Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 18
Capítulo: Primeiro dia na escola




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A habitação do Shimura era uma minka, arquitetura vernácula cuja característica se dava pelo uso de materiais e conhecimento sobre a região onde se vivia.

Minka significava “casa do povo” e seu estilo era usado por artesões, comerciantes e agricultores.

Danzou se destituía dessas classes e poderia usufruir de uma habitação bem maior.

Contudo, uma vez que morava sozinho e passava grande parte do dia na casa dos anciões, não via necessidade de uma habitação de estilo nobre.

A única coisa imensa em seu lar era o jardim, pelo qual realizava suas caminhadas matinais e onde apreciava seu chá na beira do lago. 

O muro pedregoso contornava o jardim e possuía sua entrada vigiada por um par de guardas.

No final da tarde, Danzou regressara ao seu lar, sustentando leve dor de cabeça.

O último assunto resolvido na casa dos anciões foi sobre o preço de sapatos.

A zona comercial de Konoha, dividia-se em grupos de ofício cuja regra principal era a de que os vendedores a trabalharem com o mesmo produto, estabelecessem o mesmo valor.

Por conseguinte, em toda sapataria se encontraria o mesmo preço por um par de sapatos.

Entretanto, um sapateiro melhorou seu material e passou a vender bem mais que seus colegas de ofício.

Os incomodados se reuniram para pedi-lo que aumentasse o preço, tornaria justa a condição de venda para todos.

Todavia, o sapateiro que se dava bem, recusou a sugestão, alegando que o modelo do sapato continuava o mesmo, a única diferença era o material.

Os quatro anciões foram surpreendidos pela multidão de sapateiros invadindo a habitação jurídica.

“Esse desgraçado não quer diminuir o preço, nem nos falar onde conseguiu o novo material que ele usou para melhorar os sapatos dele, assim o resto de nós irá falir!”

O homem, aparentemente, líder dos revoltados segurava o sapateiro pela parte de trás do quimono, abaixo da nuca.

O Shimura durante toda a discussão, apenas aceitava o posicionamento dos colegas anciões, entregando uma resposta verbalmente curta ou simplesmente um balanço afirmativo de cabeça.

Seus pensamentos se concentravam em outro assunto, sequer prestou atenção como o problema se resolveu.

Dez minutos após chegar em sua casa, acomodava-se na frente do kamado, preparando sua sopa.

Escutou passos pesados, e o empurrar da porta.

Calmo, mexeu sua sopa usando o colherão amadeirado, e convidou:

— Enfim chegou, servido?

— Não, obrigado.

Respondeu o visitante, permanecido de pé, na frente da porta e observando ao redor.

Inexistiam janelas.

Retornou seu olhar às costas do velho.

— O que falou para os guardas?

Interessou-se Danzou, levou uma porção da sopa aos lábios, assoprou-a primeiro, e em seguida provou.

— Nada, entrei escondido. Pular seu muro é tão fácil quanto entrar por uma porta aberta.

— Que ótimo. — O Shimura exibiu curto sorriso, e separou um pouco de sopa dentro de um recipiente cerâmico. — Conte-me como foi, como a criatura reagiu?

— Muito bem, é um ser energizante. Me impressionei por encontrá-lo na companhia de dois meninos. Não era a ameaça que eu esperava.

— É claro que não, ele é pequeno. Seremos tolos se aguardarmos que ele fique adulto e forte. — Pausou a próxima colherada para assoprar mais um pouco.

— Por que não mencionou as coisas importantes que aconteceram com ele, Sr. Shimura?

— Coisas importantes? — Danzou fitou a sopa, arqueando uma sobrancelha.

— Ele foi defendido pela filha de Hiashi Hyuuga. E pouco tempo atrás, estive jantando, e escutei que ele juntamente com um dos anciões da aldeia, retirou-se do território Hyuuga, na mesma noite que o mestre dos monges visitou o lar do líder do clã.

— Infelizmente. — Danzou praguejou, em timbre odioso, revelava: — O Sarutobi confirmou que estiveram todos juntos na casa de Hiashi Hyuuga, ele não parou de falar disso. Ao que parece realizarão um jantar juntos, assim que Hana Hyuuga, esposa do líder do clã, recuperar-se do resguardo. Ela própria quer preparar o jantar. 

— Então futuramente a imagem do hanyou se tornará positiva. — Ibiki cruzou os braços. — O hanyou se tornou um alvo arriscado, Sr. Shimura.  

Entendendo a preocupação do Morino, Danzou pusera o recipiente cerâmico no chão, ao seu lado direito.

E se moveu até parar sentado sobre as canelas, frontalmente, ao visitante. Argumentou:

— Os outros anciões resolveram ajudar o Sarutobi na seleção de candidatos, e me incluíram nisso. Sempre exponho minha má vontade quando tenho que fazer algo benéfico para a criatura. Selecionei seu nome com mais dez outros, os anciões acreditam que fiz uma escolha aleatória. Nunca desconfiarão que nós dois combinamos algo.

— Então fiz certo em pular o muro, quanto menos sermos vistos juntos, melhor. Ainda sim...matarei alguém que está ganhando importância para o mestre dos monges. É por isso que me avisaram que em breve, o damyo saberia da existência do meio yokai.  

— E daí? Basta adiar a execução, para não ficar na cara. Aguarde pelo menos dois ou três meses. Você está tratando o monstro como qualquer outro aluno, entregando-o uma base educacional, antes de iniciar o treino. Continue agindo profissionalmente, e ninguém suspeitará de você quando acontecer.

— Adiar a execução...

Ibiki murmurou, esfregando o queixo.

Se adiasse a execução, seria mais convincente de que não alimentava nada contra o hanyou.

Seria visto treinando o meio yokai todos os dias.

— Lhe será fácil criar um cenário, no qual alegue que o monstro perdeu o controle, e precisou atacá-lo para se defender. — Falou o Shimura, erguendo-se. — Nós dois somos os que mais conhecem o lado obscuro da natureza yokai, senhor Morino. Nem em Konoha e nem na cidade do damyo existe alguém que testemunhou o mesmo que nós, por isso eu soube que você era a pessoa certa. — Cruzando os braços, ocultando suas mãos dentro das largas mangas do quimono, aproximou-se de Ibiki. O tamanho e largura do visitante, não o assustava. — Basta um deles viver entre nós para servir de exemplo para outros da mesma espécie futuramente se aproximar dos homens. É isso que quer, senhor Morino?

— Não. — Ibiki respondeu. — Os únicos problemas que quero continuar combatendo, são os existentes apenas entre os homens.

— Perfeito. — Danzou deu-lhe as costas. — É como penso também, sei que há ser humanos podres, por isso já nos basta resolvermos problemas entre nós, humanos. Não quero que se torne realidade que os yokais nos tragam problemas com frequência. É um sentimento que o maldito do Sarutobi não entenderia, ele insiste em tentar nos igualar com essas criaturas. Mas o terror que elas são capazes de promover, é bem mais imenso que qualquer outro ser humano já causou de maléfico na Terra. — Acomodou-se novamente, na frente do kamado. — Você pode me entregar a qualquer momento para os anciões, até mesmo para o damyo. Estou arriscando meu papel importante na aldeia, em troca do que acho melhor para a humanidade. 

— Não se arrependerá, Senhor Shimura. — O Morino disse, considerando uma imensa prova de confiança. — E quanto ao pai do hanyou?

— Ele morrerá deprimido pela perda do monstro. Ele ama a criatura que chama de filho. Deixe-o quieto.

— Entendido.

O som de passos pesados ecoara, e tendo o silêncio prolongado no interior da minka, o ancião soube que se encontrava sozinho novamente.

 

 

~NH~

 

 

O luar apresentava seu espetáculo, juntamente com as estrelas, entregava seu maior resplendor.

No entanto, a bela noite não atraía o olhar do meio yokai.

— Otou-san, já está pronto?!

— Um momento!

Minato exclamativo respondeu, pela sexta vez desde que terminou o jantar.

Quando chegara da viagem de trabalho, sequer teve tempo de guardar seu carro de mão, o hanyou pulou em seu colo contando da novidade.

E aí, dez minutos seguintes, chegou Hiruzen Sarutobi esclarecendo a situação.

No presente, enquanto se vestia, Minato ainda assimilava o fato de que seu filho ficaria perto de mais crianças.

O hanyou fora da casa, iluminado pelo luar, corria de um lado pro outro.

Cessou sua correria e pegou o pergaminho pela décima vez, ao abri-lo, seus azuis reluziram ao apreciarem a assinatura do pai.

O hanyou pressionou o objeto aberto contra o nariz, sugando fortemente o cheiro.

— Guarde o pergaminho, Naruto.

Minato pediu, enfim saindo de casa.

— Otou-san!

O meio yokai enrolou o pergaminho e o enfiou dentro do quimono laranja.

O homem mal pisou na pequena escada que o meio yokai alcançou uma mão do adulto e o puxou com força.

— Calma filho, a terakoya Nakagi fica no interior do território do templo do monte Sul. O templo não fecha nesse horário. Terá gente para nos receber.

Minato informou, tentando amenizar a pressa do pequeno.

— Mesmo assim é melhor Naruto e otou-san andar rápido. —Sem largar o pai, fechou as pálpebras, indo com toda força pra frente, intencionando obrigar Minato a acelerar.

O Namikaze sorriu meneando a cabeça, e carregou sua cria, fazendo-a sentar sobre seus ombros.

— Otou-san, põe Naruto no chão.

O homem não disse nada, iniciou sua tranquila andança.

Chateou-se o hanyou ao ter seu pedido, evidentemente, negado.

Gostava de sentar nos ombros do pai, mas naquele instante só queria correr pra escola.

— Aproveite o friozinho da noite, hoje foi um dia muito quente.

Minato disse, gostando do gélido vento contra seu corpo.

O menor emburrado descansou o queixo nos cabelos loiros do pai.

E deixou um braço caído de cada lado do pescoço de Minato.

Sua cauda ficou inerte e suas orelhas felpudas, abaixadas.

Até que era gostoso sentir as pontas arrepiadas dos cabelos do pai contra sua garganta, percebeu o pequeno U. Namikaze.

Minato optou em não pegar algum caminho que cruzasse com a aldeia e pediu para o filho se transformar em menino humano, pois atravessariam os arrozais.

O meio yokai obedeceu e fez suas partes de raposa desaparecer.

E assim, o camponês-artesão se sentiu seguro quando eles passaram no campo de vista de guardas do damyo.

Durante a travessia dos campos de arroz, o sono sobreveio ao menor. 

O hanyou gastara tanta energia naquele dia, sequer tirou seu cochilo da tarde.

Naquela noite friazinha e na andança calma do pai, o meio yokai cerrou as pálpebras.

 

~

 

— Naruto?

Minato chamou, sentia que o corpo do seu filho estava molenga.

O hanyou abriu os olhos, piscando forte, e bocejou.

Seu pai ainda lhe carregava, todavia não sentava nos ombros dele, era carregado nas costas.

Os braços do camponês-artesão seguravam firmemente as pernas do meio yokai.

Finalizando seu longo bocejo, o mais novo observou ao redor.

Não estavam mais nos arrozais, passavam por uma região florestal, dentro de um caminho terroso, iluminado por fileiras de lanternas cilíndricas.

Elas se compunham de papel translúcido.

Cada uma exibia uma cor e o desenho de um animal.

Os rotundos azulados do meio yokai dilataram. Puxou os cabelos loiros do pai.

— Naruto pode ficar com uma, otou-san?

— Não pode, é de domínio público.

— O que isso quer dizer, otou-san?

— Quer dizer que essas lanternas foram feitas para todos, então não pode tirar do lugar. Se fosse permitido levá-las, todo mundo iria levar para casa e aí não sobraria mais nenhuma. O caminho ficaria todo escuro.

— Aaaa...então deixa Naruto ver de perto, otou-san. Só um pouquinho.

O Namikaze acolheu o pedido do pequeno.

Caminhou para perto de uma lanterna, cuja figura apresentava um macaco em torno da cor vermelha.

— Que homem engraçado, otou-san.

— Não é um homem, é a forma de um macaco. Há vários tipos de macaco.

Carinhosamente, abraçando o pescoço do pai, Naruto pressionou a bochecha contra os cabelos loiros.

Minato foi andando ao ladinho da fileira de lanternas, e continuou ensinando os nomes dos bichos que o menor desconhecia. 

 

~

 

O sono do meio yokai se dispersou durante o caminho das lanternas.

Avistando uma escadaria, pediu para descer.

Posto no chão, o hanyou correu aos degraus.

— Cuidado, filho.

Minato alertou, preocupado com a agitação que retomava o seu pequeno.

No final da escada, na frente do torii, o hanyou se virou e sacudiu a mão aberta, de um lado para outro, chamando:

— Venha otou-san, mais rápido, mais rápido!

Abaixou o braço depois de direcionar sua vista ao horizonte.

Além de uma parte da floresta, sua visão alcançava a aldeia.

Apontou na direção dela, avisando ao seu pai:

— Otou-san, dá para ver Konoha daqui.

— Verdade. — Minato terminando de subir os degraus, parou sob o torii, e observou a imagem da aldeia.

Daquela distância, era uma aglomeração de luzes vermelhas, alaranjadas e amarelas.

— Konoha é linda, otou-san. Parece um brilho que caiu do céu estrelado.

— Concordo, filho. — Pousou sua mão aberta na cabeleira loira do menor.

— Quando ninguém mais tiver medo do Naruto, otou-san e Naruto podem morar em Konoha!

Além de morar mais perto de Hinata, o caminho para a escola seria mais curto. Que perfeito! Animava-se o hanyou.

— Veremos, filho. — O camponês-artesão respondeu receoso, incerto se seria possível uma mudança de lar. Achou melhor mudar de assunto: — Não estava ansioso para chegar na escola?

— Ih, é mesmo! — o mais novo passou pelo torii. — Vamos otou-san, vamos!

Avistavam a construção do templo budista.

Pelo caminho lateral da esquerda do templo, andava um homem careca cuja vestimenta reforçava se tratar de um monge.

Parando na frente de pai e filho, ele cumprimentou:

— Konbanwan, sejam bem vindos.

— Ele está desejando boa noite. — Minato avisou ao hanyou. Curvou-se, retribuindo o cumprimento.

O meio yokai imitou o pai, e quando fitou novamente o rosto do monge, apontou, avisando:

— Tem um sujinho debaixo do seu olho, moço.

— É um sinal. — O monge informou.

O camponês-artesão abaixou a mão do pequeno U. Namikaze e sorriu sem graça ao anfitrião, esclareceu a situação:

— Sou Minato Namikaze, esse é meu filho, Naruto U. Namikaze. Recebi a visita do ancião Hiruzen Sarutobi, ele me explicou sobre a inclusão do meu filho na terakoya Nakagi.

— Esse é o... — Admirado, o monge fixou a vista no mais novo. — Perdão, imaginei que tivesse outra aparência.

— O moço fala da aparência verdadeira do Naruto? — desfez sua transformação e se apresentou como meio yokai. 

O monge abriu a boca, e admirou as orelhas e cauda peluda.

— Se o moço estiver com medo, Naruto volta a ser menino humano. — O hanyou sugeriu.

— Nã-não. — O anfitrião meneou o rosto, juntamente com o sinal negativo das mãos abertas a se sacudirem pra lá e pra cá. — Perdoe-me, não quis ofendê-lo. — Curvou-se uma vez mais. — Perdoe-me de meus pecados.

— Tá perdoado!

O meio yokai falou se aproximando do sujeito, e desferiu dois tapinhas carinhosos na careca brilhante.

— Naruto!

Minato brigou, puxando o filho pelo braço, pôs o pequeno ao seu lado novamente, olhando-o repreendedor. 

— Que é? — o menor deu de ombros. — Ele pediu perdão, otou-san.

O sujeito aparentemente sequer ligou pelo que o meio yokai fez, e se apresentou:

— Meu nome é Ichigen Hini. Todos do templo estão sabendo da vinda de vocês, recebemos a mensagem dos anciões da aldeia.

Inclusive sobre o que o mestre dos monges pensava atualmente a respeito das kitsunes, mas isso o Hini não citou, haja vista que se tornou nítido quando pediu perdão de seus pecados para Naruto.

Certamente, Ichigen assim como Zenza Meiso foi um monge que durante anos ajudou na prática de rituais para combater o agouro que supostamente as kitsunes traziam. 

 

~

 

Após Ichigen guardar a recomendação de Morino Ibiki, e a assinatura da permissão de Minato, ele mostrou para pai e filho, o futuro lugar de estudo do pequeno U. Namikaze.

A escola se situava atrás do templo, compunha-se de um andar somente e se dividia em três blocos.

Naruto se sentiu no paraíso, no primeiro bloco, era um espaço que comportava vinte plataformas baixas, onde se colocariam os materiais de estudo, os alunos sentariam no piso.

Enquanto o meio yokai passeava pela sala de aula, o monge conversava com o Namikaze adulto em um cantinho do espaço: 

— O seu filho tem cinco anos, correto?

— Sim, apenas o tamanho dele que é...exagerado para a idade, mas a mente dele continua sendo de cinco anos. Inclusive, acredito que há criança de cinco anos que saiba mais do que ele, afinal ele viveu praticamente a vida inteira trancado em casa... — Colocou uma mão atrás da cabeça. —...por favor, peço paciência com ele.

— Estamos em uma instituição de um templo budista, paciência é o que mais temos para lidar com os alunos.

Os dois trocaram pequenos risos.

Naruto escolheu uma plataforma da fileira da frente.

Cada fila horizontal de lugares compunha-se de cinco plataformas.

O hanyou se acomodou no centro, e tamborilou suas unhas compridas no móvel.

Depois que o monge conversou com Minato, aproximou-se do meio yokai, agachou-se de frente para a plataforma escolhida pelo mais novo.

— Senhor Nami...

— Uzumaki Namikaze, por favor.

— Claro, como quiser. Sr. U. Namikaze. Sabe como funciona uma escola?

— Kiba e Chouji contaram que é onde crianças aprendem várias coisas legais.

— Exatamente. Funciona assim, basta chegar na sala de aula, e quando escolher seu lugar, como agora, fique sentado e espere o professor iniciar a aula, no caso, eu. Serei seu professor, mas você terá outros também. Sempre teremos algo a ensinar, e quando o Sr. U. Namikaze não entender, peça educadamente, para ser ensinado novamente. 

O menor assentiu, ansioso.

O Hini continuou, usou cauteloso timbre:

— Há outra coisa mais importante...avisei as crianças que estudam nessa sala, sobre sua vinda, mas elas não se sentiram muito seguras.

O Namikaze que se aproximava, sentiu uma dorzinha ao ouvir.

Ichigen completou:

— Apenas peço que não se incomode, caso elas não interajam com você...não será um processo fácil.

O hanyou ficou quietinho.

O pai observava as costas do filho, faria um carinho no ombro dele, o acalmaria com palavras, pretendeu.

Ao se curvar, escutou do menor:

— Está tudo bem. Logo logo todos saberão que Naruto é bonzinho e aí Naruto terá mais amigos. Até lá, Naruto quer aprender um montão de coisa de escola.

Endireitando a coluna, Minato se sentiu besta, o otimismo do seu pequeno continuava sendo uma imensidão sem fim.

Apenas o fato de estudar em uma escola, era motivo de felicidade para o hanyou que nunca imaginou chegar até ali.

 

 

~NH~

Na manhã do dia seguinte.

~NH~

 

 

O Namikaze despertou o filho muito cedo, antes do nascer do sol.

O meio yokai pensou que ainda fosse noite.

No sonolento hanyou, o camponês-artesão deu um belo banho de água fria para despertá-lo mais.

O U. Namikaze choramingou nos primeiros minutos, porém bastou lembrar que seu pai o aprontava para a escola, que tratou de colaborar com o banho.

O pequeno possuía no total de quatro quimonos. Dois laranjas, um azul escuro e outro azul claro.

Os azuis eram os quais ele menos usava, por isso optou em vestir um deles, por que tinham cara de roupa nova.

Almejava ir de roupa nova para seu primeiro dia de escola.

Dos azuis, escolheu o quimono de tonalidade clara, que exibia nas costas um bordado de espiral alaranjada.

Ajoelhando-se na frente do filho, o pai estendeu uma hakama negra.  

— Que lindo, otou-san. — As íris do hanyou chamejaram.

— Que bom que gostou. — Ajudou-o a vestir a calça larga. — Arranjarei mais tecidos hoje para costurar e fazer mais hakamas.

— Yupiii! Otou-san sabe fazer um montão de coisas!

Minato sorriu.

Havia rasgado uma hakama sua e a cortou no meio para fazer uma que se acomodasse ao pequeno porte do meio yokai.

Como nunca imaginou que o filho sairia frequentemente de casa, não se importava de ele ficar o dia inteiro só de cueca sob o quimono.

Não que fosse algo indevido para uma criança, mas como o quimono não era do tipo longo, terminando um palmo depois da bunda, a hakama entregaria uma imagem mais formal do hanyou.

Naruto desfilou com sua hakama, alegrado, comentando:

— Kiba e Chouji também usam, mas as deles são mais curtas.

Seus pés se acobertaram pelo tecido largo da hakama, a peça só era ajustada na cintura.

— Posso encurtar mais um pouco, farei isso quando eu chegar de viagem, por enquanto está bom para ir ao primeiro dia de aula. —Minato falou já com um pente na mão.

Sentou no chão e puxou seu filho ao seu colo; tratou de penteá-lo de modo rápido e firme.

Durante o pentear, dizia ao seu rebento:

— Antes de eu ir ao campo, acenderei o incenso. Quando ele apagar tudo, você acende outro, e quando o segundo acabar, aí você pode ir para a escola.

— Naruto sabe, otou-san. Naruto lembra da explicação do moço.

— Então repita. 

— Tá bom. — O hanyou bocejou primeiro. — Naruto vai acender o primeiro icênsito e quando acabar, acenderá o segundo icênsito e quando acabar, aí o Naruto vai pra escola.

— In-cen-so. — O pai ensinou pausadamente.

— In-cen-so. — O hanyou se atentou à pronuncia.

— Muito bem, filho. Vamos comer. — Minato terminou de penteá-lo e se levantou, indo retirar o leite do kamado.

Serviria leite quente e pão para seu rebento. 

Os dois incensos foram entregues pelo Hini que explicou que cada um tinha a duração de meia hora.

O primeiro deveria ser aceso assim que o sol estivesse visível.

Ichigen avisara que os incensos eram entregues gratuitamente às crianças as quais não tinham marcador de hora em casa, contudo nem sempre havia incensos disponíveis na instituição.

Assim, recomendava-se que as famílias procurassem comprar um para guardá-lo e usar em caso de emergência.

O camponês-artesão decidiu que sacrificaria sua parte do jantar para comprar pelo menos dois incensos de reserva.

Estava sempre disposto a fazer de tudo para que não faltasse nada ao filho.

 

~NH~

Mais tarde

~Nh~

 

Minato trabalhava no arrozal e pausava a cada cinco minutos para observar o caminho pelo qual seu filho deveria aparecer.

Preocupava-se:

— “Será que ele dormiu de novo?

Olhou para os guardas que se mantinham na linha de vigilância do outro lado do arrozal.

Os homens do damyo conversavam despreocupados entre eles.

Minato considerava em dar uma corridinha até sua casa.

Mas para o melhor da situação, o hanyou apareceu no arrozal antes que o pai desse um passo.

Naruto avançava sobre o caminho terroso, todo feliz.

Apresentava-se sem a cauda e as orelhas de raposa.

Abraçou as pernas do pai, e falou em timbre manso, evitando espantar os espiritos do arrozal:

— Tenha um bom dia de trabalho, otou-san.

— Obrigado, filho. — Minato acariciou os cabelos do pequeno. — Tenha um bom dia de escola.

— Arigatôu otou-san.

— Ainda se lembra do caminho? Como falei mais cedo: depois dos campos, dobre pra direita e vá reto, não dobre mais em nenhum lugar. Chegará no caminho das lanternas.

 — Depois dos campos, ir pela direita e não dobrar em nenhum caminho, tá legal.

Naruto ditou, seguindo em frente.

Virou-se um momento para acenar ao seu pai que correspondeu o gesto.

O camponês-artesão suspirou.

Não queria que nada desse errado.

Como o filho havia dormido parte do caminho na noite anterior, repetiu três vezes durante a refeição da manhã, para se assegurar de que Naruto iria memorizar.

 

~NH~

 

Sua ida à escola foi relaxante, encontrara borboletas e passarinhos com seu olhar; e insetos como besouros e gafanhotos.

Considerava um tranquilo passeio.

Terminando a escada, depois de passar por baixo do torii, achou seguro desfazer sua transformação.

Retornou a ser o meio yokai, sua aparência verdadeira que aprendeu a amar.

Hinata gostava dele como hanyou.

O pai gostava dele como hanyou.

Kiba e Chouji gostavam dele como hanyou.

Agora Naruto se amava do jeitinho que era.

Andou feliz pelo território do templo.

Havia dois monges na escada do templo budista, eles conversavam, e interromperam o assunto, silenciosos observaram a imagem do meio yokai.

O filho do camponês-artesão, ao notar a presença dos dois homens carecas, acenou para eles, sorrindo-os.

Os monges após dois segundos, respeitosamente, curvaram-se na direção do novo aluno.

Naruto fechou os olhos, sorrindo, meio coradinho.

Chegando na terakoya, o U. Namikaze parou na frente do fusuma de sua sala de aula, respirou fundo.

— Ai meu coração.

Disse baixinho, e contou de um até três, no final da curta contagem, empurrou a porta para o lado.

Desejou alto:

— Ohayo!

Na sala só havia o monge que conheceu na noite anterior.

O Hini o recebeu amavelmente:

— Ohayo, Sr. U. Namikaze.

— Naruto chegou cedo demais?

— Na verdade, chegou em ponto. — O Hini perdeu o amigável sorriso. — Acredito que as famílias das crianças dessa sala...não permitiram que elas viessem hoje.

Um silêncio se alongou.

Receoso, o monge mirava o meio yokai.

O filho do artesão-camponês não achou difícil em saber o motivo.

Suspeitou:

— Por causa do Naruto?

Ichigen assentiu duas vezes, de olhar lamentoso, falando:

— Acho que sim. Eu sinto muito. As crianças devem ter contado para as famílias que você estudaria com elas. Eu...pretendo conversar com as famílias, mas acho que elas só deixarão as crianças virem se o próprio mestre dos monges se pronunciar ao seu respeito.

As orelhas de raposa abaixaram.

A cauda peluda se imobilizou.

Tristinho, o meio yokai perguntou:

— Então não vai ter aula?

— Bem...você está aqui. — Ichigen retornou a sorrir, movendo o braço, sugerindo pelo meio gestual que o hanyou escolhesse um lugar.

Naruto sorriu um pouco.

Escolheu a mesma plataforma da noite anterior.

O monge andou pela sala, e sobre uma prateleira, pegou um soroban, um ábaco cuja forma retangular sustentava hastes férricas nas quais se inseriam peças redondinhas.

Era um instrumento usado para fazer contas do sistema decimal, e então, reaproximou-se do meio yokai, sentou no chão, de frente para o hanyou.

— Que tal começarmos pela matemática? O que sabe de números?

— Eu sei contar um pouco... — Naruto estendeu as mãos. — Vou passar do vinte, quer ver? Um, dois, três...

O Hini sorriu vendo que gradualmente, o meio yokai jogava fora o desânimo pela ausência dos coleguinhas.

Quando o hanyou se atrapalhou na contagem, na casa dos vinte, o monge pegou um papel de arroz e um pincel.

Naruto observou curioso os materiais que Ichigen deixou em sua mesa.

— Vou ensiná-lo a contar até cinquenta, e o ensinarei a fazer contas no soroban. — Sacudiu o objeto na mão esquerda.

— Parece legal. — As orelhas de raposa ficaram bem empinadas, e a cauda felpuda sacudiu forte.

 

 

~NH~

No início da tarde

~NH~

 

O hanyou saiu da terakoya, e deu vários “tchaus” animados aos monges avistados pelo caminho. 

Somente quando descia a escada, que sua energia degenerou. 

O fato de nenhuma criança ter feito parte do seu primeiro dia de aula retornou a atingi-lo.

Quando não viu seu pai no campo, torcia para que ele estivesse em casa.

Infelizmente, seu lar estava vazio.

Minato já havia ido embora para o segundo trabalho.

O almoço estava pronto e foi deixado no centro da mesa baixa. 

Naruto decidiu primeiro tomar banho, lavou-se desanimado.

Gostaria de contar ao pai o tantão de números que aprendeu.

Gostaria de deitar no colo dele. 

Precisava de um abraço. 

No momento do almoço, uma lágrima desceu pelo seu olho direito.

Mesmo que estivesse feliz com a ideia de que futuramente todos saberiam que ele não dava agouro, ainda doía ser tratado como um monstro.

Não esperava que as crianças fossem legais no primeiro dia de aula, em contrapartida ficaria alegre somente se pudesse sentar perto delas. 

Era ruim quando a solidão ainda invadia sua vida.

Gostaria de ter visto pelo menos um coleguinha.

Após o almoço resolveu tirar uma soneca na varanda.

Esperava que Chouji e Kiba aparecessem, desejava ter alguém para conversar sobre o que aprendeu.

 

~NH~

 

Os olhinhos do hanyou se abriram, uma gostosa sensação abrangia seu rosto, e quando sua visão deixou de se embaçar, distinguiu a face redondinha que adorava.

O cheiro de natto impregnou as narinas do loirinho.

Acocada na varanda, ao lado do meio yokai, Hinata acarinhava a bochecha dele.

Logo levou suas mãozinhas para agradar as orelhas peludas.

Neji estava parado ao pé da escada, apenas observando os dois.

Naruto rápido se sentou, sequer esperou ela falar algo, abraçou-a forte e deitou suas costas no chão, levando o pequenino corpo da menina para seu peito.

Hinata riu e aproveitou o abraço, escutando o coração do hanyou.

A presença da Hyuuga espantou o pouco de dor que surgiu no peito do meio yokai, ele recuperou a alegria.

 

 


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