal um filme em vídeo cassete e muita pipoca?! — Nagato apareceu atrás de Karina, inclinado para o lado, para poder ver sua sobrinha. — Aluguei vários filmes de terror.

— Terror não. — Karina repreendeu.

— Está tudo bem, okaa-san. Não tenho medo.

— Mas eu tenho, oras. Quero um filme de comédia para rir com meu tomatinho.

— A gente pode rir nos filmes de terror, os adolescentes desses filmes são tudo bestas mesmo.

— É isso aí. — Nagato sorriu, esfregando os cabelos de Karin.

— Convide seu amiguinho, pelo visto, os dois tiveram um belo dia hoje.

— Ele teve que voltar pra casa, não sei se ainda poderá sair. Ele não mora em Konoha. — Karin piscou rápido e recuou um passo. — Ixi, esqueci que tenho que ir a um lugar primeiro, eu não demoro!

A menina retornou a correr. 

— Ela está muito animada hoje. — Nagato comentou.

— Está sim... — Karina pusera a mão sobre o peito.

Minutos e minutos depois, Karin entrou na caverna de Naruto, sorrindo, esperando encontrar alguma raposa envelhecida, no entanto, a caverna jazia vazia.

Ela esperou por algum tempo, e retornou para casa.

No dia seguinte, ela levou uma lanterna e foi explorar a caverna e encontrou uma anotação na parede rochosa: Naruto.

Uma pedra abaixo da anotação. 

Bem polida. 

Nela havia o desenho de uma espiral. 

— Entendi...

Karin se agachou, abraçando as próprias pernas e descansou a lanterna no chão.

Juntou suas mãozinhas e fechou os olhos, orando, com sua mais bela sinceridade, diante da pedra. 

Que Naruto Uzumaki Namikaze descansasse em paz, ao lado de seus entes queridos.


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